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quinta-feira, março 28, 2024

A Televisão possibilitando novos olhares no fazer Pedagógico

A pesquisa que se segue: “A televisão possibilitando novos olhares no saber – fazer pedagógico” investiga formas de apropriação da televisão como ferramenta pedagógica nas instituições de ensino. O hábito de ver televisão faz parte da cultura atual. Na maioria dos lares brasileiros, estejam eles no ponto mais distante do mapa, a TV está presente entretendo e distraindo as pessoas, e por ser um meio de comunicação tão atraente e popular acaba por interferir no modo de pensar, agir e se relacionar com o mundo. Nesse sentido, o projeto procura mostrar de uma forma atraente, o uso desta tecnologia para promover a aprendizagem de forma crítica e atualizada, já que a grade de programação de todas as emissoras busca tratar de assuntos atuais em seus programas, sejam eles informativos ou de entretenimento.

Sendo assim, os meios tecnológicos de comunicação, em especial a televisão, podem ser usados como recurso para educar o olhar, motivar os alunos e transformar as aulas em laboratórios do conhecimento humano e assim contribuir para a formação de cidadãos que conseguem ver além das imagens e participar democraticamente dos processos políticos e sociais do contexto em que está inserido. Para tanto, foi realizado pesquisa de campo em escolas da rede pública estadual de ensino, com aplicação de questionários abertos para alunos e professores. Teoricamente o trabalho se fundamenta no pensamento de autores que há muito tampo se dedicam ao tema como Douglas Kellner, Marcos Napolitano, Pedrinho Guareschi, José Manoel Moram, dentre outros.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
1 HISTORICIZANDO A TELEVISÃO
2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEMA
2.1 SOBRE A PUBLICIDADE
2.2 SOBRE AS TELENOVELAS 
2.3 SOBRE OS PROGRAMAS JORNALÍSTICOS
2.4 SOBRE OS PROGRAMAS INFANTIS
2.5 SOBRE OS PROGRAMAS EDUCATIVOS
3 OS RECURSO AUDIOVISUAUS
4 A TELEVISÃO SOBRE OS PRISMA DE VISÃO DE ALUNOS E PROFESSORES
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS

INTRODUÇÃO

Muito tem se especulado a respeito da televisão, porém poucos autores se esmeram em mostrar seus aspectos positivos, ou seja, suas contribuições em termos educativos que vai muito além do ato de informar. Indo de encontro a essas especulações, este trabalho irá demonstrar que a televisão pode ser um meio educativo e democratizador dos bens culturais.

Vivemos em uma sociedade do trabalho e da falta de tempo para a convivência familiar e o diálogo. As crianças aprendem principalmente com a televisão, a internet e dominam com facilidade as tecnologias. O que se percebe nesse processo é a formação de jovens egocêntricos, solitários, sem criatividade e com apresentação de adolescência precoce.

Outro ponto que preocupa é a quantidade de informação que as crianças da “era da informação” recebem e não tem maturidade suficiente para filtrá-las, processá-las e usá-las em seu beneficio, e os que usam não o associam com a aprendizagem escolar, sendo que um é inerente ao outro. Guareschi (2005) observa que essa quantidade desenfreada de informação, sem reflexão contínua e metódica faz com que jovens, sem perceber, os interesses presentes na mídia, se prendam em inúmeras armadilhas, ‘sejam ideológicas, política, econômica, consumista, alienatória’, dentre tantas outras.

Essa pesquisa surgiu das observações feitas à cerca das mudanças ocorridas na sociedade nas últimas décadas. Pais que se dividem entre trabalho e capacitação para manter ou melhorar seus postos de serviços e filhos, que muitas vezes ficam sob o cuidado de uma babá eletrônica – a TV e as novas tecnologias.

Nesse impasse, os pais falam mal da mídia, mas deixam seus filhos sob os “cuidados” da mesma. As instituições de ensino tentam, muitas vezes de maneira equivocada, introduzir essa “concorrente” em seus espaços educativos enquanto crianças e jovens continuam preferindo a educação midiática. Para Napolitano (2003, p. 12)

A mídiabilidade é um dos principais problemas a serem pensados pela escola (…) Não se trata de tentar dissipar a influência da mídia na vida das pessoas, mas de explicitar este fenômeno e fornecer alguns pressupostos críticos,valorizando elementos culturais que muitas vezes o aluno já possui.

Estamos, então, diante de um grande dilema: A TV educa, deseduca, aliena ou educa alienando? Sabemos que a televisão desenvolve uma educação paralela a escola, devido às informações que veicula por meio do jogo de imagens, sons e movimento que atraem e encantam os alunos. Porém essas informações, sozinhas, podem ser consideradas conhecimento? Através da televisão, as crianças e jovens têm acesso a inúmeras informações que tratam dos mais variados assuntos, muitas vezes esses assuntos são apresentados de forma fragmentada, descontextualizada e até carregados de intencionalidades. Em outros casos, a televisão traz informações preciosas que ajudam na assimilação de um determinado assunto visto em sala de aula, ou até muitos que a escola resiste em colocar em suas abordagens ou conteúdos.

Nessa proposta de estudo, a mídia televisão será abordada como uma aliada do professor na explanação dos mais diversos assuntos, dos atuais aos antigos, possibilitando uma viagem no tempo com as produções de época e analisando o futuro com base nas notícias vinculadas sobre as grandes descobertas científicas.

É preciso pensar a influência da televisão no nosso dia-a-dia, reconhecendo suas características positivas e negativas bem como compreendendo sua influência sobre a sociedade.

Para tanto, surge a necessidade de apresentar a televisão e sua grade de programação como ferramenta educacional eficiente, utilizando-se da linguagem e do encanto das imagens em movimentos que as crianças e jovens já estão acostumados, como fonte de informação tão segura quanto os livros didáticos. O uso da televisão como recurso pedagógico, pode ser utilizado, a priori, como forma de atração, de sedução pelas imagens, sons e movimentos, e no decorrer do processo se transformar em recurso didático capaz de fazer uma interligação entre as disciplinas, os acontecimentos sociais, políticos e culturais locais e globais com uma criticidade no olhar, tanto em relação à TV e outras mídias como em relação ao mundo.

O trabalho será dividido em capítulos e cada um deles trará uma abordagem sobre o impacto da televisão na educação informal dos sujeitos sociais, nos vários segmentos de programas que são apresentados pelas mesmas.

Parte desse trabalho será dedicada a publicidade, ou seja, as campanhas publicitárias ou, como chamamos comumente os comerciais de TV, pois estes são os campeões de críticas e ajudam fortalecer o coro de deseducadora, alienadora e fortalecedora do consumismo inconsciente.

O jornalismo e as telenovelas, que são os mais assistidos e comentados pelos telespectadores, serão fenômenos de aprofundamento maior, pois suas informações, mesmo que sem intenção e planejamento, são muito utilizadas nas salas de aulas como exemplo da realidade e para fundamentar pensamentos e idéias dos livros didáticos.

Serão analisados, ainda, os programas infantis e educativos vinculados pela TV e ao final, será feito a análise e discussão dos dados colhidos em duas escolas da rede pública da cidade de Juazeiro.

A base teórica desse trabalho serão as idéias de autores que, também têm se dedicado ao estudo e análise crítica da televisão, com o intuito de jogar por terra o paradigma de que a televisão é responsável por muitas mazelas da sociedade, tais como Marcos Napolitano (2003), que em seus últimos trabalhos apresenta a televisão e outras mídias como ferramenta eficiente de aprendizagem; Pedrinho Guareschi (2005) que em seu trabalho “Mídia, Educação e sociedade”, apresenta as mídias de massa, em especial a televisão como produtos ideológicos e defende a idéia de que a escola precisa colocar essa pauta em discussão, possibilitando aos alunos uma leitura analítica do que vêm em seus programas favoritos, inclusive selecionando-os de forma crítica; de José Manoel Moram (1993) que apresenta as novas tecnologias como mediação ao saber fazer pedagógico.

O sociólogo Douglas Kellner (2001) em seu livro “A cultura da Mídia”, embora não fale diretamente da televisão ou de outra mídia específica, mostra os produtos midiáticos e seus impactos na sociedade, dentre outros que defendem idéias semelhantes.

E, como a escola e seus atores serão os objetos de observação do trabalho, foram feita visitas investigativas a escolas da rede pública de ensino, com o intuito verificar como a televisão vem sendo usada nesses espaços.

Usar um meio tão atraente e instrutivo em sala de aula pode render bons frutos no futuro, facilitar o trabalho do professor e tornar as aulas mais atrativas. È isso que o trabalho irá apresentar.

1 HISTORICIZANDO A TELEVISÂO

Para falar da televisão e de suas possibilidades educacionais, será feito, inicialmente, o caminho percorrido pela mesma em contextos históricos diferenciados e os estudos e pesquisas que culminaram com a invenção do maior meio de comunicação de massa.

O advento da televisão não é tão novo como parece. A história da televisão é fruto de pesquisas e trabalho conjunto de cientistas, físicos e matemáticos que acreditavam ser possível fazer transmissões, também de imagens e distância.

A necessidade de representar a realidade sob forma de imagens acompanha o homem desde a pré-história quando, de forma primitiva, o homem usava o ocre e o carvão para deixar imortalizado nas paredes das cavernas, suas vivências e aventuras. Os povos egípcios por sua vez, já contavam com técnicas mais avançadas para fazer essas representações e, assim, a humanidade sempre foi seduzida pela vontade de se ver representada sob forma de imagem. Com a descoberta da fotografia e o avanço dos recursos tecnológicos, a reprodução da realidade ganhou recursos de luz, retoques e ângulos favoráveis, tornando as imagens mais fiéis e capazes de transmitir e captar sentimentos. Porém, a televisão tem um fascínio maior, pois une som imagem e movimento ao alcance de todos, ao clique de um botão.

A palavra televisão surge antes mesmo do aparelho que hoje vemos na maioria dos lares. É uma junção de duas palavras: tele, que vem do grego e quer dizer distante e visione que vem do latim e designa visão. Portanto, um sistema eletrônico de recepção de imagens e som à distância por meio das ondas eletromagnéticas. O trabalho de pesquisa dos cientistas, físicos e matemáticos começou a funcionar em 1892, quando os físicos Július Elster e Habs Getiel inventaram uma célula fotoelética e em 1906 Arbowe Nelt desenvolveu um sistema de televisão através de raios catódicos[1]. No entanto, foi só em 1920 que o britânico John Logie Baird realizou as verdadeiras transmissões. Seus estudos foram exibidos à comunidade científica em Londres no Royal Institution e o cientista foi de imediato contratado pela BBC (British Broadcasting Corporation / Corporação Britânica de Transmissão), para executar transmissões experimentais.

O primeiro sistema semi-mecânico de televisão analógica só foi demonstrado em fevereiro de 1924 em Londres e, posteriormente, em 30 de outubro de 1924, foram apresentadas imagens em movimento. Porém, a técnica de Baird comportava poucas linhas. Em 1928, foram feitas transmissões mais promissoras nos Estados Unidos e em 1930, na França, as descobertas deixaram de ser ensaios e passaram a ser progressos técnicos reais. A primeira transmissão de televisão oficial foi feita a partir da Torre Eiffel em 1935, mais precisamente em 25 de abril, às vinte horas e quinze minutos, enquanto os primeiros serviços de alta definição foram exibidos na Alemanha em março de1935, porém, disponível apenas para 22 salas públicas.

