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sexta-feira, março 29, 2024

Teorias de Enfermagem – Wanda de Aguiar Horta (1926 A 1981)

Autoria: Lizandra Inhasz

Nasceu em 11 de agosto de 1926, natural de Belém do Pará. Permaneceu em Belém até os 10 anos de idade onde iniciou seus estudos primários no Colégio Progresso Paraense. Em 1936 a família Aguiar muda-se para Ponta Grossa, no Paraná, onde concluiu o curso no Colégio Regente Feijó da mesma cidade. Participou de um curso para Voluntários Socorristas na Cruz Vermelha de Ponta Grossa. Desejava ingressar na Faculdade de Medicina, mas por motivos financeiros e por não ter a idade requerida para o ingresso procura trabalhar e estudar para o vestibular. É convidada por Dona Rosalina Niepce da Silva, diretora do Posto de Puericultura da Legião Brasileira da Assistência para trabalhar em atividades de enfermagem no qual adquiri noções de patologias e pediatria. No início de 1945 ganha uma bolsa de estudos para a Escola de Enfermagem de São Paulo. Em Julho de 1945 a Novembro de 1948 faz o curso de Enfermagem. De dezembro de 1948 a dezembro de 1949, trabalha em Santarém no SESP onde adquiriu uma perspectiva da enfermagem no qual ela conservou durante toda a sua vida. Graduada pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, em 1948. Em dezembro de 1949 a 1954 chefia o serviço de Enfermagem no Sanatório Médico Cirúrgico do Portão Divisão de Tuberculose da Secretaria de Saúde Pública do Estado do Paraná. Seu primeiro artigo “Conceito de Enfermagem” foi publicado na Gazeta do Povo em Curitiba em 12 de maio de 1951. Licenciada em história natural pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Paraná, Curitiba em 1953. Em 1954, casa-se com o Engenheiro Luís Emílio Gouveia Horta aos 27 anos, (neste mesmo ano Wanda Horta retorna a São Paulo e trabalha no Hospital Central Sorocabano de 1954 a 1955) onde foi chefe do serviço de Enfermagem, no Sanatório do Mandaqui em 1955 e no Pronto Socorro da Carteira de Acidentes do Trabalho do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (1955 a 1958), foi professora do curso de Auxiliares de Enfermagem do Hospital Samaritano no período de 1956 a 1958. Pós-graduada em Pedagogia e didática aplicada à Enfermagem na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, em 1962. Doutora em Enfermagem, na Escola de Enfermagem Ana Néri da Universidade Federal do Rio de Janeiro com a tese intitulada “A observação sistematizada na identificação dos problemas de enfermagem em seus aspectos físicos”, apresentada à cadeira de Fundamentos de Enfermagem, Rio de Janeiro, em 31 de outubro de 1968. Docente-Livre da cadeira de Fundamentos de Enfermagem, da Escola de Enfermagem Ana Néri da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 31 de outubro de 1968. Professora livre-docente da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, em 1970. Professora Adjunta da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, concurso realizado em 2 de abril de 1974. Na escola de enfermagem da Universidade de São Paulo no período de 1959 a 1981, como professora auxiliar de Ensino da Cadeira de Fundamentos de Enfermagem de 1959 a 1968, como professor livre docente no período de 1970 a 1974, como Professor Titular das disciplinas Introdução à Enfermagem e Fundamentos de Enfermagem, no período de 1968 a 1974, como professor adjunto de 1974 a 1977. Em 1981, ano de seu falecimento, foi proclamada Professor Emérito pela Egrégia Congregação da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.

Em seu retorno em 1959 à Escola de Enfermagem da USP desenvolveu o núcleo central do seu trabalho que constituiu na elaboração de vasta fundamentação teórica para a Enfermagem culminando com a elaboração da Teoria nas Necessidades Humanas Básicas. A intenção de Wanda Horta era de procurar desenvolver uma teoria que pudesse explicar a natureza da enfermagem, definir seu campo de ação específico, sua Metodologia científica Esta teoria foi fundamentada nas necessidades humanas básicas conforme descrito na teoria da motivação humana de Maslow, nas leis do equilíbrio, da adaptação e do holismo.

Muitos dos programas das ciências básicas para a enfermagem tiveram a sua orientação inicial, assumindo e coordenando muitas disciplinas, onde dava aulas, acompanhava estágios e seminários, participava de inúmeras bancas examinadoras, orientava trabalhos, em especial os de pesquisa, avaliava a produção científica e estimulava a publicação.

Quanto aos cursos de Pós-Graduação, a presidente do CPG assim se manifestou: “a pós-graduação só existe porque existiu Dra Wanda”.

Deve-se a Dra Wanda a abertura do mestrado. Quando este foi autorizado, só o foi para Fundamentos de Enfermagem onde recebeu as primeiras 57 alunas em 1973, enquanto se aguardava que as demais áreas fossem liberadas, o que ocorre em 1975. Organizou o Departamento de Enfermagem Médico-cirúrgica.

