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quinta-feira, março 28, 2024

A Arte da Guerra

Autor: Sun Tzu, com adaptação de James Clavell;

Editora: Record, 8ª edição.

I – Introdução:

Infelizmente pouco se sabe do autor ou de quando escreveu os treze capítulos de seu livro. Alguns o situam mais ou menos em 500 a. C., no Reino de Wu, na China, outros em 300 a. C., mas sabe-se que Sun Tzu foi um filósofo antes de se tornar um general. Um de seus comentadores, Su-ma Ch’ien, em 100 a. C., Aproximadamente, relata que seu livro “A Arte da Guerra”, que discute todos os aspectos da guerra, do tático ao humano, chamou a atenção de Ho Lu, Rei de Wu, que o nomeou general. E a partir de então e durante quase duas décadas, até a morte de Sun Tzu e do rei, os exércitos de Wu venceram os seus inimigos tradicionais.

É um notável documento, escrito originalmente em chinês há aproximadamente 2.500 anos, cujos ensinamentos mantêm-se atualizados até nossos dias, podendo ser aplicados tanto na formação de militares como ao mundo dos negócios e na vida cotidiana de cada um. É um livro para ser lido não só por militares, mas por qualquer pessoa, pois aplica-se a todo e qualquer conflito, alcançando cada indivíduo com seu opositor, uma empresa com outra, concorrente ou aliada, e até mesmo o amante com sua amada.

II – Desenvolvimento:

Este extraordinário livro, escrito a mais de 2.500 anos, na China, começa assim:

“A arte da guerra é de importância vital para o Estado. É uma questão de vida ou morte, um caminho tanto para a segurança como para a ruína. Assim, em nenhuma circunstância deve ser negligenciada”.

O livro que começa com o capítulo dedicado a preparação dos planos; passa ao sobre a guerra efetiva; em seguida ao intitulado “A Espada Embainhada”, que traz um dos grandes ensinamentos do autor, segundo o qual “o mérito supremo consiste em quebrar a resistência do inimigo sem lutar”; depois discorre sobre os pontos fracos e fortes de um exército; a maneira de manobrá-lo; táticas especiais para situações especiais; o exército em marcha; os diversos tipos de terrenos; quando atacar e quando não atacar; ataque pelo fogo; e termina com o capítulo sobre o emprego de espiões, totalizando treze capítulos, repletos de ensinamentos e experiências de combates e de vida, que foram registradas nessa obra por um filósofo que se tornou general, é um documento de grande valor para toda a humanidade e que merece ser lido e estudado por todos aqueles que buscam o conhecimento e principalmente a paz.

Em seu primeiro capítulo, um dos mais ricos em ensinamentos, que trata da preparação dos planos, Sun Tzu relata que a arte da guerra é governada por cinco fatores constantes, que são: a lei moral; o céu ; a terra; o chefe; o método e a disciplina. Depois de detalhar cada um desses fatores determina que estes devem ser familiares a cada general, e que quem os conhecer será vencedor, e quem não os conhecer fracassará. E afirma que pode prever a vitória ou a derrota analisando as seguintes comparações:

– Qual dos soberanos está impregnado com a lei moral?

– Qual dos dois generais tem mais competência?

– Com quem estão as vantagens oriundas do céu e da terra?

– Em que lado a disciplina é mais rigorosamente aplicada?

– Qual o exército mais forte?

– De que lado há oficiais e soldados mais bem treinados?

– Em que exército existe a absoluta certeza de que o mérito será mais apropriadamente recompensado e o demérito punido sumariamente?

Mas ensina que os planos devem ser modificados de acordo com as circunstâncias. E que toda operação militar tem o logro como base. E que por isso, quando formos capazes de atacar, devemos parecer incapazes; ao utilizar nossas forças, devemos parecer inativos; quando estivermos perto, devemos fazer o inimigo acreditar que estamos longe; quando longe, devemos fazê-los acreditar que estamos perto. Que devemos preparar iscas para atrair o inimigo. Devemos fingir desorganização e esmagá-lo. Que se ele estiver protegido em todos os pontos, devemos estar preparados para isso. Que se ele tem forças superiores, devemos evitá-lo. Que se o seu adversário é de temperamento irascível, deve procurar irritá-lo. Deve fingir estar fraco para que ele se torne arrogante. Se ele estiver tranqüilo, não lhe dê sossego. Se suas forças estão unidas, separe-as. Ataque-o onde ele se mostrar despreparado. E apareça quando não estiver sendo esperado.

