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domingo, março 24, 2024

A RELAÇÃO HOMEM, NATUREZA E ESPAÇO NA SOCIEDADE

1. INTRODUÇÃO

Ao longo da história, o homem sempre produziu ferramentas para facilitar seu trabalho ou para ajudá-lo a superar suas limitações físicas.
Assim o homem, um ser que facilmente seria vencido pelos elementos da natureza, produziu um enorme número de artefatos que lhe possibilitaram dominar e transformar o meio natural. Essa atitude de criar instrumentos e aperfeiçoá-los constantemente torna possível a compreensão de processo civilizatório pelo qual vem passando desde que surgiu na Terra.
O ensino de Arte em Educação, Educação e Meio Ambiente, e Geografia, nas primeiras séries do ensino fundamental, não é tarefa muito fácil e não tem sido muito comum acontecer quando se trata de ensino e aprendizagem relacionados a essas séries.
Partindo dessa realidade compreendeu-se a necessidade da prática de ensino dessas disciplinas. Realizando esse trabalho, pretende-se demonstrar a forma como a criança vai aprendendo apreciar a arte, dar a devida importância ao meio ambiente, adquirindo noções de espaços decorrente das experiências vivenciadas a partir de objetos, ações e representações.
Os antropólogos culturais sabem muito bem disso e são capazes de reconstituir a organização de um grupo humano a partir dos objetos que se preservaram. (PASSINI, Elza Y., 2002)
No ambiente urbano das médias e grandes cidades a população está cada vez mais envolvida com as novas tecnologias e com cenários urbanos, perdendo de certa forma a relação natural que tinham com a terra e suas culturas, sendo que os valores relacionados com a natureza não têm mais ponto de referência na sociedade moderna.
O relacionamento da humanidade com a natureza, tem hoje culminado numa forte pressão exercida sobre os recursos naturais. E atualmente é comum a contaminação dos cursos de água, a poluição atmosférica, as devastações das florestas, a caça indiscriminada, alarem de muitas outras formas de agressão ao meio ambiente.
Dentro deste contexto, é clara a necessidade de mudar o comportamento do homem em relação à natureza. De certa forma, promover simultaneamente o desenvolvimento de atitudes e habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade ambiental. (PASSINI, Elza Y., 2002)
Como ciência social a geografia tem como objeto de estudo a sociedade que, no entanto, é objetivada. O estudo da geografia abrange, hoje, grande complexidade de aspectos; o desenvolvimento dos meios de comunicação, o crescimento demográfico, descoberta de novos meios de explorar a superfície terrestre, a evolução da técnica em geral, e a entrada do capitalismo trará profundas transformações na geografia, no plano da realidade e no plano do saber. Começa a ser observada a partir do momento em que se necessita de orientação, com a ajuda da ciência e às expedições que abrirão as portas das civilizações, estudando a individualidade dos lugares, compreendendo o caráter singular de cada porção do planeta, podendo ter uma visão ecológica da diferenciação de áreas através da individualização e comparação, propondo uma perspectiva mais generalizada e explicativa, das relações entre o homem e a natureza. Estudo do espaço: que só seria aceito se fosse concebido como um ser específico do real, com características e com uma dinâmica própria somente depois de demonstrar a afirmação efetuada, visando uma maior compreensão e interpretação da realidade.
Os métodos de ensino do qual o professor pode fazer uso, variam desde uma aula em que a evolução dos acontecimentos represente uma progressão, seja a uma aula em que os desafios e enigmas geográficos capacitem o aluno a raciocinar e interpretá-los. Sendo assim, fazer com que diante do grande desafio que é o estudo da Geografia para muitas pessoas, torna-se dessa forma necessário o uso de métodos pedagógicos modernos que estimulem a criatividade e a capacidade dos alunos, e facilite de certa forma o conhecimento da Geografia principalmente no cotidiano, estimulando-os quanto à necessidade de repensar o passado da nossa disciplina que o mesmo possa aprender por compreensão.
[…] e o professor dotado de uma sensibilidade para tais mudanças, demonstre competência para geri-las e potencialize a compreensão dos alunos através dos meios mais modernos de educação que se tornam necessários. (CAVALCANTE, Lana de Sousa, 2002, p. 12)
Pois, se remontarmos aos primórdios da história, o homem primitivo ao registrar em seus desenhos os seus costumes, a sua gente, representou também a natureza e o trabalho. Tal fase da história do conhecimento geográfico, Sodré chamou de etapa preliminar da pré-história (SODRÉ, 1987, p.14). A segunda etapa da história proposta pelo mesmo autor corresponde ao período posterior ao registro escrito e nesta estaria à contribuição dos pensadores da Antiguidade, especialmente aqueles registrados nos périplos, desenvolvidos pelos navegadores, militares, comerciantes, matemáticos, etc.
Nesse conjunto de contribuições estaria à obra de Heródoto – mais conhecido como pai da História – que realizou ricas descrições do Egito, da Babilônia, do Nilo, do Saara, enfim, das regiões da África por onde viajou. Hipócrates, Erastóstenes, ou o próprio Aristóteles também deram importantes contribuições à formação do conhecimento geográfico. Nestas descrições e nestes estudos dos pensadores gregos, encontram-se registros sobre a terra, a cultura e os homens, portanto, da natureza, da sociedade e do trabalho. (CAVALCANTE, Lana de Sousa, 2002, p. 12)
Ainda na Antiguidade, merecem destaque Estrabão e Ptolomeu por terem sistematizado conhecimentos anteriormente produzidos. Segundo Blanco (1991), apesar da dificuldade em se unificar os diversos métodos de investigação dos relatos das viagens terrestres e marítimas realizadas na Antiguidade, pode-se afirmar que os seus propósitos eram a expansão política e o intercâmbio comercial, principalmente quando se tratava de terras estranhas. Ainda de acordo com o mesmo autor, após Eudox e Eratóstenes, somente Estrabão procurou unificar aqueles conhecimentos. Estrabão destaca-se dos outros pensadores pela grande contribuição dada à formação do conhecimento geográfico e mesmo da Geografia, especialmente a partir da sua obra Geografia.

2. EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE

A educação ambiental vem sendo incorporada como uma prática inovadora em diferentes âmbitos. Neste sentido, destaca-se tanto sua internalização como objeto de política, de educação e de meio ambiente em âmbito nacional, quanto sua incorporação num âmbito mais capilarizado, como mediação educativa, por um amplo conjunto de práticas de desenvolvimento social. A observação destas práticas facilmente mostrará um universo extremamente heterogêneo onde, para além de um primeiro consenso em torno da valorização da natureza como um Bem, há uma grande variação das intencionalidades sócias educativas, metodologias pedagógicas e compreensões acerca do que seja a mudança ambiental desejada.
Trabalhos de campo, estudos do meio, temas geradores, aulas ao ar livre, não são atividades inéditas na educação. Estes recursos educativos, tomados cada um por si, não são estranhos às metodologias consagradas na educação como aquelas inspiradas em Paulo Freire e Piaget, entre outras.
[…] assim, qual seria o diferencial da educação ambiental? O que ela nos traz de novo que justifique identificá-la como uma nova prática educativa? (SILVA, José Afonso da, 1997)
De todo modo, a construção de um anexo entre educação e meio ambiente, capaz de gerar um campo conceitual teórico-metodológico que abrigue diferentes propostas de educação, só pode ser entendida à luz do contexto histórico que o torna possível.
Uma outra idéia bastante recorrente nesta perspectiva é a de que, embora todos os grupos sociais devam ser educados para a conservação ambiental, as crianças são uns grupos prioritários. As crianças representam aqui as gerações futuras em formação.
Considerando que as crianças estão em fase de desenvolvimento cognitivo, supõe-se que nelas a consciência ambiental pode ser internalizada e traduzida em comportamentos de forma mais bem sucedida do que nos adultos que, já formados, possuem um repertório de hábitos e comportamentos cristalizados e de difícil reorientação.
Desta forma, surge uma Educação, que vai tomar para si como meta principal o desafio das mudanças de comportamento em relação ao meio ambiente. Informada por uma matriz conceitual apoiada na psicopedagogia comportamental, desta Educação. (SILVA, José Afonso da, 1997, p. 10)