Para melhor divulgar suas idéias, criou e manteve de 1975 a 1979, sem apoio de qualquer órgão oficial a revista “Enfermagem em Novas Dimensões” onde divulgou 13 artigos e 22 editoriais. Esta publicação se tornou um marco editorial da Enfermagem brasileira. Era uma revista dinâmica, de diagramação moderna, voltada para a divulgação e o estímulo “a pesquisa científica na comunidade da enfermagem”.

Sua força residia na certeza que tinha de seus objetivos. Transformar a Enfermagem executora de tarefas e centrada na doença em uma enfermagem baseada no método científico e voltada para o ser humano. Suas armas nesta batalha foram sua inteligência viva, seu carisma pessoal, sua disposição sem limites e seu entusiasmo pela enfermagem.

Wanda Horta buscou ao longo de sua trajetória criar e transmitir um conceito de enfermagem que englobasse os aspectos, muitas vezes conflitantes, de arte humanitária, ciência e profissão.

A obra de Wanda Horta permite ser interpretada, na enfermagem brasileira, como um divisor de épocas – antes de se falar em teorias de enfermagem e depois, quando se fala sobre teorias de enfermagem construída por enfermeiros.

Suas realizações são tantas que se torna impossível enumera-las. Participou em muitas conferências em diversos pontos do país e no exterior, organizou cursos de graduação e pós-graduação em diversos estados brasileiros, compareceu em atividades culturais no Brasil e no Exterior. Wanda Horta enfrentou muitas resistências. As idéias desta pioneira perturbaram Baluartes, conservadores da enfermagem. Inúmeras barreiras tiveram que ser vencidas. Viveu o último ano de sua vida em cadeira de rodas, pois era vítima de Esclerose múltipla, uma doença degenerativa.

Para compreendermos a Teoria de Enfermagem por WANDA HORTA temos que saber alguns conceitos a seguir:

O que é Ciência?

Conjunto metódico de conhecimentos obtidos mediante a observação e a experiência. Saber e habilidade que se adquire para o bom desempenho de certas atividades.

O que é Ciência na Enfermagem?

A enfermagem, desde seus primórdios, vem acumulando um corpo de conhecimentos e técnicas empíricas e hoje desenvolve teorias relacionadas entre si que procuram explicar estes fatos à luz do universo natural. Partindo-se dos conceitos expostos na introdução deste trabalho, a enfermagem pretende alcançar o desvelamento de um ser, o ser humano (indivíduo, família, comunidade), como este é, por sua própria definição, inobjetivável, a enfermagem determina seu objeto e os entes que têm como habitáculo este ser. O objeto da enfermagem é assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, sendo estas os entes da enfermagem.

Descrever estes entes explica-los, relaciona-los entre si e predizer sobre eles – eis, em síntese a ciência da enfermagem.

O QUE É FILOSOFIA NA ENFERMAGEM?

A Filosofia leva à Unidade de pensar, e este pensar se dirige à busca da Verdade, do Bem e do Belo.

A Enfermagem, como os outros ramos do conhecimento humano, não pode prescindir de uma filosofia unificada que lhe dê bases seguras para o seu conhecimento.

Filosofar é “pensar a realidade”, é uma interrogação. Inúmeros são os conceitos de filosofia, mas todos eles têm em comum: o Ser, o Conhecer e a Linguagem.

O Ser “aquilo que é”, é a realidade. Na Enfermagem distinguimos três Seres: o Ser-Enfermeiro, o Ser-Cliente ou Paciente e o Ser-Enfermagem.

O Ser-Enfermeiro é um ser humano, com todas as suas dimensões, potencialidades e restrições, alegrias e frustações; é aberto para o futuro, para a vida, e nela se engaja pelo compromisso assumido com a enfermagem. Este compromisso levou-o a receber conhecimentos, habilidades e formação de enfermeiro, sancionados pela sociedade que lhe outorgou o direito de cuidar de gente, de outros seres humanos. Em outras palavras: o Ser-Enfermeiro é gente que cuida de gente.

O Ser-Cliente ou Paciente pode ser um indivíduo, uma família ou uma comunidade; em última análise, são seres humanos que necessitam de cuidados de outros seres humanos em qualquer fase de seu ciclo vital e do ciclo saúde-enfermidade.