Apesar dos avanços serem rápidos para a época, o primeiro programa de televisão reconhecido oficialmente só foi ao ar um ano depois na Inglaterra. Quatro anos mais tarde, o transmissor pioneiro já dispunha de quinze horas semanais de programação, mas o primeiro “telejornal” só foi ao ar pela primeira vez, dez anos mais tarde.

As grandes transmissões começaram a partir dos jogos olímpicos de 1936, e depois da Segunda Grande Guerra, devido ao grande avanço tecnológico, o uso da televisão cresceu enormemente em todo o mundo e conquistou adeptos em todas as classes sociais em busca de informações dos mais distantes lugares. Segundo o historiador Fontes (2000, p. 131) […] “Na terra, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas, reunidas diante dos vídeos, segundo cálculos da NASA, ficaram fascinadas pelo duplo milagre da descida e da transmissão das imagens […] na lua.”

No Brasil, a primeira transmissão televisiva foi uma partida de futebol em 28 de setembro de 1948 na cidade de Juiz de Fora, MG. Dois anos depois, no dia 03 de abril aconteceu a pré-estréia da televisão e no dia 18 do mesmo mês a inauguração oficial da TV Difusora, em São Paulo. Essa emissora foi pioneira nas transmissões comerciais no Brasil, que se tornou, então, o quarto país a possuir uma emissora de televisão, atrás, apenas dos Estados Unidos, Inglaterra e França.

No Rio de Janeiro, nesse mesmo ano foi inaugurada a TV Tupi, emissoras de Assis Chateaubriand. Nesse período, muitos artistas, já famosos no rádio, migraram para a televisão que era transmitida ao vivo.

A televisão fascinava a todos e era tida como símbolo de status, mudando, inclusive a estrutura física da casa, que agora se organizava em torno do aparelho e os assuntos mais comentados, também, eram sobre a tão comentada mídia. Para Guaresch (2005, p.69)

A entrada desse novo veículo de comunicação se situa no contexto de um período de crescimento industrial, da migração das áreas rurais para as urbanas que marca um espaço de mudança na estrutura econômica, social e política no Brasil.

Diferente de outros países, a chegada e a popularização da televisão ao Brasil foi cercada por muitos mistérios e jogos de poder. Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, um paraibano do município de Umbuzeiro, dono de uma cadeia de jornais, e de estações de rádio, senador da República e embaixador do Brasil em Londres, com o propósito de aumentar seu aglomerado de mídia “Diários Associados”, resolveu implantar a televisão no Brasil. Como na época, nenhum equipamento referente a televisão era produzido em nosso país, Chatô, como era popularmente conhecido, precisou trazer todo o equipamento e aparelhagem dos Estados Unidos.

Revistas da época davam conta que Assis Chateaubriand precisou usar sua influência política para liberara seus equipamentos da alfândega do porto de Santos. Porém tudo foi desmentido e a Revista Cruzeiro, que fazia parte do grupo “Diários Associados” em sua edição do dia 28 de março de 1950 trouxe apenas notícias falando da chegada dos fantásticos aparelhos que foram recebidos por políticos e membros da alta sociedade paulistana e seguiram em desfile pelas ruas do centro de São Paulo (MATOS, 2002).

Em 1952 foi inaugurado a TV Paulista, pertencente às Organizações Victor Costa, no ano seguinte a TV Record inicia suas transmissões, TV Rio passa a transmitir imagens no mês de julho de 1955 pelo canal 13 e a TV Excelsior principia seus trabalhos aos meados de 1960, mas é cassada nove anos depois pelos militares, descontentes com os festivais da canção que eram produzidos e transmitidos pela mesma.

A empatia a televisão só aumentava e o poder público se esforçava em elaborar mecanismos que a mantivesse sob vigilância. Em 1962 foi instituído o “Código Brasileiro de Televisão” e o governo federal cria o Conselho Nacional de telecomunicações (CONTEL), que o autoriza a constituir uma empresa de televisão pública. Os proprietários de emissoras de TV também buscaram proteção e fundam a ABERT(Associação brasileira das Emissoras de Radio e Televisão). O primeiro presidente dessa entidade foi o deputado João Calmon, que conseguiu, como grande ato, a mudança no prazo de concessão, que era de 03 anos e passou a ser de 15 anos.

Com a cassação dos direitos de transmissões da TV Excelsior, os militares mostraram sua força e o que aconteceria com os que pensassem contrário ao sistema. Muitos profissionais ficaram desempregados e gênios da comunicação foram contratados por outras emissoras com salários bem abaixo do mercado (MATOS, 2002). A partir daí, uma emissora começa uma decolagem extraordinária e cheia de artimanhas e interrogações. A Rede Globo de televisão foi inaugurada no Rio de Janeiro em 26 de abril de 1969, associada ao grupo norte-americano Time Life. Sobre essa negociação, Guareschi (2005, p.70) comenta o seguinte:

[…] Esta novidade no cenário da mídia eletrônica provocou a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a partir da denúncia do senador João Calmon […] no sentido que esse acordo entre as duas emissoras infringia o artigo 160 da constituição Federal, de 1946, o qual vedava a participação de capital estrangeiro na gestão ou propriedade de canais de radiodifusão.

Segundo o autor, o Presidente Castelo Branco considerou a operação legal e só dois anos depois a rede de televisão globo foi obrigada a desfazer o acordo com o grupo norte-americano, entretanto, “a emissora, a essa altura, já havia adquirido tecnologia e capital suficiente para se impor no cenário brasileiro” (GUARESCHI, 2005, p. 71). Desde então a emissora se tornou um fenômeno de audiência e impõe, até hoje, padrões de moda, beleza, comportamento, e influencia a política e a economia no país.

Foi depois da metade do século XX que a televisão ganhou força entre as classes populares, e ameaçou a popularidade dos cinemas e teatros, pela rapidez com que conquistava cada vez mais adeptos a seus programas. Nessa época a televisão, também, começou a ser vista como papel importante de intervenção social, econômica e política. Para Kelnner (2001, p.) “A televisão exerce uma força enorme sobre os telespectadores […] é capaz de aumentar a cotação da bolsa, eleger e derrubar governantes e mudar a opinião pública sobre os mais polêmicos assuntos”.

Com o passar do tempo, a televisão ganha cor e video-tape e se torna cada vez mais presente nos lares brasileiros. O censo demográfico nacional (1970) registra que 27% das residências já possuiam televisores e 75% desses aparelhos se concentravam no eixo Rio-São Paulo. Devido a copa do mundo do México ser transmitida ao vivo, chega ao número de quatro milhões os lares que possuem televisores, o equivalente a 25 milhões de telespectadores. Nesse mesmo ano o governo baixou um decreto determinando o corte das concessões das emissoras que não transmitissem uma porcentagem mínima de programas em cores, e para aumentar as vendas de receptores coloridos a Fábrica Colorado, patrocina replays de jogos de futebol todas as tardes nas TVs Bandeirantes e Gazeta.

[…] a cultura da mídia é industrial; organiza-se com base no modelo de produção de massa e é produzida para a massa de acordo com tipos (gêneros), seguindo fórmulas, códigos e normas convencionais. E, portanto, uma forma de cultura comercial, e seus produtos são mercadorias. (KELLNER, 2001, p. 9)

Foi nessa época, também, que os anunciantes passaram a comprar espaços entre os programas em vez de patrocinar o programa como um todo e a propaganda governamental foi regulamentada, com direito a seis minutos diários de publicidade gratuita.

Percebendo o grande potencial da televisão, houve um imenso interesse da classe política brasileira em conseguir concessões de canais de televisão. E essas concessões foram dadas, muitas vezes, infringindo as leis, que estabelecia que nenhuma empresa ou pessoa, poderia ter a propriedade de mais de dez emissoras de TV em todo o território. Contudo, “se recorria ao registro dos canais em nome de diferentes pessoas da mesma família, para ultrapassar o limite de propriedades de canais permitidos pela legislação” (GUARESCHI, 2005, p.77). Desta maneira, os veículos de comunicação regionais ganharam donos com poder de ditar o que devíamos ver, ouvir, saber e comentar.

No dia 03 de fevereiro de 1980 é declarado oficialmente o fim da censura ao tele- jornalismo brasileiro. A história da censura aos meios de comunicações começa com o surgimento dos mesmos, porém no início a censura era ética ou estética, ditada pelos próprios produtores. Foi em outubro de 1959, que o então Ministro da Justiça, Armando Falcão, assinou a primeira legislação que regulamentava a censura da programação de televisão do Brasil. Em 1966 o Departamento Federal de Segurança pública decretou novas normas de censura para a TV.

Com o fim da censura, as emissoras de televisão passaram a ter autonomia para decidir o que vincular em seus programas. Em 1994 as redes de televisão aderiram às campanhas populares. No Brasil, nesse período, já existiam 106 emissoras comerciais de televisão, sendo que 12 emissoras eram estatais. Muitas atividades políticas eram transmitidas ao vivo, como o comício das “Diretas Já” que foi realizado na Avenida Paulista de São Paulo, contando com um público recorde, a participação das principais autoridades políticas do país e artistas de notoriedade de nacional; a eleição indireta de Tancredo Neves, sua doença e morte. Cinco anos depois transmitiu ao vivo e na íntegra a posse do primeiro presidente civil eleito pelo voto direto desde o golpe militar de 1964, Fernando Collor de Mello.

Foi, ainda, a mídia de massa que divulgou e acompanhou passo a passo o andamento das investigações das denúncias de corrupção contra Collor e impulsionou a juventude Cara Pintada invadirem as ruas pedindo a renúncia ou derrubada do mesmo, e Fernando Collor foi o primeiro presidente eleito e deposto pelo povo. A votação do impeachment e o pedido de renúncia, também, foram transmitidos ao vivo.

Partindo dessas observações, os telespectadores começaram sentir-se participante do processo democrático e criativo da televisão que ganhou cada vez mais prestígio no cenário nacional, passando a ser a porta voz da população.

Com o fim da censura, as emissoras se sentiram mais autônomas e até arriscaram reeditar programas que haviam sido censurados nos anos de chumbo. Na rede Globo de televisão, no dia 24 de junho de 1985, aconteceu da estréia a segunda versão da novela Roque Santeiro, considerada a novela de maior sucesso da história da emissora, atingindo a marca de 90% de audiência, com média de 75% pontos, segundo o IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística).

Por mencionar o instituto de opinião, a década de 90 foi o período de guerras travadas pela audiência e preciosos pontos no IBOPE. Para os publicitários “a concorrência motiva a melhoria na qualidade dos produtos” (MORAIS, 2005, p. 39), mas não foi o que aconteceu na mídia televisiva. A programação das emissoras baixaram o nível e o público perdeu uma excelente oportunidade de assistir uma disputa sadia onde a qualidade da programação seria o ponto atraente, e a TV que deveria ser um instrumento de entretenimento e educativa, segundo a legislação brasileira (BRASIL,1988), passou a ser um veículo de deseducação em massa. Os programas de televisão levavam ao ar atrações de gostos duvidosos e exploravam a nudez feminina e até masculina, como na novela pantanal, exibida pela TV Manchete e a novela Tieta produzida pela TV Globo. Após inúmeros debates e discussões, em 1999 foi realizado em Brasília o I Fórum Permanente da Educação para a Mídia, com o objetivo de discutir perspectivas para a qualidade da informação. 
Outro encontro que também buscava soluções aos abusos televisivos foi o seminário intitulado “A problemática da Comunicação de Massa: Reflexões e Soluções”, promovido pelo Governo Federal. Após esses encontros que contou com a participação de estudiosos, organizações não governamentais, dos então Ministros da Educação Paulo Renato Souza e da Justiça Bernardo Cabral, o Congresso elaborou emendas para regulamentar os programas e a faixa etária própria a cada um deles.

