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sexta-feira, março 29, 2024

O CULTIVO DA MANDIOCA

O CULTIVO DA MANDIOCA

Origem

Originária da América do Sul, a mandioca constitui um dos principais alimentos energéticos para cerca de 500 milhões de pessoas, sobretudo nos países em desenvolvimento, onde é cultivada em pequenas áreas com baixo nível tecnológico. Mais de 80 países produzem mandioca, sendo que o Brasil participa com mais de 15% da produção mundial.

De fácil adaptação, a mandioca é cultivada em todos os estados brasileiros, situando-se entre os nove primeiros produtos agrícolas do País, em termos de área cultivada, e o sexto em valor de produção.

Importância econômica

A importância econômica da cultura da mandioca está na produção de raízes tuberosas e feculentas que representa valioso alimento humano e dos animais, fabricação de produtos alimentícios ou de aplicação industrial e produção de álcool.

História

A mandioca é planta de origem brasileira. A sua cultura é das antigas e tradicionais do Brasil. Já era cultivada pelos índios, por ocasião do descobrimento do Brasil. Hoje em dia, é explorada em todo o território brasileiro, em todos os países sul e centro-americanos e nas Antilhas. Em outras regiões do mundo de clima tropical e subtropical cultivam igualmente a mandioca, principalmente em Java, nas Filipinas, no Ceilão, na Tailândia, em grande parte da África e em Madagascar.

Classificação botânica

A mandioca é uma planta dicotiledonea da família Euphorbiaceae genero Manihot. Este genero compreende várias espécies, das quais destacam, do ponto de vista econômico, a M. utilissima Pohl (sinonímia da espécie M. esculenta Crantz) e a M. dulcis Pax. A principal diferença botânica existente entre estas duas espécies parece residir no fruto que, na e M. utilíssima Pohl é alado e na espécie M. dulcis Pax é liso. As variedades cultivadas no Estado de São Paulo pertencem a espécie M. utilíssima que, segundo a revisão de PAX e HOFFMAN, tanto podem se apresentar na forma doce como na amargosa.

Toxicidade

Há variedades de mandioca, chamadas “bravas” cujas raízes, quando ingeridas cruas ou mesmo cozidas, podem provocar intoxicações, porque encerram uma substância (um glicosídeo cianogenético de nome “linamarina”) capaz de produzir ácido cianídrico (HCN) quando em presença dos ácidos ou enzimas do estomago. As variedades “mansas” (aipins ou macaxeras) também o encerram, porém em quantidades inócuas. A secagem (pelo calor do sol ou de secadores) elimina veneno por volatilização. A cocção pode não eliminar todo ele, razão pela qual a mandioca “brava”, ainda que cozida, pode ocasionar acidentes, o que não acontece com os seus produtos de indústria.

A presença desse tóxico é constatada em todas as partes do vegetal, aéreas e subterrâneas. As folhas acusam as maiores porcentagens. No tocante às raízes, as análises revelam que o córtex, ou casca grossa, encerra teores mais elevados do que a polpa, podendo o córtex das raízes de uma variedade inócua encerrar dose porcentual mais elevada do que a polpa das raízes de variedades “bravas”. No uso culinário das raízes, o córtex é retirado antes do cozimento.

A variação do teor em HCN nas plantas de mandioca está não somente na dependência da variedade, idade das plantas (as mais novas, em geral, são mais ricas), como também está sujeita à influencia do meio ambiente, como solo, clima e altitude.

Citam-se casos de variedades que, sendo venenosas em uma localidade, passam a ser “mansas” quando plantadas em outros lugares, e vice-versa. Casos como esses parece ainda não terem sido constatado entre nós.

Apesar da existência do princípio tóxico na parte aérea do vegetal, o farelo de ramas e folhas feito com variedades “bravas”, quando bem fenado, até atingir 10 a 12% de umidade, pode ser utilizado pelos animais, sem perigo.

De modo geral, as raízes das variedades “mansas” (aipins ou macaxeras) encerram, na polpa crua, de um até dez miligramas por cento de ácido cianídrico. As variedades “bravas” ou amargas encerram bem mais, em geral de 15 a 30mgr.

Aspectos Agro-Econômicos

Além da destacada importância na alimentação humana e animal, as raízes de mandioca são também utilizadas como matéria-prima em inúmeros produtos industriais.

