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quarta-feira, abril 17, 2024

O período de adaptação de crianças de 0 a 3 anos em Florianópolis

SUMÁRIO

• Introdução

•Capítulo 1: Adaptação, porque este período é tão difícil? 
Subtítulo 1.1: Importância da pesquisa

• Capitulo 2: Adaptação: Um processo a ser vivenciado 
Subtítulo 2.1: Conhecendo a comunidade 
Subtítulo 2.2: Aplicando o questionário 
Subtítulo 2.3: Mães no mercado de trabalho e a cheche como alternativa de cuidado 
Subtítulo 2.4: Adaptação: através dos dados empíricos
Subtítulo 2.5: Adaptar, Inserir ou Acolher? 
• Conclusão

• Bibliografia citada
• Anexos 

INTRODUÇÂO

O presente trabalho pretendeu abordar sobre o período de adaptação de crianças na creche e analisar alguns fatores que interferem neste processo de forma positiva ou negativa, e o método usado para chegar a determinadas conclusões foi por meio de enquete. 
Fazendo algumas leituras sobre o tema: O período de adaptação de crianças em instituições de ensino, observei certa preocupação por parte de teóricos em tentar esclarecer e amenizar alguns desconfortos sentidos pela instituição, famílias e principalmente pela criança. Com isto, primeiramente levantei algumas hipóteses:
• As crianças e famílias sofrem com este início, de uma vida nova e social;
• Algumas famílias e crianças sentem esta inserção como se fosse uma separação, com isso o choro é uma grande manifestação deste sentimento;
• Muitas famílias têm o sentimento de culpa, ao deixarem seus filhos nas mãos de “desconhecidos”;
• As instituições devem estar preparadas para criarem um trabalho de parceria com as famílias, pra assim facilitar o processo de adaptação.
Depois de levantá-las, cheguei à seguinte pergunta:
Porque o período de adaptação é muito difícil pra a criança, família e educador? Será que a Instituição está preparada pra lidar com todos os conflitos vividos neste período?
Através de minha pesquisa, em minha conclusão, tentarei responder a estas perguntas e esclarecer um pouco mais sobre este processo tão importante na vida da criança.
Sabemos que enfrentar o novo não é fácil e muitas vezes nem prazeroso. No entanto, a superação do desprazer e das dificuldades iniciais pode ser uma experiência gratificante que nos encoraja a enfrentar novos desafios e com graus de complexidade cada vez maiores. Posso dizer que isto define em poucas palavras o assunto de meu trabalho, mas explica um pouco do que foi o período em que trabalhei na construção deste pesquisa.

Capitulo 1: Adaptação, porque este período é tão difícil?

Em meu trabalho de campo pesquisei sobre o período de adaptação de crianças de 0 à 3 anos em um NEI em Florianópolis na Barra da Lagoa, este período pode ser considerado um processo de mudança e renovação na vida crianças, dos familiares e educadores da instituição, 
Frente ao tema que escolhi, foi necessário fazer uma síntese com base em alguns artigos acadêmicos e textos de autores lidos, que serviram de suporte teórico para minha pesquisa. 
A adaptação é marcada por encontros e desencontros é o momento em que a criança e seus pais passam a criar novas relações afetivas com um novo grupo, essas relações fazem com que a criança construa um mundo social mais amplo. Os momentos iniciais na instituição exigem sempre um esforço de adaptação da criança, que habitualmente convive com poucas pessoas em casa com quem já estabeleceu um forte vínculo afetivo, e daqueles que assumem seus cuidados.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil – RCNEI (1998, v1, p. 78-80):

O ingresso das crianças nas instituições pode criar ansiedade tanto para elas e para seus pais como para os professores […] A maneira como a família vê a entrada da criança na instituição de educação infantil tem uma influência marcante nas reações e emoções da criança durante o processo inicial. Acolher os pais com suas dúvidas, angústias e ansiedades, oferecendo apoio e tranqüilidade, contribui para que a criança também se sinta menos insegura nos primeiros dias na instituição. [….] antes de tudo, é preciso estabelecer uma relação de confiança com as famílias, deixando claro que o objetivo é a parceria de cuidados e educação visando o bem estar da criança.

Neste sentido, o autor quis ressaltar que o ingresso na instituição é um momento novo, que é preciso planejamento e organização do ambiente escolar, para promover confiança e conhecimentos mútuos, favorecendo o estabelecimento de vínculos afetivos entre as crianças, as famílias e os educadores.
A preparação dos profissionais que irão lidar com estas criança, tudo isto é de extrema importância para que a efetivação da adaptação à vida escolar seja um momento positivo.
É necessário criar uma relação de confiança entre família e instituição para o desenvolvimento positivo da criança durante o processo de adaptação. Quando a família participa de forma estruturada deste processo, vendo no educador a pessoa que vai cuidar e educar seu filho no espaço escolar, isto contribui muito para o fortalecimento do vinculo de confiança que começa a se estabelecer entre eles. Quando a família enxerga a creche como uma alternativa plenamente viável para partilhar a educação que seu filho recebe em casa, a relação entre as duas partes, é muito mais fácil. 
A adaptação é um processo continuo de mudança, crescimento, desenvolvimento e amadurecimento, BORGES (2003, p. 27), fala sobre a importância deste período na vida da criança:

Sair-se bem neste processo, para a criança, é sinônimo de ficar mais forte, mais madura e confiante. È poder ser marcada por um regime bom, que a leve a ter uma maior disponibilidade para entrar em contato com um mundo, vendo-o como um lugar onde vale a pena estar e experimentar, onde se expor para novo não é doloroso, nem comprometedor. É poder envolver-se com o novo (educador / colegas) experimentando novas formas de ver e sentir, sem para que isso, o já conhecido (pais / familiares) perca o espaço em seus afetos. É poder expandir, mas com acolhimento e confiança sempre presentes, para que haja estabilidade e integração.