2.1. A RELAÇÃO HOMEM, NATUREZA E ESPAÇO NA SOCIEDADE TRABALHO

Desta forma, se normalmente são destacados neste período histórico os chamados avanços científicos, tais como as noções de latitude e longitude, informações sobre a superfície terrestre, fenômenos astronômicos e atmosféricos, é preciso lembrar, que, já naquelas contribuições, ou mesmo nesses registros geográficos, estava-se tratando da natureza, da sociedade e também do trabalho. Naquelas obras, vários são os registros das condições do escravismo, da necessidade da dominação, bem como as descrições das áreas a serem devassadas, trata-se de descrições físicas daquelas regiões, mas também dos costumes, da vida daqueles povos, e, portanto, da sociedade e do trabalho.
Na verdade, esse resgate dos primórdios do conhecimento geográfico foi estabelecido não para comprovar uma existência da Geografia desde a Antiguidade ou mesmo desde a Pré-História, mas sim para dizer que a tríade apresentada Homem, Espaço e Natureza dizem respeito à História da Humanidade, está presente desde a nossa origem e, portanto, está na base do conhecimento geográfico, pois nela, e não a partir dela, está o espaço geográfico.
A relação sociedade natureza é materializada pelo trabalho, como bem explicou Lucien Febvre (1949):
Estas marcas acabam por precisar, aos nossos olhos, o verdadeiro caráter da ação dos homens na superfície do Globo. Não se trata da ação de indivíduos isolados. Trata-se da ação de amplas coletividades extensas, e que se impõe a massas humanas consideráveis. Tão longe quanto nossas investigações permitem alcançar, leis, costumes, modos de agir que reagem poderosamente sobre a conduta dessas massas em face das forças e dos recursos da natureza (FEBVRE apud SODRÉ, 1987, p. 84).
Em outras palavras, o trabalho é a mediação da Natureza com a Sociedade e que por sua vez produz o espaço. A compartimentação Natureza, Sociedade, Trabalho faz-se necessária para o conhecimento. Salientamos que, a princípio, não estamos falando do trabalho alienado, mas do trabalho no seu sentido mais genérico, que corresponde à aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim. Estas forças e faculdades humanas podem ser principalmente físicas e/ou intelectuais. De acordo com Albornoz (1992):
Trabalho é o esforço e também o seu resultado: a construção enquanto processo e ação, e o edifício pronto. (p. 12).
De acordo com a mesma autora, para muitos, o que distingue o trabalho humano do dos outros animais é que neste há consciência e intencionalidade, enquanto os animais trabalham por instinto, programados, sem consciência. (1992, p.12.). E complementa a autora:
Assim, se o conceito de trabalho acompanha um longo percurso histórico, é preciso notar que nesta trajetória há uma ruptura. Ruptura esta que se dá na História, mas que também constitui a separação homem natureza. Nas comunidades primitivas não havia esta distinção, aí o trabalho humano representa um prolongamento do trabalho da natureza: a caça e a coleta compõem as ações dos grupos humanos integrados às ações dos outros animais.
Homem é natureza e sente-se natureza.
Se o aprimoramento das técnicas agrícolas dá início à divisão do trabalho, com esta há a separação sociedade natureza que posteriormente se intensifica com o surgimento da propriedade privada e do trabalho industrial. Como bem explicou Engels (1961):
O trabalho é a primeira condição fundamental de toda vida humana, a tal ponto que, em certo sentido, deveríamos afirmar que o próprio homem foi criado por obra do trabalho (p. 143).
Neste momento, há a separação homem natureza, e nesta divisão há a ruptura homem trabalho. O trabalho então não mais corresponde ao prolongamento da ação da natureza, mas sim à actividad totalmente extraña a si misma, extraña al hombre y a la naturaleza y por ello totalmente extraña a la conciencia y a la manifestación vital. (MARX, 1984, p. 125). Estamos, pois, agora, nos remetendo a um outro momento histórico, pois estamos tratando do trabalho alienado.
Conseqüentemente, o homem também se exterioriza da natureza, muito embora continue sendo natureza. A natureza passa, portanto, a pertencer a um mundo exterior onde se concretiza o trabalho, em que este atua e com que e por meio do qual produz coisas. Desta forma, a natureza separada, também se torna coisa da Natureza, sociedade e trabalho: conceitos para um debate geográfico OKARA:
Geografia em debate, v.1, n.1, p. 33-42, 2007 qual o trabalhador depende, pois este não pode criar nada sem a natureza, sem o mundo exterior sensível (MARX, 1984, p. 105).
Precisamos, portanto, refletir melhor sobre a origem dessa separação, dessa ruptura, desse estranhamento. Ora, este processo não decorre unicamente do desenvolvimento das forças produtivas nem surgiu como um passe de mágica da instituição da propriedade privada. Na verdade, na origem desta separação, está a capacidade do distanciar-se, do desassociar-se, portanto, do olhar o outro.
Segundo Rilke (1965) foi preciso abandonar:
[…] o olho preconcebido do nativo, que relaciona tudo o que vê consigo mesmo e com suas necessidades. […]. Foi necessário então começar por afastar as coisas de si para tornar-se capaz, em seguida, de aproximar-se delas de modo mais imparcial e mais sereno, com menos familiaridade e com um recuo respeitador. Porque só quando se deixou de tocar a natureza começou-se a percebê-la; quando sentia-se que ela era o outro, o indiferente, que não tem sentidos para nos notar, só então saíamos dela, solitários, de um mundo solitário. (1965, p.3).
Portanto, essa capacidade de olhar o outro somente será possível com o surgimento do indivíduo e da individuação, ou seja, da capacidade de distinguir-se em relação a outros. Aristóteles pode ser considerado como o primeiro autor a pensar sobre esta questão e ele atribuía à matéria a constituição da individuação.
Na filosofia contemporânea, a individuação corresponde à uma construção mental à base dos dados dos sentidos, o individual está fundamentado em si mesmo e ainda a idéia de coisa como <> é determinada pela localização espacio-temporal (FERRATER MORA, 1982, p. 209). Apesar das diferentes reflexões, Leibiniz atribuiu à individuação o princípio das negações (apud FERRATER MORA, 1982). Veja-se que este princípio esclarece a origem dos outros, inclusive do que fundamentou a idéia de Aristóteles, pois, ao atribuir à matéria o princípio da individuação, estes seriam indivíduos a partir da sua constituição, em que a matéria de todos os corpos naturais é a terra, o fogo, a água e o ar; a dos corpos orgânicos, os tecidos; a dos seres humanos, os órgãos, e assim sucessivamente. Este princípio também toma por base a negação, isto é, ao reunirem-se os elementos de mesma matéria, separam-se os de matéria distinta, portanto, àquela que nega a outra. Neste princípio, portanto, encontra-se a origem da separação homemnatureza, na capacidade de individualizar-se, de distinguir-se dela, de negar-se a ela. Nega-se a ela, para poder, inclusive, reconhecer-se nela.
Neste sentido, Carlos Walter P. Gonçalves em seu livro Os (dez) caminhos do meio ambiente, ao pensar sobre a relação entre os homens e a natureza reflete sobre a construção do conceito de natureza, e diz: MAIA, D. S. OKARA: Geografia em debate, v.1, n.1, p. 33-42, 2007
Toda sociedade, toda cultura, cria, inventa, institui uma determinada idéia do que seja a natureza. Nesse sentido, o conceito de natureza não é natural, sendo na verdade criado e instituído pelos homens. Constitui um dos pilares através do quais os homens erguem as suas relações sociais, sua produção material e espiritual, enfim, a sua cultura (1989, p. 23).
Realmente, o conceito de natureza, assim como qualquer conceito, é uma elaboração, é um pensar, uma produção, portanto, um trabalho. Mas também se pensarmos nas idéias de Marx anteriormente apresentadas, na origem, este pensar é natureza, pois o homem e todas as suas funções natureza. Desta forma, poderíamos dizer que o conceito de natureza é, e não é natural.