A cultura da mandioca é uma das mais importantes fonte de carboidratos para os consumidores de renda mais baixa em países tropicais da América Latina. A mandioca é produzida principalmente por produtores de pequeno porte, em sistemas de produção complexos, com pouco ou nenhum uso de tecnologia moderna, especialmente agroquímicos.

A parte aérea da mandioca pode ser consumida pelos animais na forma “in natura” , sob forma de silagem, feno ou peletizada, pura ou misturada com outros alimentos.

A mandioca apresenta potencialidades para participar de outros mercados alternativos. O amido (independente de sua origem) é tradicionalmente empregado na indústria alimentícia, metalúrgica, mineração, construção, cosmética, farmacêutica, papel e papelão, têxtil etc.

Tradicionalmente a produção de mandioca da Região Nordeste é orientada para produção de farinha. As indústrias de processamento de farinha – as chamadas “casas de farinha” – são próprias (individuais, às vezes com objetivos empresariais), ou comunitárias.

Mandioca como Matéria-Prima Industrial

A principal importância da mandioca, como matéria-prima industrial, é a de ser fonte de amido e seus derivados. O amido acumula-se nas raízes e funciona como um depósito de reservas para os períodos de crescimento e dormência das plantas.

O uso de derivados de amido para uso alimentar se justifica pelas seguintes razões:

1) é provido de atributos funcionais que os amidos nativos, normalmente, não possuem. Na mistura para pudim, o amido provêm a capacidade espessante, uma textura suave e capacidade de atuar de forma instantânea;

2) o amido é uma matéria-prima abundante e fácil de se obter;

3) a utilização do amido pode representar uma vantagem econômica quando comparado com outros polímeros como as gomas, que são de alto custo.

O amido de mandioca (fécula) natural possui um sabor suave e pasta clara. O amido, nativo ou modificado, podem ser usados para diversos fins industriais: na indústria de alimentos: como espessante, utiliza as propriedades de gelatinização em cremes, tortas, pudins, sopas, alimentos infantis, molhos, caldos, etc; como Recheio, aumento do teor de sólidos em sopas enlatadas, sorvetes, conservas de frutas, preparados farmacêuticos, etc; como Ligante, impede a perda de água durante o cozimento em salsichas, carne enlatada, etc; como Estabilizante, capacidade de retenção de água em sorvetes, fermento em pó, etc; utilizado também para produtos de panificação na elaboração de pães, biscoitos, extrusados e outros.

Na Indústria Têxtil: na Engomagem, para reduzir ruptura e desfibramento nos teares; na Estamparia, para espessar os corantes e agir como suporte das cores; no Acabamento, para aumentar a firmeza e o peso de papel, papelão e tecidos.

Na Indústria de Papel: para dar Corpo, aumenta a resistência a dobras; no Acabamento, melhora a aparência e a resistência; Goma, para sacos comuns de papel, papel laminado, ondulado e caixas de papelão.

No Brasil, o uso de amidos e féculas modificados é recente e restrito.

O amido, pode sofrer modificações físicas, químicas ou enzimáticas, dando-lhe características próprias para aplicações industriais específicas: polvilho doce, polvilho azedo, amidos modificados, amido pré-gelatinizado, amido modificado por ácidos, amido fosfatado, amido oxidado por hipocloreto de sódio, amido intercruzado ou amido com ligação cruzada, glicose e xarope de glicose.

Farinha de Mandioca

A farinha é a principal forma de utilização de mandioca no Brasil, atingindo índices superiores a 90% fabricados e comercializados, são as farinhas torradas, farinha de mesa e farinha d’água, com predomínio da primeira, e a nível local, a farinha do Pará que consiste na mistura das massas das duas anteriores. Há ainda a farinha de raspa, farinha proveniente de raiz seca sem passar por cozimento que já foi muito utilizada como farinha panificável até início da década dos anos 70. Atualmente o seu principal uso é na composição de rações.

As farinhas de mandioca que passam por torrefação tais como: farinha seca, farinha d’água ou farinha do Pará, são geralmente, utilizadas no consumo direto à mesa, enquanto que as farinhas provenientes de raízes secas: farinha de raspa ou farinha de apara, tem fins mais diversificados, como farinha alimentícia panificável destinando-se também para massas (biscoitos, macarrões e similares) em misturas com a farinha de trigo. Pode ainda ser usada na composição de rações, de lama aquosa na mineração do petróleo, na produção de álcool, indústria de papel (preparo da massa e recobrimento da superfície), indústria têxtil (para evitar encolhimento de tecido), produção de adesivos e de agentes ligantes, na indústria de fundições.