Foi, também, na década de 90 que o UNICEF em parceria com a TV Globo lançaram o projeto “Criança Esperança”, que uniu personalidades da música, Cinema, TV, esporte, empresas parceiras e o público que participa por telefone, em prol da arrecadação de fundos. O objetivo inicial era o combate à mortalidade infantil, depois à erradicação da desnutrição e hoje, além dessas iniciativas o projeto ajuda instituições que desenvolvem ações de apoio a crianças e adolescentes em situações de risco.

O projeto “Criança Esperança”, que no ano de 1991 ganhou o prêmio Eco, da câmara Americano do Comércio, pela melhor contribuição à comunidade no setor de saúde, teve o mesmo formato e intenção que o S.O.S Nordeste, projeto, também da TV Globo, realizado em 1970 para arrecadar alimentos para os “flagelados da seca”, e era apresentado por Renato Aragão, o mesmo apresentador do criança esperança.

Com uma programação pobre de atrações inteligentes, o público migrou para as TVs educativas. A TV Cultura e a TV educativa, ambas públicas, caíram nas graças dos telespectadores por vincularem programas com teor, considerado, de alto nível intelectual. Os estudiosos atribuem esse fator […] “a capacidade do público de resistir à manipulação da mídia, criando seus próprios significados e usos” (KELLNER, 2001 p. 12). Os programas de maior audiência na TV Cultura eram: Matéria prima, Vitrine, Papo Informal, Fórum, Janela Indiscreta entre outros que dinamizavam a programação e atraiam uma legião de jovens. Os programas infantis de maior sucesso eram Revistinha e Castelo Rá-Tim-Bum e os programas Roda Vida, Metrópole e o Jornal da Cultura atraiam o público adulto.

Para recuperar a audiência e a confiança do público, as emissoras, que estavam perdendo espaço, iniciaram uma corrida pelos telespectadores, investiram em equipamentos de última geração, fizeram contratações de novos artistas e modificaram a roupagem dos antigos programas. Seguindo essa linha de raciocínio, o jornalismo, ainda era a linha de frente e investia pesado nas grandes reportagens, denúncias e coberturas de fatos internacionais.

Os meios tecnológicos de informação foram os primeiros a aderirem a globalização. Em 1991 os conflitos no Golfo Pérsico eram transmitidos por correspondentes internacionais ao vivo e essas matérias batiam recordes de audiência nas TVs do mundo inteiro. Para Guareschi (2005, p. 57)

Há uma estreita relação entre a mídia e a globalização em que vivemos; em grande parte esta globalização, principalmente cultural, só foi possível devido à mídia. A política também mudou de lugar. A sociedade nacional transformou-se em província da sociedade global.

Já no final dos anos 90, os telespectadores brasileiros experimentavam a autonomia dos canais a cabo e os telhados dos lares brasileiros, fossem urbanos ou rurais, infestaram-se de antenas parabólicas e logo em seguida de antenas de canais por assinatura. Em 1997 foi criada a agencia Nacional de Telecomunicações (ANATEL) para regularizar e fiscalizar o setor de telecomunicações no Brasil. No final de 2007 começaram as transmissões da TVD (televisão digital). Agora a informação interativa estava ao alcance de todos sem corte ou maquiagem, eram o que pensavam os mais ingênuos.

O uso da televisão para transmitir preceitos educacionais começou no final da década de 60 e início dos anos 70. Era o auge do regime militar, e a televisão que já tinha sua ideologia, era usada em benefício de um regime para disseminar suas idéias e esconder suas intenções. Nas escolas era comum citar notícias de telejornais para exaltar o regime ou denunciar o que não era divulgado.

Nessa mesma época, surgiram os cursos técnicos na rede pública de ensino e a televisão foi rebaixada a simples técnica de colocá-la em funcionamento. No final dos anos 70 a Fundação Roberto Marinho e a Fundação Padre Anchieta lançam, em rede nacional, o Telecurso 2º grau, deixando pra trás os cursos por correspondência. A partir daí a Mídia em questão, aparecia no universo educacional de forma ainda tímida, e somente no início dos anos 90 ela voltou a cena, com programas voltado para o contexto educativo, e até programas infantis das TVs educativas batiam recordes de audiência.

Em 1982 foi instituído a Sistema de Nacional de Radiodifusão Educativa (SINRED), ligado ao Ministério da Educação e Cultura e ao Ministério das Comunicações. Emissoras educativas, algumas ligadas as grandes redes de televisão, surgiram como se quisessem se redimir pela deseducação que provocaram durante anos, dentre elas podemos citar a TV Cultura, a SESC TV, o Canal Futura, ligado a Rede Globo, A TV escola, voltada ao público docente, Paraná Educativa, TV Câmara e Senado, dentre outras. O governo, também investiu em educação a distância com cursos televisivos e implantação de KITs ( antena parabólica, aparelho de TV, fitas de vídeo e manuais de uso e metodologias) nas escolas públicas de todo o Brasil.

No ano 2000, com as comemorações dos 500 anos do Brasil, a Rede Globo de televisão, inspirada nas discussões do seminário “Brasil 500 anos – Como se muda um país através da educação” inicia um projeto educacional de alcance nacional, mas que não vai adiante, que se estende só até abril do mesmo ano. Em 2001, mais precisamente no dia 13 de março desfez-se a RPTV (Rede Pública de Televisão). TV Educativa e TV Cultura se separam e o que já era difícil junto se tornou praticamente inviável separadas.

A programação educativa tornou-se escassa e os canais educativos com dificuldades de prosseguirem concorrendo com as atrações comerciais dos canais de TV aberta. A solução seria conceder novas licitações para exploração de canais com fins educativos. Em 03 anos e meio de governo, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva aprovou concessões a fundações sem fins lucrativos de 110 emissoras educativas, sendo que 29 são emissoras de TV. No entanto, se formos buscar no site do Ministério das Telecomunicações, essas emissoras estão em nome de pessoas ou fundações ligadas à políticos, muito parecido com as concessões do período militar.

Atualmente, há um projeto para votação na Câmara Federal da nova TV pública. O relator da emenda, Walter Pinheiro, acredita que essa iniciativa é de fundamental importância para a democracia do país, pois será um sistema autônomo e independente de governo e de mercado econômico. Entretanto, ainda há de se ter cuidado, pois para ser de fato pública, a nova TV precisa ter gestão independente do governo e programação que apresente a vasta diversidade da sociedade brasileira. Se não for dessa forma, essa instituição deixa de se constituir pública para ser uma rede estatal, a serviço do governo e seus interesses.

Hoje, a televisão está presente em quase a totalidade dos lares brasileiros. Porém, seu potencial educativo ainda é pouco utilizado, de fato, nas escolas.

2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEMA

Sendo, a televisão a grande invenção dos últimos tempos e o entretenimento de mais fácil acesso na comunidade global atual, precisamos saber usar de forma inteligente esse meio de comunicação, para que, além da diversão, possamos obter informações e conhecimentos úteis para nossas vidas.

O fato é que a TV desempenha um papel importante na vida das pessoas, sem falar no tempo que lhe é dedicado. A televisão é o veículo de comunicação de maior alcance no país e o meio de entretenimento e informação mais utilizado pelos brasileiros, sua influência é inegável, principalmente entre crianças e jovens. Sendo assim, a televisão pode ser vista como um enorme e democrático fórum de debate com caminho aberto para o mundo da informação e do conhecimento.

Precisamos ter consciência que as novas tecnologias de informação são decisivas no desenvolvimento das nações.

Inicialmente as tecnologias pesam na economia, pois os países que não detém conhecimentos e aparatos tecnológicos precisam importá-los, tornando-se assim dependente do importador. Do ponto de vista social as pessoas sem acesso aos meios tecnológicos de informação ficam sem condições de plena participação no mundo atual, o que acentuará ainda mais as desigualdades sociais já existentes. E do ponto de vista político, sabemos que os veículos de informação, em especial a televisão, são fortes cabos eleitorais e, principalmente, fortalecedores de determinadas ideologias.

Os meios tecnológicos estão presentes no cotidiano de todos e a escola faz parte desse todo e para cumprir com sua função de contribuir para a formação de indivíduos que possam exercer plenamente sua cidadania, participando dos processos de transformação e construções da realidade desejada, precisa acompanhar as mudanças. Dessa forma, devem estar abertas à incorporar as novas tendências da educação contemporânea. É importante também que a instituição integre a cultura tecnológica extra-classe em seu currículo e busque a ajuda e a efetiva participação dos pais, pois nos dias atuais o problema que afeta os jovens não é a falta de acesso aos meios tecnológicos e sim a pouca capacidade crítica para lidar com a variedade e quantidade de informações.

As escolas precisam estar abertas a essa modernidade propiciando aos nossos jovens habilidades relacionadas às informações recebidas, ou seja, aprender a selecionar e julgar a pertinência, procedência e utilidade, e só então se apropriar da informação com mais profundidade.

Dessa forma a escola assume um outro papel importante na sociedade – o de orientar os alunos na maneira seletiva e crítica de se relacionar com esse universo midiático, proporcionando melhores espaços de aprendizagem já que o desenvolvimento tecnológico da informação permite que a aprendizagem ocorra em diferentes lugares e por diferentes meios.

2.1 SOBRE A PUBLICIDADE

Outro fato que inquieta e será elucidado nesse trabalho, são os comerciais de TV que vendem qualquer produto, fazendo o telespectador acreditar que este é o melhor, e às vezes tirando do mesmo o direita a livre concorrência.

Empresas gastam bilhões de dólares em propaganda a cada ano porque sabem que o público é influenciado pelo que vê e ouve. Em 2004, por exemplo, a empresa Coca Cola gastou, segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e estudos Sócio Econômicos), 2,2 bilhões em anúncios publicitários veiculados no rádio e TV do mundo inteiro, e embolsou de volta 22 bilhões de dólares só naquele ano. Contudo, as peças publicitárias ainda continuam impondo suas presenças, mesmo que sutil, nos programas da grade. Por trás do entretenimento rotineiro, a publicidade apresenta novas posturas, forma de pensar e viver. Isso fica claro quando a assistimos de maneira analítica. Observa-se que nos programas de TV mais assistidos, a base da alimentação dos protagonistas é sempre: pizza, salgadinhos,fest food, todos estes relacionados a refrigerantes. Os programas que mais mostram o consumo de saladas, frutas e verduras são os da TV brasileira, porém sempre associados a dietas ou algo que não seja prazeroso.

Para Kelnner (2001 p.324), a publicidade está “[…] tão preocupada em vender estilos de vida e identidade socialmente desejáveis, associadas aos seus produtos, quanto em vender o próprio produto”.