Mas, poder-se-ia indagar: em que esta discussão interessa à Geografia?
Responderia: em tudo, pois iniciamos este artigo apresentando as bases preliminares do conhecimento geográfico. Lá estavam os fundamentos dos conhecimentos da natureza, antes mesmo do princípio da individuação, se é que podemos chamar ali de natureza. Contudo, na institucionalização do conhecimento geográfico, portanto, na origem da Geografia, o homem e a natureza são os seus conteúdos basilares, e a paisagem surge enquanto categoria geográfica que traduzirá a natureza. Fisionomia da vegetação, estudo da vegetação, noção de meio natural, conceito de região natural, são algumas noções trabalhadas pela Geografia para compreender a natureza. Evidentemente que estas noções compõem o que se denomina de Geografia Clássica ou Tradicional e que desde então muito já se repensou sobre as noções apontadas. (ALBORNOZ, Suzana, 1982, p. 11)
Todavia, elas ilustram muito bem como se dá a apreensão da natureza pela Geografia. Isto não acontece unicamente na Geografia, ela não será uma exceção, mas corresponde ao processo de constituição das ciências e da sua divisão: ciências da Natureza e ciências Humanas.
Em linhas gerais, as ciências da Natureza desenvolveram-se desde Aristóteles a partir do exercício da observação e da experimentação. No século XIX formula-se o princípio do Determinismo que se configura como uma doutrina sobre a Natureza: O determinismo universal é, assim, a afirmação do princípio da razão suficiente, ou da causalidade, e da idéia de previsibilidade absoluta dos fenômenos naturais (CHAUÍ, 1995, p. 264). Já o que se passou a denominar de ciências Humanas data do século XIX, quando o homem passa a ser objeto de algumas ciências. Isto não quer dizer que só então se começou a estudar o homem, mas antes, tudo que dizia respeito ao homem era tratado pela Filosofia.
Assim, segundo Chauí (1995, p. 271), as ciências Humanas surgem no período em que prevalecia à concepção empirista e determinista da ciência, e, por conseguinte, trataram de estudar o homem utilizando os mesmos métodos das ciências da Natureza, os métodos hipotético-indutivos e experimentais de estilo empirista, buscando leis causais necessárias e universais para os fenômenos humanos. (CHAUÍ, 1995, p. 271).
Ainda de acordo com a mesma autora, apesar Natureza, sociedade e trabalho: conceitos para um debate geográfico OKARA:
Geografia em debate, v.1, n.1, p. 33-42, 2007 das ciências humanas datarem do século XIX, a percepção de que os seres humanos são diferentes das coisas naturais é antiga (1995, p. 272).
Desta forma, está nas origens do conhecimento à apreensão do Homem e da Natureza como coisas distintas. O apreender ou o perceber a natureza como algo diferente permitiu o entendimento de diversos fenômenos e organismos.
Contudo, como bem escreveu Arlete Rodrigues (1994), os eventos da natureza vulcanismo, tectonismo, enchentes, inundações, incêndios em florestas provocados por tempestades – que interferiam na organização socio-espacial, mas que não dependiam diretamente da ação humana, eram tratados como catástrofe ou desastre. Complementa a autora:
[…] Cabia conhecer a natureza para dominá-la. Muito embora, esses desastres fossem mais problemáticos nas áreas ocupadas por grandes concentrações populacionais, a pesquisa e análise da natureza foi realizada, desde a antiguidade clássica, em todo o mundo habitado Arlete Rodrigues , 1994 p.37
E acrescenta:
[…] Embora o homem tenha instintos naturais e a própria vida seja natural, a natureza como um todo tem sido considerada exterior ao homem e à sociedade. A natureza é assim: mágica, recurso, tem leis próprias, deve ser dominada, deve servir ao homem, etc., e o homem, através da sua natureza social, se apropria da natureza para transformá-la em bens em mercadorias. Para isso precisa conhecer as leis da natureza. (p. 37-38).
Marx, em Os Manuscritos Econômicos Filosóficos escreve sobre esta fragmentação da ciência. Para ele, o homem é objeto imediato da Ciência natural, mas também a natureza é o objeto imediato da Ciência do homemo. (1984, p. 153).
Pois, ainda nas palavras do referido autor:
O primeiro objeto do homem o homem é natureza, sensibilidade, e as especiais forças essenciais sensíveis do ser humano só na ciência do mundo natural podem encontrar seu auto-conhecimento, do mesmo modo que só nos objetos naturais podem encontrar sua realização objetiva (Marx, 1984, p. 153).
E prossegue:
Algum dia a Ciência natural se incorpora à Ciência do homem do mesmo modo que a Ciência do homem se incorpora à Ciência natural, haverá uma só Ciência (1984, p. 153). MAIA, D. S. OKARA: Geografia em debate, v.1, n.1, p. 33-42, 2007
Se tomarmos como princípio geral a idéia descrita acima para pensarmos a Geografia, a velha dicotomia Geografia Física x Geografia Humana não teria sentido. Algumas categorias geográficas como espaço, lugar e paisagem não permitem a dualidade, a separação. Nelas estão encravadas as categorias expostas no título desta comunicação Natureza, Sociedade e Trabalho. A respeito da atribuição do que seria o conhecimento de uma e de outra parcela da Geografia, trazemos a contribuição dada por Dirce Suertegaray (2000) em texto publicado no livro Geografia e Educação: geração de ambiências. (RÊGO; SUERTEGARAY e HYDRICH, 2000). A autora, ao refletir sobre a questão o que ensinar em Geografia (Física), formulada por um acadêmico de Geografia, diz ter respondido aquela indagação, com as seguintes palavras: tudo o que for possível ensinar no contexto espaço-temporal da disciplina sob a nossa responsabilidade (2000, p. 98), e chama atenção para o fato de que:
O significativo nesta pergunta é mais do que o conteúdo em si, a questão metodológica, ou seja, como ensinar no contexto da Geografia os conteúdos referentes à compreensão da natureza, nesta ciência, reconhecidos como Geografia Física (2000, p. 98).
Neste mesmo texto, Suertegaray propõe alguns estudos que partam da concepção de lugar:
Como espaço próximo, espaço vivido e como espaço de expressão de relações horizontais (relações de comunidade com seu meio) e espaço de relações verticais (relações sociais mais amplas determinando em parte a especificidade dos lugares) (2000, p. 99).
Concordamos com a autora acima citada e acrescentamos que o problema da dualidade está no método e na episteme, portanto, na teoria do conhecimento e na metodologia. Desta forma, Natureza, Sociedade e Trabalho são inerentes à Geografia. Como bem explicou Milton Santos em A natureza do espaço: técnica e tempo razão e emoção:
É por demais sabido que a principal forma de relação entre o homem e a natureza, ou melhor, entre o homem e o meio, é dada pela técnica. As técnicas são um conjunto de meios instrumentais e sociais, com os quais o homem realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espaço (1996, p.25).
Se técnica é trabalho, como afirmamos no início desta exposição, a relação natureza sociedade trabalho produz o espaço. Por fim, utilizamo-nos das palavras do Milton Santos (1986) para expressar as últimas idéias e deixar a mensagem do autor:
Natureza, sociedade e trabalho: conceitos para um debate geográfico OKARA: Geografia em debate, v.1, n.1, p. 33-42, 2007 41.
Devemos nos preparar para estabelecer os alicerces de um espaço verdadeiramente humano, de um espaço que possa unir os homens para e por seu trabalho, mas não para em seguida dividi-los em classes, em exploradores e explorados, um espaço matéria-inerte que seja trabalhada pelo homem, mas não se volte contra ele; um espaço Natureza social aberta à contemplação direta dos seres humanos, e não um fetiche; um espaço instrumento de reprodução da vida, e não uma mercadoria trabalhada por outra mercadoria, o homem Fetichizado. (1986, p. 27).

