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quinta-feira, março 28, 2024

A Função das Trilhas Ecoturísticas

As experiências vivenciadas no desenvolvimento do turismo envolvem temas multidisciplinares, e as trilhas ecoturísticas, reproduzem novos cenários para o aprendizado do homem com a natureza possibilitando ser um agente transformador do individuo neste programas, mesmo deparando-se com variáveis internas e externas, ameaças e oportunidades, em muitas das vezes, reproduzem modelos descaracterizando regiões, e criando o que se convencionou chamar de não-lugares. A pesquisa propõe aproveitar metodologias como a analítica e a sintética, análise estratégica em Swot Analisys, e das Diretrizes para Diagnóstico e Planejamento do Ecoturismo e abordagens sustentadas na gestão da qualidade estruturados a partir de um Sistema de Gestão Ambiental e Turístico, observando a pratica do lazer e a percepção de tornar o atrativo numa real opção turística no município de Presidente Figueiredo. Assim o planejamento e a gestão serão o diferencial no sucesso do projeto, vislumbrando dar ao Parque Natural Municipal Cachoeira das Orquídeas um impulso na visitação, se às singularidades e a vocação sociocultural do local, estabelecerem o grau de importância e interesse no desenvolvimento de um turismo sustentado.

Palavras Chaves: Ecoturismo, Trilhas Interpretativas, Educação Ambiental, Áreas Protegidas e Planejamento. 

1. INTRODUÇÃO

A sedução do homo erectus nas migrações e na evolução deixou marcas formidáveis desde a pré-história aos dias atuais. Trilhas foram abertas, e o guiamento, aconselhamento e orientação estão entre as mais antigas vocações do homem, criando rotas perenes durantes os deslocamentos, permitindo conhecer, ocupar e desenvolver regiões cujos registros, remontam a Babilônia de 4.000 mil anos Antes de Cristo, nas termas romanas, no Egito antigo, e culminando nas grandes navegações, quando Portugal e Espanha disputavam a hegemonia mundial, subsidiando a proto-história do turismo. As civilizações em torno do mar Mediterrâneo (2000 a.C. a 500 d.C.) produziram uma notável evolução nas viagens.
Os romanos deslocavam-se nas rotas rumo ao litoral para os banhos nas termas com finalidades terapêuticas e de repouso, as atividades desportivas no Coliseu, palco dos maiores espetáculos populares, vivenciados por práticas esportivas variadas, atraiam visitantes de todas as partes do Império. Apesar das distancias e do desmembramento do Império em dois: o do Ocidente com sede em Roma, e o Império Romano do Oriente, com sede em Constantinopla, os romanos não perderam o gosto pelas viagens e passeios, permanecendo como uma marca do seu povo.

Na Antigüidade Clássica, os gregos faziam deslocamentos constantes para assistir, participar e, concomitantemente, usufruírem dos espetáculos culturais, cursos, festivais e jogos que eram, para os cidadãos, uma prova do seu destaque perante as outras categorias sociais existentes na sua região e, principalmente, dos escravos. Todos sabemos que os jogos olímpicos tiveram seu início no mundo grego sendo ainda hoje uma referência mundial. De uma determinada época até a atualidade este evento movimenta milhões e milhões de dólares, não só durante a realização, mas também, na fase de preparação e organização, fazendo convergir para o local realizador um fluxo altamente rentável de turistas, movimentando milhões de dólares (LAGE E MILONE, 1993, p. 16).