No entanto, a publicidade não deve ser vista, apenas, como promotora de vendas ou estimuladora do consumo compulsivo. O horário da publicidade na TV, pode ser muito educativo, tanto no que diz respeito à reflexão sobre a forma de vida moderna e do consumo, como em relação aos conteúdos, propriamente dito. Em sala de aula as publicidades de televisão podem abrir leques para as mais diversas abordagens, como, por exemplo, o uso da linguagem padrão ou coloquial, dependendo do público que deseja atingir; as taxas de juros embutidas nas promoções das grandes lojas; Normas de transito; prevenção de doenças; dentre tantas outras pautas que podem surgir após assistirmos uma das inúmeras publicidades vinculadas na televisão aberta. Kellner (2001, p. 318) diz ainda que “[…] a publicidade é um mecanismo importante e negligenciado de socialização […]”

Seguindo essa linha de pensamento, a propaganda deixa de ser a vilã do consumismo passando a ser um recurso de educação e socialização para os telespectadores, independente do nível cultural ou idade. Querendo ou não, somos todos bombardeados diariamente com as mais diversas mensagens publicitárias. Precisamos, então, começar uma alfabetização para as peças publicitárias, seja na escola ou não. Ler as intenções e ideologias do que somos induzidos a consumir não é papel apenas da escola, entretanto, a escola, como espaço de produção de conhecimento e reduto de reunião de jovens de todas as idades pode assumir essa função e propor em seu currículo essas discussões.

Além do apelo irresistível ao consumo os comerciais, quando apresentados de forma crítica e democrática em sala de aula, propicia a análise dos mais diversos assuntos, em especial os comportamentais. Ao propagarem modelos de comportamento através do consumo, os comerciais exercem tanta influência quanto os personagens de novelas. E, ao reforçar estereótipos associados à raça ou condição social, as campanhas publicitárias contribuem decisivamente para que imagens distorcidas da sociedade se firmem como verdadeiras. Um bom exemplo disso pode ser observado em um comercial idealizado pela agência de publicidade GIOVANE+DRAFTFCD, de um produto produzido pele Nestlé, para auxiliar nas funções intestinais. O comercial se passa em um camarim onde uma atriz famosa e popular se prepara para as filmagens e diz como se falasse com o telespectador. […] “Eu tenho intestino preguiçoso […] por isso eu tomo Nesvita todo dia”.

O comercial segue e uma personagem, que parece ser a camareira, diz que também usa o produto, então a protagonista ri e diz ‘’tá’ tomando os meus ‘né’ danadinha’. Ao final, aparece um médico e explica sobre o funcionamento do produto. Ao analisar o comercial, mesmo que superficialmente, sentimos que há uma forma de discriminação. É como se a camareira só pudesse consumir o produto se pegasse o da atriz, ou como se o produto não tivesse ao alcance de simples “mortais”. Nessa última observação, a mensagem é clara: quem usa aquele produto ou serviço pertence aquele mundo e quem não usa, está fora da sociedade dos holofotes. (GUARESCHI 2005, p. 159) em sua obra, demonstra que “a publicidade seleciona programas de acordo com seus princípios e valores que, com raras exceções, são cultural e politicamente conservadores” (2005, p. 159).

Em relação ao comercial em questão, a mensagem ideológica demonstra claramente a divisão de classes que deve ser propagada. Esses tipos de comerciais “raramente irão patrocinar programas com conteúdos críticos” Guareschi (2005, p.159).

Sobre a propaganda, a Constituição Federal (1988) não traz tantas restrições, o único parágrafo que fala com clareza da publicidade diz apenas: “§ 4º – A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeitos a restrições legais […] e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios de seu uso.”

Desse modo, fica claro que lei raramente irá interferir em casos onde o telespectador se sinta ferido em sua identidade, delegando, então, esse papel para a própria consciência crítica do telespectador ou para a opinião pública como um todo.

Nesse sentido, aprender a ler as peças publicitárias veiculadas nas redes de TV – e que muitas vezes não se limitam apenas aos intervalos de três minutos estipulados pela lei e invadem os programas, disseminando suas mensagens – é tão importante na formação do telespectador crítico, como a capacidade de analisar o conteúdo dos programas jornalísticos, de auditório ou as telenovelas. Para os jovens consumidores, compreender as estratégias usadas para criar o apelo ao consumo pode contribuir para o surgimento de consumidores mais conscientes e preocupados com a economia e os bens naturais do planeta.

Exercitar essa consciência crítica nos alunos é desenvolver capacidades de identificar e se posicionar contra as ideologias embutidas nas propagandas. Em virtude disso, a escola deve reconhecer o papel da mídia na formação de seus educandos.

2.2 SOBRE AS TELENOVELAS

A importância que a televisão assume nas sociedades contemporâneas vai além do entretenimento. Suas narrativas dão significados aos acontecimentos do mundo, fatos que se passam à nossa volta e que os identificarmos como parte da nossa vida cotidiana ou de outros indivíduos que conhecemos. Nesse sentido, nada mais significativo na vida das pessoas que as novelas

As telenovelas reproduzem a vida cotidiana, apresentando com pitadas de humor e drama os problemas familiares, intrigas domésticas, questões de relacionamento, temas polêmicos da sociedade, valores éticos e assuntos referentes à política. Por esses e outros motivos as novelas ganharam tanto espaço nas vidas dos telespectadores e esses se tornam seguidores incondicionais dos enredos. Mas, não devemos observar as telenovelas apenas por esses aspectos. Não há como apresentar a vida como esta realmente é. O que vemos retratados nas telas nada mais é que um recorte da realidade e como todo recorte as peças ou pedaços são posicionados da forma que mais agrada quem os coloca, ou seja, esse cotidiano que as novelas retratam, são trabalhados com intencionalidades específicas pelos autores levando em conta os temas que mais atrairão o público.

Observando por esse prisma, é importante compreender também, que cada assunto abordado nas novelas tem um propósito e muitos temas, como os relacionados a raça, sexo, classes sociais, corrupção, aparecem “entremesclados e funcionam como veículo das ideologias de dominação que justificam, legitimam, mascaram as desigualdades, a injustiça e opressão” (KELLNER, 2001, p. 128). Seguindo essa linha de raciocínio, constatamos que por todas essas intencionalidades e pela névoa criada para embaçar nosso olhar, as telenovelas devem ser fenômenos de estudo obrigatório nas salas de aula.

As novelas possuem um formato ímpar do gênero ficcional e a novela brasileira assume esse formato de maneira bastante particular, por isso faz tanto sucesso e já se tornou produto de exportação. Suas produções carregadas de romances, intrigas e muito suspense caíram no gosto popular desde a época da rádio-novela. Com a chegada da televisão, a imaginação deu lugar às imagens reais. Inicialmente as novelas apresentavam romances impossíveis, que na vida real jamais teriam chances de acontecer e o enredo estava condicionado sempre aos mesmos espaços – os grandes centros urbanos do país. Com o decorrer do tempo o regionalismo foi sendo introduzido e várias partes do país foram sendo conhecidas, admirada e valorizada pelo grande público através da televisão.

A partir dos anos 70 foram incluídos, em suas tramas, temas sociais o que ‘contribuiu para ampliar o debate sobre assuntos emergentes’ (GUARESCHI, 2005), nos anos 80, com o fim da ditadura militar, os autores ousaram em trazer para as “telinhas” a temática política e nos anos 90 foi a vez da problemática rural ser conhecida por todos em telenovelas como Pantanal, Renascer, O Rei do Gado, dentre outras.

Atualmente, as telenovelas “são produções complexas que incorporam discursos sociais e políticos” (KELLNER, 2001, p. 13) e por esse motivo a escola não pode desconsiderar o potencial educativo das telenovelas, especialmente, no que diz respeito aos temas polêmicos, pois, principalmente, esses temas são os mais impregnados de intencionalidades. Quando um assunto é abordado pela telenovela o educador precisa se questionar sobre o porquê daquele tema, relacionando-o com os acontecimentos reais da atualidade e propiciar aos alunos a mesma reflexão. Em muitas ocasiões temas são lançados para motivar tomadas de partido da população, ou para pressionar a opinião pública, que por sua vez pressiona o poder público a tomar decisões.

Sendo assim outros temas, absorvidos sem reflexões, podem desencadear atitudes extremas como aconteceu em 2002, que inúmeros brasileiros tentaram atravessar a fronteira México – Estados Unidos de forma ilegal como acontecia na novela América, transmitida pela Rede Globo. A novela retratava a saga de uma garota que queria alcançar o sonho americano e apesar de todo o sofrimento que enfrentava para atravessar a fronteira. Quando aportava em solo americano tudo se transformava, a “heroína” encontrava emprego com facilidade e até um “príncipe encantado” para viver feliz para sempre. Kellner(2005) descreve a televisão e outros produtos da “indústria cultural”, como fortalecedores de modelos sociais.

Nesse caso em questão a escola pode interferir nesse modelo distorcido da personagem e impedir que jovens se aventurem nesse sonho, e o debate pode tomar diversos rumos, em sala de aula, pois sabemos que: em qualquer lugar do mundo é difícil arranjar emprego; imigrantes ilegais recebem menos da metade pelos trabalhos que prestam e ainda podem ser chantageados pelos empregadores; a qualidade dos trabalhos que a garota se submetia não seria difícil conseguí-los em seu país e quanto ao príncipe, os imigrantes não são vistos com bons olhos pelos nativos, principalmente os americanos. A televisão, apenas apresenta os fatos e enfatiza os assuntos, a reflexão e as discussões ficam por conta do público. Portanto as instituições de ensino devem assumir seu papel de mediadora, pois crianças e jovens precisam ter censo crítico para não propagarem os estereótipos fomentados pelas telenovelas.

2.3 SOBRE OS PROGRAMAS JORNALÍSTICOS

Os telejornais fazem parte da programação televisiva brasileira cumprindo uma determinação legal. O decreto que estipula que as emissoras de radiodifusão dediquem 5% da programação diária ao serviço noticioso é de 1963 e mesmo com a constituição de 1988 a lei 52.795 do dia 31 de outubro, continuou a vigorar. Hoje as informações notificadas pelos telejornais são verdades absolutas e essas informações colaboram para produzir no telespectador um sentimento de inclusão social e política e até de pertencimento ao mundo como um todo, pois os mesmos assuntos comentados nas rodas de um “butiquim” de subúrbio podem ser os mesmos tratados nas reuniões de todas as outras esferas da sociedade. Para Napolitano (2003) os telejornais têm uma importância muito grande na definição dos fatos históricos, por esse motivo os assuntos tratados nos telejornais são tão comentados em sala de aula. Nessa perspectiva educacional Napolitano pede um pouco de cautela aos professores:

O mais importante é desenvolver um olhar crítico sobre aquilo que nos é proposto como fato social e histórico pelos telejornais e pele imprensa como um todo. É muito importante que o professor estimule uma discussão acerca não só do que foi lembrado, mas também do que foi esquecido de mostrar (NAPOLITANO, 2003, p.82).