Contudo o período de adaptação é inevitável, é necessário enfrentar o choro por parte das crianças, a expectativa e a insegurança dos pais, tudo isto faz parte do contexto escolar. Porém, não podemos entender adaptação como um período de tempo e espaço determinado pela própria escola que tem como objetivo fazer as crianças pararem de chorar. Adaptação é muito mais que isto, até porque existem crianças que não expressam seus sentimentos através do choro, algumas simplesmente se isolam.
É importante ressaltar que este processo não deve considerar apenas a diminuição da ansiedade da separação, mas deve estimular na criança o desenvolvimento da independência e autonomia. Esta transição do ambiente familiar para a instituição infantil deve ocorrer de forma tranqüila, pois:

A entrada na escola coloca a criança ante novas experiências que terão grande repercussão no seu desenvolvimento afetivo, cognitivo e social. Uma dessas novas experiências é o afastamento do ambiente familiar durante várias horas diárias. Esse afastamento provoca ansiedade pelo significado que tem para ela. Por um lado significa a separação dos adultos que representam prazer, segurança e a satisfação de suas necessidades básicas (alimentação, aconchego, higiene, etc.)
Por outro lado, indica a entrada num ambiente completamente novo e o convívio com crianças e adultos que não lhe são familiar, sendo que esses adultos passarão a cumprir funções que eram exclusivas da família ou de um adulto de confiança. (BARRIOS, 2002, p.27)

Tudo isto provoca na criança ansiedade, pois para ela significa a separação dos adultos que lhe dão prazer e o principal, segurança. No entanto a separação é uma experiência que ocorre em varias fases da vida, portanto, o processo de separação deve ser construído baseado na verdade. A mentira interfere na construção dos vínculos de confiança, essencial para o desenvolvimento da criança. É importante lembrar que a separação é um processo que gera sentimentos, precisando ser entendidos, discutidos e superados gradativamente. A entrada da criança na vida escolar se não feita de forma tranqüila e verdadeira, pode afetar toda sua vida escolar e até mesmo pessoal.
Sem dúvida, a convivência familiar é insubstituível, mas é na escola que a criança tem a possibilidades de ampliar suas vivências e isso determina a construção de seus conhecimentos, pois é na interação com o outro que esses conhecimentos se firmam e se constroem. A criança passa a conviver com um grande número de adultos e crianças, em um ambiente novo, que geralmente lhe é estranho. Tudo é novo. Mudam as pessoas, o espaço, os objetos, a rotina. Portanto a importância de um ambiente preparado.
O educador e a família devem estar conscientes que cada criança têm um tempo específico para se adaptar a escola como um todo. Isso pode duras dias ou meses, depende da criança, da família e dos educadores. Existem aquelas crianças que ficam bem rapidamente, enquanto outros necessitam de mais tempo a presença pos pais. Este processo requer a compreensão e paciência de todos envolvidos.
Para tanto, faz-se necessário compreender dentro do contexto da temática adaptação outros conceitos teóricos como: Infância, Creche e Família. Estes auxiliaram na compreensão de quem são os sujeitos envolvidos neste processo, isto é, criança, instituição e família.
A criança é elemento fundamental para que ocorra o processo de adaptação nas creches, por este motivo é preciso defini-la, falando um pouco sobre o que é a infância.
Infância é uma etapa da vida humana anterior as outras, deve ser compreendida como uma etapa de construção social, inserida num processo histórico, considerando a condição social da criança, que varia de acordo com os contextos sociais vividos .
Porém, a criança se define além da faixa etária, sua definição está na capacidade de interação que ela tem a ponto de conseguir realizar uma cultura própria, uma cultura da infância a qual se contrapõe a cultura adulta. A criança não deve ser compreendida como um produto das ações do adulto sobre elas, mas sim, ações sobre elas mesmas. SARMENTO (1997, p.20) confirma quando diz:

A consideração das crianças como actores sociais de pleno direito, não como menores ou como componentes acessórios ou meios da sociedade dos adultos. Implica o reconhecimento da capacidade de produção simbólica por parte das crianças e a constituição de suas representações e crenças em sistemas organizados. Isto é, em culturas.

O mundo adulto não deve negar a cultura infantil com o desejo de liderar, e com suas ações acaba frustrando a criança, pois a infância não se restringe a um momento da vida, mais perpassa a vida, pois ela não acaba, mas sim continua, o que a criança vivencia na infância é carregado pelo resta da vida, e conforme o caso irá refletir de alguma forma no modo de pensar e agir da mesma. O que acontece na infância reflete tanto no presente quanto no futuro. Por este motivo:

Cada idade não está em função de outra idade. Cada idade tem em si mesma a identidade própria que exige uma educação própria, uma realização própria em quanto idade e não enquanto preparo para outra idade.
( ARROYO, 1994, p.90).

Portanto, não existe a criança, e sim, as crianças, que são seres múltiplos, diversos com características próprias que têm direitos que devem ser conhecidos e respeitados. Sabemos que grande parte das experiências vivenciadas por elas e na instituição, ou seja, na creche, com isso, é preciso definir o que é a creche e como ela funciona.
A creche e uma instituição de Educação Infantil que constitui-se em um espaço coletivo de profissionais, crianças e famílias, cuja especificidade deve atender as necessidades e aos direitos de todos os seus integrantes. Segundo ROCHA (1999,p.610) o conceito de instituição de Educação Infantil difere-se do conceito de escola:

enquanto a escola se coloca como espaço privilegiado para o domínio dos conhecimentos básicos, as instituições de Educação Infantil se põem sobretudo com fins de complementaridade à educação da família. Portanto, enquanto a escola tem como sujeito o aluno e como objeto fundamental o ensino nas diferentes áreas, através da aula, a creche e a pré-escola tem como objeto as relações educativas travadas num espaço de convívio coletivo que tem como sujeito a criança de zero a seis anos de idade (ou até o momento em que entra na escola).

A creche é entendida como uma instituição educativo-profissional, onde a criança vivencia situações de interação social, é nela onde a criança passa grande parte do seu tempo com pessoas sem nenhum grau de parentesco. Vale salientar que, para a instituição possa concretizar suas decisões é preciso de um trabalho pedagógico consciente, com a participação ativa dos pais das crianças. Desse modo, é preciso compreender o que é família e qual seu papel.
O conceito de família não deve ser visto como um conceito pronto e acabado, não é algo natural, sim, construído socialmente. O modelo de família composto por pai, mãe e filho, idealizado pela maioria da sociedade, tem sofrido mudanças. Existem modelos diferentes de famílias, e não podem ser consideradas incompletas ou irregulares, e sim famílias vividas, organizadas de acordo com as necessidades e os desafios que a vida proporciona. Segundo BRUSCHINI (1997, p. 48), citada por Maistro famílias são:

[…] espaços de convívio, de troca de informações entre membros em que possivelmente decisões são tomadas coletivamente. São vínculos nas quais os sujeitos se racionalizam, revendo seus valores e posturas na dinâmica do cotidiano e em função das necessidades do grupo, que se modificam a cada etapa da vida familiar.