Organizar viagens e propor roteiros já era exercício bastante difundido nas sociedades mais antigas e na Grécia entre 160 e 180 d.C. um grego chamado Pausanias descreve através de um guia os atrativos locais. Na França em 1552, Charles Estiene, elabora o primeiro guia de estradas, narrando as opções variadas da época. Aproximadamente 60 anos depois, no início do século XVII, por volta do ano de 1612, abrolham outras publicações, como o manual denominado Of Travel (das viagens), escrito por Francis Bacon, com roteiros e indicações para viajantes de todas as modalidades e tipos. Essas inovações associadas a uma nova estruturação urbana advinda da Revolução Industrial na Inglaterra, criaram mais facilidades para os deslocamentos de pessoas gerando mais contatos entre os povos e uma maior troca de informações. 
De acordo com Lage e Milone (1993, p. 17.), a história do turismo, começa, na segunda metade do século XIX, a partir do ano de 1841, quando foram organizadas as primeiras atividades turísticas, devido à intervenção de personalidades da sociedade inglesa, como: Thomas Cook, Henry Wells, George Pullmann, Thomas Bennett, Louis Stangen e Cesar Ritz.

Thomas Cook, foi o primeiro empreendedor a efetivar uma viagem eminentemente turística, fretando um trem, que transportou cerca de 570 pessoas, para um Congresso Anti-alcoólico, organizado por evangélicos, em 1841, na cidade de Leicester e Loughborough, na Inglaterra (ANDRADE: 2001, p. 190).

Durante muito tempo, Cook monopolizou os roteiros pela Europa (Espanha, França, Holanda, Itália, Bélgica, Portugal, Áustria) e Estados Unidos da América, através de sua empresa, além de gerar novas idéias, visando melhorar a qualidade das viagens, tinha claro objetivo de dinamizar e expandir os negócios dentro e fora do continente europeu.
O turismo desponta no final do século XIX, com a cristalização do capitalismo, crescendo rapidamente a partir da associação de novas tecnologias, diminuindo o tempo nas viagens e transportando cada vez mais grupos interessados em viajar. Esta aceleração tecnológica permite a industrialização, reflexo percebido mais tarde com o advento do assunto meio ambiente, abordado desde os anos 60 do século XX por ativistas, preocupados com os resultados das associações existentes entre o biótopo (organismos abióticos – sem vida) e a biocenose (organismos bióticos – com vida) formando o que comumente conhecemos por ecossistema, nova moda dos anos 80.
Nestes novos ambientes o ecoturismo germina na tentativa de valorizar os ambientes naturais, e o capital altera o modo de interpretar a natureza, transformando o mato em floresta, o inóspito em sedutor e o remoto em desafiador, ofertando programas únicos no afã de mostrar lugares, regiões, povos e culturas diferentes, incluindo propostas ambientais, educativas e de aventura, não obstante na maioria das vezes venderem apenas o lugar.
A percepção da dinâmica do sistema turístico realizado no município de Presidente Figueiredo é o não comprometimento da sustentabilidade, conservação e fortalecimento comunitário, o que levará a exaustão dos atrativos, frente um turismo de resultados imediatos.