Mandioca na Alimentação Animal

A mandioca pode ser utilizada na alimentação animal, fresca, seca ao sol sob a forma de raspa da raiz, feno de ramas e ensilada. Como é um produto que se deteriora rapidamente após a colheita, seu uso na forma de raspa e silagem são os mais eficientes, uma vez que têm a vantagem de concentrar os princípios nutritivos e são de fácil armazenamento.

Utilização da Mandioca Fresca

É o modo mais simples de fornecer raízes e parte aérea da mandioca aos animais. Deve-se triturá-las e fazer uma murcha (condições de ambiente) por um período de 24 horas e somente depois servir aos animais. Tratando apenas de parte aérea, aconselha-se misturá-la com 50% de outros volumosos, quando destinada a ruminantes (poligástricos, como bovinos, caprinos e ovinos) e com 80% de concentrado, quando a não ruminantes (monogástricos, como aves, suínos e eqüinos). É importante lembrar que a introdução desse material na dieta do animal deve ser feito gradativamente (aos poucos) até que o animal se “adapte” a esse novo alimento. A quantidade a ser fornecida depende da espécie, da idade e da produção do animal.

Silagem da Parte Aérea da Mandioca

O segredo para preparação de uma boa silagem está na rapidez da colheita, picagem e acondicionamento do material a ser armazenado.

Passos para obtenção de uma boa silagem da parte aérea da mandioca:

1. Colher a parte aérea perto da picadeira
2. Picar em pedaços inferiores a 2 cm
3. Encher o silo o mais rápido possível
4. Compactar o máximo possível para retirada do ar
5. Encher o silo até ficar abaulado
6. Fazer uma valeta de proteção contra a água de chuva
7. Não abrir o silo antes de 30 dias.

Preparo do Feno

Os passos para a preparação do feno da rama de mandioca, da colheita até a picagem do material, não diferem do processo da ensilagem:

1. Colheita da parte aérea (quando mais verde, melhor a qualidade em termos de qualidade protéica)
2. Picar em pedaços até 2 cm
3. Espalhar o material picado (15kg/m2) sobre lona ou terreiro cimentado
4. Revolver o material de 2 em 2 horas no primeiro dia
5. Juntar o material e cobrir com lona impermeável à tarde
6. Pela manhã do dia seguinte espalhar o material
7. Deixar ao sol até o material ficar completamente seco
8. Ensacar o material fenado (seco) ou transformá-lo em farelo em moinhos de peneira e armazená-lo em depósitos arejados à granel ou em sacos de boa ventilação sobre estrados de madeira.

Clima e solo

Clima

Nas altitudes muitas elevadas, com mais de 1000 metros, o sucesso da cultura dependerá da duração da época fria e das temperaturas. As médias mensais deverão estar acima de 20ºC, durante o período vegetativo.

As atividades vegetativas dessa planta diminuem muito durante o nosso inverno (de maio a agosto), ficando aparentemente paralisadas em temperaturas abaixo de 15ºC. A mandioca é muito sensível à geada. Quando atingidas as plantas já bem desenvolvidas, seca, quase sempre, toda a parte aérea; continuam, entretanto, vivas as porções subterrâneas das hastes, de onde saem, mais tarde, novas brotações, refazendo-se o vegetal. Plantas muito novas, se atingidas pela geada, emitem outras brotações, mais tarde. Períodos quentes e secos são desfavoráveis nas primeiras fases da cultura, principalmente durante a época de plantio. Temperaturas ambientes com valores médios entre 20 e 30ºC são as mais favoráveis para o desenvolvimento da cultura.

Precipitações anuais em torno de 1.000 milímetros de chuvas são muito boas para a cultura, desde que distribuídas num período de seis a oito meses durante o ano. Entretanto, em zonas tropicais a mandioca prospera e produz, não raro, em localidades com precipitações de até 3.000 milímetros anuais, e, por outro lado, embora em condições precárias, também sob um regime de cerca de 500 milímetros. Depois de bem desenvolvidas, as plantas de mandioca tem boa resistência à seca, possivelmente pela profundidade que pode atingir o seu sistema radicular.

Consideram-se os paralelos de 30 graus de latitude norte e sul, como delimitadores da faixa geográfica onde há condições climáticas favoráveis para o cultivo da mandioca.