No capítulo sobre a guerra efetiva o autor detalha os custos de organização de um exército e os efeitos desastrosos de uma guerra longa.

Quando passa ao intitulado “A Espada Embainhada”, ensina que “a gloria suprema consiste em quebrar a resistência do inimigo sem lutar”, e que precisamos saber que há cinco coisas fundamentais para a vitória:

1 – será vencedor quem souber quando lutar e quando não lutar;

2 – será vencedor quem souber como manobrar tanto as forças superiores como as inferiores;

3 – será vencedor aquele cujo exército estiver animado do mesmo espírito em todos os postos;

4 – será vencedor quem, autopreparado, espera para surpreender o inimigo despreparado; e

5 – será vencedor quem tiver capacidade militar e não sofrer a interferência do soberano.

Sun Tzu afirma que “se conhecemos o inimigo e a nós mesmos, não precisamos temer o resultado de uma centena de combates. Se nos conhecemos, mas não ao inimigo, para cada vitória sofreremos uma derrota. Se não nos conhecemos nem ao inimigo, sucumbiremos em todas as batalhas”.

Sobre as “tática”, observa que “os bons guerreiros de antigamente primeiro se colocaram fora da possibilidade de derrota e depois esperaram a oportunidade de derrotar o inimigo”, e com sabedoria explica que “o verdadeiro mérito é planejar secretamente, deslocar-se sub-repticiamente, frustar as intenções do inimigo e impedir seus planos, de maneira que, finalmente, o dia possa ser ganho sem o derramamento de uma gota de sangue”.

Discorrendo sobre a “energia”, o filósofo general determina que o guerreiro inteligente deve procurar o efeito da energia combinada e não exigir muito dos indivíduos. Deve levar em conta o talento de cada um e utilizar cada homem de acordo com sua capacidade. E que não se deve exigir perfeição dos sem talento.

Importantes ensinamentos estão contidos no capítulo que trata dos “pontos fracos

e fortes”, onde o autor afirma que mesmo que o inimigo seja mais forte em tropas, podemos impedi-lo de combater. Que devemos planejar de forma a descobrir seus planos e a sua probabilidade de sucesso. Devemos provocá-lo e descobrir a base da sua atividade ou inatividade. Devemos força-lo a revelar-se, de forma a exibir seus pontos vulneráveis. Devemos comparar meticulosamente o exército adversário com o nosso, de forma a saber onde a força é superabundante e onde é deficiente.

No importante capítulo intitulado “Manobras”, enquanto Sun Tzu ensina como manobrar um exército para se defender de ataques inimigos ou para tomar o ofensiva no combate, ele detalha princípios como o “artifício do desvio”; “a arte de estudar os humores”; “a arte de conservar o autodomínio”; “a arte de economizar forças”; e a “arte de examinar as circunstâncias”.

Há um capítulo dedicado a considerações sobres a “Variação de Táticas”, onde ensina que quando em região difícil, não devemos acampar. Quando em regiões onde cruzam-se boas estradas, devemos nos unir aos aliados. Que não devemos nos demorar em posições perigosamente isoladas. Que em situações de cerco, devemos recorrer a estratagemas. Que numa posição desesperada, devemos lutar. Que há estradas que não devem ser percorridas e cidades que não devem ser sitiadas.

Afirma também que há exércitos que não podem ser atacados; posições que não podem ser discutidas; ordens do soberano que não devem ser obedecidas. E conclui “o general que compreende

inteiramente as vantagens que acompanham as variações de táticas, sabe como comandar seus soldados. O que não compreende, por mais que esteja familiarizado com a configuração do terreno, não será capaz de transformar seu conhecimento em prática”. E Segundo Sun Tzu, há cinco erros que podem determinar a ruína de um general:

1 – a negligência, que leva à destruição;

2 – a covardia, que leva à captura;

3 – a debilidade da honra, que é sensível à vergonha;

4 – temperamento impetuoso, que pode ser provocado com insultos; e

5 – excesso de solicitude com seus soldados.