2.2. ARTE EM EDUCAÇÃO

Criar imagens e pensar sobre as artes visuais, sobre uma imagem, o que ela mostra e como ela mostra, é ler, é atribuir-lhe um significado, é estabelecer uma relação de produção de sentido.
A arte é o fruto da sensibilidade e da criatividade do ser humano. Ela é algo que se materializa, ou seja, que passa a possuir um “corpo físico” para que possa ser vista por outras pessoas, podendo ser apreciada ou rejeitada.
Desde o inicio da historia, quando ainda não existia uma educação formal, sabemos do interesse do homem em pintar as paredes de suas cavernas. A função dessas pinturas na vida desses ancestrais é questionada ate hoje.
Muita gente acredita que a dança é uma das primeiras expressões artísticas do homem.
Provavelmente surgiu de forma espontânea para chamar a atenção dos deuses, em agradecimento pelas caçadas gloriosas para o sustento de seus clãs. De certa forma a arte é uma maneira original e bela do homem se fazer entender, conhecer, ou se manifestar frente ao mundo. Serve também para provocar respostas, ou simplesmente para não demonstrar nada disso e somente expressar uma emoção. (ARGAN, Giulio Carlo, 1992)
Assim, as idéias e os sentimentos que provocam ação, são os sentimentos da arte. A arte é, portanto, uma forma de se materializar sentimentos e provocar emoções.
Como seres humanos participam da renovação da vida, á medida que nos relacionamos com o mundo. Como educadores a nossa contribuição será a de melhorar a qualidade do trabalho escolar, através dos nossos saberes, valores e experiências próprias. Essa qualidade passa pela nossa formação, valorização profissional e condições de trabalho, sendo que nossa valorização envolve uma formação continuada.

2.3. GEOGRAFIA

Com as várias facetas da educação, tornou-se imprescindível o uso de instrumentos que se figurem num aprendizado mais significativo e direcionado para a realidade. Sendo assim, os desafios e a tecnologia vêm muitos a contribuir para este avanço no estudo geográfico, a Internet e outros processos, como desafios a evolução geográfica, podem se tornar excelentes meios pedagógicos para esse intuito. E os professores dotados desta visão pedagógica contribuirão para o avanço no seu crescimento profissional.
O atual paradigma educacional que se apresenta, figura uma tentativa de se repensar o aspecto essencialmente conteudístico da educação nacional. Uma forma elaborada de contextualização das disciplinas, visando uma maior compreensão e interpretação da realidade.
Conforme a tradição kantiana, a Geografia, por ser uma ciência sintética, descritiva, e que visa abranger uma visão de conjunto do planeta, tornou-se uma disciplina que poucos dominam, não por ser vista como a disciplina que estuda o espaço, mas por não se figurar em algo que se possa abstrair, seja por falta de capacidade da classe docente ou discente, na realidade. Diante disso, faz-se necessário encontrar meios para substituir de forma criativa e equilibrada a atual metodologia que vem sendo aplicada no ensino de Geografia. Muitos recursos estão sendo desenvolvidos, entre eles o uso de multimeios digitais que visam a capacitação científico-geografico para suprir deficiências na forma de quantificar e interpretar a realidade através dos mapas .
A Internet também é uma ferramenta poderosa no que diz respeito ao avanço no modelo escolar, pois encontramos uma enorme quantidade de informações úteis ao crescimento educacional do aluno. Trabalhando em forma de projetos buscamos um estudo detalhado e útil ao estudo geográfico. A mesma possui uma vasta quantidade de informações ampla e diversificada. A partir dessa constatação precisamos fazer uma triagem do que verdadeiramente é útil ao estudo geográfico, como exemplos têm a História da Geografia, os diversos aspéctos procedimentais com o que posteriormente será considerada Geografia. Nessa nova ordem, o papel do professor vem mudando, pois é praticamente um consenso entre eles que deva ser um articulador habilidoso.
Logicamente que o crescimento do professor no que diz respeito ao seu desenvolvimento educacional diante das novas tecnologias, se faz mais que necessário, pois o mesmo é o responsável direto para formular projetos e estratégias que impulsionem o aluno a ver a tecnologia, como uma ferramenta de uso comum para seu aprendizado.
Os métodos de ensino dos qual o professor podem fazer uso, variam desde uma aula em que a evolução dos acontecimentos represente uma progressão, seja a uma aula em que os desafios e enigmas geográficos capacitem o aluno a raciocinar e interpretá-los. Sendo assim, fazer com que o mesmo possa aprender por compreensão. Dessa forma, o resultado de um maior preparo do professor como agente identificador das minúcias e problemas do aluno, significa uma maior preocupação por parte dele em assimilar meios tecnológicos e criativos visando uma compreensão bem mais proveitosa no estudo da Geografia por parte dos alunos. (ARGAN, Giulio Carlo, 1992. p.21)