Desta forma, o trabalho dos profissionais da creche deve valorizar e respeitar os aspectos da vida humana, em que o homem é uno e diverso ao mesmo tempo, possibilitando assim um diálogo entre instituição e família em busca do bem estar da criança.

1.1 A importância da pesquisa

Contudo, concebendo que a pesquisa é uma atividade intencional. Como tal; é uma prática escrita na elaboração de planos capazes de produzir conhecimento. MEKSENAS (2002, p. 31), é importante pontuar algumas concepções do processo de elaboração do conhecimento para alguns autores: Platão, Locke, Kant e Marx. Com Base no Texto Pesquisar é produzir conhecimento.
Platão definiu o conhecimento como algo superior ao ser humano e que faz parte de seu espírito, sendo que ele não pode ser algo elaborado, porque os indivíduos nascem com o conhecimento em sua alma. Acredita que é conhecimento tem caráter inato. Entretanto nem todos os indivíduos aspiram ao conhecimento e o atingem, pois, para tanto é necessário desligar-se do mundo material e voltar-se para contemplação do mundo espiritual. Para este autor o que se transforma ou modifica não pode ser considerado conhecimento e ciência, será sim, experiência e senso comum, e se nunca questionado nunca virará conhecimento.
Este denomina o mundo sensível, como aquele que conhecemos olhando, tocando etc. Que é mutável e não pode ser considerado perfeito. Já o mundo das idéias para ele é considerado perfeito, pois não se transforma é terno
O autor não se referiu à palavra pesquisa, porém, se adotarmos sua definição de conhecimento, a prática valorizaria o mundo das idéias distante do mundo sensível.
Em contraposição Locke diz que o conhecimento não é algo imutável. Todo ser sabe que tem a capacidade de pensar. Mas no meio da razão e do conhecimento existe as sensações, que nos permitem chegar às idéias. Existem dois tipos de idéias sensoriais, a primeira é a idéia sensorial simples, que é quando o ser humano entra em contato com o mundo sensível, estas fixam-se no cérebro permitindo o surgimento da memória, que por sua vez irá formar, uma segunda idéia, chamada idéia sensorial complexa, que o permite desligar-se do mundo sensível e o aproximando do mundo das idéias.
Nasce então uma pesquisa que se limita basear-se na quantidade, na produtividade e na funcionalidade, um conhecimento questionável.
Mas, Kant os rebateu dizendo que todo conhecimento se inicia com a experiência, o conhecimento não é uma adequação da mente ao objeto, existe sim um conhecimento prévio denominado a priori que distingue-se do empírico,cuja sua origem é posteriori, ou seja, na experiência. 
Neste sentido autor acredita, que o conhecimento não é inato nem decorre da experiência. A realidade empírica que fornece conteúdos ao conhecimento, objetos, fatos e fenômenos (matéria), estes conteúdos fixam-se na razão, e são definidos como posteriori. Para Kant a matéria do conhecimento era conteúdos posteriores e a forma do conhecimento era a priori.
Neste contexto Kant acredita que a Razão é dividida em categorias, que não estão relacionadas à experiência, e sim determinam como pensa-la. A ciência seria possível, na capacidade de organizar e refletir sobre a experiência. 
Então, vem Marx e revoluciona dizendo não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência, portanto não é possível compreender o ser humano desvinculado da história, as relações sociais são relações de trabalho que deram origem as primeiras instituições, a família por exemplo.
Os outros filósofos discutiram a razão em si ou a experiência em si, não se preocuparam em analisar que as duas possuem uma história. Já Marx viu que o ser humano transforma a natureza e a torna social, deixando sal marca pessoal nos objetos que produz, dessa forma se aperfeiçoando como ser humano.
A partir de Marx (1818-1883) foi possível: 1) compreender que o conhecimento inato de Platão implicou, na verdade, desqualificar o trabalho manual na sociedade que se mantinha pela escravidão; 2) demonstrar que o empírico e experimental (defendido por Locke) relacionou-se a necessidade da industria capitalista de deter um conhecimento propício ao aumento dos lucros e à produção de quantidades cada vez maiores de bens, com menor custo possível; 3)defender que o conhecimento cognitivo e empírico (proposto por Kant) não transforma o mundo porque não questiona a historicidade do conhecimento. MEKESENAS (2002, p.40)
Marx disse que “Os filósofos tem se limitado a interpretar o mundo de diferentes maneiras; trata-se, entretanto de transformá-lo” 1973. Neste sentido a pesquisa e o conhecimento não são neutros, e nem sempre estão a favor da humanidade e seus resultados podem favorecer mais uma classe que outra.
Com isso, fica claro que não há uma única forma de produzir conhecimento. Minha pesquisa optei por um método principal denominado enquete, método qualitativo em pesquisa empírica que lida com um determinado de informantes, com objetivos definidos a respeito da informação/ opinião que se quer obter dos sujeitos entrevistados, com questionários estruturados, dirigidos ou padronizados, antes do contato com o sujeito a ser entrevistado, o pesquisador elabora um conjunto de perguntas, cuja respostas é quantificada.
Todo questionário é organizado em partes, indo de perguntas mais gerais as mais específicas. Existe a enquete estatística e a exploratória.
Estatística ? Esta preocupada com o rigor de sua organização porque se propõe a mensurar, medir e quantificar opiniões e contextos de vida.
Exploratória ? Não pretende ser rigorosa, tem por objetivo explorar contextos de vidas ou opiniões que servirão para organização de futuras pesquisas qualitativas.
O pesquisador elabora hipóteses do tema que pretende desenvolver, aplica um questionário padronizado a um grande número de pessoas que permite uma visão geral do tema no primeiro momento, em um segundo, o tratamento do tema será aprofundado com seleção de um pequeno grupo de informantes destacados do universo de pessoas que responderam a enquete, com esse pequeno grupo o pesquisador utilizará um método qualitativo. A enquete busca saber o qual é a opinião pública das pessoas, ou seja, a opinião da maioria. 
Desta forma, a pesquisa foi aplicada em um Núcleo de Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino, localizado na Barra da Lagoa, como instrumento de pesquisa utilizei a enquete exploratória com questionários estruturados e dirigidos à famílias e profissionais. Com o intuito de responder ao problema levantado pelo projeto e assim fazer algumas reflexões em torno da temática abordada.
Por fim, minha pesquisa procurou saber como a instituição pesquisada se prepara para encarar este período, compreender como se dá a relação família-instituição no processo de adaptação, buscando entender como isto influencia de forma positiva ou negativa na criança, é esta a razão deste trabalho.

