17.8 C
Sorocaba
domingo, março 24, 2024

REALISMO E NATURALISMO

Surgimento: II metade do século XIX

Características do realismo:

1) Objetivismo e impessoalidade

2) Busca da verossimilhança: as obras devem dar a impressão de verdade total, isto é, de que constituem um reflexo perfeito da realidade

3) Busca da perfeição formal

4) Pessimismo: os valores burgueses e as crenças religiosas e ideológicas sofrem um processo de completo descrédito

5) Racionalismo – cuja tradução é tanto a análise psicológica como a análise social

Características do naturalismo

1) Arte vinculada às novas teorias científicas e ideológicas européias (Evolucionismo, Positivismo, Determinismo, Socialismo, Medicina Experimental). Daí o outro nome do movimento, criado por Zola: romance experimental.

2) Todas as características do Realismo – menos a análise psicológica. Esta é substituída por variações deterministas que transformam os personagens em fantoches de destinos pré-estabelecidos. Segundo Taine, o homem é produto do meio, da raça e do momento histórico em que vive. Pode-se dizer assim que o Naturalismo é o Realismo mais o cientificismo da II metade do século XIX.

3) Cientificismo sociológico e biológico. O sociológico é dado pelo determinismo do meio e do momento. O biológico pelo determinismo de raça e dos temperamentos e caracteres herdados.

4) Personagens patológicos. Para provar suas teses, os escritores naturalistas são obrigados muitas vezes a apresentar protagonistas doentios, criminosos, bêbados, histéricos, maníacos.

O Realismo e Naturalismo no Brasil

As primeiras idéias renovadoras surgem na década de 1870, no Recife, através da ação de Tobias Barreto e Sílvio Romero.

· Em 1881 aparecem O mulato, de Aluísio Azevedo e Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Ainda que não sigam de todo os modelos europeus, as obras são respectivamente consideradas as inauguratórias da estética naturalista e realista no país.

O romance realista

Machado de Assis
I fase: (Tendências indefinidas, com maior acento romântico)

Ressurreição – A mão e a luva – Helena – Iaiá Garcia

· Tentativa de contrastar caracteres, conforme declaração do autor no prefácio de Ressurreição.

· Certos temas recorrentes na II fase, como a ambição e o egoísmo, já se insinuam nestes romances

· Linguagem carregada de lugares-comuns.

II fase: (Realista, mas de um realismo absolutamente singular, fora dos padrões europeus)

Memórias póstumas de Brás Cubas

Um defunto autor, sem as ilusões e as fraudes interiores dos vivos, narra do túmulo a sua vida pregressa. Num tom irônico, ele vai descobrindo a ausência de grandeza em si e em todas as pessoas. A consciência de que as ações humanas são desencadeadas apenas pelo interesse, pela possibilidade de lucro, pelo egoísmo e pelo instinto sexual, justifica o fim do romance, em que Brás Cubas mede sua vida e conclui que ganhara: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”.

Curioso é o personagem Quincas Borba, amigo do personagem-narrador, filósofo de duvidosa sanidade mental, criador da teoria do Humanitas que, sendo uma sátira contra todas as filosofias, é também a tradução da corrosiva visão de mundo do próprio Machado de Assis.

Quincas Borba

O modesto professor Rubião recebe em Barbacena grande herança do falecido filósofo Quincas Borba, com a condição de cuidar do seu cachorro, também chamado Quincas Borba.

Rubião abandona a província, mudando-se para o Rio de Janeiro, onde é enganado e explorado por um bando de parasitas, especificamente por um ambicioso casal: Sofia e Palha. Sofia percebe a paixão do professor por ela e se diverte com sua ingenuidade. Palha monta um negócio de exportação com o professor, o qual entra com todos os recursos financeiros para o empreendimento.

Rubião, consciência estreita em demasia para a complexidade psicológica e social, nada entende. E acaba enlouquecendo. Dissipa, então, a sua fortuna inteiramente. Palha desmancha a sociedade, ficando com o negócio e Rubião é despachado de volta para Barbacena, em companhia do cachorro Quincas Borba. Lá morre na maior miséria.

Bento Santiago tenta recompor o passado através da memória, e recorda o amor adolescente por Capitu (a de “olhos oblíquos e dissimulados”, “olhos de cigana”, “olhos de ressaca”). Boa parte da memória de Bentinho concentra-se na adolescência dos personagens, na poesia da primeira paixão, no compromisso de casamento e em seu ingresso forçado no seminário, promessa carola de sua mãe. Depois, as ações ocorrem velozes: a amizade com Escobar, o abandono do seminário, o tão desejado casamento com Capitu, o enlace de Escobar com Sancha, a amizade dos casais, o nascimento de Ezequiel, filho do personagem-narrador, a felicidade.

Escobar morre no mar e Capitu sofre tanto que Bentinho desconfia. Uma desconfiança que aumentará dia após dia, uma dialética de suspeitas e ciúmes: Bento vê no filho, Ezequiel os traços fisionômicos de Escobar. O casamento se corrói pela traição (concreta?, real?) de Capitu, que parte para a Europa com o filho, impelida pelo marido que já não os aceita. Anos depois, Capitu morre, Ezequiel retorna para o Brasil (segundo o narrador, cada vez mais parecido com Escobar), vai para a África e lá também morre. O processo de desagregação de Bentinho estava concluído, restando-lhe enfrentar a solidão definitiva.

