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quarta-feira, abril 24, 2024

RETARDO DO CRESCIMENTO INTRA-UTERINO (RCIU)

1.0 Definição

Considera-se que um feto apresenta RCIU quando seu peso é inferior ao que corresponderia para sua idade gestacional, geralmente abaixo do percentil 10 segundo a curva de crescimento intra-uterino publicada em 1967 por Battaglia e Lubchenco.

A distinção entre RCIU e pequeno para idade gestacional (PIG) é importante, visto que alguns recém-nascidos considerados como PIG não sofreram RCIU. Nestes casos, existem razões genéticas para o baixo peso ao nascer ( constitucional) e alguns recém-nascidos com RCIU não são PIG como nos casos dos fetos cujo potencial de crescimento, por exemplo, era atingir 4 kg ao termo, mas como resultado de um ambiente intra-uterino desfavorável atinge somente 3kg, sendo considerado como “adequado para idade gestacional”. O ideal seria conseguir determinar o padrão de crescimento do feto em estudo e a partir daí determinarmos se a sua curva é normal ou não.

2.0 Etiologia

As causas de RCIU podem ser divididas conceitualmente em três categorias principais: maternas, fetais e útero-placentárias.

Maternas:

Fatores constitucionais – peso materno pré-gravídico < 50 kg, idade materna, nível sócio-econômico, ganho ponderal materno insuficiente, atividade física de alto impacto.
Hábitos tóxicos – Álcool, fumo, drogas
Doenças maternas – Síndromes hipertensivas, doença renal crônica, doenças cardiopulmonares, diabetes mellitus com vasculopatia, doenças auto-imunes, anemias, infecção.
Fetais:

Anomalias cromossômicas – Trissomias 13, 18, 21
Displasias esqueléticas
Infecções – rubéola, toxoplasmose, citomegalovirose, herpes, sífilis
Gemelaridade
Utero-placentárias:

Anomalias uterinas: descolamento de placenta
Má adaptação da circulação materna
Mosaicismo placentar

3.0 Tipos

RCIU tipo I: É também conhecido como intrínseco, harmonioso, proporcional, simétrico ou precoce . Nestes casos, o fator adverso exerce influência na época da concepção ou no período embriônico (período hiperplásico), levando a diminuição do potencial intrínseco de crescimento. Devido ao início precoce, os três parâmetros que usualmente são avaliados para determinar RCIU são uniformemente afetados: peso fetal, comprimento fetal e circunferência cefálica, com isso as relações de proporcionalidade das partes fetais são mantidas. A incidência de malformações congênitas é alta. Representa aproximadamente 20-30% dos casos de RCIU.

RCIU tipo II: É conhecido como extrínseco, desarmonioso, desproporcional, assimétrico ou tardio e a insuficiência utero-placentária é o mecanismo etiopatogênico. São particularmente comuns durante o último trimestre da gestação (período de hipertrofia). O Peso fetal e as relações de proporcionalidade estão afetados. Óbito intra-utero e sofrimento fetal intraparto são mais comuns neste grupo, que representa 70 a 80% dos casos de RCIU

RCIU tipo III: É o misto em comparação aos outros. Apesar dos fatores serem extrínsecos e aparecerem precocemente na gestação as conseqüências são mais parecidas com as associadas com o RCIU tipo I, quando o peso e o comprimento fetal, em particular, são comprometidos.

4.0 Tratamento

Durante a gestação

Baseia-se no tratamento da patologia específica, manter repouso e realizar ajuste de dieta. É fundamental fazer controle de ecografia a cada 2 semanas até a 28ª semana.

Se houve uma parada de crescimento, deve-se estimular a maturação pulmonar, para que a gestação possa ser interrompida. Deverá ser indicada a interrupção da gestação toda vez que a situação intra-uterina seja mais perigosa que a extra-uterina. A indução da maturação pulmonar deve ser pensada se as provas em líquido amniótico sugerem imaturidade. Freqüentemente, a má circulação placentária faz com que o feto não suporte o trabalho de parto, sendo necessária a cesárea. Caso contrário, deve-se fazer controle de USG a cada semana até a 34ª semana.

Durante o parto

A equipe perinatal deve estar preparada para prevenir, detectar precocemente e atender adequadamente: asfixia perinatal, aspiração de mecônio, hipoxemia e perda de calor.

A mãe

A mãe deve ser encaminhada para atendimento especializado para seguimento clínico e das demais gestações que serão consideradas de risco.

O recém-nascido

O crescimento parece estar diminuindo durante o primeiro ano de vida. Os pequenos para a idade assimétricos costumam perder pouco peso nos primeiros dias e rapidamente crescem até se assemelharem aos adequados da mesma idade gestacional em torno de 3 meses. Os simétricos, no entanto, não adquirem padrão de crescimento ou crescem nos percentis inferiores até 4 a 6 anos.

No desenvolvimento parece haver problemas no quociente de inteligência nos pequenos para idade simétricos. Problemas estão ligados, principalmente, às áreas de percepção, linguagem audição, motricidade, atenção e comportamento.

5.0 Assistência de Enfermagem

Os cuidados de enfermagem iniciam no pré-natal, acompanhando o bem-estar fetal. Cabe à enfermeira analisar os fatores de risco, controlar a altura uterina e o ganho ponderal da gestante.

Lembrando que o pré-natal visa prestar uma assistência adequada e eficaz com acesso facilitado, possibilitando a detecção precoce e acompanhamento de qualquer agravo que comprometa o binômio mãe-filho, para garantir uma gestação e um parto bem sucedidos.

6.0 Bibliografia

MIURA, E., Neonatologia – princípios e prática. Editora Artes Médicas Sul Ltda, Porto Alegre: 1991.

ZIEGEL, E.E., CRANLEY, M.S., Enfermagem Obstétrica, Editora Guanabara Koogan, 8ª edição, Rio de Janeiro: 1985.

Secretaria de Estado da Saúde, Protocolo de Gestação de Alto risco. 3ª edição, Curitiba: 2004.

www.portaldeginecologia.com.br/modules. … cle&sid=89

www.meac.ufc.br/public/M_Obstet/cap18.htm

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