2. Adaptação: um processo a ser vivenciado

2.1 • Conhecendo a comunidade

Indo a campo, no NEI colônia Z11, localizada na Barra da Lagoa, esta comunidade se caracterizou por alguns anos, pela ocupação de um núcleo de pescadores, que se concentrou ao longo do canal de comunicação da Lagoa com o oceano. Liga-se à Lagoa por via rodoviária desde 1847, data da primeira ponte sobre o canal. Essa ocupação foi um prolongamento da ocupação da Lagoa da Conceição por imigrantes açorianos há duzentos e cinqüenta anos atrás. 
Considerada ainda a maior comunidade pesqueira da Ilha de Santa Catarina, a Barra da Lagoa ainda conta com mais ou menos setenta e oito embarcações que, utilizam-se das mesmas pra fazer diversos tipos de pesca. No outono, partem em busca da tainha, que a pesca mais tradicional da comunidade. Mas hoje, a comunidade vive uma transição sócio-econômica, que desvia a população tradicional das atividades histórico-culturais para o turismo e prestação de serviços. Embora persista, a pesca é articulada à oferta de serviços com pouca qualificação e baixa remuneração.
Apesar das mudanças sociais e econômicas, a Barra da Lagoa ainda preserva algumas festas populares ligadas à cultura religiosa, como a festa São Pedro e a festa do Divino Espírito Santo. 
É um bairro de classe média onde ainda existe um grande número de pessoas nativas, porém, sendo um pólo turístico, recebe muitos turistas que vem em busca de melhores condições de vida ou a trabalho.Muitas pessoas de fora vêm morar na Barra da Lagoa, pois sendo um bairro de classe média conseguem alugar casas mais baratas, e os nativos tem como renda alem da pesca, os aluguéis anuais ou mensais.

2.2 Aplicando o questionário

Apliquei a enquete em três turmas GI matutino, GII vespertino e GIII matutino de 0 a 3 anos, dirigidos a 51 pais ou responsáveis, com 22 perguntas de múltipla escolha. E um questionário, contendo 6 perguntas, dirigido as três professoras responsáveis pelas turmas. Tendo como objetivo saber a opinião dos pais e professores a cerca da adaptação.
Tive a impressão ao aplicar o questionário, que a grande maioria dos pais teve receio ao responder, mesmo explicando a eles que não tinha nenhum vínculo com a escola, e que de forma alguma seu nome seria divulgado.Mês mo assim, eles respondiam com cautela, pensavam bem antes de responder, logo percebi que algumas de suas respostas mascaravam a realidade, e isso se confirmou quanto fiz o levantamento, comparando as enquetes dirigidas aos pais e as professoras. Ao longo deste capitulo mostrarei algumas destas contradições.
O questionário foi aplicado na hora da entrada e saída, percebi que a maioria das crianças eram levadas e buscadas pelas mães, sendo assim o questionário foi respondido na grande maioria por mulheres.

Sexo das pessoas que responderam ao questionário:

Levando a perceber que ainda hoje a preocupação da educação e do cuidado dos filhos, é responsabilidade da figura feminina, e a falta de participação dos pais (homem) o que pode ser considerado de extrema importância para a criança no período de adaptação. Frente a esta problemática levantam-se o seguinte assuntos: Mães no Mercado de trabalho e a creche como alternativa de cuidado, que acredito ser um dos fatores que interferem no processo de adaptação.

2.3 • Mães no mercado de trabalho e a cheche como alternativa de cuidado

No contexto social das últimas décadas, as mulheres estão entrando cada vez mais no mercado de trabalho. E um dos fatores que mais interferem no trabalho feminino é a maternidade principalmente quando os filhos são pequenos.
Entretanto, a mulher tem ocupado o seu espaço em nossa sociedade, temos tido grandes mudanças nas funções e relações dentro da família, fazendo com que a mulher ingresse no mercado de trabalho, tendo assim, que compartilhar a educação dos filhos.
Deste modo, exigindo novas opções para o cuidado alternativo de bebês e crianças pequenas. Embora isto varie entre as culturas, uma das principais opções adotadas no ocidente como cuidado alternativo é a creche.
Nesta pesquisa, como já vimos 92,1% é mulher, sendo que 39 pessoas estão atuando no mercado de trabalho.

Pessoas que responderam o questionário e trabalham:

Ou seja, grande maioria das mulheres trabalham. E um dos fatores que mais interferem no trabalho feminino é filhos pequenos. As mulheres que trabalham hoje em dia e tem filhos, são obrigadas a retornar ao trabalho poucos meses após nascimento do filho.
Tendo então , que colocar seus filhos cada vez mais cedo na creche. Contudo, a mãe terá um sentimento de perda. Na maioria das vezes é a primeira separação do filho e essas novas mudanças causam um certo desconforto. E a escola deve estar aberta para mediar estes setimentos e angútias.

Essa é geralmente a primeira grande separação. Na maioria das vezes é a mãe que tem a incumbência de levar o filho pela primeira vez à escola maternal (…) Isso faz a mãe reviver separações pelas quais passou, e mesmo que estas tenham sido resolvidas com êxito, não há como fugir ao fato de que estamos lidando com uma experiência emocional (…) O fluxo de emoções sentido pela maioria das mães não reflete apenas sentimentos relacionado à criança, mas também suas próprias lembranças de separação. (REID, 1999. 99 -100).

Muitas vezes as mães não estão seguras quanto a decisão, de colocar seus filhos na creche, e acabam passando esta insegurança para as crianças. Tudo é novo para criança, e se o adulto não passar esta segurança para criança, ela ficara muito insegura. Essa novidades podem ser atraentes para a criança, quando enfrentadas em copanhia de um familiar , mas quando separadas deles, ela pode se sentir sozinha, e as novidades lhe causam medo, por isto a importancia de neste período de adaptação a figura familiar que ela seja fortemente apegada, (mãe, pai ou quem cuidou dela) para que a criança aceite com a alegria e curiosidade o novo ambiente e esteja disponível a estabelecer novos relacionamentos. 
Compartilhar os cuidados de uma criança pequena é difícil. As mães quando deixam seus filhos na creche ficam com medo de perde seu papel de mãe, o que acaba gerando uma concorência entre mães e professoras, o que não é positivo para o desenvolvimento da criança.

