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sexta-feira, março 29, 2024

RISCO CARDÍACO ESTÁ NA CINTURA E NÃO NA BALANÇA

Médicos começam a abandonar o Índice de Massa Corpórea e adotam índice que tem como referência a medida cintura-quadril
Depois de mais de um século usando o Índice de Massa Corpórea (IMC) para calcular o risco que a gordura do corpo causa à saúde, os cardiologistas começam a utilizar uma continha que deixa de usar o peso e a altura como referência. O novo resultado é muito mais preciso para detectar doenças do coração.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), 20% dos cardiologistas do País já usam nas clínicas um índice que tem como referência a proporção cintura-quadril – a medida da cintura dividida pela medida do quadril (tudo em centímetros). O novo cálculo recebeu o aval científico, há menos de um ano, numa das maiores pesquisas já feitas sobre a relação gordura e coração, o InterHeart, em que 27 mil pessoas de 52 países foram avaliadas.

“Gordura não é para ser pesada. Mas, sim, medida e numa região do corpo específica”, diz o cardiologista Álvaro Avezum, do Instituto Dante Pazzanese e diretor da Fundação do Coração (Funcor), da SBC. “A gordura espalhada pelo corpo todo faz menos mal à saúde do que aquela acumulada na região da cintura.”

Ou seja, quando os pneuzinhos ou a barriga são maiores proporcionalmente que a gordura de outras partes do corpo, o risco de enfarte cresce. Teoricamente, quem tem um biotipo parecido com o do Jô Soares, por exemplo, corre menos risco cardíaco do que um semelhante ao do ator Antônio Caloni (o personagem Gustavo, da novela “Páginas da Vida”).

Duas Gorduras

O organismo tem dois tipos de gordura. A subcutânea, que está espalhada por todo o corpo, e a visceral , que envolve os órgãos. A visceral se acumula na cintura. Todo mundo tem as duas gorduras. Mas, em quantidades exageradas, a da cintura faz mais mal que a subcutânea.

“A visceral fica armazenada numa região nobre do corpo, onde estão órgãos importantes (fígado, pâncreas e intestino, por exemplo)”, explica o cardiologista Marcus Bolívar Malachias, professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas. “Em excesso, ela serve de barreira para a circulação sanguínea local.”

As células de gordura da visceral produzem hormônios relacionados à inflamação e à alteração circulatória. Ela, ainda por cima, aumenta a resistência à ação da insulina – hormônio produzido pelo pâncreas e cuja tarefa é a de levar glicose para as células. Sem insulina, o organismo fica sem energia. A visceral também aumenta a quantidade de gordura absorvida pelo fígado, o que sobrecarrega o órgão.

Entre as doenças associadas à gordura visceral, estão diabete, pressão alta, colesterol ruim e triglicérides, todos eles fatores de risco para o coração. O conjunto de problemas é chamado de síndrome metabólica. O quadril, onde também há acúmulo de gordura, não tão prejudicial, entra no novo índice apenas como referência na comparação com a cintura.

IMC

O IMC foi criado no fim do século 19. Ele não leva em conta o quanto a pessoa é musculosa ou onde se encontra a gordura.

“O IMC ainda é importante, mas é menos eficaz”, resume Carlos Serrano, cardiologista do Instituto do Coração (Incor) e diretor da SBC. “Claro que ser obeso, ter gordura espalhada pelo organismo, não faz bem ao coração. Ela sobrecarrega o órgão. Mas se trata apenas de um fator de risco. Não do principal.”

O endocrinologista Walmir Coutinho, presidente da Federação Latino-Americana de Sociedades de Obesidade, alerta que o cálculo do IMC segue sendo importante, como grande alerta. “A obesidade é altíssimo fator de risco para lesões ortopédicas e também para alguns tipos de câncer.”

InterHeart

O InterHeart comprovou em números a eficácia de se usar a proporção cintura-quadril para identificar o risco cardíaco, em relação ao cálculo do IMC, que inclui peso e altura. Um exemplo da falta de exatidão do IMC para problemas cardíacos. “O risco de enfarte detectado em pacientes com a relação quadril-cintura acima do normal é de 24,3%, se comparados aos que estão dentro dos padrões. Já o risco em quem tem IMC alterado é de 7,7%”, calcula Avezum.

O resultado ideal para a relação cintura-quadril é o índice de 0,90 para homens e de 0,85 para mulheres. O IMC acima de 25 é indicação de que a pessoa está acima do peso normal. Mais de 30, é sinal de que está obeso.

“Até quem é aparentemente magro pode ter gordura abdominal”, diz o médico Serrano. O auxiliar administrativo Diogo Araújo Silva, de 21 anos, por exemplo, se encaixa nesse perfil. Silva tem o IMC 24, mas o risco de ter doenças cardíacas é maior do que ele imaginava.

“Quando descobri isso, achei uma loucura. Sou magro, jamais imaginei que minha barriga fosse indicar que corro risco de sofrer problemas no coração”, diz ele, que teve índice 1,06 na relação cintura-quadril. “Achei muito bom saber disso e agora vou investigar com exames detalhados.”

O novo índice ainda não entrou nas diretrizes médicas. “É questão de tempo. O novo cálculo é muito recente”, conclui Serrano, diretor da SBC.

O InterHeart também identificou as regiões do planeta com bons índices de gordura. A China alcançou a melhor proporção cintura-quadril. Em seguida, aparecem países do Sudeste Asiático. A América do Sul ficou em último lugar, no total de seis regiões.

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,AA1290942-5603,00.html

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