Influência no ciclo vegetativo

Cultura de mandioca com um ciclo vegetativo é a que tem, normalmente, de oito a quinze meses (plantio desde maio até outubro, e colheita de maio a agosto do ano seguinte); para o consumo humano, as plantas são, em geral, colhidas com um ciclo. A cultura tem dois ciclos vegetativos quando conta dezoito a vinte e quatro meses. As plantações para fins industriais ou forrageiros (raízes) são, preferivelmente, colhidas com dois ciclos, por serem mais produtivas.

Durante os meses de verão e chuvas (praticamente de setembro a março, em São Paulo) as plantas vegetam mais ou menos abundantemente. Nas épocas mais frias e, em geral, com menos chuvas (período de abril a agosto), as plantas diminuem as atividades vegetativas e perdem, até aproximadamente o mês de junho, totalmente, as folhas (algumas variedades podem manter ainda certa quantidade de folhas). Em condições normais, estas caem, gradativamente, a começar da base do vegetal, precedendo-se seu amarelecimento e seca.

A queda das folhas é um fenômeno natural e normal nesta espécie, agravado, entretanto, quando a temperatura desce a alguns graus abaixo de 20. Inicia-se a queda, normalmente, nas plantas ainda pequenas, nas primeiras fases do seu desenvolvimento. À medida que a planta cresce, ganhando em altura e adquirindo maior quantidade de folhas e ramas, prossegue a queda natural das folhas, aos poucos, e sempre no sentido da base para o ápice. Atingindo o máximo desenvolvimento do vegetal, o iniciando-se a época fria (março-abril), amarelecem e caem as folhas, até o mês de junho, em geral na sua totalidade.

Desfolhadas as plantas, dá-se a seca dos “ponteiros” ou seja, das últimas porções de 30 a 50 cm das hastes, no sentido de cima para baixo. Em fins de julho ou princípio de agosto, as primeiras gemas da parte superior entram em brotação, à custa das reservas nutritivas acumuladas nas raízes e ramas. Desta fase em diante, reduz-se, por essa razão, o teor de amido das raízes, o qual será, posteriormente, recuperado por reposição através da fotossíntese. É durante o “período de repouso” das plantas que as raízes acumulam o máximo de reservas, principalmente amido.

Solos

Em geral, qualquer tipo de solo de boa fertilidade proporciona boas colheitas de mandioca, conquanto não sujeito ao encharcamento, como os solos de baixada, turfosos ou mal drenados, e nem dotado de propriedades físicas que o contra-indiquem, como seja o de tornar-se demasiadamente compacto, e apresentar trincas ou fendas por ocasião de períodos secos, em conseqüência de um excesso de argila. Neste caso, tornar-se-ia também difícil e cara a colheita.
Dois tipos de solos que, pelas suas boas características de fertilidade, originariamente, podem dar elevadas produções de mandioca, temos: o salmourão, o massapé e o arenito Bauru superior; as terras deste último tipo de solo apresentam boas propriedades físicas, para a cultura e muito especialmente para a colheita; a terra roxa legítima (como em Ribeirão Preto, Vira-douro etc).

As produções são baixas e, muitas vezes, quase antieconômicas em terras da formação do glacial, com predominância de arenitos pobres, ou nos solos derivados do arenito, quando muito arenosos. Estes solos se caracterizam, de maneira geral, por serem quimicamente pobres e ácidos, e de más propriedades físicas. Pela sua vegetação primária, recebem os nomes de “campo cerrado”, ou “campo de pau torto” (pela presença de árvores tortuosas), sendo com a ocorrência de barba-de-bode, indaiá, barba-timão, guabiroba, cambará-do-campo e certas bromeliáceas. Precisam ser melhoradas por meio de calagens, plantio de adubos verdes, rotação de culturas e adubação mineral.

Extensas culturas de mandioca tem sido plantadas em solos do tipo terciário, não nas várzeas, porém na parte alta. Em muitos desses lugares, os solos, pela sua pobreza e acidez, com índice pH não raro abaixo de 5,0, apresentam plantações precárias e pouco produtivas, quando não corrigida a acidez, nem adubados.

Nos lugares em que há uma mistura de terra roxa com o solo glacial ou o arenito de Botucatu, as condições de fertilidade melhoram, tanto mais quanto maior for a participação da terra roxa. E assim que encontramos, muitas vezes, mandiocais produtivos em manchas de solos de formação glacial ou de arenito.
Quanto à textura, os solos mais leves, um tanto arenoso, e que não se mostram compactos nas épocas secas, facilitam e torna menos dispendiosa a colheita. No tocante aos índices de acidez, os solos com pH de 5,5 a 6,5 são bons, preferivelmente estes últimos. Um bom teor de matéria orgânica influi favoravelmente na produção.

