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quarta-feira, abril 24, 2024

O QUE É PEDAGOGIA ?

O que é Pedagogia?

Paulo Ghiraldelli Jr. é filósofo, tem mestrado e doutorado em filosofia pela USP e, atualmente, trabalha como filósofo e escritor e dirige o Centro de Estudos em Filosofia Americana (Cefa), é com essa bagagem e experiência que escreve esta obra na tentativa de conceituar pedagogia.

O autor classifica o seu livro como um verbete crítico a respeito do termo “pedagogia”, o qual cita as conceituações clássicas dos grandes autores internacionais, passando pelo enfoque brasileiro dado à causa e chegando às aplicações práticas da pedagogia: a didática, onde a atividade educacional deve seguir procedimentos.

Para o desenrolar do enredo proposto na introdução, o autor divide a obra em mais dez capítulos que abordam desde a noção e o conceito de pedagogia até os conceitos de infância e trabalho.

A origem da palavra pedagogia vem do grego, em que paidós significa criança e agodé indica condução, juntas essas palavras resultam na expressão que hoje conhecemos. Naquela época, referia-se à pessoa que conduzia a criança ao caminho da escola, essa função era desempenhada por um escravo.

A mudança em relação aos dias de hoje é que o pedagogo não tem de levar a criança até a sala de aula, e sim possibilitar a aprendizagem do estudante, otimizando a maneira de ensinar, porém o pedagogo continua sendo visto como um prestador de serviços que não é tão valorizado quanto o deveria ser, e com uma remuneração não proporcional à responsabilidade da qual é incumbido.

A formação de um pedagogo, no Brasil, é errônea de modo que na instituição de ensino superior perde-se muito tempo aprendendo sobre teorias e metodologias da educação, deixando-se em segundo plano a real preparação do professor para atuar em sala de aula.

O futuro educador estuda metodologia da matemática, mas não é ensinado a aprender matemática, tampouco a ministrar a referida disciplina, o resultado dessa combinação é um recém-formado que não consegue atuar com as exigências da escola tradicional o “ler, escrever e contar”, afinal, como poderia ensinar aquilo que não se sabe bem?

Os estudos sobre pedagogia possuem três expositores iniciais, de três países diferentes que, em conseqüência, possuem visões diferentes adequadas à realidade das sociedades em que viviam, mas, de igual forma, tiveram uma grande repercussão em suas teses: Émile Durkheim, da França (1858-1917); Johann Friedrich Herbart, da Alemanha (1776- 1841); e John Dewey, dos Estados Unidos (1859-1952).

No Brasil, o conceito de pedagogia ficou vinculado às teorias de Dewey e Durkhein, juntaram-se a utopia e a filosofia da educação de Dewey com a análise da realidade social da educação de Durkheim. Anísio Teixeira e Fernando Azevedo participaram da elaboração do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, em 1932, composto de princípios durkheimianos e deweyanos, o que originou a tendência da nossa pedagogia ser vista com um conceito duplo.

A infância é a fase da vida que usufrui da pedagogia, mas não é desde sempre que existe a noção de que as crianças pertencem ao mundo infantil, até o século XVI as crianças eram tratadas com indiferença ou “paparicadas”, eram vistas como “homúnculos”.

O filósofo Michel de Montaigne (1533-1592) é citado pelo autor como um militante contra a antiga forma de tratar as crianças, os pais deveriam reconhecê-las como sendo diferentes dos adultos, merecedoras de um tratamento pautado por disciplina racional, ao tentar alterar as atitudes da sociedade da época os intelectuais estavam criando a noção do conceito de infância como o conhecemos hoje.

Se é que podemos dizer que existe esse conceito na sociedade mundial atual, de fato a grande maioria da população tem se preocupado com a proteção à infância e à juventude, mas em algumas regiões menos desenvolvidas do globo e até de países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, a infância tem sofrido degradação e humilhação em virtude da exploração do trabalho e da carência escolar de milhões de crianças.

Montaigne, Locke, Descartes e Rousseau foram pensadores adeptos da idéia da existência da “natureza humana”, divergiam entre si, mas foi a partir dos pensamentos destes que a infância começou a ser vista como uma fase de desenvolvimento físico, mental e moral, e não apenas como uma época.

Quando surgiram as primeiras teorias sobre a pedagogia e a forma ideal dela ser ministrada, não existia o conceito de trabalho, não da forma como começou a ser utilizado a partir da época histórica da Revolução Industrial, a partir de quando toda e qualquer mão-de-obra passou a ser útil, pois a produção não podia parar.

Passou a existir a sociedade do trabalho, que pautava a vida dos indivíduos, determinando tudo a nossa volta.

O trabalho passou a ser visto como um valor positivo e surgem os questionamentos: “porque não usá-lo como forma de pedagogia?” e “se é positivo porque tirar as crianças do trabalho?”.

A solução encontrada foi a criação da escola técnica, voltada para a profissionalização imediata, para os que mais necessitavam entrar no mercado de trabalho, ou seja, os filhos dos pobres.

A pedagogia se relaciona com a filosofia da educação, fixando os objetivos da educação, através da didática. A pedagogia é um elo entre a filosofia da educação e a didática, e tem de garantir uma interação entre esses dois elementos. Optar por uma didática é uma forma de optar até mesmo por uma doutrina.

Ghiraldelli na fase final de seu texto descreve os passos ideais de educar citados por Herbart, Dewey, Paulo Freire, Saviani e dele próprio, como forma de orientar futuros educadores que busquem sua obra como fonte de consulta. Finalizando, o autor cita a idéia tradicional de que o professor tem que “passar o conteúdo”, o que não é correto na visão do autor nem na minha, “dar a matéria” é algo muito impessoal e subjetivo, e não deve ser expressão utilizada ou atitude a ser tomada por um profissional da educação. As aulas devem possuir conteúdos educativos, que deve ser transmitido de maneira clara e específica e não “passado” ou “dado” como se fosse um objeto a ser entregue ao educando.

GHIRALDELLI JR, Paulo. O que é Pedagogia. 4ª edição – São Paulo: Brasiliense, 2007.

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