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quarta-feira, abril 24, 2024

Sexualidade na Adolescência

Autoria: Fabiana H. Reiter de Almeida

I – GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

A gravidez na adolescência é multicausal e sua etiologia está relacionada a uma série de aspectos que podem ser agrupados em:

1.1- FATORES BIOLÓGICOS

Estão envolvidos desde a diminuição da idade menarca (primeira menstruação) até, o aumento do número de adolescentes na população geral. Sabe-se que as adolescentes engravidam mais e mais a cada dia e em idades cada vez mais precoces. Note-se que a idade da menarca tem se adiantado em torno de quatro meses por década no nosso século, sendo que a idade média para que ocorra é de 12,5 a 13,5 anos. Evidentemente, quanto mais precocemente ocorrer a menarca , mais exposta estará a adolescente.
Gestação: é nas classes econômicas mais desfavorecidas onde há maior abandono e promiscuidade, maior desinformação, menor acesso aos meios de anticoncepcionais, que está a grande incidência da gestação na adolescência.

1.2- FATORES DE ORDEM FAMILIAR

o contexto familiar tem relação direta com a época que se inicia a atividade sexual. Assim sendo, as adolescentes que iniciam a vida sexual precocemente ou engravidam nesse período, geralmente vem de famílias cujas mães também iniciaram a vida sexual precocemente ou engravidaram durante a adolescência.

1.3-FATORES SOCIAIS

as atitudes individuais são influenciadas tanto pela família quanto pela sociedade. E a sociedade tem passado por profundas mudanças em sua estrutura, inclusive aceitando melhor a sexualidade na adolescência, sexo antes do casamento e também a gravidez na adolescência. Portanto, tabus, inibições e estigmas estão diminuindo e consequentemente a atividade sexual e a gravidez aumentando.

1.4-MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS

métodos anticoncepcionais são aqueles que impedem o encontro do espermatozóide com o óvulo, evitando, desse modo, a gravidez. Existem os que impedem a ovulação e os que evitam a penetração dos espermatozóides no útero.

• Pílula anticoncepcional – é um comprimido de hormônio sintético, que deve ser ingerido durante 21 dias no mês, a fim de inibir a ovulação. O método é quase 100% seguro, para evitar a gravidez, mas requer disciplina, pois respeita o ciclo feminino e deve ser seguido de acordo com a orientação médica.
• Camisinha – é o preservativo masculino, invólucro de fina borracha que deve ser colocada no pênis, antes do seu primeiro contato com a vagina. Além de impedir que o espermatozóide fecunde o óvulo, funciona também como uma barreira de proteção contra doenças sexualmente transmissíveis ( AIDS, sífilis, gonorréia e outras ).
• Diafragma – trata-se de um preservativo feminino, uma capinha de borracha que deve ser introduzida, antes da relação sexual, na parte mais profunda da vagina, a fim de cobrir a entrada do colo do útero e impedira entrada dos espermatozóides. Só deve ser retirado oito horas depois.
• Espermicida – tipo de creme ou espuma, contendo substâncias químicas capazes de destruir os espermatozóides. É colocado no fundo da vagina, antes da relação sexual. Só se torna, realmente, eficaz, quando combinado com outros métodos, como o diafragma, por exemplo.
• DIU – é um dispositivo intra-uterino, uma pequena haste de cobre ou silicone, que, introduzida pelo médico dentro do útero, impede que o espermatozóide fecunde o óvulo. É eficaz, mas só pode ser colocado em mulheres que já tiveram filhos.
• Método natural – este método, o único aceito pela igreja católica, consiste em abster-se de relações sexuais durante o período fértil da mulher, isto é, quando o óvulo maduro esta pronto para ser fecundado como o ciclo é de, aproximadamente, 28 dias, esse período localiza-se bem no meio do mês entre as menstruações. Os médicos não recomendam às adolescentes, cujo ciclo ainda é irregular.
• Coito interrompido – consiste em interromper o ato sexual antes da ejaculação masculina. Não é garantido para a gravidez nem o contágio de doenças sexuais.

Estudos mostram que os adolescentes conhecem métodos anticoncepcionais, mas, como suas relações sexuais são esporádicas, não tem prática do seu uso correto. Mais do que nunca, é importante o diálogo de pais, educadores e médicos com os jovens.