A mediação feita pelo jornalista entre a comunidade e a fonte de informação é de suma importância, pois para muitos telespectadores a televisão é a única fonte de informação e grande parte da população ainda se atualiza pelos noticiários da TV. Nesse sentido então, as notícias telejornalísticas precisam ser claras, mas sem perder a formalidade, ao mesmo tempo que comprometidas com a legitimidade e imparcialidade. Mas, quando se fala de imparcialidade, muitos estudiosos acreditam que as notícias transmitidas pela mídia em geral nunca são totalmente imparciais. Napolitano (2003) acredita que os jornais mesclam notícias de impactos com fatos recorrentes como economia, violência urbana, hábitos de consumo; e ainda acrescenta que a imprensa em geral não só noticia o fato como também pode criá-lo.

Ponto de vista parecido também é defendido por Guareschi (2005) quando afirma que as notícias quando chegam ao telespectador já passaram por uma série de transformação, obedecendo a interesses dos controladores e as mudanças propostas pelos redatores.

Nessa análise, a escola como formadora de cidadãos, não pode ficar alheia a essa temática. Os fatos jornalísticos não devem ser utilizados apenas para exemplificar a realidade, eles devem ser utilizados principalmente para questionar a realidade. Os alunos devem analisar as notícias levando em conta a pertinência ou importância de cada uma delas para as comunidades e questionando o tempo todo aos impactos das mesmas na sociedade. Um exemplo disso pode ser as estatísticas do aumento das produções agrícolas. Quando somos informados que “a produção agrícola nacional obteve um aumento de 13% em relação ao ano passado” (DIEESE), temos que fazer algumas perguntas, tais como: Quanto foi desmatado de mata nativa para alcançar essa meta? Se há uma produção tão grande de alimentos por que a fome ainda perturba o país? Quem ganha com essa produção recorde? O custo de vida vai cair? Dentre tantas outras indagações que surgirão no calor dos debates.

As instituições escolares precisam ter uma atenção especial ao analisar os conteúdos dos programas jornalísticos para que os fatos passem de fontes de informação para fontes de pesquisa.

2.4 SOBRE OS PROGRAMAS INFANTIS

A preocupação com a elaboração e transmissão de programas infantis, teve início no Brasil junto com a própria televisão. Logo no ano de 1955, cinco anos depois de ser inaugurada a televisão, a TV Tupi trouxe do rádio o Clube do Guri. Nesse programa a criançada tinha contato com a literatura e música de qualidade, declamando versos de Castro Alves, tocando instrumento de cordas e ouvindo melodias nas vozes de Ângela Maria e Dalva de Oliveira.

Com a garantia de sucesso e aprovação dos telespectadores outras produções surgiram, como o Teatrinho Trol em 1956, que apresentava óperas, reproduzia clássicos do teatro e da literatura mundial e os heróicos: Capitão Furacão e Capitão AZA em 1965 e 1966 respectivamente, que exaltavam os heróis da marinha e aeronáutica brasileira enquanto divertiam. No entanto, essa fórmula, com o passar dos anos, foi ficando saturada. Surge então a necessidade de novas idéias.

Na década de 70 a TV Cultura em parceria com a Rede Globo trouxeram para o Brasil a série americana Sesame Street, ou Vila Sésamo e ara apresentada conjuntamente pelas duas emissoras. A princípio a série era dublada, mas depois do capítulo 40, os direitos do formato foram comprados e o programa passou a ser produzido totalmente no Brasil.

Para a estudiosa Veiga (1996), esse gênero de programa pode ser considerado, em sua totalidade, como educativo, pois toda sua elaboração foi baseada em opiniões e teorias emitidas por técnicos em educação. Por esse motivo, o Vila Sésamo trouxe para a televisão uma fórmula inovadora e inteligente que unia diversão, educação e humor. Sendo assim, o programa conseguia educar sem ser cansativo ou monótono. E, naquela época, já incluía em suas pautas temas como ecologia, consciência ambiental e outros assuntos que instigavam o pensamento crítico das crianças e que só mais tarde ganhariam dimensão e preocupação mundial.

Outro programa de muito sucesso entre as crianças foi o Sítio do Pica-Pau Amarelo, baseado na obra de Monteiro Lobato, considerado pelos críticos de arte como um dos mais bem produzidos programas infantis da TV brasileira. Essa produção apresentava histórias da literatura mundial, mas dava ênfase a cultura nacional, apresentando personagens como o Saci-Pererê, a Mula Sem Cabeça e o Lobisomem. A segunda versão da atração não agradou ao público mirim e apesar de várias reformulações acabou por ser substituída pelos desenhos de muita ação e pouquíssimo conteúdo.

No início dos anos 80, entra no ar um programa com uma roupagem totalmente nova – era “A Turma do Balão Mágico”. Não era bem um programa educativo, mas tinha uma dinâmica inovadora que apresentava as crianças como autônomas de suas práticas. As músicas eram divertidas e falavam das vivências ingênuas dos pequenos. O balão mágico foi o primeiro grupo infantil a ganhar disco de ouro pele venda de suas canções, e foi a partir daí que os programas deixaram de atender à necessidade das crianças e passaram a atender á lógica publicitária e mercantilista.

Nessa visão capitalista, o mercado publicitário começou a perceber uma nova demanda econômica – a criança consumidora. Esse pensamento fica claro quando analisamos a crescente aparição de programas infantis em todos os canais e, em sua totalidade, seguindo a mesma linha: Apresentadoras jovens, bonitas, com roupas curtíssimas e uma infinidade de produtos, no mercado, levando suas marcas. Kellner (2005) analisa que enquanto as estrelas e empresas enriquecem, as crianças empobrecem intelectualmente e ainda acrescenta:

[…] Enquanto a cultura da mídia promove os interesses das classes que possuem e controlam os grandes conglomerados dos meios de comunicação, seus produtos também participam dos conflitos sociais entre grupos concorrentes, promovendo, às vezes, forças de resistência ao progresso […].(KELLNER, 2001, p.27).

Em conseqüência disso percebe-se que as crianças estão cada vez mais valorizando o “ter” e esquecendo-se do “ser”.

Outro ponto preocupante em relação a linha de programas em questão são os desenhos animados. Essas produções, que invadem as manhãs das TVs comerciais e canais completos das TVs por assinatura, se dividem em dois gêneros: os de lutas e pancadaria e os de futilidades.

Os desenhos animados de ação, como são chamados, apregoam lutas bárbaras do começo ao fim e usam uma linguagem ofensiva, como aparece no desenho Dragom Ball e as continuações da série. E presenciar cenas de violência e xingamentos não pode ser considerado educativo, nem uma forma de entretenimento saudável. Outros desenhos investem na diversão sem conteúdo. Como: o Bob Esponja, produzido pela Nickelodeon, que apresenta personagens marinhos adultos, mas totalmente imaturos e que não contribuem em nada para o crescimento intelectual ou amadurecimento para a vida de nenhuma criança e As Três Espiãs de Mais, produzido pela Marathon production, que retrata as aventuras de três adolescentes espiãs que moram em Beverly Hills e lutam contra o crime dentro de shopings usando uns aparatos estranhos (brincos com raios laser, batons comunicadores, perfumes congelantes, botas ante gravidade, dentre outros).

Aprofundando um pouco a análise no último desenho, podemos perceber, sem muito esforço, que este enfoca questões referentes exclusivamente ao consumo, reforçando uma idéia, já disseminada pela mídia, de um universo feminino envolto em vaidade excessiva, futilidades e fofocas paralelas sobre compras, namoros e ídolos da TV, música ou esporte. O desenho, ainda apresenta os alunos estudiosos do colégio das espiãs de uma forma estereotipada, ou seja, feios, sem graça, impopulares e que nunca se dão bem em seus projetos pessoais, nem com as garotas. Em vista disso, nota-se que os preceitos repassados por essas produções não possuem nenhum teor educativo e ainda contribuem para a desvalorização das instituições de ensino.

Nesse entendimento, voltamos nossos olhares para as TVs públicas, que por não ter compromisso com o lucro em si, apresentam uma programação infantil que propicia a reflexão sobre temas atuais e enfatiza valores éticos e culturais, exemplos disso são os programas: Castelo Rá-Tim-Bum, apresentado pela TV Cultura, une informação e diversão enquanto aborda noções de ciências, história, matemática, cidadania, música, entre tantas outras; Sesinho na TV, produzido pela TV SESI, é um desenho animado, onde os personagem vivem aventura envolvendo trabalho infantil, evasão escolar, desvalorização do trabalhador; Teca na TV, do Canal Futura, apresenta uma garotinha muito esperta descobrindo os mistérios do mundo que o cerca e contextualizando-os com conhecimentos escolares.

No entanto, as emissoras de televisão aberta ainda são as preferidas do grande público, por isso a necessidade de uma reflexão sobre seus conteúdos e suas ideologias. As salas de aula podem ser palco para essas discussões e os professores mediadores desse debate.

2.5 SOBRE OS PROGRAMAS EDUCATIVOS

O papel exercido pelos programas educativos é indiscutível junto às crianças e jovens e incontestável junto aos pais, mas esses programas, nos últimos tempos, se resumem aos canais propriamente educativos. Mesmo quem só “dá uma rápida olhada” nos programas televisivos, já percebeu a falta de opções quando o assunto é programa educativo específico.

As emissoras educativas como a TV Escola, TVE, TV Cultura, TV SESC, Futura e até as redes de televisão dedicadas ao mundo da política como a TV senado e TV Câmara se dedicam a vincular, em toda sua programação, produções voltadas ao ato educativo, seja educação informal, seja orientação pedagógica para pais e professores. Todavia, essa programação não se encontra a disposição de todos, pois os canais mencionados acima são canais de TV a cabo e apenas as residências que possuem antenas parabólicas os utilizam.

Nas TVs comerciais o número inexpressivo de produções do gênero é evidente em todas as emissoras, mesmo nos canais por assinatura. Os poucos que vão ao ar pelas TVs comerciais se concentram em uma única emissora, a TV Globo e são apresentados em horário pouco propício a audiência do grande público. Na emissora em questão os programas educativos que são exibidos durante a semana, iniciam ao amanhecer e terminam antes das sete horas da manhã com duração de aproximadamente quinze minutos cada módulo. São programas direcionados para adultos que vão prestar exames supletivos e dessa maneira o formato segue os moldes das salas de aulas tradicionais e os métodos utilizados para explanar os assuntos são da mesma forma, ultrapassados o que contribui, decisivamente, para o fracasso dos mesmos. Ao que parece os produtores que esbanjam talento em outras produções usam pouco da criatividade quando o assunto é educação.

Nos fins de semana há uma variedade maior de programas voltados propriamente para a educação e os temas destes são mais atrativos. São produções que tratam, de forma descontraída e linguagem simples, da problemática ecológica, de consciência ambiental, solidariedade, voluntariado, descobertas científicas e valorização do potencial educativo e rigor intelectual. Temas que despertam muito interesse. No entanto, o horário não atrai a audiência e nem patrocinadores, o que faz a emissoras lhes render pouca dedicação.