Ao escrever sobre “o exército em marcha”, Sun Tzu relata detalhadamente os diferentes tipos de terrenos por que passa um exército em marcha e ensina as meios de se utilizar suas características em proveito tanto da defesa quanto do ataque ao inimigo, e observa que quando o exército acampar, deve passar rapidamente pelas montanhas e ficar nas proximidades dos vales. E que deve-se também, acampar em lugares altos e de frente para o sol.

Quanto ao “terreno”, o autor o divide em seis tipos: o acessível; o complicado; o retardador; os desfiladeiros; os cumes escarpados; e posições a grande distância do inimigo. Também observa que há situações que deixam um exército exposto a calamidades e que são da responsabilidade do general, como: fugas; insubordinação; colapso; ruína; desorganização; e derrota total. Afirma que há seis formas de atrair a derrota: negligenciar o cálculo da força do inimigo; falta de autoridade; treinamento imperfeito; ira injustificável; não observância da disciplina; e incapacidade de usar homens escolhidos.

Afirma também que “a formação natural da região é o melhor aliado do soldado, mas a capacidade de estimar o adversário, de comandar as forças da vitória e de calcular astutamente as dificuldades, perigos e distâncias, constitui o teste de um grande general. Quem conhecer essas coisas e, no combate, puser em prática esses conhecimentos, vencerá seus combates”.

Para Sun Tzu a arte da guerra reconhece nove variedades de terreno: o dispersivo; o fácil; o controverso; o aberto; o de estradas cruzadas; o sério; o difícil; o orlado; e o desesperador. E dedica o capítulo intitulado “as nove situações” para explicá-los detalhadamente. Ensinando que a rapidez é a essência da guerra. Que devemos tirar partido da falta de preparação do inimigo e marchar por caminhos onde não se é esperado, atacando pontos desprotegidos.

O “ataque pelo fogo” é um capítulo que merece especial atenção, pois o autor estabelece que há cinco maneiras de atacar com fogo, e detalha cada uma delas, e afirma que ao atacar com fogo, devemos estar preparados para enfrentar cinco possíveis desdobramentos. E ao detalhar esses desdobramentos ele determina que ao iniciar um incêndio, deve-se estar em favor do vento e nunca a sotavento.

Sun Tzu explica e justifica o emprego de espiões em seu capítulo XIII, onde afirma que o emprego de espiões é o único meio para se chegar a “previsão”, pois entende que as disposições do inimigo só são averiguadas por meio de espiões. Ele os divide em cinco tipos: os espiões locais; os espiões internos; os espiões convertidos; os espiões condenados; e os espiões sobreviventes. Sendo que, após explicar detalhadamente cada um desses tipos, ele conclui que o espião convertido é essencial e o mais importante deles. Justifica ainda, que a finalidade e a intenção de espionar em todas as cinco variedade é o conhecimento do inimigo. E encerra seu livro afirmando que “os espiões são os elementos mais importantes de uma guerra, porque neles repousa a capacidade de movimentação de um exército”.

III – Conclusão:

Este livro escrito a vinte e cinco séculos, mantém-se atualizado e é capaz de mostrar com clareza o que ainda continua sendo feito errado e porque alguns países, exércitos, empresas e pessoas têm tanto sucesso em determinadas áreas e outros não. Ele indica, com simplicidade, como tomar a iniciativa e combater o inimigo, qualquer inimigo. Nesse sentido, Sun Tzu escreveu: “Se você se conhece e ao inimigo, não precisa temer o resultado de uma centena de combates”. As verdades de Sun

Tzu podem mostrar-nos o caminho da vitória em todas as espécies de conflitos, desde conflitos comerciais comuns, batalhas em salas de diretoria e na luta diária pela sobrevivência, até na guerra dos sexos. Pois todas são formas de guerra, todas combatem sob as mesmas regras e preceitos que Sun Tzu tão bem traduziu em palavras e deixou para sempre registradas em seus treze capítulos de ensinamentos, conhecimentos e experiências de uma vida voltada para os combates e para a guerra, mas também voltada para a observação e estudo de sua realidade e do próprio ser humano, que só um filósofo com uma mente brilhante e inteligência aguçada como Sun Tzu poderia fazer.

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