Quando o Ser-Enfermeiro está isolado, ele não exerce enfermagem a não ser consigo mesmo. Para que surja o Ser-Enfermagem é indispensável à presença de outro ser humano, o Ser-Cliente ou Paciente. Do encontro do Ser-Enfermeiro com o Ser-Cliente surge uma interação resultante das percepções, ações que levam a uma transação; neste momento surge o Ser-Enfermagem: um ser abstrato, um Ser que se manifesta na interação e transação do Ser-Enfermeiro com o Ser-Cliente ou Paciente. O Ser-Enfermagem é um Ser que tem como objeto assistir às necessidades humanas básicas. Está, portanto, intrinsecamente ligado ao ser humano. Esta assistência ao ser humano ocorre no ciclo saúde-enfermidade e em qualquer fase do ciclo vital. O Ser-

Enfermeiro aparece na iminência ou na transcendência da ação de Enfermagem. O aspecto iminente da ação do Ser-Enfermeiro surge naquilo que é rotineiro, cotidiano, mas não fica a ele limitado. Para atingir sua plenitude de ação o Ser-Enfermeiro se subtranscende e pode alcançar assim os níveis mais elevados do Ser enfermagem.

Transcender o Ser-Enfermagem é ir além da obrigação, do “ter o que fazer”. É estar comprometido, engajado na profissão, é compartilhar com cada ser humano sob seus cuidados a experiência vivenciada em cada momento. É usar-se terapeuticamente, é dar calor humano, é se envolver com cada ser e viver cada momento como o mais importante de sua profissão. Esta transcendência assume um caráter mais importante no binômio vida-morte. Ajudar a vir ao mundo um novo ser, nele ver todo o potencial que se desenvolverá, o mistério da vida, é transcendental. A morte, fim inevitável de todos nós, é a ocasião única para a transcendência do Ser-Enfermagem, no exato momento em que ajuda o outro ser a crescer e se autotranscender na passagem para uma outra vida, da qual pouco ou nada sabemos, mas que, com a ajuda do Ser-Enfermeiro, o ser humano suporta sem temor, em paz, com segurança. Obter este resultado leva o Ser-Enfermeiro aos píncaros da Transcendência do Ser-Enfermagem. É uma experiência única e jamais se repete por igual.

O QUE É ENFERMAGEM SEGUNDO WANDA HORTA?

Publicado em 1968 pela própria Wanda Horta “Enfermagem é ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, de torna-lo independente desta assistência através da educação; de recuperar, manter e promover sua saúde, contando para isso com a colaboração de outros grupos profissionais”.

PARA QUE SERVE E COM QUE SE OCUPA A ENFERMAGEM?

Duas questões fundamentais foram perseguidas no trabalho de Wanda Horta. A primeira, a quem serve a Enfermagem? Respondida finalmente em sua teoria como uma afirmação: “A enfermagem é um serviço prestado ao ser humano”, e a segunda, com que se ocupa a Enfermagem? Respondida então que “a enfermagem é parte integrante da equipe de saúde e como tal se ocupa em manter o equilíbrio dinâmico, prevenir desequilíbrios e reverter desequilíbrios em equilíbrio do ser humano”.

TEORIA DE ENFERMAGEM POR WANDA HORTA

A Enfermagem busca o aprimoramento dos conhecimentos embasados na ciência, portanto, desenvolveu conceitos e teorias visando a explicação de seus eventos referentes ao universo natural.

A teoria não diz como agir, mas diz o que acontecerá atuando-se de uma certa maneira, sendo um guia para coleta de fatos, na busca de novos conhecimentos e que explica a natureza da ciência.

“ENFERMEIRO É UM SER HUMANO QUE CUIDA DE OUTRO SER HUMANO”

A teoria se apóia e engloba leis gerais que regem os fenômenos universais, tais sejam, por exemplo, a lei do equilíbrio ( homeostase ou homeodinâmica): todo o universo se mantém por processos de equilíbrio dinâmico entre os seus seres; a lei da adaptação: todos os seres do universo interagem com seu meio externo buscando sempre formas de ajustamento para se manterem em equilíbrio; lei do holismo: o universo é um todo, o ser humano é um todo, a célula é um todo, esse todo, não é mera soma das partes constituintes.

A teoria se enfermagem de Wanda Horta foi desenvolvida a partir da teoria da motivação humana, de MASLOW, que se fundamenta nas necessidades humanas básicas.