Esaú e Jacó

Quando o Conselheiro Aires morre, encontra-se em seus papéis a narrativa em questão. É a história de dois gêmeos, Pedro e Paulo, que já brigavam no ventre da mãe e que seguem adversários na infância e na vida adulta e na maturidade. Um se forma médico, outro advogado, um ingressa no partido conservador, outro no partido liberal. Um é monarquista, outro vira republicano. Ambos, no entanto, se apaixonam pela mesma moça, Flora. Esta oscila entre os gêmeos e termina morrendo sem optar por nenhum. Pedro e Paulo reconciliam-se e prometem amizade fraternal para o resto da vida, mas em seguidas rompem outra vez e seguem se odiando mutuamente.

O romance é muito lembrado por ser o único, na obra machadiana, em que fatos históricos (a Abolição e a República) têm importância no entrecho. Nos vestibulares aparece com freqüência o irônico episódio do cap. XLIX – Tabuleta velha – em que um dono de confeitaria, Custódio, em meio à confusão histórica (fim do Império, início da República) não sabe como designar a sua casa de negócios.

Memorial de Aires

O mesmo Conselheiro Aires, diplomata aposentado, escreve o seu diário cheio de finas observações sobre a vida, num tom discreto e levemente nostálgico, abrandando aquele pessimismo dos relatos anteriores de Machado de Assis. (No mundo ficcional, as memórias do conselheiro são anteriores ao romance Esaú e Jacó, do qual ele também é o narrador).

O conselheiro acompanha com interesse humano (talvez amoroso) a jovem viúva Fidélia, praticamente adotada por um casal de velhos sem filhos, Dona Carmo e Aguiar. Estes tinham experimentando uma grande decepção quando um rapaz a quem se afeiçoaram, como se fosse seu filho verdadeiro, Tristão, mudara-se para Lisboa com o fim de freqüentar a escola de medicina. Tristão retorna e acaba se casando com Fidélia. Em seguida, para tristeza dos velhos, o jovem casal viaja para Europa. O romance termina com o Conselheiro Aires acompanhando com discreta piedade a solidão do casal Aguiar e Carmo, no qual muito críticos viram as figuras de Machado e de sua esposa, Carolina.

Os temas principais:

1 – O adultério: Motivo central de Dom Casmurro e de uma série de contos, além de ser motivo importante de Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba.

2 – O parasitismo social: Reflexo de uma sociedade erigida sobre o trabalho do escravo. Parasitas são quase todos os personagens de Machado, principalmente em Quincas Borba.

3 – A confusão entre a razão e a loucura: As fronteiras estabelecidas entre a razão e a insanidade são vagas e incertas. No conto O alienista desenvolve-se uma ironia feroz contra as certezas cientificistas do século XIX.

4 – O egoísmo, a vaidade, o interesse: Sem estes elementos nada ocorreria nos romances e contos de Machado de Assis. Os personagens movem-se por orgulho ou cobiça, e os que vivem por motivos mais nobres, em geral, são os enganados, os vencidos.

5 – A impossibilidade de ação com grandeza: Se acompanharmos Brás Cubas, Bentinho e o mesmo Rubião, veremos apenas o inventário de mesquinharias e atitudes hipócritas que satisfazem a moral das aparências.

6 – A hipocrisia: Relaciona-se com aspecto do duplo comportamento humano. Intimamente, os seres possuem determinadas facetas, idéias, sentimentos, mas, para satisfazer as exigências sociais, dissimulam, falsificam a sua identidade. Trata-se de um universo de véus e máscaras. Há uma alma interior e uma alma exterior: este é o tema do conto O espelho. Às vezes, a aparência e a verdade se confundem tanto que os indivíduos tomam uma pela outra: Capitu aparenta trair, Bentinho a julga traidora.

7 – A ambigüidade feminina: As mulheres no regime patriarcalista, inferiorizadas socialmente, são impelidas a aprender regras de dissimulação e de sedução, e se servem delas como armas. Muitas vezes, são elas que conduzem os homens desencadeando crises e problemas. Sofia, Capitu, Virgília e dona Conceição – esta última do conto Missa do galo – exemplificam este tipo de mulher.

8- O instinto e o subconsciente como móveis dos atos humanos.

Outros trabalhos relacionados

COMO FAZER UM CURRICULO PROFISSIONAL

COMO FAZER UM CURRICULO PROFISSIONAL NOME COMPLETO Liste seu estado civil, nacionalidade, idade, endereço completo (com rua, número e complemento), CEP, cidade, Estado, telefone residencial, fax,...

Dicionário Ortográfico de Parônimos e Homônimos

Absolver- perdoar Absorver – embeber Minha mulher não me absolveu por eu ter absorvido muito álcool ontem no bar da esquina. Acento – sinal gráfico Assento – lugar...

TRÁS OU TRAZ?

"Trás", com "s" e acento, é advérbio de lugar e vem sempre introduzido por preposição: "Ele saiu de trás do carro"; "Ele andou para...

CONCORDÂNCIA

“Cabe dez”... “falta vinte”... “sobrou trinta”... “as mina”... “teus cabelo é da hora”... “eu quero vinte pão”... “isso custa cinco real”... Não é novidade para...