Este estado de incerteza e de tensão vivido pelos pais é transmitido à criança através de sinais ambivalente: “vá e divirta-se, “va e seja autônomo”e, ao mesmo tempo, “não fique muito longe de mim”, “demonstre-me que sou importante”. A criança é convidada a ficar coma educadora, mas ao mesmo tempo percebe tensão na mãe, desconfiança, ciúmes em relação a ela: sentimentos não experssos ou expressos de maneira mascarada e por isso, e por isso mais ameçadores.” (Mantovani e Terzi, p. 179)

Contudo é importante que o educador passa confiança não so para criança mas para a mãe também, para que ela fique segura quanto a sua decisão de escolher a escola como uma alternativa de cuidado e socialização, que ajudará no desenvolvimento de seu filho. Neste sentido, a educadora não é subtituto materno, mas um pólo externo à familia, aliado e não rival dos pais. (Mantovani e Terzi, p. 180)

2.4 • Analisando a adaptação através dos dados empíricos

No primeiro capitulo foi comentado a importância das famílias dentro da sala de aula neste período, e a necessidade de um interação entre escola e família para o auxilio no desenvolvimento da criança. Contudo, uma das perguntas do questionário dirigido as professoras foi:

3- O que você acha da presença da família neste período na sala de aula? Como você se sente?
(resposta- prof° B) Ao realizarmos os estudos sobre este período, percebemos a importância da participação das famílias neste processo, na sala, com seu filho(a). Participação através de conversas, reuniões, compreendendo melhor o cotidiano da instituição. Fortalecendo assim a relação (criança-escola-familia). E os encaminhamentos foram que ao familiares ficassem o maior tempo possível com as crianças e no NEI para observar o contato, o vínculo, o relacionamento. . . .
Me sinto um pouco vigiada, porém, como pedagoga compreendo a importância para o processo de desenvolvimento da criança.

Analisando a resposta da professora, relaciona-se com a seguinte fala que reafirma a insegurança por parte das educadoras, tirada da pesquisa Concepções de educadoras sobre a adaptação de bebês a creche:

Embora a entrada do familiar junto com o bebê tranqüilize o adulto que provavelmente quer ver como o bebê vai ser tratado e como ele está reagindo ao novo ambiente e permita que o bebê se sinta mais seguro, muitas vezes as educadoras sentem-se vigiadas e receosas das críticas que estes podem fazer ao seu trabalho.
Andréa Rapoport e César A. Piccinini (2001, p 71)

Considera-se que o processo de adaptação é um período que envolve mudanças tanto para a família quanto para a criança, portanto, é desejável que um adulto, no qual a criança tenha mais afeto, fique junto a ela para auxiliá-la na exploração deste ambiente estranho, até que a criança estabeleça um relacionamento com as professoras e as outras crianças. 
Pois, criança ira se sentir insegura, e os adultos devem estar ali firmes para passar a segurança que a criança necessita. Todos envolvidos nesse processo apresentam sentimentos. Os pais e as crianças sentimentos de tristeza, separação, sensação de estranheza ou desconforto. Isto se confirma quando foi perguntado aos pais qual o sentimento inicial dos pais ao deixar seus filhos na instituição.


Verifica-se que 62,7% se sentem preocupados, mas reconhecem a importância da entrada dos filhos na creche para o desenvolvimento da sua autonomia. E com a entrada da criança na creche a criança começa a perceber-se independente de sua mãe. Por outro lado, a mãe terá um sentimento de perda, dando a impressão de estar antecipando a sua “independência”. E essa insegurança acaba sendo passada para a criança, que absorve a emoção da mãe com facilidade, simplesmente através de um olhar e os próprios pais reconhecem isto.

Opinião dos pais sobre: acreditar ou não que sua expressão influencia no comportamento de seus filhos no período de adaptação.

Comportamento das crianças na primeira semana segundo os pais:

Somando os que ficaram com a professora e os que ficaram com os pais 63,6% mais da metade choraram, e por coincidência 62,7% dos pais deixam os filhos na escola preocupados e inseguros, confirmando desta forma que o comportamento dos pais certamente influenciará na adaptação da criança.
Em contra partida, foi perguntado as professoras qual era a reação das famílias e das crianças nesse período e uma das professoras responde:

4- Qual a reação da família e das crianças neste período?
(resposta- prof° C) A reação das crianças é sempre acompanhada com muito choro, das famílias insegurança. 
Este ano, ao estarmos pensando melhor estes momentos. Fizemos uma reunião prévia com as famílias, para que este período fosse menos traumático e estressante tanto para as crianças, como para as famílias. Conversamos como seria este período. Percebi que a insegurança, o medo o choro foi menor e menos doloroso.

E confirmado pela professora que o choro existe sim, porém, existem outros problemas que contribuem para este sentimento. As crianças manifestam diferentes reações neste período, e estas muitas vezes são utilizadas parar dizer se a mesma está bem ou mal adaptada;

O choro é comum entre crianças entre a as crianças nesse período, tanto na chagada quando a criança é deixada na creche pelos pais, como na saída, quando os pais retornam para buscá-la. Mas, o choro não é a única reação de perturbação possível por parte da criança. Existem várias outras manifestações como, por exemplo, gritos, mau humor, bater, deitar no chão, passividade, apatia, resistência à alimentação ao sono, ou até mesmo ocorrência de doenças.( Rapoport e Piccinini 2001, pág 69)

Neste caso é preciso que o ambiente e a instituição estejam preparados para este momento. E evidente que:

A separação afeta as crianças os pais. Faz brotar sentimentos nos professores. O inicio da vida escolar pode ser uma ocasião excitante ou também uma ocasião agradável. Junto com aqueles que realmente estão encantados por estarem iniciando sua vida escolar, existem freqüentemente outras crianças chorando ou pais tensos e nervosos. (BALABAN, 1988, p.24)

Ou seja, os sentimentos e o tempo de adaptação neste período são diversos, porém, se a escola estiver aberta a família, se a escola der importância a troca de experiências e valorizar este período este processo será muito significativo. Pois a “separação” da criança do ambiente familiar é o inicio de uma vida social, pois como afirma BALADAN (1988 p. 25) “a separação é uma experiência que ocorre em todas as fases da vida humana”.
De acordo com uma das professoras entrevistadas “Todo profissional neste precisa ter um olhar diferenciado neste período. Nossa instituição tem procurado através de encontros, planejamentos prévios, preparar estes momentos, organizando um espaço acolhedor e estimulante, onde as crianças sintam-se envolvidas. Pois, a forma como pensamos este período, este espaço, contribui para o tédio, choro prolongado ou não das crianças” ( prof° A)
E preciso ainda, além da instituição estar preparada e aberta à família, o interesse por parte da mesma, nesta pesquisa percebo a falta de interesse por parte dos pais.

