18.3 C
Sorocaba
quinta-feira, abril 18, 2024

A DOENÇA CARDÍACA NA MULHER

O risco de doença cardíaca entre as mulheres é grande?

A doença coronária é a maior causa de morte entre as mulheres pós-menopausadas nos paises industrializados. Contribuem para isso os fatores de risco tradicionais, bem como alguns fatores de risco exclusivos do sexo feminino. A doença coronária ocorre em idades mais avançadas nas mulheres que nos homens, enquanto 1 em cada 5 homens já apresentaram um evento antes dos 60 anos, isso ocorreu em apenas 1 mulher para cada 17.

Com o aumento pregressivo da expectativa de vida, as mulheres sobrevivem bem além dos seus anos de reprodutividade, passando um terço de suas vidas no estado de pós-menopausa. Por causa do pior prognóstico entre as mulheres do que entre os homens, após a doença ter se tornado clinicamente manifesta, a redução dos fatores de risco se tornou primordial para a redução da mortalidade coronária do século 21.

Além disso, a comparação internacional dos dados de mortalidade das capitais brasileiras com alguns países desenvolvidos demonstrou que tanto a doença coronária quanto a doença cerebrovascular são maiores entre as brasileiras, na fase dos 45 aos 64 anos de idade. Se nos países desenvolvidos a razão de taxas masculina/feminina varia entre 5.5(finlândia) e 3.6 (portugal), no brasil a variação é de 3.3 (belo horizonte) e 2.3 (salvador).

A aceitação pela comunidade médica brasileira, e também por importantes segmentos de população, de que as doenças cardiovasculares não se restrigem a morte e sofrimento predominantemente no universo masculino foi da maior importância. Não que surgisse um novo padrão de mortalidade e morbidade, somente o reconhecimento tardio de uma realidade existente e que agora começa a ser trabalhada em termos de prevenção secundária, mas principalmente, prevençã primária.

01- Quais são os fatores de risco?

Além dos fatores de risco tradicionais: tabagismo, dislipidemia, diabetes, sedentarismo, hipertensão arterial, obesidade, a mulher apresenta alguns fatores de risco exclusivos tais como:
a) A deficiência de estrogênios na menopausa, que torna a parede do músculo cardíaco mais fina, necrosando com mais facilidade
b) O uso de contraceptivos orais que mexem com todo o sistema circulatório. Se associado ao fumo, aumenta em 10 vezes a chance da mulher sofrer um infarto.

02- A doença acontece de um dia para o outro? Como se desenvolve?

A doença cerebrovascular e coronária tem início insidioso, de evolução lenta e progressiva, sendo de prognóstico ruim na mulher.

Esse pior prognóstico deve-se, em parte, ao fato de as mulheres apresentarem infarto e avc, e serem submetidas a procedimentos de revascularização miocárdica em idades mais avançadas que os homens, apresentado um maior número de fatores de risco, especialmente diabetes e hipertensão arterial.

Além da maior prevalência de fatores de risco, parece haver particularidades biológicas próprias do ser humano. Dentre elas destacam-se a pior resposta à inibição plaquetária pela aspirina e à menor superfície corporal.

03- A genética tem algum papel na doença cardíaca da mulher?

Sim. Estudos dos efeitos das condições nutricionais durante a gestação e nos primeiros anos de vida como determinantes de doença coronária e de hipertensão arterial concluiram no sentido inverso ao senso comum: quanto menor o peso de uma criança no primeiro ano de vida, maior sera a chance de um evento cardíaco na idade adulta. Esses estudos nos induzem a considerar que tanto as células beta do pâncreas, a função renal e funçào hepática são programadas intra-útero, precocemente, e que o meio ambiente propiciaria a manifestação da doença coronária, hipertensão arterial e diabetes.

04- A pressão arterial influencia a doença?

Sim. Existe um paralelismo entre fatores genéticos, aumento do consumo de sal e elevação da pressão arterial, elevando as taxas de doenças cerebro-vasculares. Um outro fator envolvido e a obesidade gerada pela ingestão de alimentos com alto teor de calorias ( em geral, alimentos com muito sal).