2. ECOTURISMO E PROTEÇÃO DA NATUREZA

Um dos fenômenos atuais, o turismo é uma das mais pujantes atividades econômicas mundiais. É considerado um dos três líderes mundiais em produtividade, precisando ampliar sistematicamente o ciclo de oferta de produtos e de serviços sob o risco de tornar-se repetitivo. O modelo de desenvolvimento pauta-se no molde de qualquer outra atividade humana – o enfoque econômico, e enquanto não contribuir para o desenvolvimento sócio-econômico e cultural da região onde se inseri, potencializa a degradação ambiental, as estruturas sociais e a herança dos povos (BENI, 2002). A exclusão do planejamento para a solidificação deste setor, frente uma exploração desordenada, acarreta dede os anos 90, desequilíbrio ecológico, desagregação social e a perda de valores culturais no município de Presidente Figueiredo, além de danos ao patrimônio histórico, por ser o turismo muitas das vezes extrapolar o modismo transformando-se num voraz consumidor de lugares.
Os problemas centros dos urbanos arremessam anualmente milhares de pessoas gozarem férias em locais onde satisfaçam seus desejos, sem, no entanto, ter a preocupação com as possíveis alterações ambientais, culturais e sociais que possam ocorrer em função desta massificada presença em determinadas destinações (BENI, 2002). 
Nas décadas de 70 e seguintes, o sinal de alerta emitido por ambientalistas, em alguns destinos já são observados impactos negativos, atingidas pelo crescente fluxo turístico, aumentando a preocupação dos administradores públicos e dos empreendedores turísticos, incomodados em não perder a base dos seus produtos – os recursos naturais e culturais.
Debate-se sistematicamente com a sociedade o conceito e a aplicação de Desenvolvimento Sustentável em turismo. O mercado segmenta-se e produtos com designações próprias, tais como o Ecoturismo, são introduzidos como alternativos ao turismo convencional, oferecendo serviços supostamente responsáveis. O turismo mostra uma sólida força econômica, e, portanto, não pode deixar de lado este novo prisma, o da sustentabilidade, tampouco deixar de discutir sobre os impactos causados no ambiente e nas culturas locais(BENI, 2002). 
Qualquer atividade econômica implica na utilização de um espaço geográfico, requerendo organização e planejamento na instalação da infra-estrutura e dos serviços. A ocupação descontrolada descaracteriza os núcleos originais, culminando, em casos extremos, com a segregação social e/ou espacial. Isto tem ocorrido com o turismo dito convencional, onde, de fato, muitos casos no mercado brasileiro exemplificam como pode ser desastrosa para a cultura e o meio ambiente a ausência de um planejamento sério. 
O Brasil, apesar de sua fragilidade política, social e econômica, possui uma base, qualitativa e quantitativa, de leis de proteção ao meio ambiente, considerando-se o baixo fluxo turístico internacional, não obstante o potencial natural e cultural, a preocupação incide no fluxo domestico, devido à exposição da vasta coleção de riquezas de atrativos naturais e culturais, principalmente nas áreas protegidas e seu entorno, sofrerem pela falta de infra-estrutura, humana, financeira e tecnológica para sua conservação e visitação.

2.1 A função social do Ecoturismo

A Constituição Federal do Brasil – 1988 no capitulo VI – do Meio Ambiente diz no artigo 22 que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, e que cabe ao Poder Público e a sociedade defendê-la para as presentes e futuras gerações.
O Ecoturismo é interação dos visitantes e locais preocupados em formar uma consciência ecológica. O biólogo/zoólogo alemão Haeckel em 1869 definiu o termo ecologia, pelo estudo derivado de dois vocábulos gregos: Oikos, (casa, morada), e Logos, (tratado, estudo), ou seja, o estudo do ambiente. Segundo Beni (2002), o ecoturismo no Brasil comumente parece estar confundido com o Turismo Ecológico, verde ou de natureza, sendo este último o deslocamento de pessoas para espaços naturais, com ou sem equipamentos receptivos, motivadas pelo desejo/necessidade de fruição da natureza, observação passiva da flora, da fauna, da paisagem e dos aspectos cênicos do entorno. 
A proteção de áreas destinadas ao ecoturismo embute uma função social, devido à conservação do ambiente, sendo criticado às vezes pelo tamanho, pois ao mesmo tempo em que protege no papel, não disponibiliza recursos para a investigação cientifica e infra-estrutura adequada ao funcionamento, e o ecoturismo é mais do que paisagem, recursos naturais e biodiversidade, coexistindo entre os fatores ambientais e os atróficos, tentando integrar os visitantes com o meio ambiente pelo lado econômico e social, gerando trabalho e renda numa teia de discussões, onde avanços e retrocessos acontecem sistematicamente.