As emissoras de televisão por serem detentoras de um meio de comunicação tão poderoso e influente na atualidade, não podem se limitar a ser uma indústria, seguindo a lógica do mercantilismo. É de extrema importância que essa mídia esteja comprometida em formar uma cidadania democrática visando o desenvolvimento da educação e a proteção da identidade cultural da coletividade. Segundo a Constituição (BRASIL,1988)

Art. 221- A produção e a programação de emissores de radio e TV devem atender aos seguintes princípios:

I – Preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II – Promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III – Regionalização da produção cultural artística e jornalista, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV – Respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Sendo assim, a lei garante à todos um entretenimento televisivo de qualidade e os programas educativos não podem ser limitados a horários e temas específicos pré estabelecidos. Devem fazer, naturalmente, parte da programação, favorecendo o conhecimento científico e artístico, estimulando a criatividade e imaginação em seus diversos domínios e colaborando com o respeito étnico e cultural dos povos.

3 OS RECURSOS AUDIOVISUAIS

Durante muito tempo as instituições de ensino exerceram importância única na vida das pessoas. Era através desses espaços que se buscava e conseguia ascensão profissional, cultural, social e política. Porém, atualmente, o que se percebe é um declínio na educação brasileira, principalmente da instituição pública de ensino.

Dentre os fatores que mais contribuem para essa desvalorização do ensino está a cultura eletrônica popular. As crianças e jovens passam boa parte de seu tempo dentro dessa cultura, e como a escola não conseguiu alcançar esse avanço, perdeu espaço. Não devemos desconsiderar a inevitável participação da mídia eletrônica na formação desses jovens, tampouco a atração que esses meios exercem sobre quem os utiliza. A televisão é o meio mais utilizado por todos, seguida pelo computador e as estações de música. Então, se essas mídias despertam tanta simpatia entre os jovens devem ser agregadas ao currículo escolar, pois a educação precisa construir pontes entre os indivíduos e as comunidades.

Para Moram (1993, p. 36) “Tudo que passa na televisão é educativo. Basta o professor fazer as intervenções certas e proporcionar momentos de debate e reflexão”. Portanto o uso da televisão como recurso didático impulsionará uma inovação no ensino. Não se trata de trocar os métodos convencionais pela televisão e o debate puro e simples.

A proposta é incorporar as temáticas apresentadas na televisão ao ensino diário da sala de aula, aproveitando-se da rapidez da informação, das imagens, da diversidade de linguagem, das pesquisas e reproduções de época e tantas outras abordagens, que bem utilizadas transformarão as salas de aula em espaços muito mais atrativos e darão significado prático aos conteúdos. Moram (1993) diz ainda que as mudanças qualitativas no ensino aprendizagem acontecem de fato quando conseguimos integrar dentro de uma visão inovadora todas as tecnologias: as telemáticas, as áudio visuais, as textuais, as orais, musicais, lúdicas e corporais.

Nessa nova perspectiva, a televisão se torna uma ferramenta de fundamental importância, por unir todas essas tecnologias e possibilitar um vasto leque de opções ao educador, tornando o trabalho com a turma mais dinâmico e criativo em todas as disciplinas, como foi observado por Ferrés (1998, p. 136)

A educação com os multimeios tem muitas vantagens suplementares. Cada meio ativa nos alunos alguns mecanismos perceptivos e mentais diferentes […] permite, então, adaptar-se às capacidades perceptivas e mentais diferentes dos diversos alunos, compensando os déficits derivados da aprendizagem com outros meios

Pensando assim, a televisão se apresenta como mediadora entre as experiências do censo comum e as descobertas e relações entre pessoas e sociedade, é como se fosse pensar e visualizar concretamente o pensamento, as imagens possibilitam a abstração e análise lógica dos fatos. A junção de acontecimentos, som e imagens transmitidas pela TV, possibilitam aos alunos a proximidade com espaços geográficos, descobertas científicas, habitats, formas de vida e cultura que poucos veículos podem fornecer de forma tão real.

O uso da televisão como instrumento de educação, justifica-se pela sua indiscutível importância na sociedade brasileira. Além de ser um recurso inesgotável, a televisão tem um aspecto abrangente que pode ser utilizada em todas as disciplinas e apresenta subsídios para tratar de qualquer assunto, seja ilustrando aspectos históricos, humanos, sociais e científicos, como no comportamento da humanidade frente as mudanças.

O uso da televisão em sala de aula deve ser encarado como um projeto, de preferência coletivo, partilhado entre diversos profissionais de um estabelecimento escolar. O poder e a influência da TV só podem ser revertidos em conhecimento escolar na medida em que o uso da TV em sala de aula seja a conseqüência de um conjunto de atividades e reflexões compartilhadas (NAPOLITANO, 2003, p.25).

Para tanto, o uso dessa ferramenta, como qualquer outra, requer planejamento, objetivos definidos e participação de todos. E será útil, inclusive, para a interação dos professores, que agora farão trabalho em conjunto, tendo oportunidade de dialogar com os colegas sobre suas percepções em relação ao desenvolvimento e comportamento dos alunos, bem como compartilhar suas práticas, experiências e descobertas.

Para tanto, o uso dessa ferramenta, como qualquer outra, requer planejamento, objetivos definidos e participação de todos. E será útil, inclusive, para a interação dos professores, que agora farão trabalho em conjunto, tendo oportunidade de dialogar com os colegas sobre suas percepções em relação ao desenvolvimento e comportamento dos alunos, bem como compartilhar suas práticas, experiências e descobertas.

Nessa perspectiva, a televisão aparece como uma oportunidade de democratização dos conhecimentos e da cultura, ampliando os horizontes e as leituras de mundo, não apenas dos alunos, mas de todos que compõem a comunidade escolar. Guareschi (2005) acredita que os processos educativos atuais precisam de modificações urgentes, pois estamos passando por mudanças muito rápidas e diversificadas. Os jovens vivem em ambientes que, apenas as formas tradicionais de conhecimentos não são suficientes para prepará-los pra vida. Na concepção de Guareschi (2005, p.32), “o educador que se detiver na interpretação dos acontecimentos está imediatamente superado”.

Se a sociedade esta mudando de forma tão rápida a escola não pode esperar, precisa se destacar, conhecer e explorar as preferências e interesses de sua clientela. Incluir a mídia televisão em seu espaça acadêmico é uma forma de fazer o diferencial, “mas não se trata só de saber o que passa [na televisão], ou seja a informação, mas de pensar, refletir, entender,saber analisar aquilo que lhe é repassado”(GUARESCHI, 2005, p.33).

Muitas escolas e educadores já se utilizam da televisão para exibir filmes, documentários e algumas produções de TV. Porém a lógica desse fazer ainda se remete aos métodos tradicionais. As experiências desses profissionais continuam voltadas a um aprendizado reprodutivo. Usar a televisão e sua imensa gama de programas no aprendizado escolar, não se limita, somente, ao ver, discutir e relacionar ao conteúdo, como estamos acostumados a observar nas práticas de muitos educadores. O ato de ver a televisão em sala de aula vai muito além disso, é preciso que se possibilite uma reflexão contínua e metódica em relação aos programas, pois mesmo quando estes se mostram educativos, estão impregnados de conceitos ideológicos, como observa Guareschi(2005, p. 38) quando diz:

[…] A mídia é o coração da sociedade da informação, sob cuja égide vivemos. E a informação é o novo modo de desenvolvimento responsável pela produtividade do sistema capitalista nos dias de hoje. Quem detém a informação, de um modo geral, e dentro dela a mídia, detém o fator central de desenvolvimento[…].

Nesse ponto de vista, o estudo com a televisão toma ares de análise muito mais amplo. É preciso analisar o comportamento no contexto real em que os fatos acontecem e por que acontecem. Quais causas e conseqüência desses fatos no desenrolar da história, e principalmente ter o entendimento que dessa história todas fazem parte.

Se por um prisma de visão a TV possibilita uma elaboração cognitiva mais rápida dos saberes atuais, se observarmos com cautela, os assuntos podem se tornar superficiais porque não dá tempo de se aprofundar em cada um deles, devido a rapidez com que são lançados ao público. É nesse sentido, também, que a escola deve se apresentar. Ensinando seu aluno como assistir televisão, como analisar os fatos sem se perder nas banalidades e tendo uma visão ampla que consiga ver além das imagens e não se esquivando de criticar e buscar mecanismos que melhore a produção midiática que é ofertada a todos.

Nessa visão, Guareschi (2005) ainda acrescenta que é fundamental demonstrar o que pensamos e que não nos furtamos a tomar uma posição frente a mídia. Para o autor, o trabalho crítico não se faz sobre o nada, mas sobre as contradições existentes na sociedade e, no caso em questão, as existentes no campo da mídia, que precisam ser apontadas, uma vez que seus “donos” fogem da autocrítica. Essa crítica mencionada pelo autor só será possível se o aluno estiver em contato o ver a mídia de forma reflexiva, e isso só se dará em sala de aula.

Sabendo da influencia que os meios midiáticos exercem na vida dos jovens em idade escolar, a mídia deve permear os processos educativos da mesma forma como acontece com a leitura e escrita convencional. Desde a idade mais tênue a criança precisa ser estimulada a leitura crítica do que vê na televisão e vídeo, as produções apresentadas as crianças desde as séries iniciais precisam ser refletidas, seus temas devem trazer ensinamento e não condicionamento ou alienação. O profissional de educação dos novos tempos deve saber utilizar essas produções para instigar o censo crítico de seus alunos. Moram (1993) diz que a midiabilidade sem mediação acaba por criar ícones no imaginário infantil, e a criança passa a compreender o universo televisivo como um mundo de sonhos e trazer essa visão para suas vivências.

Desse modo, a leitura da mídia torna-se indispensável para uma educação integral do indivíduo. Para Veiga (1996) saber lar as imagens é infinitamante mais importante que apenas vê-las. Porém os profissionais precisam estar capacitados a isso para não cair no que Férres ( 1998) chama de feitichismo da tecnologia, que consiste em acreditar ingenuamente que basta uma mensagem ser vinculada por uma máquina para que seja eficaz. A apropriação das linguagens, informações e fatos da TV é inerente aos cuidados que o educador deve ter ao preparar suas aulas convencionais. Da mesma forma que o professor planeja, seleciona textos, também deve pesquisar, assistir programas e selecionar os mais adequados e coerentes as aulas e assuntos abordados, para explorá-lo didaticamente em sala de aula.

Reforçando esse pensamento, Veiga (1996) ainda observa que o planejamento adequado para o uso desses recursos vai além do assistir e selecionar, para a autora esses recursos não funcionam por si sós, é necessário que os alunos sejam informados de aspectos que os situem, para que os mesmos já assistam a programação com o olhar aguçado, é necessário também que as exibições sejam enriquecidas com atividades dirigidas, já previamente definida e complementadas por discussões, que vão trazer fatos e observações que apenas no calor do debate podem surgir. Isso é o ler nas entrelinhas.

Mais que se utilizar dos recursos televisivos,o professor precisa se utilizar do recursos humanos, que são os alunos e próprio professor. O professor precisa de auto valorizar-se e valorizar o ensino que oferece a sua clientela. Os recursos tecnológicos são apenas suportes, quem toma as decisões, norteia as conversas e possibilita as viagens imaginárias ao mundo do conhecimento é o professor. Nesta perspectiva, professor e aluno são parceiros na exploração das tecnologias e nas descobertas das possibilidades pedagógicas que a televisão oferece.