Conhecimento do espaço da instituição antes da matrícula, por parte dos pais:

Maior parte dos pais procurou conhecer a instituição antes de matricular seus filhos, porém, concebendo a importância dos pais estarem por dentro da proposta da escola, para saber como as atividades serão encaminhadas, 35,2% é um número bastante significativo de pais que não se interessaram. E isto se reafirma quando pergunto sobre a participação dos pais em reuniões realizadas pela instituição.

Participação dos pais nas reuniões que a instituição realiza


Ou seja, levando em consideração estas afirmativas percebe-se que 50,9% dos pais sempre participam das reuniões, porém, se juntarmos os que responderam: às vezes , quando posso, e o horário não é acessível, não participa das reuniões. Percebo que existe uma falta de comunicação entre pais e instituição, o que acaba prejudicando e relação entre escola e família, que seria de extrema importância para auxiliar no período de adaptação.

Portanto é preciso preparar um espaço onde a criança se sinta acolhida e segura. Um ambiente que estimule a criança, fazendo com que ela sinta vontade de estar ali, para voltar. É preciso um preparo da equipe de prossionais direcionado a este momento, planejando atividades, estando aberto as angústias da família. O professor como profissinal está ali, e deve ser um mediador, deve passar confiança a familia, para que ela possa acreditar no seu trabalho, e em parceira com a escola possam ajudar a criança neste momento, que ela não tem condições de tomar suas próprias decisões.
Se a escola tem um plano para a separação, está reconhecendo a importância de ligação entre pais e filhos (BALABAN, 1998, 103) e mostrando que reconhece e da importancia, a familia passa a acreditar no potencial da escola.
Contudo, a instituição pesquisada, NEI colônia Z11 vem se preocupando muito com este período, e através de grupos de estudos compostos por professores da unidade, construiu um pequeno texto coletivo (anexo), bem informal, que reflete sobre o que a palavra adaptação sugere, qual seu sentido. Propondo uma mudança, dando outro sentido a este processo. A questão ainda está em estudo pela unidade. mas o texto deu base para instituição repensar suas práticas e montar uma proposta de acolhimento para 2009 (anexo) , que falarei um pouco sobre neste proximo subtítulo.

2.5 • Adaptar, Inserir ou Acolher?

A maioria das creches usa o termo adaptação para caracterizar este período, porém, se formos ao diciónário o terrmo “adaptação” quer dizer ajustamento, acomodação, o que é diferente das mudanças e das propostas que vemos acontecer na creche. Quem se ajusta e se acomoda é aquele que se submete a uma situação, seja ela boa ou ruim. E a submissão é tudo o que as pessoas que trabalham com educação querem evitar. 
O termo “adaptação” pode dar uma idéia, pricipalmente para as famílias, de conformismo, de submissão, de resignação. Por isto muita gente não gosta deste termo, no entanto, ainda é muito usado na grande mairia das instituições, o Nei colônia ZII, vem levantando esta discussão, através de grupos de estudos entre professores da unidade, elaborando novas alternativas para este périodo e levantando outros nomes para caracterizar e da um outro sentido a este processo, para talvez trazer mais segurança e confiança na creche.
E o nome que sugiu, primeiramente foi “inserimento” , e isto foi sendo discutido, e aprofundado teoricamente. No dicinário escolar enserir significa “Introduzir, Implementar, intercalar” SILVEIRA (p. 606), e estudando este termo perceberam que não estava de acordo com a proposta do grupo e foi pensado no termo “acolhimento”.
A unidade, acredita que o termo acolhimento da sentido a um processo que nunca acaba e sim está sempre em crecimento, transformação e mútuo conhecimento. Indo ao dicionário verificamos que acolher significa “Receber, dar acolhida, escutar, atender a, ter em considerção” SILVEiRA (p. 42) e o termo foi mais de encontro com a proposta do grupo, este termo foi trago por uma professora que estava em estudo na Itália, ainda está em processo de construção, mas a unidade se identificou e resolveram mudar, fazendo uma proposta de acolhimento para 2009 e não uma proposta de daptação, contudo, o termo está sendo estudado, pois ainda sente-se a necessidade de aprofundar.
E na proposta para 2009 pensou-se em as familias estarem o maior tempo possível dentro da escola, para observar e criar vínculos, mais reuniões, enfatizar a importância de relizar intrevistas com os familiares, mais palestra, organizar atividades para criança desenvolver com a familia neste período, proporcinar um ambiente inclusivo onde todos se sintam parte do processo, uma atenção pedagógica especial para quem cuida ou acompanha a criança. Fazendo com que este momento seja mais agradavel, estabelecendo confiança e construindo relações. 
Tudo para facilitar a entrada da criança na creche, a fim de promover uma qualidade no atendimentoe não causar tanto estresse para os envolvidos no processo, o que pode deixar marcas a curto e longo prazo e interfirir na aprendizagem e desenvolvimento da criança. E mais importante que isto é fazer com que este perído seja significativo para criança, portanto deve ser bem planejado, a organização do ambiente, a preparação dos profissionais que iram lidar com estas crianças e os familiares é de fundamental importância, para que este momento seja positivos nos aspectos enfocados pela unidade.