2.2 Os novos ambientes para o Ecoturismo

Diante novas inserções, mesmo similares na essência, o Turismo Rural, Agronegócios ou Verde, divergem da atividade ecoturística. A característica do turismo rural é imergir no meio físico e humano produtivo, integrando-se a hábitos e costumes, relacionado com os alojamentos amoldados na propriedade a qual participa-se das diferentes lidas diárias desenvolvidas neste espaço, quer como lazer ou aprendizado, interagindo com a cultura, o modo de vida e as paisagens. 
O ecoturismo assenta-se em premissas de viajar para áreas protegidas, despertando a preocupação ambiental, o estudo a observação, o prazer no ambiente conservado e a educação, revelando novos feitios, dentre os quais os transversais da atividade como a educação ambiental e o fator econômico, e já que o ecoturismo cresce a positivamente no mundo, deixa de lado a retórica da proteção do patrimônio ambiental e cultural, sujeito a pressões, por ser um disputado artigo de consumo, devendo cobrar taxas de visitação, quebrando o mito das áreas intocáveis e contribuindo para a pesquisa e a conservação. 
O Relatório Brundtland em 1987 antevia ser imperativo um crescimento econômico mundial mais equilibrado, incluindo a questão ambiental como forma de contrapor o setor industrial como alternativa de desenvolvimento sustentável. 
Ao ostentar um papel fundamental neste novo pensamento, a educação ambiental adiciona ciência, juízo, atributos e valores relacionados à experiência durante a interpretação, chaves para o conhecimento do intimo que se revelam ao longo da marcha, logo, são experiências diretas, profundas, intensas e inovadoras ao expor o repentino dos lugares, respeitando a cultura do lugar, as diferenças globais nesta interação, resgatando o significado da integração e conservação, extrapolando o fascínio pelas imagens e cenários contrapondo o conhecimento tradicional com o cientifico, se assim explorado Tuan (1974, 1979).

3. TRILHAS ECOTURÍSTICAS E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O ecoturismo ainda não descobriu os valores da cultura local, parando esporadicamente em localidade com baixo índice educacional, mas, com alto conhecimento tradicional. De uma certa forma o Ecoturismo e o turismo rural revelam um espírito agrário, despertando o simples nos visitantes pela cultura singular de suas paisagens, num movimento de descoberta e valorização de algo que até então era considerado banal.

Segundo EMBRATUR (2002), ecoturismo pode ser definido como:

“Um segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.”

