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sexta-feira, abril 19, 2024

FICHAMENTO DO ARTIGO: "INTERESSE, RACIONALIDADE E CULTURA"

FICHAMENTO DO ARTIGO: “INTERESSE, RACIONALIDADE E CULTURA” DE LÖIC. J.D. WACQUANT E GRAIG JACKSON GALHOUN

Teoria da escolha racional

Origem, ascensão e pressupostos.

A teoria da escolha racional se baseia na abordagem econômica dos fenômenos sociais, cujas raízes históricas são da filosofia individualista do utilitarismo anglo-saxão, portanto, não é um movimento teórico original dos EUA, onde tem sua maior expressão. Possui varias denominações e goza atualmente de preferência nos EUA, que se explica entre outros fatores:

A revolta microsociologica ou construtivista, que pôs fim à hegemonia funcionalista nos anos 60;
Tentativa de impor o método econômico sobre o estudo da sociedade. Ocorreu, principalmente, na sociologia das organizações. Economicismo expansionista.
A teoria da escolha racional (RAT) tem seus pressupostos na afirmação que a estrutura das relações sociais é o produto da agregação ordenada e não intencional das escolhas deliberadas de indivíduos, que agem segundo seus interesses procurando atingir o grau máximo de satisfação em suas investidas apenas limitadas pela distribuição de recursos eficientes. A RAT deu ao marxismo os fundamentos lógicos e racionais (microfundamentos) que lhe faltavam, assim passando a se chamar marxismo analítico. Apresenta também uma relação de oposição ao funcionalismo e a sua concepção “hipersocializada” da ação.

A teoria da escolha racional preferências mas isto não a isenta de inúmeros conflitos internos, as opiniões de seus teóricos se encontram divididas e questionadas entre eles. Por exemplo, Przeworski considera estéril a teoria dos jogos de John Elster; Cohen rejeita o exagerado individualismo metodológico de Elster e Przeworski. Mesmo levando em consideração estes conflitos internos, a teoria da escolha racional aumentou sua credibilidade cientifica com a invenção do marxismo analítico.

O Contexto para o surgimento da RAT e sua ascensão nos EUA se explica pelos fatores abaixo:

Ressurgencia da microssociologia e da teoria
Invasão dos modelos econômicos na área sociológica;
Invenção do marxismo analítico;
Cisão entre teoria e empiria.
A ação racional é concebida como um encadeamento refletido de decisões conscientes de um ator econômico livre, de qualquer condicionamento econômico e social.o principal desafio teórico da RAT é mostrar como ações individuais se combinam para gerar um produto social. A resposta de James Coleman em seu artigo sobre a passagem micro-macro (individuo e estrutura) é que esta passagem pode ser efetuar não pela via exclusiva de mercado como é proposto pelos modelos econômicos mas por três grandes tipos de mecanismos:

Os mercados;
As hierarquias ou sistemas de relações de autoridade (relações contratuais)
Sistemas normativos.
Existe também o papel de confiança e das redes de comunicação, todos podem ser analisados em termos de interesses individuais (segundo os autores desta critica a Colemam este critério seria a “síntese do raciocínio falacioso em ciência social”) estes quatro tipos de mecanismos de Coleman forma questionados por Sewell em sua critica ao individualismo metodológico como veremos a seguir.

A critica histórica sobre a ação individualista

Sewell X Colemam

A critica a Coleman e a sua teoria foi dada por um historiador de formação: Sewell. Antes de analisarmos as criticas de Sewell é necessário salientar que a sociologia histórica e comparativa experimenta a mais de uma década a expansão nos EUA. Essa ressurgência se deu através do descrédito ás teorias da modernização e ao evolucionismo funcionalista de Parson e Eisentadt (macrosociologia) do pós-guerra e os conflitos sóciopolíticos dos anos 60. os jovens pesquisadores encontraram na sociologia histórica um meio de neutralizar e visualizar os vezos ideológicos e etnocêntricos da sociologia, como também de escapar a oposição estéril da teoria suprema e do empirismo abstrato. Desde então a sociologia histórica passou a ser um campo cada vez mais amplo chegando ate o plano da realidade social. Da teoria da modernização para a sociologia histórica, os trabalhos do tipo histórico são um subcampo relativamente autônomo da sociologia americana.