Controle da erosão

O solo, particularmente quando arenoso e inclinado, deve ser defendido contra a erosão, pelo estabelecimento da cultura em curvas de nível, e cuidando-se do terraceamento das glebas, quando o seu declive o exigir. As perdas por erosão, durante o segundo ciclo vegetativo da mandioca, são bem menores do que durante o primeiro ciclo, período em que as perdas poderão ser grandes. Deve-se dar, por isso, o máximo de importância a esta prática agrícola que, aliás, precisa manter no planejamento dos trabalhos na fazenda, uma estreita relação com o programa traçado para a rotação de culturas.

Rotação de culturas

Um dos princípios básicos da racionalização da agricultura é o planejamento da exploração agrícola segundo uma alternância de cultivos. Não é recomendável repetir o plantio da mandioca na mesma gleba em que ela tenha sido cultivada no ano anterior, mas, sim, deve-se plantá-la após outra cultura, como milho, algodão, arroz, soja ou leguminosas plantadas como adubo verde. Para isso, será traçado um programa que se adapte às condições da fazenda e às possibilidades do mercado.

Uma das principais vantagens do plantio em rotação de culturas é possibilitar melhor controle das moléstias e pragas não comuns às plantações que se sucedem.

Dada a enorme importância que tem, para a economia rural, a defesa do solo contra a erosão, num traçado conjunto com a rotação das culturas, deve o proprietário submeter esses itens relacionados com o uso racional do solo, à apreciação de engenheiros agronômos especializados

Plantio

Sementes – Seleção de ramas

Utilizar ramas oriundas de plantações sadias e “maduras”. Em geral, as ramas de plantas com oito a dez meses de idade já se prestam para o plantio. A queda natural das folhas a comear da base para o ápice das plantas, em condições normais, é um índice de maturação das manivas, naquelas porções de onde já caíram as folhas. Se, ao contrário, a queda se processar a partir do ápice, denota incidência de bacteriose, ou larvas dos brotos ou, mesmo, brocas do caule.

Em geral, as inspeções da cultura fornecedora das ramas para o plantio, oferecem melhores oportunidades para uma apreciação do seu estado sanitário, quando feitas nos meses de dezembro a fevereiro.

Deve-se escolher as manivas de boa grossura porque resistem mais às intempéries após o plantio, e darão plantas mais vigorosas. As ramas finas e as partes mais fracas, herbáceas, do terço superior das plantas, não devem ser usadas no plantio. Não utilizar ramas que revelem qualquer indício de moléstia ou praga, ou com gemas danificadas.

Quantidade de manivas (sementes)

A palavra maniva pode designar a planta inteira. Na prática, porém, aplica-se somente à rama ou ao pedaço da rama que se planta.
O consumo de ramas para o plantio mede-se em metros cúbicos, como no caso da lenha. Assim, estando as ramas devidamente empilhadas, não se considera o seu comprimento, que poderá ser de um metro ou pouco mais. A quantidade de ramas a ser consumida para o plantio de determinada área, vai depender da idade da cultura que vai fornece-las, da variedade, do seu desenvolvimento etc.. Para o plantio de um alqueire emprega-se, em geral, de oito a dez metros cúbicos de ramas. Em alguns casos, o consumo é maior, 12 a 14 m3. Considera-se, também, que um alqueire de mandioca com ano e meio pode fornecer, em condições normais, ramas para plantio de quatro a seis alqueires. Um metro cúbico de ramas pesa, aproximadamente, de 100 a 200 quilos.

Transporte de ramas

Em geral, o transporte das ramas de mandioca, de uma localidade para outra, é feito em caminhões, podendo o tipo grande levar cerca de 15 m3, a grandes distâncias. Recomenda-se o máximo cuidado na carga e na descarga do material, a fim de evitar ferimentos nas manivas. Sugere-se cobrir o fundo do caminhão com uma camada de capim seco, antes de carregá-lo. O transporte por estrada de ferro, em vagões abertos ou fechados, conduz a maiores perdas por seca de ramas, ou traumatismos, e, naturalmente, por ser mais demorado o transporte.

Dentro da área da fazenda, usam-se caminhões, carroças etc., para transportar, sejam as ramas inteiras, sejam as manivas já prontas para o plantio. Deve-se evitar o mais possível, durante essas operações, as esfoladuras nas manivas.

