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terça-feira, abril 16, 2024

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM (SAE)

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM (SAE)

DOMINGUES,Christiane Oliveira
Enfermeira graduada pela Universidade Federal de Pelotas, Especialista em Administração Hospitalar pela UCPel

AMESTOY, Simone Coelho
Enfermeira graduada pela Universidade Federal de Pelotas

SANTOS; Elodi dos
Professora da Universidade Federal de Pelotas, Mestre em Enfermagem

1. INTRODUÇÃO

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), é um processo, um método sistematizado de prestação de cuidados que visa a obtenção de resultados desejados de uma maneira rentável. É sistemático por se constituir de etapas, durante as quais são dados passos deliberados para potencializar a eficiência e atingir resultados benéficos. Este processo sempre foi desenvolvido pelos enfermeiros como forma de prestar assistência ao paciente, sendo aperfeiçoado com o passar do tempo e atualizado a partir de estudos e bases científicas até os dias de hoje, onde foi introduzida esta nomenclatura (Sistematização da Assistência de Enfermagem) ao ser obrigatória sua implementação nas instituições de saúde desde agosto de 2002, através de uma resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN).
A SAE é um assunto amplo e, está intimamente ligado ao trabalho diário do enfermeiro, mesmo por aqueles que desconhecem o assunto, pois diante de suas ações dentro do cuidado assistencial prestado ao paciente se desenvolvem vários pontos que fazem parte do processo da SAE, porém ainda tem um desenvolvimento precário e não sistematizado. Faz-se necessário esclarecer exatamente o que é, como surgiu e para que serve a sistematização, pois é um tema ainda pouco explorado. Para isto, achamos melhor começar por uma exposição dos principais fatos históricos até chegar a este processo atual da Sistematização da Assistência de Enfermagem, tendo assim uma idéia de quando e como se iniciou este processo.
Para isto, iniciamos a partir dos marcos temporais, através dos seus registros históricos, do surgimento e das etapas do desenvolvimento, abordando também a questão legal e as diferenças entre o diagnóstico médico e o diagnóstico de enfermagem, que é um dos pontos discutidos dentro do tema. Buscamos também os fundamentos através das bases teóricas e como proceder para melhor desenvolver o processo. Após, achamos relevante citar as vantagens proporcionadas pela SAE e correlacioná-la na prática profissional exemplificando através de sua implementação em uma instituição hospitalar que já utiliza a Sistematização da Assistência de Enfermagem.