A utilização de métodos anticoncepcionais não ocorre de modo eficaz na adolescência, e isso se deve a vários fatores:

1 – A negação da possibilidade de engravidar.

2- O encontro do contraceptivo pelos pais, seria prova explícita da vida sexual a ativa da adolescente.

3- A atividade sexual, é tida como eventual, não justificando o seu uso continuado.

II – REPERCUSSÕES DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

A adolescência caracteriza-se por um período de descoberta do mundo, dos grupos de amigos, de uma vida social mais ampla. Assim, a gravidez pode vir a interromper. Na adolescente, esse processo de desenvolvimento próprio da idade, fazendo-a assumir responsabilidades e papéis de adulta antes da hora, já que dentro em pouco se verá obrigada a dedicar-se aos cuidados maternos. O prejuízo é duplo: nem adolescente plena, nem adulta inteiramente capaz. A adolescência é também uma fase em que a personalidade da jovem está se formando e, por isso mesmo, é naturalmente instável. Se é fundamental que a mãe seja referência para formação da personalidade de seu bebê, os transtornos psíquicos da mãe poderão vira afetar a criança.
Ao engravidar, a jovem tem de enfrentar, paralelamente, tanto os processos de transformação da adolescência como os da gestação. Isto, nesta fase, representa uma sobrecarga de esforços físicos e psicológicos tão grande que para ser bem suportada necessitaria apoiar-se num claro desejo de ser mãe. Porém, geralmente não é o que acontece: as jovens se assustam e angustiam-se ao constatar que lhes aconteceu algo imprevisto e indesejado. Só este fato torna necessário que seja alvo de cuidados materiais e médicos apropriados, de solidariedade humana e amparo afetivo especiais. A questão é que, na maioria dos casos, essas condições também não existem.
Muitas vezes, a dificuldade de contar o fato para a família ou até mesmo constatar a gravidez faz com que as adolescentes iniciem tardemente o pré-natal o que possibilita a ocorrência de complicações e o aumento do risco de terem bebês prematuros e de baixo peso. Além disso, não é raro acontecer, em seqüência, uma segunda gravidez indesejada na jovem mãe. Daí a importância adicional do pré-natal como fonte segura de orientação.
Viver ao mesmo tempo a própria adolescência, cuidar da gestação e, mais tarde, do bebê, não é tarefa fácil. E a vida torna-se ainda mais difícil para a adolescente grávida que estuda e trabalha. Igualmente essa situação não difere com relação ao jovem adolescente que se torna pai: ele se vê envolvido na dupla tarefa de lidar com as transformações próprias da adolescência e as da paternidade, que requerem trabalho, estudo, educação do filho e cuidados com a esposa ou companheira.

Sobre a adolescente

Obstétricas

A gravidez na adolescência apresenta alto índice de complicações, quando comparada com as demais. Para se ter uma idéia da importância deste problema, sabe-se que um sexto dos óbitos que correm nesta faixa etária são devidos às complicações obstétricas.

Educacionais

A jovem mãe tem quase sempre a interrupção de sus estudos quer seja definitiva ou temporariamente. Isto acarretará perdas de oportunidades e piora na qualidade de vida no futuro.

Nutricional

Está provado que uma gravidez que ocorra antes de se completar o desenvolvimento biológico, faz com que se soldem as cartilagem de conjugação ( responsável pelo crescimento), prejudicando a estrutura final da adolescente. Além disso, na adolescência há uma maior necessidade de sais minerais, vitaminas, proteínas etc. e o feto por sua vez necessita de um aporte muito grande destes elementos “prejudicando” o desenvolvimento materno.

Emocionais

Devido a sua habilidade emocional e imaturidade as adolescentes sofrem alterações psicológicas que acabam por tornar mais violentos sentimentos já presentes anteriormente, ou seja, hostilidade, depressão e ansiedade. Por exemplo, o número de suicídios aumenta e muito mais nas adolescentes grávidas, quando comparado às não grávidas.

Sobre a criança

Aumentam o número de recém nascidos de baixo peso, prematuros, doenças respiratórias e traumas obstétricos.
Não há dúvidas que a criança que nasce advinda de uma mãe adolescente, corre maior número de riscos tanto físicos imediatos, quanto psico sociais que se manifestam a longo prazo.
A mãe freqüentemente abandona o filho, ou o entrega a doação sujeitando-o freqüentemente a maus tratos.

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