Épocas de plantio

Considerando apenas a fase “plantio da mandioca” e o êxito que se deseja obter dessa operação, isto é, o máximo de porcentagem de brotação das manivas, pode-se dizer que, nas condições de clima paulista, com algumas exceções, é possível plantar a mandioca, durante o ano todo, desde que se cumpram os necessários requisitos: ramas maduras, isto é, originadas de plantas que tenham completado um ciclo vegetativo; sadias, grossura e tamanho recomendáveis, e de colheita recente ou bem conservadas, solo muito bem e oportunamente preparado, visando manter a sua umidade.

Considerando-se o regime de rotação de cultura a ser observado e os ciclos normais e mais indicados para as culturas, deve-se organizar o trabalho de modo a se poder plantar à medida que se colhe, mesmo a partir de março ou abril. O indispensável é a programação dos trabalhos de modo a permitir o preparo do terreno em tempo de realizar-se esse plantio antecipado até junho ou julho. As vantagens daí advindas são as maiores possíveis.

Quando, por circunstâncias quaisquer, não se puder preparar o terreno convenientemente, normalmente de agosto em diante, em face de período de seca, deve-se aguardar, para o seu preparo e plantio, a ocorrência de chuvas, e seguir sempre esta norma: aproveitar da melhor maneira possível as condições locais para se antecipar ao máximo a época do plantio, considerando-se que o mês de maio, em média, é a melhor época.

O plantio é normalmente feito no início da estação chuvosa, em geral de acordo com a tabela:

Cultivares

O Grande número de cultivares existentes no Brasil permite a escolha de cultivares de acordo com a região e a finalidade de exploração da cultura.

Na escolha adequada de uma cultivar para o plantio, devem ser considerados os seguintes aspectos: a finalidade de exploração do cultivo, o ciclo e o local onde vai ser plantada.
É bastante variada a nomenclatura regional da mandioca, podendo uma mesma cultivar ter diferentes nomes e um mesmo nome ser comum a mais de um cultivar.

Quanto à toxidade as cultivares podem ser:

•mandioca branca, amarga ou venenosa – de utilização industrial.
•mandioca mansa, de mesa, aipim ou macaxeira – de uso culinário.
Quanto ao teor de ácido cianídrico:

•Não venenosa – menos 50 mg de HCN por kg de raiz fresca
•Pouco venenosa – de 50 a 80 mg de HCN por kg de raiz fresca
•Venenosa – de 80 a 100 mg de HCN por kg de raiz fresca
•Muito venenosa – acima de 100 mg de HCN por kg de raiz fresca
Quanto à precocidade as cultivares podem ser:

•Precoces – ciclo de 10 à 12 meses
•Semi-precoces – ciclo de 14 à 16 meses
•Tardias – ciclo de 18 à 20 meses
Quanto á utilização as cultivares podem ser:

Industriais – a maioria das raízes é processada sob a forma de farinha e amido.

•Teor de amido > 30%
•Raízes com polpa branca
•Película (córtex) fina e de cor clara
•Destaque fácil da película da raiz
•Ausência de cinta na raiz
•Boa conformação das raízes
De mesa – as cultivares utilizadas para consumo humano são denominadas de aipim, macaxeira ou mandioca mansa. Neste caso o mais importante é a qualidade da raiz.

•Baixo teor de HCN nas raízes
•Cozimento rápido
•Boa palatabilidade
•Fácil descascamento
•Ausência de fibras nas raízes
•Raízes bem conformadas
Alimentação animal: as cultivares devem apresentar alto rendimento de raízes e parte aérea. Com boa retenção foliar e alto teor de proteínas nas folhas. As raízes são fornecidas aos animais após a secagem ou transformada em raspa. A parte aérea é consumida pelos animais após fenação ou silagem processos eficientes na eliminação do HCN nas folhas.

Escolha da variedade

A variedade é um dos componentes do sistema de produção que contribui para o aumento da produtividade sem elevar os custos de produção. O grande número de variedades existentes no Brasil permite a escolha de variedades de acordo com a região e a finalidade de exploração da cultura.

Variedades de mandioca recomendadas para diferentes regiões do Brasil

Tabela 1. Resumo das características das principais variedades de mandioca recomendadas para a Amazônia

Variedades recomendadas pela Embrapa Amazônia Ocidental
*Adaptada à Várzea

Tabela 2. Resumo das características das principais variedades de mandioca recomendadas para Região Nordeste

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