Vale ressaltar, que a prática pedagógica atual precisa ser mais dinâmica, abrangente e por que não dizer revolucionária. O aluno não precisa, apenas, da informação que a mídia vincula. O alunado atual precisa ser informado dos processos de produção, as formas e as fontes de informação, levando em conta os aspectos ideológicos, políticos, econômicos, culturais e estéticos que a mídia está envolta. O aluno precisa saber, inclusive, “que os meios de comunicação eletrônicos (rádio e televisão) são um serviço público […] são concessões temporárias” (GUARESCHI, 2005, p.44). Sendo assim, a comunicação que é um direito humano universal passa a ser exercido por todos e todos devem ter o direito de expressar sua opinião, manifestar seu pensamento através desses serviços públicos.

Veiga (1996) ressalta que a escola e a TV ainda não estabeleceram uma integração produtiva, à altura de suas relevâncias na formação das novas gerações. Os apelos pela audiência faz a TV distorcer seu foco e afastar-se cada vez mais de atuar em benefício da sociedade, indo de encontro a natureza formativa e tradicional da escola. Distanciadas assim, nem uma nem outra exerce seu papel integralmente dentro da sociedade, pois a televisão, na atualidade é um fortíssimo instrumento de educação informal, como observa Baccega (2000)

[…] a televisão, com meio século de presença entre nós, compartilha com a escola e família o processo educacional, tornando-se um importante agente de formação. Ela até mesmo leva vantagem em relação aos demais agentes: sua linguagem é mais ágil e está muito mais integrada ao cotidiano: o tempo de exposição à televisão costuma ser maior do que o destinado à escola ou a convivência com os pais […] (BACCEGA, 2000, p.95).

Observando por esse ângulo de visão, a didática de ensino dos novos tempos precisa se adequar as mudanças e as demandas. Os avanços didáticos devem seguir a lógica das mudanças e preparar sua clientela para dominar as mudanças e não apenas se enquadrar a elas. Se a televisão é tão importante na formação dos jovens, precisa ser revista suas formas de apropriação, para que a mesma tenha um caráter formador desde a elaboração da programação até a outra ponta do fio, que é o telespectador.

O que se percebe é que muito se fala sobre os malefícios da TV, porém, pouco se faz para que a televisão seja o veículo “com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas e que respeita os valores éticos e sociais da pessoa e da família” (Brasil, 1988). Se a mídia precisa mudar o modo de apresentar e representar o mundo através da TV, os educadores, também precisam mudar suas formas de apropriar-se desse recurso, e a sociedade precisa reagir aos abusos que a mídia comete. Mas, para que essa reação à mídia televisiva aconteça o telespectador precisa estar preparado com argumentos críticos e conhecimentos sobre a mídia e isso “ela” não transmite. Para que os jovens compreendam a lógica da programação de TV, estes precisam ter, o que Kellner (1995) denomina de “alfabetismo das imagens, ou leitura crítica das mensagens midiáticas. Alfabetizar para as mídias é, principalmente, função da escola.

Existe uma necessidade de ampliar o alfabetismo e as competências cognitivas para que possamos sobreviver ao assalto das imagens, mensagens e espetáculos da mídia que inundam nossa cultura. O objetivo será desenvolver um alfabetismo crítico em relação á mídia, um alfabetismo que contribua para tornar os indivíduos mais autônomos e capazes de se emancipar das formas contemporâneas de dominação, tornado-se cidadãos mais ativos, competentes e motivados para se envolverem em processos de transformação social(KELLNER,1995, p.105)

Se a palavra de ordem é alfabetizar, é reaprender a ver a televisão, aprender a utilizá-la de forma pedagógica e até melhorar a qualidade das produções. A educação para as mídias, então, está sob a responsabilidade dos profissionais de educação e estes precisam estar cientes disso. Ainda está em tempo de iniciar essa cruzada pela alfabetização das mídias e isso deve partir do pré suposto de que a mídia é poderosa e influente e repassa para seu espectador apenas as forças que a sustenta – o capital financeiro e empresarial.

Portanto, compreender os mecanismos de produção, transmissão e recepção do que a mídia vincula é função da escola e de todos os envolvidos no processo educativo, e elaborar soluções democráticas para uma mídia de qualidade e comprometida com a formação de cidadãos autônomos faz parte do exercício de quem quer ser um educador consciente e engajado.

4 A TELEVISÂO SOBRE O PRISMA DE VISÂO DE ALUNOS E PROFESSORES

Para compreender como os recursos áudio visuais estão sendo utilizados nas escolas é necessário aprofundar-se em pesquisa. A observação da prática docente e principalmente os direcionamentos pedagógicos envolvendo as mídias, em especial a televisão, é decisivo para verificar se os profissionais de educação estão com um olhar voltado para a formação ampla e crítica das novas gerações.

Porém, o que se percebe nessas observações é uma prática antiquada com o professor, ainda, sendo o centro das atenções e aulas expositivas com participação dos alunos quase nula. Desta forma é quase impossível uma formação que possibilite o olhar crítico e a reflexão sobre os signos, imagens, fatos e informações que a mídia exibe.

Ferrés (1998) analisa que o descompasso da escola em relação ao avanço dos meios de comunicação se deve ao atraso da primeira e as dificuldades que os profissionais apresentam em se desligarem dos métodos tradicionais e promoverem mudanças em suas práticas cotidianas. Nesse sentido, chama atenção para o fato de que:

O professor que reluta em usar maneiras mais sintonizadas com as mudanças contemporâneas, o faz porque vive em uma instituição que se auto protege, alegando, muitas vezes motivos de ordem cultural não percebendo, portanto, as contradições que sua atitude encerra. (FERRES, 1998, p. 10).

Sendo assim a própria instituição de ensino precisa se apressar para promover essas mudança e capacitar seus profissionais para o ensino na contemporaneidade.

As escolas disponibilizam de alguns recursos. Porém, não são bem aproveitados pelos profissionais e ao final, quem perde são os alunos que deixam de participar da construção de um conhecimento atualizado e contextualizado com a realidade local e global.

O trabalho com as mídias e as linguagens audiovisuais, a princípio, assusta os professores por vários motivos: medo do desafio, medo do novo, falta de prática em manusear os equipamentos tecnológicos, falta de compromisso e até por acreditar que precisa de formação específica. Mas não é necessário nada disso. Para um bom trabalho com as mídias em sala de aula, o educador precisa ter disponibilidade para planejar e analisar criticamente o que ver, é a incorporação natural do recurso em sala de aula.

Para Napolitano (2003), o educador deve levar em consideração algumas questões, tais como:

– Trabalhar com material fonte que tenha domínio para sanar todas, ou quase totalidade das questões,
– Não impor preferências pessoais. Permitir que os alunos opinem sobre algumas escolhas;
– Selecionar os programas levando em conta os gostos do alunado e para isso professor e alunos precisam estar em sintonia.
– Buscar sempre novas abordagens, para que as aulas não caiam na monotonia, pois se for assim não surte efeito.
– Deixar claro que as atividades que seguirão, são trabalhos e não lazer.

As escolas visitadas, Colégio Estadual Hildete Lomanto, Escola Agrotécnica de Juazeiro (ambos da rede estadual de ensino) e Colégio Dínamo (da rede particular de ensino), contam com um aparato tecnológico, que se fosse bem utilizado possibilitaria um salto na educação. Todas elas possuem antena parabólica, televisão, aparelhagem para gravação de vídeo, aparelho de áudio, projetor de slides, televisores, vídeo cassete, aparelho de DVD e uma delas, a Escola Agrotécnica, possui retroprojetor de multimídias. Isso retira o argumento que as escolas não têm equipamentos.

Foram aplicados questionários a professores e alunos e após as respostas escritas os entrevistados ainda fizeram alguns comentários orais sobre o assunto, que foram prontamente gravados no celular.

Dos alunos pesquisados, cerca de 86% apontam a televisão como o lazer favorito, e quando a pergunta é quantas horas passam assistindo televisão, as respostas foram reveladoras:

Quando foram questionados sobre os equipamentos tecnológicos, constatou-se que os alunos sabem pouco sobre o que a escola possui para dinamizar suas práticas e quase todos responderam apenas a televisão e o vídeo e houve dois professores que, apesar de trabalhar na escola há mais de três anos desconheciam que esta possuísse um retroprojetor de multimídias.

Quando a pergunta é sobre o uso dos equipamentos tecnológicos que a escola dispõe, professores e alunos se contradizem, como se não tivessem falando da mesma escola.

Outra pergunta que provocou contradição nas respostas foi sobre o uso da tele visão em sala de aula, e de que forma é utilizado esse recurso. Os professores foram unânimes em dizer que utilizam a televisão para exibirem filmes relacionados aos conteúdos e que em seguida propõem um debate amplo sobre todos os aspectos abordados. Entretanto, os alunos rebatem dizendo que o uso do vídeo é apenas para fins de entretenimento.

A televisão brasileira apresenta programas para todos os gostos, cada programa é direcionado para uma fatia de telespectador. Estes programas pesquisam os gostos e interesses de seu público alvo e elaboram a programação e atrações que atendam aos anseios desse público, inclusive os patrocínios são de produtos e serviços voltados a esse universo.

Quando a pergunta é sobre os gostos televivisos dos entrevistados, estes se aproximam e se distanciam com a mesma intensidade, porém os professores não costumam assistir a programação que seus alunos mais gostam, enquanto os alunos tem gostos mais ecléticos e passeiam por quase todos os programas da grade das grandes emissoras.

Sobre o aprendizado que esses programas possibilitam, as respostas são as mais variadas.

Outro ponto intrigante na pesquisa é o desconhecimento total dos gostos e anseios dos alunos pelos educadores. Quando perguntou-se sobre os comentários que os alunos fazem em sala de aula sobre televisão, os professores, se limitaram a responder que esses falam sobre temas polêmicos como violência e corrupção. Quando a pergunta foi lançada aos alunos, a resposta foi que se falam desde as receitas de bolo dos programas femininos matutinos, até temas mais amplos, como pesquisas sobre aquecimento do planeta. Os alunos responderam ainda que sentem necessidade de aprofundamento em algumas questões que na televisão são exibidas superficialmente, como inflação e juros bancários.

Tendo em vista esses dados as conclusões sobre os usos e desusos da televisão em sala de aula, torna-se mais perto de ser elucidada.

ANÁLISE DOS DADOS

Os dados acima acenam para uma prática pedagógica com ênfase nos fundamentos tradicionais, professores e alunos distantes e didática de ensino que não satisfaz as necessidades e exigências da modernidade; que requer dos jovens autonomia e criticidade de pensamento.

O gráfico 01 demonstra que os alunos passam boa parte de seu tempo livre diante da televisão. Analisando esses dados, percebe-se que é muito tempo diante de uma maquina de informação sem adquirir conhecimentos. A televisão não deve ser uma forma de condicionamento, e sim uma fonte de informação que agregada aos conteúdos escolares e os debates, torna a formação do aluno em formação ampla e integral para os desafios futuros.

Quando se fala em conhecer a escola e suas possibilidades, é muito importante que todos tenham conhecimentos do que a escola oferece e de que forma isso será utilizado para o bem comum, analisando o gráfico 02 percebe-se que essa proposta ainda é uma utopia, mesmo na rede particular de ensino. Sabendo o que a escola disponibiliza, os alunos podem cobrar o uso desses equipamentos e os professores os utilizaram com mais freqüência e de forma mais didática. Isso fica claro se verificarmos o gráfico 03.