Ao revelar-se como uma nova forma de renda para os habitantes das regiões com potencial natural ou social diferenciado, surgi como uma alternativa econômica para locais singulares e também como atividade econômica em comunidades inseridas em áreas protegidas ou não. De certa forma, afirma-se de que o visitante quer usufruir numa trilha ecoturística, é o valor representado por aspectos relevantes da flora, fauna, o social e o conhecimento tradicional e o cientifico, concordando com a frase de Enos Mils “a essência está em aproveitar a viagem ao invés de chegar” (REGNIER, GROSS E ZIMMERMAN, 1992). 
Entretanto, percebe-se conflitos desde a dispersão pelo conhecimento, motivados pela força do vicio urbano, a diferença cultural e financeira, enfraquecendo a interpretação e impossibilitando a educação ambiental cumprir o seu papel de agente transformador.
De simples meio de deslocamento, as trilhas ecoturísticas surgem como novo meio de contato com a natureza, passando a ter deste modo um novo sentido. Recebe inúmeros adeptos dispostos a andar, caminhar, passear e observar a vida silvestre, longe do atropelo, das aglomerações, do ruído e do tráfego de veículos, novas sensações. Oportuniza uma recreação mais econômica e sadia e que maiores oportunidades oferece na observação cientifica, tranqüilidade e lazer, aproximando os elementos naturais durante a realização da atividade, desvendando o ambiente, conhecendo-o melhor e atuando com maior consistência em sua preservação (BELART, 1978).
Embora as trilhas ecoturísticas sejam caminhos para se locomover em áreas naturais conservadas com o intuito de oferecer recreação e educação ambiental, também são vias criadas com diferentes formas, comprimentos e larguras, com objetivos diversos. A ligação intima de trilhas com o ecoturismo descortinam diferentes aspectos, estimulando a percepção ambiental e a integração do homem com a natureza, procurando discernir nestes ambientes, experiências e lembranças, graças à assimilação de preferências, motivado na concepção dos valores antes não percebidos ou nem ao menos cogitados. É também uma forma de conhecer os aspectos originais ou mais notáveis, através de sinalizações ou de recursos interpretativos, devendo, no entanto ter o cuidado de não alterar valores em relação às mesmas. 
Pires (1997) diz que a interpretação ambiental deve traduzir uma linguagem técnica da cultura e das ciências naturais de forma simples para as pessoas entenderem facilmente, seja em ambiente aberto ou em local onde se tenha algo de relevante para mostrar e transmitir nos exames e avaliações diárias enquanto exercício de percepção devido às variações dos cenários para atingir uma consciência conservacionista, valorizando as relações vivenciadas na medida em que vincule uma visão holística e transdisciplinar. Analisar tecnicamente uma trilha ecoturísticas exige planejamento e gestão, requerendo políticas próprias circunstanciadas pelos problemas antrópicos criados e, que sem este arcabouço de leis, decretos e instruções normativas, termina ocasionando danos no ambiente, na economia e na sociedade.
Mais do que uma obrigação legal o plano de manejo de uma área ajuda a conhecer as propostas, definindo a capacidade de uso, os tipos de impactos de curto e longo prazo, diretos e indiretos, locais, nacionais ou globais, assim como os positivos e negativos refletindo quais as condições socioculturais encontradas, devido o homem tornar-se o principal consumidor, e as alternativas para o monitoramento e coleta das informações, levam a empregar ferramentas gerenciais como: Capacidade de Suporte de Carga, Espectro de Oportunidade de Recreação, Limite de Mudança Aceitável, Administração do Impacto de Visitantes e Processo de Gerenciamento da Atividade de Visitantes. 
Nesta etapa também se levanta hipóteses para se estabelecer qual o tipo de trilha, classificação (vigilância, recreativa, educativa, interpretativa e de travessia), forma (circular, oito, linear e atalho), grau de dificuldade (caminhada leve, moderada e pesada) declividade do relevo (ascendentes, descendentes ou irregulares). Quanto aos recursos utilizados para a interpretação ambiental, pode ser classificada de duas formas: guiadas ou autoguiadas, sendo divididas em duas classes gerais (FONTE, VITORINO & SALVATI, 2006).

3.1 Trilhas guiadas

São traçados estabelecidos de modo que o condutor transmita informações conforme o desenvolvimento do programa. É realizado por indivíduo que é a alma do processo, devendo ser capacitado fisicamente e especializado em atrativos naturais e culturais, auxiliando os grupos, e interpretando verbalmente os aspectos mais importantes ao mesmo tempo em que estimula a participação. Exerce um canal de comunicação e uma relação entre os envolvidos, fundamental para o sucesso, fixando de antemão os locais de parada e os temas, ou quando as observações vão acontecendo conforme os eventos surgem (animais, floração, etc.) ou de acordo com as motivações dos usuários. Entretanto, é recomendável que o guia estabeleça uma estratégia de abordagem conforme o grau de interesse do grupo.

3.2 Trilhas interpretativas autoguiadas

São caminhos erigidos ou ajustados tendo a função de facilitar o visitante seguir os caminhos sem a presença do guia, utilizando-se dos recursos visuais e gráficos, indicando direções a seguir, através de placas numeradas ou por meios escritos ou visuais dispostos ao longo dos caminhos em que o usuário é independente em relação à interpretação (FONTE, Marco Aurélio Leite; VITORINO, Maria Rachel & SALVATI, 2006). Devem apresentar ao usuário clareza dos elementos a serem destacados, e os temas desenvolvidos, ilustrando nos painéis cada item do percurso, determinando o que precisa ser protegido e o que é o permitido realizar, o que vai depender da intensidade de uso da área.