As criticas de Sewell

1. as relações entre condutas individuais passam pelo sistema completo das relações sociais pertinentes e não são passiveis de um analise individualista. Segundo Sewell, Coleman tem uma visão hobbesiana do individuo (entidade autônoma, dada fora da historia e da sociedade) e supõe que os interesses, as preferências ou as metas do individuo podem ser deduzidos sem dificuldade de sua posição social ou econômica. Para Sewell não basta apenas postular a existência de interesses, preferências e metas individuais para elucidar os efeitos do nível macro sobre o comportamento dos agentes. A pessoa social se constitui efetivamente na e pela sociedade, na totalidade das relações sociais e culturais em que o individuo biológico, que é seu “suporte”, se encontra inserido. A individualidade não é um atributo natural fora da historia, mas resulta de processos sócio-historicos precisos.

O mesmo se aplica às “preferências” dos agentes um sistema completo de relações objetivas constitutivas de um campo, o valor como escassez especifica, e portanto o interesse nunca é individual mesmo quando se personifica, se introduz aqui o conceito de Habitus (Bourdieu) um sistema gerador das preferências.

Coleman não vê no individuo uma construção social e histórica que exige uma analise sociológica. Seu modelo é ahistórico de um homem econômico. Sewell lembra que a passagem micro-macro não pode se limitar à agregação ou á composição de mercados e instituições normativas para a maximização de um interesse já constituído fora do contexto histórico e social. O interesse para James Coleman é um estado natural pré-social. Para responder Sewell esboça um programa de pesquisas sociológicas inspirado na história e na antropologia interpretativa e fundadas nos seguintes postulados:

Disposições, práticas e representações dos agentes são produtos de condições culturais e históricas especificas;
Toda a sociedade possui conflitos e tensões que culminam em mudanças estruturais que em sua maioria são diferentes daquelas pensadas pelos agentes;
As conseqüências sistêmicas, intencionais ou não dependem de sua articulação temporal própria
Os agentes sociais são capazes de reflexividade na medida que tendem a ajustar seus hábitos, seus desejos e a sua visão de mundo às transformações objetivas.
A ilusão racionalista do “individualismo mitológico” ·

Para os autores do artigo “Interesse, racionalidade e cultura”, Colemam não deixa claro sobre o tipo de racionalidade que argumenta. O mesmo se aplica à incapacidade da RAT de explicar as crenças, as preferências e as convenções culturais que regem as práticas ou à sua dificuldade em evitar a confusão entre preferências e razoes. A teoria não fornece uma base sólida e rigorosa para uma teoria geral da sociedade como a econômica não o faz, seu individualismo metodológico se trata mais de um individualismo mitológico.

Individualismo metodológico de James Colemam

Sewell questiona este modelo de Colemam para a explicação da formação da sociedade. A passagem 2 (macro-micro) não tem uma explicação clara de como as instituições influenciam o comportamento do individuo, sendo que para Colemam os interesses são naturais do ser humano (ahistorico), de acordo com Colemam esta passagem pode ser (digo pode ser pela ligação obscura da passagem) a posição do individuo na estrutura social presente que o faz tomar decisões levando em conta seu comportamento nesta posição. A passagem (micro-micro) também possui problemas segundo Sewell qual é a origem dos interesses e objetivos do individuo nasce sem a participação dos processos históricos que vieram antes dele e a relações sociais não influenciam nestes interesses e ações individuais? A economia não é uma boa base para a teoria geral da sociedade, por não levar em conta os processos históricos e as relações de interdependência entre os indivíduos, e também por reduzir tudo ao individualismo metodológico, existem fenômenos sociais irredutíveis e portanto se mostra uma teoria inaplicável para o estudo da sociedade.

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