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quinta-feira, abril 18, 2024

O Ensino de Filosofia na Escola

A Filosofia surgiu na Grécia e significa busca pelo saber. Ao longo de sua trajetória no Brasil como disciplina, foi implantada e extinta da educação e somente com a LDB nº 9.394/96 é que teve seu retorno garantido às escolas brasileiras. Diante da necessidade cada vez maior de posicionamento frente às situações impostas pela sociedade atual, o ensino de filosofia tornou-se muito discutido ultimamente nos meios educacionais, tendo em vista seu caráter reflexivo, ganhou importância na construção do pensamento crítico das pessoas.. O objetivo deste trabalho é fazer um breve histórico da Filosofia no Brasil, bem como mostrar a importância de seu retorno nas escolas.

1 INTRODUÇÃO

A palavra filosofia é de origem grega, philo deriva-se de philia que significa amizade, respeito entre iguais e sophia quer dizer sabedoria e dela vem à palavra sophos, sábio. Assim, filosofia significa amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo é aquele que ama a sabedoria, que deseja saber.

A filosofia tem como características o questionamento, a dúvida e a reflexão, que de certa forma nos permite elaborar um pensamento crítico diante dos aspectos da vida que nos são apresentados. Vive-se numa sociedade que cada vez mais exige das pessoas um posicionamento crítico diante das situações vividas, nesse sentido a filosofia amplia as relações entre a educação e a sociedade. Daí a necessidade de se discutir o ensino de filosofia nas escolas.

Freire (1999, p.46) aponta a educação como construtora e reconstrutora da sociedade através do conhecimento e, conseqüentemente, da prática dos valores éticos e morais. Para ele, a prática educativa deve ser voltada para o social.

Esse trabalho tem como objetivo fazer um breve histórico da filosofia na educação brasileira, mostrando que na verdade o que se discute é a volta do ensino de filosofia, dando ênfase à sua importância na educação enquanto formadora de cidadãos.

2 A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO

No Brasil Colônia, o ensino de filosofia era destinado apenas à elite. Na década de 20, do século XIX, a Filosofia passou a ser disciplina obrigatória do ensino médio e pré-requisito para ingressar em curso superior, com a reforma de 1915 foi transformada em disciplina facultativa. Em 1932, a Escola Nova colocava-se como tendência renovadora e houve uma tentativa de reverter tal quadro.

Em 1942, com a Reforma Capanema a disciplina voltou a ser obrigatória, no entanto com a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Bases, a de nº4.024 em 1961, o ensino de Filosofia perdia a obrigatoriedade, tornando-se uma disciplina complementar e incorporada mediante indicação de cada Conselho Estadual de Educação.

Com o Golpe Militar de 1964 se restringiu ainda mais o campo do ensino de Filosofia, tornando-a disciplina optativa em 1968, para ser extinta pela lei 5.692/71. Essa lei introduziu o ensino profissionalizante, segundo a tendência tecnicista. Na realidade, segundo alguns historiadores a intenção era impedir que a população refletisse sobre as atitudes impostas pelos novos governantes.

Em 1982, a lei 7.044 permitiu a reinserção da Filosofia no currículo a critério do estabelecimento de ensino, abrindo oportunidade para o gradual retorno da disciplina, ainda de forma precária na maioria das vezes.

A promulgação da LDB 9.394/96 (1996), apresenta um inciso referente à Filosofia. A lei destaca a importância da formação filosófica para o exercício da cidadania, a difusão dos valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos e de respeito ao bem comum e à ordem democrática, bem como recomenda o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico.

A partir desse momento a Filosofia ganha espaço nas escolas e passa a ser responsável pela formação critica das pessoas, como veremos a seguir.

3 IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO

Estamos presenciando um momento de profundas transformações nos diversos setores da sociedade, a escola como formadora dessa sociedade não poderia ficar de fora. Sendo assim, presenciamos o surgimento de varias tendências educacionais, que vêm se modificando ao longo dos tempos.

Dentre elas citaremos a Pedagogia Tradicional resultante na “concepção bancária” de Paulo Freire, onde o professor detentor de todo saber era centro do processo de ensino e o aluno apenas receptor das informações passadas por ele, cabendo àquele “depositar” na mente tudo o que lhe foi transmitido.

A atividade crítico-reflexiva por muito tempo foi abandonada a um segundo plano e negligenciada, acarretando graves lacunas na formação do educando. Essa é uma grande preocupação dos teóricos educacionais da atualidade, que vêem na Filosofia uma saída. Assim, a Filosofia deve compensar as deficiências de raciocínio deixadas nos alunos pela escola convencional que por ser baseada na transmissão de conhecimentos inibia a capacidade racional dos mesmos.

Arroyo (1991, p. 34), critica o caráter deformador da escola, para ele a escola deve preparar integralmente e não desvincular a teoria da prática. Sua crítica ao caráter deformador é relacionada à escola que finge ensinar, baseando-se em práticas pedagógicas desvinculadas da realidade, não preparando o homem para a vida, para a práxis-social.

Nesse contexto, destaca-se a importância da Filosofia no desenvolvimento do educando. O papel da Filosofia seria o de preparar não só intelectualmente, mas politicamente para desempenhar uma prática social autônoma. Para isso, deve ser observada uma questão que se refere ao que ensinar. A preocupação não deve ser apenas repassar ao educando os conceitos de Filosofia, mas desenvolver habilidades e competências necessárias para o seu crescimento autônomo, para que ele desenvolva a capacidade de atuação crítica frente aos desafios impostos pelo contexto sócio-cultural no qual está inserido.

4 CONCLUSÃO

A Filosofia nos ensina a não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana sem antes investigá-los e compreendê-los.

Ao longo da história do Brasil, a Filosofia teve seu ensino extinto e incorporado às escolas de acordo com o contexto histórico. Passou a ser uma disciplina não apenas de conhecimentos teóricos, mas de natureza prático-social. Ela não se constituiu numa área restrita a essa ou aquela formação, mas devido ao seu caráter interdisciplinar pôde ser aproveitada na educação em geral.

A Filosofia amplia as relações entre a educação e a sociedade, unindo o saber e o fazer que são elementos essenciais na construção do social. Impossível falar em educação sem se falar em filosofia. Ainda que de forma inconsciente, respiramos, vivenciamos a filosofia no dia-a-dia, tendo-a como estudo que orienta o indivíduo tanto na aquisição da visão concreta da vida, seus valores e significados, quanto sob a conduta humana em geral.

Não é interessante apenas que a filosofia ocupe espaços dentro e fora das escolas, fundamentalmente, é preciso compreender o que ela faz nesses espaços, que tipo de filosofia se pratica e se ensina, sua relação com outras áreas do saber, com a instituição escolar e as outras instituições da vida econômica, social e política do país. Não basta defender a presença da filosofia na escola a qualquer custo e de qualquer forma, pois dependendo de como a filosofia está inserida, pode ser algo interessante e enriquecedor na formação de adolescentes e jovens, mas também pode ser mais um amontoado de conteúdos sem sentido que os alunos precisam assimilar.

5 REFERÊNCIAS

ARROYO, Miguel. Trabalho, Educação e Prática: revendo os vínculos entre trabalho e educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

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