05- Qual o papel do colesterol e do tabagismo?

o tabagismo é considerado, nos dias atuais, o maior fator de risco evitável de morte e doenças. Os relatos dos efeitos específicos do tabagismo sobre a saúde da mulher evidenciam ação antiestrogênica da nicotina, potencialmente lesiva, conferindo maior risco de espasmo coronário em mulheres.

O uso de contraceptivos orais junto com o cigarro provoca um aumento substancial nos fenômenos trombóticos, antes da menopausa. O risco chega a ser 39 vezes superior para doença coronáriia e 22 vezes o risco de derrame.

Quanto ao colesterol, esse é um fator de risco clássico para as doenças do coração, principalmente quando associado ao cigarro e ao diabete, sendo que na menopausa o perfil lípidico na mulher se altera.

06- Gorduras localizadas na mulher representam algum risco?

Sim. A circunferência abdominal aumentada (obesidade visceral) está relacionada com maior chance de eventos cardíacos. Na mulher a circunferência está aumentada acima de 80.

07- A menopausa aumenta a chance de um ataque cardíaco para a mulher?

Sim. Como exposto anteriormente, a menopausa altera o perfil lipídico, torna a parede do músculo cardíaco mais fina pela deficiência de estrogênio e provoca alterações plaquetárias, favorecendo obstruções na microcirculação (vasos de menor calibre), tornando pior o prognóstico feminino em relação aos eventos cardíacos.

08- De todos os fatores qual é o mais importante?

Sem desconhecer a importância da deficiência estrogênica como fator de risco para aterosclerose e a importância do aumento do tabagismo entre as mulheres brasileiras, acredita-se que a “obesidade-hipertensão” seja o fator que determina em última instância as altas taxas de mortalidade e morbidade no brasil.

09- Quais são os avisos de um ataque cardíaco?

O maior sintoma de um infarto é a dor. Provocando a sensação de “aperto” no peito à altura do coração.é tão intensa que provoca suores frios, náuseas, vômitos e vertigens. Ela constuma irradiar-se para ombros e braços, mandíbula, costas e região do estômago (as vezes, a dor pode se iniciar nesses locais).

10- O que deve ser feito quando esses sintomas aparecem?

Buscar atendimento imediato em nível hospitalar (pronto-socorro), onde serão realizados exames diagnósticos ( eletrocardiograma e exame de sangue) e adiministrados medicamentos importantes imediatamente (aspirina e vasodilatadores). O tratamento terá continuidade na uti para prevenir complicações como as arritmias e a insuficiência cardíaca.

Quanto mais rápido o atendimento e o início do tratamento maior a quantidade de músculo cardíaco salvo. O ideal é que o atendimento seja dado na primeira hora da dor.

11- Quais são os caminhos principais de prevenção?

Evite alimentos gordurosos e ricos em colesterol.

Pare de fumar. O cigarro aumenta a pressão e favorece a formação de placas de ateroma e aumenta a freqüência cardíaca.

Se você é fumante e não consegue parar evite as pílulas Anticoncepcionais.

Use sal com moderação.

Faça exercícios regularmente, sob orientação médica e após teste de esforço. Lembre-se que caminhar é melhor que correr.

Consuma álcool com moderação.

Modifique seus hábitos, evitando situações de stress.

Depois dos 35 anos ou conforme orientação médica, faça uma dosagem anual de colesterol.

Se for diabético, redobre os cuidados com o infarto.

Dra. Elizabeth do Espírito Santo Cestário
Médica Cardiologista

Outros trabalhos relacionados

FEBRE AMARELA

A Febre Amarela é uma hepatite causada pelo mosquito Aedes aegyti, que pica o Homem; portanto, o contágio não se dá de homem para...

INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA

A Insuficiência Renal Crônica ocorre quando os rins param de funcionar permanentemente ou trabalham muito pouco. Isso pode acontecer por fatores genéticos, má formação dos...

ESPASMOS DE TORÇÃO

O Espasmo de Torção é a alteração da tonicidade muscular com características distónicas que surge sobretudo nos músculos do pescoço, do tronco, dos membros...

BRONQUITE

Processo inflamatório agudo ou crónico da mucosa brônquica que atinge sobretudo os brônquios médios e grandes. A forma aguda, mais frequente, que aparece sobretudo...