CONCLUSÃO

Frente a esta pesquisa, pude perceber que o período é um período muito díficil para todos que estão envolvidos neste processo: Família, Escola e Criança.
E este processo precisa ser levadoa sério, pois se mal feito poderá dificultar o processo de socialização da criança por toda sua vida, gerando traumas, 
No entanto, existem teóricos que dão a este período o nome adaptação, porém, a instituição pesquisada, como vimos anteriormente, vem levantando uma discussão sobre está temática, buscando melhorar o entendimento deste processo, tanto por parte dos pais quanto dos profissinais da intitução, para dar mais segurança aos pais, auxiliando no desenvolvimento da criança . Pois, vimos que o choro, que levantei como hipótese é uma das reações, mas, mesmo assim é o menos doloroso, o medo a insegurança podem ser demonstrado de diversas maneiras.
Verifica-se que nesta instituição , existe uma preocupação e um olhar diferenciado neste período. Através de encontros, palanejamentos prévios, os profissionais estão buscando contruir um espaço mais acolhedor e estimulante, onde as crianças sintam-se envolvidas.
O NEI, percebe a importância da família neste momento, acredita que a familia precisa conhecer o cotidiano da escola, para colaborar com este processo.
Vimos que não só a criança sofre, mas também a familia. As mudanças não ocorrem só na rotina da familia , muda também a forma de encara a esducação o o cuidado dos filhos, por isto, os pais e crianças sofrem está nova vida social. Contudo, cabe ao professor o papel de mostrar as famílias que a entrada da criança na creche é de extrema importância para o inicio de uma nova vida social, que se eles dominarem os sentimentos de separação, mostraram a criança que estão firmes nesta decisão e por consequência a própria criança dominará os próprios sentimentos dando um grande passo para seu amadurecimento, que ao invés de incarar como um problema, vera como uma opotunidade de crescimento.
E para facilitar a integração da criança na creche nos primeiros dias é fundamental a presença dos pais ou familires, que transmite a criança segurança e lhe da apoio para explorar e conhecer o novo ambiente.
Para que este perído seja significativo, é necessário que a instituição escolar fundamente-se teoricamente acerca do assunto e organize-se para receber os novos alunos, sabendo que junto a eles receberá também as famílias. E o professor neste processo deve aparecer como mediador principal atendo as expectativas dos pais, ganhando confiança das crianças e de seus familiares, conduzindo este processo, além de trabalhar seus próprios sentimentos, que estão sendo postos à prova a todo tempo, por isto a importância do professor estar sempre ampliando e capacitando os seus conhecimentos, ou seja, é preciso que a instituição esteja preparada pra vivenciar os conflitos vividos neste período, que como vimos, são muitos.
E ao iniciar meu estudo uma das perguntas que levantei e me propus a responder foi, “porque o período de adaptação é tão dfícil para criança, familia e educador? ”
E para responder esta pergunta, foi preciso entender o que essa fase representa para creche e o que ela disperta nas pessoas envolvidas.
Vimos, que o periodo de “adaptação” e ou “acolhimento”, segundo a creche pesquisada, provoca uma série de mudanças e mobilizações na creche, seja no espaço fisico, na rotina e nas relações entre pessoas.
Para os pais em geral, a decisão de deixar seu filho na creche é dificultada por uma série de conflitos. Por um lado a necessidade de trabalhar, como vimos no subtítulo 2.3. Por outro lado, a crença de que, para se desenvolver de forma saudável, a criança pequena deve ser cuidada pela mãe. Por isso, apararecem na família a insegurança, a desconfiança ou até o medo de perder o amor do filho, por deixá-lo na creche. Esses sentimentos entram em conflito com a legria de conseguir uma vaga, já que esta libera os pais para trabalhar ou para outras ocupações importantes.
A boa relação afetiva entre crianças e educadores deve ser interpretada pelos pais como um indicativo de um bom trabalho. Para isso, é importante que os pais conheçam bem qual é o papel do educador e como é seu trabalho. Isso lhes permite viver esta fase com maior traquilidade, transmitindo segurança para seu filho e facilitando, assim, sua adaptação.
Um período bem conduzido possibilita que pais e educadores através de sua convivência, estabeleçam uma relação produtiva, de confiança e respeito mútuo. Sempre pensando no bem estar da criança. Pois, a escola deve ser um espaço de parcerias entre pais e professores.

BIBLIOGRAFIA

• BALABAN, Nancy. O inicio da vida escolar: da separação à independênci. Porto Alegre: Artes médicas, 1988
• BARRIOS, Alía. Da casa para escola: Uma transição importante para a criança e sua família. Revista Criança do Professor de Educação Infantil. 2002
• BONDIOLI, Anna e Susanna Mantovani. Manual de Educação Infantil de 0 a 3 anos.1998
• BORGES, Maria Fernanda Silveira Tognozzi. Adaptação Escolar- O olhar do psicológico sobre adaptação: quando crianças de 0 a 6 anos ingressam em instituições infantis. 2003.
• BRASIL, Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, Brasília, MEC/SEF, 1998.
• MEKSENAS, Paulo, Pesquisar é produzir conhecimento. In: Pesquisa social e ação pedagógica, São Paulo, editora Loyola, 2002.
• MAISTRO, M. A. As relações creches-famílias: um estudo de caso. Dissertação de Mestrado em Educação pela UFSC. Florianópolis, SC, 1997.
• MANTOVANI, Susanna e Nice Terzi, Manual de Educação Infantil: A Inserção cap. 10 p173
• RAPOPORT, Andrea e Cesar Piccinini, Concepções de educadores Sobre a Adaptação de Bebês à creche, Psicologia: Teoria e pesquisa. Jan- Abr 2001
• REID, Susan. Compreendendo seu filho de dois anos. Trad Cláudia Gerpe Duarte. Rio de Janeiro: Imago, 1992
• ROCHA, Eloísa A. Candal, A Pesquisa em Educação Infantil no Brasil: Trajetória recente e perspectiva de consolidação de uma Pedagogia da Educação Infantil. Ed. NUP/UFSC, Florianopolis, SC.1999
• SARMENTO, M.J.; PINTO, M. As crianças e a Infância: definindo conceitos, delimitando o campo. As crianças: contextos e identidades. Portugal, 1997.
• SILVEIRA, francisco Bueno, Dicionário Escolar da Língua Portuguesa 11° edição
ANEXOS
Texto dos profissionais:

Adaptar, inserir ou acolher???
Como o Núcleo de Educação Infantil Colônia Z-11 vê, como pensa, como encaminha, como planeja, como sistematiza a chegada dos novos neste espaço?
Que termo expressa melhor a ação pedagógica do Núcleo? Seria adaptar? Inserir? Acolher? Qual destes termos define melhor a proposta, o planejamento deste período?
Estas questões instigaram e nos instigam a pensar sobre este tempo, este momento na vida de crianças, famílias e professores.Por conta disto o grupo iniciou o estudo tentando entender melhor a definição de cada expressão.
O grupo pesquisou os termos adaptar e inserir.