2.4. CARTOGRAFIA NA ESCOLA

Entre as linguagens gráficas encontram-se o desenho e o mapa. O primeiro consiste em uma das manifestações mais antigas da humanidade, presente na cultura de praticamente todos os povos. Aparece espontaneamente nas atividades das crianças, desde bem pequenas. O segundo resulta de séculos de acumulação de conhecimentos e do desenvolvimento de técnicas cartográficas, o que exige um longo aprendizado para que se possa ler e entender os mapas. No entanto, quando pensamos em ambos como linguagens podem estabelecer paralelo interessante entre eles, no ensino.
Há diversos estudos á respeito do desenho de crianças. Vamos nos ater, neste texto, a aspéctos relativos à representação do espaço no desenho infantil. É conveniente, antes, lembrar as fases do desenho, pois são mencionadas em muitas publicações destinadas aos professores.
Uma das primeiras publicações á respeito do desenho de crianças foi realizada por Georges-Henri Luquet, em 1913, ao escrever a obra Os desenhos de uma criança, na qual apresenta os desenhos de sua filha. Em 1927, publicou a obra clássica O desenho infantil. Conforme visão vigente em sua época, Luquet considerou as produções gráficas das crianças tomando como referência o desenho do adulto, daí a interpretação dada por ele repousar na noção de realismo. Apesar de não aceitarem esse ponto de vista, estudos posteriores, principalmente em psicologia, continuaram a usar a terminologia de Luquet, o que lhes deu uma visão marcadamente evolutiva. A influência desses estudos no ensino pode levar os professores a verem, de modo inadequado, os desenhos das crianças como produções a serem melhoradas, ou até como incorretas.
Para as crianças, desenhar é brincar. “A criança desenha para se divertir”, disse Luquet. Os primeiros desenhos são feitos pelo prazer de riscar, de explorar as possibilidades do material (lápis de cor, giz de cera, caneta hidrográfica), para produzir efeitos interessantes no papel. É uma atividade lúdica, na qual os rabiscos não têm um significado determinado. (CHAUÍ, Marilena, 1995)

3. COMUNHÃO COM A NATUREZA

Quero destacar uma citação de René Dubos que diz o seguinte: o relacionamento humano e a comunhão com a natureza são as supremas fontes de felicidade e beleza.
Mas devemos ter como base de que essa comunhão com a natureza não se prende a sentimentos românticos, poéticos, mas a dados científicos.

4. LIGAÇÃO UMBILICAL DO HOMEM COM A NATUREZA

René Dubos ainda continua, dizendo: se é verdade que o homem é o último e mais perfeito produto da evolução das espécies, então ele é ligado organicamente a todo o universo e não somente ao universo dos seres vivos. Isso explica que o homem necessita de sol, água, ar, luz e calor para sobreviver, e não somente dos seres que têm vida aqui nesta terra.
O homem está profundamente enraizado no universo. Está preso a ele por todas as fibras da matéria, mesmo às mais humildes como um pedacinho de folha seca que cai sobre o solo e entra em estado de decomposição para tornar a terra mais fértil e poder dar ao homem seu nutriente de sobrevivência.
Além da história da evolução, podemos dizer que é a própria embriologia que nos coloca na natureza. Assim, os cientistas concluíram que o desenvolvimento de um embrião humano em suas diversas fases tem semelhanças com outros embriões de animais inferiores ao homem. Para reforçar essa tese dos cientistas, Haeckel cita a seguinte lei: o desenvolvimento do indivíduo é a recapitulação do desenvolvimento da espécie aqui na terra o embrião humano, em poucos meses, passa por estágios semelhantes aos das espécies que levaram a evolução até o homem: peixes, répteis, aves e mamíferos.
Os antigos para elogiar o homem o chamavam de microcosmo, dando a ele uma dimensão da milésima parte do milímetro. Enquanto isso os biólogos estudam o ser humano, suas funções animal e vegetativo numa preocupação tão grande a ponto de esquecer sua principal característica e nobreza a racionalidade. (CHAUÍ, Marilena, 1995. p.8)
Portanto, o homem não é só uma recapitulação da história da vida no universo durante os tempos, mas também uma miniatura da estrutura da do universo.
Então podemos dizer que o homem não é o senhor do universo, como queria ser os ocidentais, e sim parte integrante dele.
O maior exemplo da nossa grande ligação intima com a natureza está nos povos primitivos, nos camponeses, nos sertanejos do interior do Brasil. Todos esses têm grande amor pela terra que cultivam. A terra para esses é um meio de sua existência e é quase parte da sua família. Quando abandonam a terra, sofrem e choram.
Os homens tecnológicos das megalópoles não conseguem entender esse sentimento eles são frios assim como os libertinos não compreendem os sentimentos místicos do homem religioso para com Deus. Somente o poeta e o artista, com suas almas de crianças simples podem experimentar tamanha emoção em relação à natureza.