3.3 O planejamento e a viabilidade das trilhas

O planejamento determina e antecipa os objetivos a serem alcançados e dos meios pelos quais esses objetivos devem ser atingidos. Estas condições quando focadas nestes três pontos, cooperam no processo de elaboração de uma trilha, ordenando as ações do homem sobre o local, evitando danos irreparáveis ao meio ambiente pelas ações antrópicas do tipo carga humana excessiva, poluição e acúmulo de lixo. 
Griffith e Valente (1983), consideram o planejamento essencial na formulação do que deve ser analisado e avaliado em cada deslocamento, variando paisagens, e enriquecendo a experiência perceptiva do visitante. Devem ser inseridos atividades complementares associadas, treinamento de recursos humanos, acompanhamento técnico e avaliação dos recursos de infra-estrutura física, humana, financeira e econômica. A seguir, analisar o trajeto, rotas, tempo, acessos, quadrantes, componentes, pontos de paradas, mirantes, tipos de placas, qualidade das informações, recursos visuais, seqüências paisagísticas, estados de conservação, de manutenção, capacidade de carga ecológica, física e perceptiva. E finalmente pelo lado da Educação Ambiental, submeter um exame e avaliação enquanto exercício de percepção das várias dimensões do cenário, até atingir a tomada de uma nova consciência.

3.4 Unidades de conservação (UC)

A criação de áreas protegidas no mundo atual constitui-se numa das principais formas de intervenção governamental, objetivando reduzir as perdas da biodiversidade face à degradação ambiental imposta pela sociedade. Todavia, esse processo tem sido acompanhado por conflitos e impactos decorrentes da perda de territórios dos grupos sociais (tradicionais ou não) em várias partes do mundo. A conscientização diante das questões ecológicas globais amplia a participação popular em relação à qualidade de vida humana e o meio ambiente, representando aspecto relevante na análise das questões pertinentes nas discussões. 
O aumento das pressões junto aos governos para a constituição de políticas conservacionistas, formam uma rede em escala mundial, enquanto produto da expansão da consciência ambientalista, contribuindo para aumento do número e extensão das áreas protegidas. O amparo de áreas com vistas à preservação evoluiu ao longo da história a partir dos atos e práticas das primeiras sociedades humanas (MILLER, 1997). As necessidades de uso imediato e futuro dos recursos envolvendo animais, água pura, plantas medicinais e outras matérias-primas, justificavam a manutenção desses sítios, além de se constituírem em espaços de preservação de mitos e ocorrências históricas, quando tabus, éditos reais e mecanismos sociais comunitários funcionavam – e ainda funcionam em muitos casos – como reguladores do acesso e uso dessas áreas especiais (MILLER, 1997).

4. O PARQUE NATURAL MUNICIPAL CACHOEIRAS DAS ORQUIDEAS E O POTENCIAL PARA TRILHAS ECOTURISTICAS

Distante 107 quilômetros separam ao norte da capital do estado do Amazonas o município de Presidente Figueiredo. O acesso realizado através da rodovia transcontinental BR-174, em menos de duas horas, contornam fronteiras virgens do Estado de Roraima, e municípios de Urucará, São Sebastião do Uatumã, Rio Preto da Eva, Manaus e Novo Airão. Fundado no dia 10 de dezembro de 1981 o nome é uma homenagem ao 1º Presidente da Província do Amazonas, João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha. 
O turismo local desenvolve-se em boa parte dos 24.781 km² do território, mesmo carecendo de incentivos, não obstante o município deter de um dos maiores potenciais para o turismo de natureza. A fragilidade da política para o setor é percebida nos orçamentos anuais, insuficientes, e os poucos investimentos em infra-estrutura e mídia, aliado a inexistência de incentivos fiscais, deficiência na capacitação dos recursos humanos e ambientais, sujeitam a todo tipo de pressão o segmento, e são fatores limitantes do aumento da demanda. 
Novos mercados a sazonalidade da oferta, e o empirismo contraem o desenvolvimento turístico, comprometendo investimentos, a satisfação do cliente, a cultura autêntica e o bem estar, e indiscutivelmente a circulação de dinheiro e a geração de empregos. Desta necessidade, surgi duas questões: Como propiciar o desenvolvimento e o constante aprimoramento das técnicas de se administrar um processo para prever ações e efeitos. 
De acordo com Petrochi (1998), somente o planejamento pode definir qual o futuro que se quer dar ao setor e quais as providências necessárias à sua materialização, é como decidir ir ao cinema ou comer. Para Molina e Abitia(1999),