De acordo com o dicionário Michaelis:
inserir
in.se.rir
(lat inserere) vtd 1 Cravar, fazer entrar, introduzir: Inseri um enxerto na planta. vtd 2 Intercalar, introduzir: Inserir termos explicativos na oração. vtd 3 Publicar: Vamos inserir um anúncio no jornal. vtd 4 Consignar, registrar: “Jerônimo Cardoso, Bento Pereira, Bluteau… não inserem este verbo” (Assis Cintra) vpr. 5 Entranhar-se, fixar-se, implantar-se: Costumes que não se inseriram neste país. Conjuga-se como aderir.

adaptar
a.dap.tar
(lat adaptare) vtd 1 Pôr em harmonia: Adaptar uma peça teatral. Adaptar o estilo ao assunto. vtd 2 Fazer acomodar a visão: Adaptar os óculos. Adaptar o binóculo ao exame de uma paisagem. vtd e vti 3 Tornar apto: Adaptara o aprendiz ao ofício. vtd 4 Combinar, encaixar, justapor: Adaptar um verso a outro. vtd e vpr 5 Ajustar (uma coisa a outra): Adaptar o sapato aos pés. Adapta-se o corpo ao leito. vpr 6 Aclimar-se: Adaptar-se ao meio. vpr 7 Acomodar(-se), pôr(-se) em harmonia: Esta lição adapta-se a todas as mentalidades. Antôn: desadaptar, desacomodar, desajuntar, desajustar, desconjuntar, deslocar

O termo acolhimento chegou depois. Kátia nos trouxe a expressão dos textos italianos. 
“O grupo que discute inserimento tomou conhecimento de uma nova terminologia que vem sendo utilizada na Itália – accoglienza e se desafiou a pensar e estudar sobre o conceito, aqui farei o esforço de tradução das discussões que estão sendo realizadas:
Acolher significa escutar, observar, haver cuidado, valorizar. 
Acolher criança e família no serviço quer dizer estar atento a exigência de todos.p.3
No debate do texto que temos( tem uma cópia na Z11) é utilizada a terminologia ambientamento

O conceito de criança competente, desenvolvido no debate teórico e na experiência cotidiana do serviço a primeira infância, conduziu a uma evolução terminológica que substitui inserimento por ambientamento.
inserimento requer, de fato, a idéia de incluir um elemento novo junto a algo completo, ao interno de uma organização que tem, prevalentemente, o papel do professor como o de favorecer a entrada da criança a creche/pré-escola.
ambientamento, ao invés, introduz o conceito de acolhimento e dá conta da complexidade, na qual todos os atores entram em relação, ajustando-se vicendevolmente (???), em um tempo e espaço de construir suas diferentes necessidades.p.4” (Kátia Agostinho).

Buscamos referência em um texto da revista Pátio (nº 13), intitulado Os desafios da Adaptação, texto este de Paulo M. Perissé e seguimos o estudo com o texto: Inserimento: uma estratégia para delicadamente iniciar relacionamentos e comunicações de….(?)
A leitura dos textos, nossas discussões e as trocas que houve entre todos do grupo fomentaram alguns encaminhamentos em relação ao momento de chegada dos novos que devem ser levados em conta ao planejar.

( Produção de alguns professores do NEI Colônia z11 em grupo de estudos)

Proposta da unidade:

PROPOSTA DE ACOLHIMENTO PARA 2009

“O Acolhimento (a inserção) é um processo nunca cabado de crescimento, transformação e mútuo conhecimento”

Precisamos definir coletivamente que termo usaremos para definir este processo: Acolhimento ou inserção? Necessidade de aprofundar teoricamente a questão…

ORIENTAÇÂO PARA AS FAMÍLIAS

Reunião com as famílias dia 10/02/09 às 19h

Momento coletivo para apresentar o quadro de funcionários (20 minutos)
Momento individual, por grupos para apresentar a Proposta, o palanejamento com as famílias, cronograma de atendimento em relação ao tempo (horário). Pensou-se: Tempo diferenciado dos encontros por grupo: GIV, V, VI – das 8h as 10h/ das 13h as 14h
GI, II, III – divididos em dois grupos – um das 8h as 9h / 13h as 14h. Outro das 9h as 10h / 14h as 15h
Aumentando o tempo gradativamente, o tempo em 1hora e organizando a cada dia o encontro de meia e após 1 hora dos grupos, para posteriormente iniciarem e terminarem juntos.
Enfatizar a importância de realizar a intrevista com as famílias (necessidade dos educadores reverem as perguntas e reformular as que necessitam)

No dia 16/12/08 que será a confirmação da vaga cada família receberá:

Documento com as regras de Organização do núcleo
Texto: Considerações sobre período de acolhimento (inserção)
Convite para visitar o espaço da Unidade na 2° quinzena de janeiro das 13h as 17h

Durante o processo…

Familiares o maior tempo possível com as crianças e no espaço do NEI para observar o contato, o vículo, o relacionamento…

Palestras, encontros com as famílias com temas relacionados aos Projetos da Unidade, para posteriormente obter participações nas Comissões de Organização. Há necessidade de relacionar outros temas, também necessários para o trabalho educativo/ pedagógico.
Alguns temas relacionado:
Educação Ambiental- possíveis palestrantes: Sayonara (floram), Nei (Comcap)
Boi de mamão – possíveis palestrantes: Ronaldo e Ronei
Alimentação saudável- possível palestrantes: Calorina (nutricinista da Coan)
Saúde Bucal- possível palestrante: Dentista do posto de saúde.
Doenças enfectocontagiosas/ Higiene e saúde – possíveis palestrantes: Enfermeira ou médico do posto de saúde.

ORIENTAÇÃO PARA OS EDUCADORES

Ambiente palnejado cuidadosamente, com propostas para as crianças e seus acompanhantes desenvolverem.
Ambiente inclusivo para que a criança e o adulto expressem inúmeros sentimentos e emoções.
Atenção pedagógica também ao adulto que cuida ou acompanha a criança.
Valorização do prazer de estar se conhecendo mutuamente.
Olhar focado para examinar as práticas culturais, o contato, o vínculo, o relacionamento, em todos os momentos das atividades, das trocas, da chagada, da despedida.
Importância de estar junto, criando vínculos, estabelecanedo confiança e construindo relações.

ORIENTAÇÕES PARA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO

Exposição de fotos do período de inserção do ano anterior (2008)
Após os 3 primeiros dias, colocar novas fotos dos momentos vividos em 2009.

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