2. METODOLOGIA

Este é um estudo bibliográfico, de caráter exploratório, documental e descritivo.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante muitas décadas na maioria das instituições de saúde, ou não havia ou não era utilizado um método para sistematizar a assistência de enfermagem. Mas com o tempo, as enfermeiras sentiram necessidade de criar uma forma para sistematização dos cuidados. No Brasil, iniciou na década de 70, com Wanda Horta de Aguiar, que formulou a teoria das necessidades humanas básicas e desenvolveu o processo de Enfermagem como forma de aplicação de sua teoria na prática. Segundo Possari (2005), Wanda define o processo de Enfermagem como sendo a dinâmica das ações sistematizadas e interrelacionadas, visando ao cuidado ao ser humano.
Então, a partir das experiências vivenciadas no campo de trabalho, Wanda Horta percebeu a necessidade de criar meios para desenvolver e definir o campo de atuação da enfermagem, com o histórico de enfermagem e o desenvolvimento do processo.
Este processo serve para elaborar o cuidado a ser prestado e melhor registrá-lo, mas quando realizado, muitas vezes não é feita a etapa do diagnóstico de enfermagem. A maioria dos profissionais (enfermeiros), apresenta grande dificuldade em desenvolver a fase do diagnóstico de enfermagem. De acordo com Nanda (2002), nos registros ao invés de encontramos diagnósticos de enfermagem, tinhamos o que chamávamos de lista de problemas de enfermagem, estas eram formadas de diagnósticos médicos, sinais e sintomas, medidas terapêuticas diversas e raramente, queixas, sentimentos e expectativas dos pacientes.
Alguns enfermeiros, tanto os que apresentam menor interesse pelo diagnóstico de enfermagem como também alguns daqueles interessados pelo tema, encontram-se confusos entre diferenciar diagnóstico médico e diagnóstico de enfermagem.
Conforme Brunner e Suddarth (2000), os diagnósticos de enfermagem são problemas atuais ou potenciais do paciente passíveis de resolução pelas ações independentes da enfermagem. Já o diagnóstico médico consiste em um produto que visa o oferecimento de informações que auxiliem na conduta clínica, como informar o paciente, requisitar exames complementares, prognosticar e indicar tratamento (LOPEZ, 2001).
Os enfermeiros devem ser comprometidos com sua profissão e saber o que cabe a eles enquanto profissionais, executando as atividades que é de direito. Buscando respaldar a enfermagem em questões legais da profissão, o COFEN (2002) criou a Resolução 272 referente à Sistematização da Assistência de Enfermagem que trata da aplicação do processo de enfermagem na prática dos enfermeiros integrantes de instituições de saúde públicas e privadas. A Sistematização da Assistência de Enfermagem consiste em uma atividade privativa do enfermeiro, através de métodos e estratégias de trabalho científico, visando identificar as situações de saúde e doença, subsidiando ações de assistência de enfermagem, que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade.
Para chegar ao processo de enfermagem foi preciso concentrar conhecimentos adquiridos mediante a prática profissional dos enfermeiros, assim como também as necessidades enfrentadas durante a assistência. Sendo a enfermagem, hoje, uma ciência aplicada, ela deixa a fase de empirismo histórico para trás e passa para uma fase científica, a qual necessita desenvolver suas teorias para aplicar métodos e instrumentos específicos de trabalho científico (FERRER, 2005).
É indispensável citar que a enfermagem possui um grande acervo de teorias que fazem parte da história da profissão, e este processo de enfermagem surgiu a partir de uma teoria, criada por Wanda Horta de Aguiar. Autora da teoria das necessidades humanas básicas, ela desenvolveu o processo como forma de aplicação de sua teoria na prática, pois as teorias podem ser utilizadas por profissionais como um guia e algo que aprimore sua prática. Aqui foi relatada a teoria das necessidades humanas básicas, porque foi através dela que se desenvolveu o processo de Enfermagem (assunto em questão), hoje implementado como Sistematização da Assistência de Enfermagem.
Para realizar o processo, além da enfermeira usar seus conhecimentos teóricos e práticos e sua capacidade de raciocínio clínico, ela deve para obter o resultado esperado utilizar indispensavelmente todas as etapas do processo, iniciando com o histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, planejamento, evolução.
Com a efetuação da SAE espera-se que seja desenvolvido este processo para melhorar a comunicação interprofissional, prevenir erros, omissões e repetições desnecessárias, obtendo-se com isso uma satisfação nos resultados esperados.
Os registros desenvolvidos pela sistematização servem de instrumento para pesquisa, proporcionam esta comunicação entre as equipes de saúde e também com outros setores da instituição, como o setor de faturamento e os serviços de auditorias, garantindo ao profissional de enfermagem e à instituição o respaldo ético-legal, o qual representa um importante meio para assegurar a qualidade da assistência prestada.
Através de um estudo desenvolvido por Backes (2005) realizado em um hospital filantrópico de grande porte, da cidade de Pelotas, visualizamos o processo de implementação da SAE nesta instituição, desenvolveu-se uma metodologia, que começou a partir da criação de um grupo para elaboração do projeto SAE, formado por enfermeiros dispostos a começar a difundir a sistematização entre os demais colegas. Demonstrou-se pelos enfermeiros que a SAE é um processo de qualificação do profissional e de valorização e reconhecimento, capaz de proporcionar maior qualidade e eficiência na assistência, autonomia e cientificidade à profissão. Mas também, segundo eles, há dificuldades para desenvolver a SAE, como a sobrecarga de trabalho, por desvios de função e número insuficiente de profissionais.

4. CONCLUSÕES

Vimos, ao longo deste estudo, que a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é parte de um processo que vem sendo desenvolvido ao longo do tempo por enfermeiros comprometidos em melhorar cada vez mais a assistência prestada aos pacientes e que buscam a valorização da profissão. Pois proporciona uma maior autonomia para o enfermeiro, um respaldo legal seguro através dos registros de enfermagem, além de promover uma melhor aproximação do enfermeiro em relação ao paciente e desenvolver uma enfermagem com característica científica.

5. REFERÊNCIAS

BACKES, D.S. et al. Sistematização da assistência de enfermagem: percepção dos enfermeiros de um hospital filantrópico. Acta Scientiarum-Health Science. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, v.27, n1, jan/jun. 2005.

BRUNNER, L. SUDDARTH, D. Enfermagem médico-cirúrgica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2000.

COFEN- CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM- Legislação. Brasil, 2002.

FERRER, J. Resolução Cofen 272/2002: a sistematização da assistência de enfermagem em uma UTI geral. Trabalho Monográfico (Graduação em Enfermagem). Faculdade de enfermagem. Universidade Federal de Pelotas, 2005.

LOPEZ, M. O processo diagnóstico nas decisões clínicas: ciência-arte-ética. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.

NANDA (NORTH AMERICAN NURSING ASSOCIANTION). Definições e classificações 2001-2002. 4 ed.Tradução de Jeanne Liliane Marlene Michel. Porto Alegre: Artmed, 2002.

POSSARI, João. SAE- Sistematização da Assitência de Enfermagem. Disponível em < www. Joaopossari. hpg. ig. com.br/ sae.htm>

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