“La planificación es el resultado de un proceso lógico de pensiamento mediante el cual el ser humano analisa la realidad circundante y estabelece los medios que le permitirán transformala de acuerdo com sus interesses y aspiraciones. Resulta así, que la forma adecuada de planificar consiste en analizar objetivamente una realidad y condicionar las acciones al problema”. 

Ao salientar, que todas essas ações, suscitam a atenção de um planejamento estratégico e sustentável, não combina com teorias do achismo, precisando estar em conformidade com uma lógica bastante conhecida: ser economicamente produtivo, socialmente responsável e ambientalmente consciente.

5. METODOLOGIA E PROBLEMA DE PESQUISA

Propiciar o uso de novas áreas a partir da transformação do meio ambiente natural em espaços para o lazer e o gasto do tempo livre dos visitantes passa ser a principal preocupação, da Prefeitura Municipal de Presidente Figueiredo, onde ao mesmo tempo promova a educação ambiental e praticas de um turismo responsável. Optou-se em propor o uso de métodos e técnicas empregados na pesquisa, direcionados ao problema do estudo do tema em questão.
Uma das proposições é fixar dois procedimentos: o método analítico e o método sintético. O primeiro consiste na análise do objeto de estudo nas suas partes, para que seus componentes individuais possam ser mais bem identificados. O segundo implica a integração dos componentes sistêmicos e, dentre estes, a sociedade humana; isso porque este trabalho não considera a natureza ser intocável. Quando interpretadas as conexões entre as partes, essencial para conhecer o todo, se chega a uma abordagem sistêmica. Desta forma estes procedimentos na analise ambiental é multitemático, cuja característica é gerar produtos analíticos na primeira fase e um produto síntese como resultado da integração sistêmica num segundo momento. A proposta inseri a elaboração de um cronograma composto por 3 fases.

Primeira etapa – planejamento da trilha

Passo A – Levantamento e seleção do material bibliográfico em sites e livros de turismo e meio ambiente;
Passo B – Incursão no Parque para coleta de dados;
Passo C – Pesquisa na Secretaria de Meio Ambiente e a de Turismo do município de Presidente Figueiredo com relação ao parque e ao projeto técnico da trilha;

Segunda etapa – Mapeamento da trilhas
Proposta de implementar uma base de dados a partir de dados coletados em campo, para o mapeamento das trilhas, e de dados espaciais disponibilizados (área do parque e sede) no formato digital.

Terceira etapa – Implementação do projeto
Após a aquisição dos dados, tanto em campo, quanto pela compilação de dados existentes, de modo que estes forneçam as informações previstas no modelo conceitual para a implementação da trilhas para o usuário final.