Os dados do gráfico 04, mostram que o uso da televisão nas salas de aula das escolas pesquisada ainda é restrito e que, quando se fala em televisão, tanto professores quanto alunos continuam atrelados ao uso do vídeo, e não da televisão e sua vasta programação, que não está condicionada a uma única temática ou enredo. Os alunos não conseguem perceber a televisão como veículo de comunicação educativo e os professores pouco fazem para mudar essa realidade. Nesse contexto, fica claro, também, que o uso do vídeo em boa parte das escolas não tem fins didáticos. Nesse sentido, Moram (1993) é taxativo. O uso do vídeo não pode ser feito sem um planejamento prévio, o vídeo “tapa buraco” é a desvalorização de um recurso riquíssimo e também a desvalorização do profissional, que não é capaz de aliar a tecnologia da informação à sua prática.

Por esse ponto de vista, a pesquisa mostra que o discurso do professor distancia-se muito da sua prática em sala de aula, e que este tem ciência da necessidade do uso da televisão e outras mídias nas atividades pedagógicas. Dessa forma a falta de uso do recurso com fins pedagógico não acontece por despreparo do profissional, como estes tentam demonstrar, acontece por falta de compromisso com sua missão de educar, como fica claro nessas falas:

“Uso o vídeo e a TV nas minhas aulas. Assisto os filmes em casa, muitos vem indicados no livro didático, Depois que faço uma boa observação e trago. Os alunos gostam muito. Eles debatem sobre o assunto. A aula fica mais divertida…” (Professor A)

“Até o tempo passa mais rápido.” Completa o professor B.

Em outra fala o professor B ainda diz:

“Falar da televisão é como falar da realidade no momento em que as coisas acontecem. Eu acho que já passou foi da hora de trazer a televisão pra ser vista e discutida, só não pode é ser todos os dias…”

No entanto, a investigação aponta que os professores, apesar de defenderem uma postura crítica e reflexiva em seus discursos, em suas aulas a prática é diferente. Muitos professores não programam nada para ser feito utilizando os equipamentos e alguns, se quer, sabem ou querem saber, o que a escola dispõe para suas aulas. O que fica, claramente, demonstrado nas falas dos alunos:

“Os nossos professores passam filmes quando tem que falar com a diretora ou receber algum pai” (Aluno A, da rede particular de ensino)

“Geralmente os filmes são nos dias de sexta feira, os professores dizem que vão falar dos filmes, mas é um corre, corre tão grande que acaba não dando tempo. Aí, na segunda não fala mais” (Aluno B)

“Quem fala muito dos filmes é só a gente” (Aluno C)

Para modificar essa realidade, cada docente deve buscar formas mais adequadas de integrar a televisão aos seus procedimentos metodológicos. No entanto, é necessário que se possibilite junto a isso a ampliação de formas de comunicação interpessoal e grupal, para que os alunos não se detenham, apenas a comunicação audiovisual e telemática. Sobre isso, Kellner (1995, p. 105) diz que o professor precisa “trabalhar perspectivas que apontem novas tendências e condições e condições sociais que exigem rediscussão de nossas velhas teorias”.

Quanto aos alunos, a pesquisa demonstra que esses sentem necessidade de mudança na didática de ensino, mas não sabem em que sentido isso poderia acontecer e alguns, apesar de citar a televisão o tempo todo, não conseguem perceber como essa mídia influencia suas vidas.

“Era bom falar de televisão… Eles (os professores) não iam gostar. Mas tem coisas boas de se ver.” (Aluno B)

“Assisto bastante, é um passa tempo” (Aluno C)

Os alunos como estão habituados assistir os programas sem nenhuma reflexão crítica, pouco percebem a contribuição desses em suas vidas, e quando são questionados sobre modismos e bordões que a televisão de certa forma impõe, não encontram uma explicação para tal acontecimento. E quanto aos professores, esses percebem as ideologias impregnadas nos programas e criticam os possíveis malefícios da televisão na sociedade atual, porém não conseguem perceber os pontos positivos que a mesma pode propiciar. Para esses profissionais, além dos fatos jornalísticos e dos programas tidos como educativos, a TV não tem outro fim se não o de entretenimento banal.

“Tem coisas que passam na televisão, que eu fico imaginando o porquê daquilo. Quando é estréia de novela, falam sobre isso em tudo que é programa. Deixam de passar coisas importantes pra falar da novela” (Professor A)

“O programa Ação, o Globo Ecologia e o Telecurso são muito bons. O Telecurso nós usamos em sala de aula. Aqui na escola tem a coleção completa, veio com o projeto das parabólicas” (Professor B).

Os alunos dizem que os professores citam fatos, acontecimentos e cenas de novelas para fundamentarem seus pensamentos e aproximarem suas práticas da realidade. Se a televisão é mencionada a todo tempo na sala de aula, porque não é utilizada de fato para uma análise aprofundada de tudo que esta vincula. Segundo Napolitano (2003) Compreender toda a dinâmica que envolve a televisão é quase uma obrigação para o educador dos novos tempos.

A pesquisa aponta que professores e alunos tem gostos diferenciados em relação aos programas de TV que mais assistem. Os alunos, apesar de não assistirem a televisão em busca de conhecimento, conhecem toda a programação e falam com desenvoltura sobre os programas, enquanto que os professores, são tradicionais até nas escolhas da programação de televisão. Se os professores não se permitem assistir tudo que a televisão exibe, não terão subsídios para comentar, criticar ou apontar alternativas pedagógicas. Como fica claro no gráfico 05.

As possibilidades de aprendizado informal e formal que a televisão possibilita são inúmeras e podem ser utilizadas em todas as disciplinas e conteúdos, contextualizando com a realidade e dando significado real ao aprendizado. Porém, nessa perspectiva de ação tanto professores quanto alunos pouco tem a acrescentar. Na visão de ambos, a televisão está condicionada ao lado filosófico da reflexão e do debate de idéias e que não avançam além disso. Isso é demonstrado no gráfico 06 e fica, ainda mais evidente na fala de professor e aluno.

“Quando passa uma matéria como a do rapaz que devolveu o dinheiro. Aquilo é muito importante para eles (os alunos) perceberem o valor da honestidade” (Professor C)

Essa fala é muito intrigante, pois a professora age exatamente como a mídia quer. Quando é vinculada uma matéria como a citada acima, a mídia está tentando fazer com que a classe trabalhadora seja honesta. No entanto. A mídia não exibe nada quando essa classe está sendo explorada, ou quando os grandes grupos estão sendo desonesto com seus subordinados. Quando o professor acompanha o pensamento da mídia, este está sendo conivente com sua ideologia.

Os alunos, também pensam de forma parecida, alguns citam as produções da Disney como promovedoras de valores de força e superação.

“São filmes que nos fazem acreditar que podemos tudo, que não há desigualdade e só ser bom basta.” (Aluno C)

Mais uma vez a mídia se sobressai e impõe sua ideologia. Quando o aluno acredita que “só sendo bom basta”, este deixa de lutar por seu espaço e as desigualdades sociais continuam passando despercebidas.

Sendo assim, a televisão e seus conteúdos devem ser socializada com os docentes durante seus planejamentos, pois o debate entre eles pode motivar uma mudança radical em suas práticas.

Sobre os programas que indicariam como educativos, mais uma vez os entrevistados se deparam com o tradicionalismo. Os alunos demonstram uma visão mais moderna e reconhecem que pode-se aprender com os programas de televisão que assistem nas horas de lazer, inclusive as novelas e os programas de variedades e que esses podem ser bem utilizados em sala de aula. Já os professores, apesar de demonstrarem uma postura crítica e reflexiva, quando se fala em programas de TV suas falas sempre se voltam, exclusivamente aos programas de cunho educativos em sua essência.

“As novelas são interessantes, dá pra falar sobre um monte de assunto. Quando passou Sinhá Moça, o professor de história usava exemplos da novela pra gente entender o assunto. Era muito legal.” (Aluno A)

“A malhação passa uns negócios sobre gravidez. Aí, na aula de biologia a gente fica perguntando…” (Aluno B)

“Eu gosto muito do Globo Ecologia, tem dados interessantes pra se trabalhar em sala de aula” (Professor A)

“Eu assisto os programas de revista eletrônica que passa aos domingos. Passam umas séries bem interessantes sobre a vida na terra, sobre doenças e teve um sobre física que mandei gravar, mas ainda não usei” (Professor B)

Para finalizar a análise, o gráfico 07 demonstra o quanto a interação entre professor e aluno precisa ser reconstruída. Para que os métodos utilizados, sejam eles inovadores ou não, surtam efeito é necessário que alunos e professores estejam em harmonia, falando a mesma língua. O conhecimento de gostos e vivencias dos alunos é fundamental para que o professor trace um plano de ações didáticas que os estimulem e motivem a participação ativa nas aulas. A pesquisa apresenta dados que comprovam que professores e alunos caminham para lados opostos, desta maneira a educação fica sem norte.

Os conhecimentos midiáticos são de domínio público, porém a apropriação desses para o conhecimento do mundo e desenvolvimento da sociedade é de domínio da comunidade, da família e principalmente da escola.

CONCLUSÃO

Chegando ao fim desse trabalho percebo que muito descobri sobre a televisão e toda a dinâmica que a envolve, porém minhas descobertas são apenas uma pequenina ponta da discussão que não pode ficar engavetada nas escrivaninhas burocráticas das escolas, faculdades e outros órgãos educacionais.

Nesse trabalho pude pontuar fatos e levantar questionamentos pertinentes ao campo comunicacional e educacional, pois acredito que da mesma forma que a escola precisa mudar sua visão em relação a televisão e outras mídias, as emissoras de TV devem se engajar em utilizar esse instrumento tão rico que é a comunicação de massa em benefício da formação de gerações críticas e questionadoras.

Para encaminhar essas mudanças é necessário coragem para debater os meios de comunicação de massa, que hoje são grandes oligopólios a serviço do capitalismo mercantilista. Penso que essa realidade deve ser modificada e acompanho o pensamento de Silverstone (2002), quando este diz que a sociedade precisa se manifestar criando o que pode ser chamado de quinto poder, que seja capaz de controlar o quarto poder – a mídia- que já controla muito bem os outros três.

O papel desse quinto poder seria desafiar, criticar, enfrentar e responder a mídia. Quanto a escola, a responsabilidade dessa instituição vai além da formação intelectual, deve transcender a formação humana e cidadã e alcançar o ápice de uma formação integral do indivíduo, onde este possa contra argumentar e se posicionar-se frente as intencionalidades das mídias, não deixando de assisti-las e participar de suas produções, mas lendo-as de forma crítica, reflexiva e decidindo-se de forma democrática sobre seus valores e contribuições à sociedade.

Sempre é tempo de iniciar um letramento para as mídias, e para essa tarefa obter êxito ninguém pode ficar de fora. A sociedade civil e o poder público devem ampliar seus conhecimentos sobre a mídia eletrônica para junto aos órgãos educacionais buscar formas de democratizá-la.

A obrigação da mídia é defender os interesses do país, e a obrigação da escola é possibilitar as futuras gerações a participação ativa nas mudanças e a compreensão intrínseca desses interesses. Portanto, na sociedade atual, uma não deve caminhar sem a outra do lado.

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