5. LIGAÇÃO DINÂMICA DO HOMEM COM A NATUREZA

É da natureza que o homem deve tirar o seu sustento e o sustento da sua família, como também viver dela. O que nós observamos é que os seres que mantêm uma relação mais intimam com a natureza índios, “selvagens” e os povos orientais em geral, são pobres, famintos e subdesenvolvidos, enquanto os seres mais distantes dela, os que mais lhe maltratam, são os que mais se sobressaem financeiramente. (GONÇALVES, Carlos Walter Porto, 1989)
O sonho de que a natureza possa ser algo inviolado ainda é apenas uma esperança que muito custará se concretizar. O homem tão cedo não se conformará em simplesmente admirar essa natureza, pois ele a quer como sendo ele grande senhor dela, e a esta ele simplesmente dispensa a função vital de objeto do homem.
É claro e evidente que a humanidade não quer que o homem viva somente para contemplar a natureza, como também não é justa a ação brutal a qual ela é submetida pelos homens. O que se deve levar em consideração é a reciprocidade que deve existir entre o homem e ela um dependendo do outro para sobreviver, ou ainda a correta relação entre ambos: ele trabalhando-a e cativando-a; a natureza servindo o homem, tornando-se humana para satisfazer às suas necessidades através de um trabalho amoroso, onde se viva bem distante da idéia de prejudicá-la.
O certo é que, se estivermos convencidos dessa nossa ligação familiar e de trabalho com a natureza, devemos por em prática uma mudança na nossa mentalidade e na nossa atitude para com ela:
Devemos interpretar corretamente as palavras da Bíblia que nos ensinam que a terra é um jardim a ser guardado e cultivado pelo homem, e não uma selva a ser desbravada (Gn: 1,27-28; Gn: 2,18). Ela é para o ser humano, ao mesmo tempo, um dom e uma tarefa.
Deveremos entender corretamente o real conceito de “homo faber”, que diz que o homem não existe só para trabalhar e progredir, mas também para realizar-se como homem e buscar sua felicidade, pois o trabalho não é fim, é meio. O que vale agora não é o homem que somente contempla, especula e fica extasiado diante da natureza, mas sim o homem que se apega aos conhecimentos filosóficos e científicos para poder entendê-la, modificá-la e transformá-la. O que importa agora não é saber para saber, e sim, saber para poder transformar. (GONÇALVES, Carlos Walter Porto, 1989)
É preciso entender que para executar as tarefas mencionadas anteriormente, devemos acabar com a ideologia que prega uma grande melhoria para os homens e para a humanidade se o crescimento científico, econômico e tecnológico for cada vez maior. Sabemos que isso não é verdade, e os efeitos da globalização nos ajudam a entender essa afirmativa de maneira bem simples.
“Crescer só para crescer, no sentido de números sempre crescente e tamanho maior, simplesmente não pode continuar para sempre (Clube de Roma, p. 24-25).
Não podemos colocar a produção e o lucro como meta do desenvolvimento, em lugar do homem.
Se nos homens primitivos e pré-históricos a natureza é vista como algo cheia de deuses ou de forças sobrenaturais, onde o homem se sente como escravo ou criatura frágil e impotente, depois da renascença a visão que se tem sobre ela é totalmente o inverso. O homem, através do aumento dos seus conhecimentos científicos e artefatos técnicos, tomam consciência do seu poder sobre a natureza. Hoje ele sente-se senhor e dominador absoluto da natureza, e tem certeza de que alguns dos setores por ele ainda não dominados serão barreiras derrubadas num futuro próximo. Melhor explicando o homem nunca mais será escravo e nem se ajoelhará diante da natureza.
Mas todo esse pensamento tem uma fundamentação errada quando observamos o que escreve Marx a respeito da dialética entre o homem e a mulher.
Para Marx, homem e mulher não representam duas categorias diferentes, mas uma nova categoria onde os dois são faces da mesma realidade humana. Os dois se integram e se completam para uma realização individual na perpetuação da espécie humana. (MARX, Karl, 1984)
Assim, podemos dizer que as relações entre homem e mulher devem ser marcadas pelo mútuo respeito, amor e colaboração. Da mesma forma, deve ser a relação do homem com a natureza uns contatos cada vez mais estreitam para que o homem fique sempre mais enriquecido e gratificado. Ninguém é escravo de ninguém, e o homem é só parte integrante da natureza que lhe deu a luz da existência.
Se o homem tem uma nova mentalidade, uma nova categoria mental, então ele agora deve tomar novas atitudes:
– Acabar com sua fúria selvagem de destruição da natureza pensando só em lucros e vantagens materiais.
– Não mais comportar-se como senhor diante da natureza e tê-la como sua escrava.
– Ficar ciente de que, maltratando a natureza, terá como resposta conseqüências desastrosas.
– Formar uma consciência ecológica em todo o mundo.
– Protestar não somente junto aos filósofos e cientistas, mas também ao lado do povo que luta e se organiza contra a poluição das cidades, rios, mares e destruição das florestas.
– Influenciar uma educação individual, desde a infância, dentro da família, até a fase adulta, para que se possa respeitar a natureza e comungar com ela.
– Levar as crianças de vez em quando para a selva, rios e praias, pois assim, conhecendo esses magníficos lugares, elas terão mais amor pela natureza.
– Se não puder colocar a criança num contato direto com a natureza, algumas medidas podem ser tomadas: cultivar as ciências exatas e naturais, cultivar o esporte alpinismo caça, pesca e natação, esqui no gelo ou aquático, corrida e motociclismo. (MAIA, D. S. OKARA:, 2007, p. 33-42).
Essas medidas também aproximarão a criança da natureza.
– Na falta de tudo isso, podemos recorrer às crianças, pois nelas haverá as riquezas e o milagre da natureza livre, espontâneo e inocente.