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A finalização deste trabalho procurou definir a função das trilhas ecoturísticas no processo de transmissão de conhecimento, tornando-se um instrumento transformador na construção de uma consciência conservacionista. A trilha até o presente momento não foi estudada nem avaliada para servir aos propósitos ambientais e turísticos, precisando, portanto definir qual a função dela nesta área de conservação o que se sugeri:
– Definir localmente o termo ecoturismo; Estreitar ações com a comunidade; Inserir a educação ambiental nos colégios do município; Criar alternativas de lazer, desestimulando as agressões nos ambientes naturais; Implantar programa de Gestão pela Qualidade, enfocando o tripé desempenho, custo e preço, para minimizar os impactos antrópicos sobre o meio; Observar a infra-estrutura no que tange aos aspectos lúdicos e hedonísticos, enfatizando a fauna e a flora, a forma de guiar, minimizando os impactos relacionados com as ações antropogênicas; Definir através das preferências de visitação o cálculo da capacidade de suporte das trilhas e as atividades compatíveis; Inventariar as trilhas; Utilizar técnicas, materiais e conceitos locais, sobretudo utilizando placas informativas em harmonia com o ambiente, quer sejam suspensas ou rasteiras, além de garantir, quando possível, acessos a deficientes físicos.
Estas observações são relevantes na convergência entre o ecoturismo e os objetivos conservacionistas, devido às áreas protegidas receberem fluxos contínuos de visitantes sem infra-estrutura para o turismo. A questão do planejamento deve focar o despreparo e o amadorismo por parte de governos ou de instituições, lembrando que ações mal planejadas desencadeiam danos irreversíveis ao meio ambiente. Faz-se necessário também pensar e repensar a cidade como foco de pesquisa contínua e sistemática. A idéia de transmitir a função de uma trilha ecoturística, propondo um local de lazer e entretenimento, e com isto incrementar sensivelmente não só o turismo, mas, sobretudo propondo a humanização do local, é fator preponderante para a geração de bem estar e melhoria ambiental. 
Por fim a criação de trilhas ecoturísticas no Parque Natural Municipal Cachoeiras das Orquídeas é fundamental por ser a primeira iniciativa numa localidade considerada de vocação para o turismo de natureza, sofrendo desgastes nos atrativos pelo caráter de balneabilidade em função das modificações que o homem rudemente vem exercendo no meio ambiente. Portanto para que a área possa transformar-se efetivamente em um atrativo turístico e motivar pessoas ao uso, é necessário repensar as estruturas dominantes.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, José Vicente de. Turismo: Fundamentos e Dimensões. 8. ed. São Paulo: Ática, 2001.

BELART, J. L. Trilhas para o Brasil. FBCN, Boletim nº 13, Vol 1, pp. 49-51,1978.

BENI, Mário Carlos. Conceituando Turismo Rural, Agroturismo, Turismo Ecológico e Ecoturismo. In BARRETTO, Margarita e TAMANINI, Elizabete (orgs.) Redescobrindo a Ecologia no Turismo. Caxias do Sul: EDUCS, pp.31-34, 2002.

FONTE, Marco Aurélio Leite; VITORINO, Maria Rachel & SALVATI ,Sérgio Salazar. Trilhas: Qual a importância destes caminhos para o ecoturismo? Endereço na internet: http://www1.uol.com.br/bemzen/ultnot/meioambiente/ult1325u27.htm, acessado dia 04 de novembro de 2006.

GRIFFTH, J.J. Análise dos Recursos Visuais do Parque Nacional do Caparaó, Revista Floresta, 14(2), pp. 15-21, 1979.

GRIFFTH, J.J. e VALENTE, O F. Aplicação da Técnica de Estudos Visuais no Planejamento da Paisagem Brasileira, Brasil Florestal, 10(37), pp. 06-13,1983.

LAGE, B.H.G.L. & MILONE, P.C. Economia do Turismo. São Paulo: Editora Papirus, 1996.
MILANO, M.S. Unidades de conservação: conceitos básicos e princípios gerais de planejamento, manejo e administração. Curitiba: 1993.

MILLER, K. R. Evolução do conceito de áreas de proteção, oportunidades para o século XXI. In: Anais do I Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação. Curitiba: IAP: UNILIVRE: Rede Nacional Pró Unidades de Conservação, Vol. 1: 3-21, 1997.

MOLINA, S. & RODRIGUEZ ABITIA, S. Planificación Integral del Turismo, México, Trillas, 1999.

PETROCHI, Mário. Turismo: planejamento e gestão. São Paulo : Futura, 1998.

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TUAN, Yi-Fu. Topophilia: a study of environmental perception, attitudes, values. New Jersey: Prentice-Hall, 1974.

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