TESTEMUNHOS E EXEMPLOS DE AMOR À NATUREZA

Segundo Leonardo da Vinci, a inspiração dos artistas não surge quando eles observam as obras de outros pintores, mas sim quando têm um conhecimento profundo da natureza. Já Galileu Galilei achava que a cidade era um cárcere para as mentes especulativas, e achava a liberdade dos campos o livro da natureza sempre aberto para quem quisesse ler com os olhos da inteligência.
E falando-se de Jesus Cristo, podemos dizer que ninguém teve maior comunhão com a natureza do que ele. Quase todas as suas parábolas se inspiram em fatos da natureza ou na relação do homem com ela.
Nos seus ensinos ele também manifesta sua perfeita comunhão com a natureza. Através do próprio comportamento de Jesus, podemos ver que seus ensinamentos eram em contato com a natureza: lago de Tiberíades, as montanhas, as planícies da Palestina verdadeiras salas-de-aula.
Claro que Jesus falava aos homens dentro de casa, no interior dos templos, mas a sua mensagem central teve como cenário os campos, as águas e os montes.
E quem mais se aproximou de Jesus Cristo quanto ao amor pela natureza foi São Francisco de Assis. Tornou-se um protótipo de fraternidade para com a natureza e foi proclamado o patrono da ecologia.
Na música popular brasileira, não podemos deixar de ressaltar a grande preocupação com a natureza por parte dos compositores Roberto e Erasmo Carlos.

7. CONCLUSÃO

Após inúmeras pesquisas, com vista a um estudo mais aprofundado nas disciplinas de Artes, Meio Ambiente e Geografia, constatamos que, aprender essas disciplinas é, desenvolver progressivamente um percurso de criações pessoal cultivado, ou seja, alimentada pelas interações significativas, na qual o grupo realizou através de meios que fornece informações no processo ensino aprendizagem (livros, vídeo, meio tecnológicos e alguns especialistas no assunto ).
Portanto fazer arte e pensar sobre o trabalho artístico, que realiza assim como sobre a arte, que é e foi concretizada na historia, que pode nos garantir uma situação de aprendizagem conectada com os valores e os modos de produção artística nos meios sócios culturais.
Neste contexto concluí-se que a imaginação criadora permite ao ser humano perceber situações, fatos, idéias e sentimentos que se realizam como imagens internas, a partir da manipulação da linguagem. É essa capacidade de formar imagens que torna possível a evolução do homem e o desenvolvimento da criança a visualizar situações que não existem, mas que podem vir a existir, abrir acesso a possibilidades que está alem da experiência imediata. Espera-se que este trabalho possa contribuir progressivamente no nosso dia a dia e que de maneira contínua tendem nos aproximar de modos mais elaborados de fazer e pensar sobre Arte.
Partindo da idéia de que a educação na escola deveria formar integralmente os alunos e alunas, transmitindo ensinamentos para a vida e não somente “conteúdos burocratizastes,” um trabalho educativo necessita empreender discussões sobre saúde e meio ambiente. As diversas disciplinas (com as suas diferentes linguagens) precisam englobar esses temas de forma a problematizar os discursos hegemônicos sobre essas questões.
Estudar geograficamente o mundo, no todo ou em parte, é buscar entender como e por que as paisagens apresentam as características que observamos. A geografia deve propor-se a investigar, principalmente, o modo pelo qual a sociedade produz o espaço geográfico.
O trabalho da prática (das referidas disciplinas) desenvolvido neste período, foi de grande valia. A experiência adquirida contribuiu para realização de um trabalho de melhor qualidade.
Esse trabalho reforçou a nossa percepção de que as crianças, quando estimuladas e valorizadas, sentem prazer em participar e interagir.
A presença e a participação nas oficinas, os desenhos e pinturas, a confecção de painéis e brinquedos, os debates, a construção de maquetes e mapas reproduzindo o ambiente percebido, as músicas, as histórias contadas e recontadas, as dramatizações, os textos produzidos, as falas, as observações e os exemplos dados, as posturas diante do grupo e, ainda, os depoimentos de alguns familiares e professores sobre situações nas quais as crianças se afirmaram como sujeitos, são indicadores do interesse e da capacidade das crianças de conhecer, representar e transformar o seu meio. Os níveis de conhecimento, de representação e de percepção do ambiente vivido são diversificados.

8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA

ALBORNOZ, Suzana. O que é trabalho. 5. ed. (Coleção Primeiros Passos). São Paulo: Brasiliense, 1992.
ALMEIDA, Rosângela Doin de: PASSINI, Elza Y. O espaço geográfico: ensino e representação. 7. ed. São Paulo; Contexto, 2002.
ARGAN, Giulio Carlo; Arte moderna; São Paulo: Companhia das Letras, 1992. ISBN 8571642516
BLANCO, J. García. Introcción General. In: ESTRABÓN. Geografia. Madrid: Gredos, 1991.
CAVALCANTE, Lana de Sousa. Geografia e pratica de ensino. Goiânia: Alternativa 2002
CHAUÍ, Marilena. Convite á Filosofia. São Paulo: Ática, 1995.
ENGELS, F. Dialética da Natureza. México: s/e, 1961.
GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Os (des)-caminhos do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 1989.
MARX, Karl. Manuscritos Economia y Filosofia. 11. ed. Madrid: Alianza Editorial, 1984.
RILKE, Rainer Maria. Da Paisagem. s/d; s/l. (mimeo). Extraído Samtliche Werke, Fünfter Baand, Frakfurt am Main: Insel Verlag, 1965. Tradução de Luciana Martins e Ferdinand Reis.
RODRÍGUES, Arlete Moisés. A questão ambiental e a (re) descoberta do espaço: uma nova relação sociedade/natureza? Boletim Paulista de Geografia, n. 73, São Paulo: Associação dos Geógrafos Brasileiros São Paulo, 1994).
SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. São Paulo: Hucitec, 1986. MAIA, D. S. OKARA: Geografia em debate, v.1, n.1, p. 33-42, 2007
SILVA, José Afonso da, Direito Ambiental Constitucional, Malheiros, 2ª edição (2ª tiragem),São Paulo, 1997.

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