A ENFERMAGEM É UM SERVIÇO PRESTADO AO SER HUMANO SEJA ELE INDIVÍDUO, FAMÍLIA, COMUNIDADE

O ser humano é parte integrante do universo dinâmico, e como tal, sujeito a todas as leis que o regem, no tempo e no espaço.
O ser humano está em constante interação com o universo, dando e recebendo energia.
A dinâmica do universo provoca mudanças que o levam a estados de equilíbrio e desequilíbrio no tempo e no espaço.
O ser humano como parte integrante do universo está sujeito a estados de equilíbrio e desequilíbrio no tempo e no espaço.
O ser humano se distingue dos demais seres do universo por sua capacidade de reflexão, por ser dotado do poder de imaginação e simbolização e poder unir presente, passado e futuro. Estas características permitem sua unicidade, autenticidade e individualidade.
O ser humano, por suas características, é também agente de mudanças no universo dinâmico, no tempo e no espaço; conseqüentemente: O ser humano, como agente de mudança, é também a causa de equilíbrio e desequilíbrio em seu próprio dinamismo. Os desequilíbrios geram, no ser humano, necessidades que se caracterizam por estados de tensão conscientes ou inconscientes que o levam a buscar satisfação de tais necessidades para manter seu equilíbrio dinâmico no tempo e no espaço. As necessidades não atendidas ou atendidas inadequadamente trazem desconforto, e se este se prolonga é causa de doença.
Estar com saúde é estar em equilíbrio dinâmico no tempo e no espaço.
A ENFERMAGEM É PARTE INTEGRANTE DA EQUIPE DE SAÚDE

Como parte integrante da equipe de saúde, a enfermagem mantém o equilíbrio dinâmico, previne desequilíbrios e reverte desequilíbrios em equilíbrio do ser humano, no tempo e no espaço.
O ser humano tem necessidades básicas que precisam ser atendidas para seu completo bem-estar.
O conhecimento do ser humano a respeito do atendimento de suas necessidades é limitado por seu próprio saber, exigindo, por isto, o auxílio de profissional habilitado.
Em estados de desequilíbrio esta assistência se faz mais necessária.
Todos os conhecimentos e técnicas acumuladas sobre a enfermagem dizem respeito ao cuidado do ser humano, Istoé, como atende-lo em suas necessidades básicas.
A enfermagem assiste o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, valendo-se para isto dos conhecimentos e princípios científicos das ciências físico-químicas, biológicas e psicossociais. A conclusão será:
“A enfermagem como parte integrante da equipe de saúde implementa estados de equilíbrio, previne estados de desequilíbrio e reverte desequilíbrio em equilíbrio pela assistência ao ser humano no atendimento de suas necessidades básicas; procura sempre reconduzi-lo à situação de equilíbrio dinâmico no tempo e no espaço”.
Desta teoria decorrem conceitos, proposições e princípios que fundamentam a ciência da enfermagem.
CONCEITOS, PROPOSIÇÕES E PRINCÍPIOS.

Partindo-se da teoria proposta, o primeiro conceito que se impõe é o de enfermagem: enfermagem é a ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, de torna-lo independente desta assistência, quando possível, pelo ensino do autocuidado; de recuperar, manter e promover a saúde em colaboração com outros profissionais.

Assistir em enfermagem é fazer pelo ser humano quilo que ele não pode fazer por si mesmo; ajudar ou auxiliar quando parcialmente impossibilitado de se autocuidar; orientar ou ensinar, supervisionar e encaminhar a outros profissionais.

Destes conceitos algumas proposições podem ser inferidas:

– As funções do enfermeiro podem ser consideradas em três áreas ou campos de ação distintos:

ÁREA ESPECÍFICA – Assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas e torna-lo independente desta assistência, quando possível, pelo ensino do auto-cuidado.
ÁREA DE INTERDEPENDÊNCIA OU DE COLABORAÇÃO – a sua atividade na equipe de saúde nos aspectos de manutenção, promoção e recuperação da saúde.
ÁREA SOCIAL – Dentro de sua atuação como um profissional a serviço da sociedade, função de pesquisa, ensino, administração, responsabilidades legais e de participação na associação de classe.
– A ciência da enfermagem compreende o estudo das necessidades humanas básicas, dos fatores que alteram sua manifestação e atendimento, e na assistência a ser prestada.

– A enfermagem respeita e mantém a unicidade, autenticidade e individualidade do ser humano.

– A enfermagem é prestada ao ser humano e não à sua doença ou desequilíbrio.

– Todo o cuidado de enfermagem é preventivo, curativo e de reabilitação.

– A enfermagem reconhece o ser humano como membro de uma família e de uma comunidade.

– A enfermagem reconhece o ser humano como elemento participante ativo no seu autocuidado.

– Para que a enfermagem atue eficientemente, necessita desenvolver sua metodologia de trabalho que está fundamentada no método científico. Este método de atuação da enfermagem é denominado processo de enfermagem.

DEFINIÇÃO DA TEORIA

TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS

A teoria se apóia e engloba leis que regem os fenômenos universais. Fundamenta-se na teoria de Necessidades Humanas Básicas de Maslow e Mohana.

Homeostase ou Homeodinâmica: todo o universo se mantém por processos de equilíbrio dinâmico entre os seus seres.

Adaptação: todos os seres do universo interagem com seu meio externo buscando sempre formas de ajustamento para se manter em equilíbrio.

Holismo: o universo é um todo, o ser humano é um todo, a célula é um todo, esse todo não é mera soma das partes constituintes de cada um.

Assistir em enfermagem: é fazer pelo ser humano aquilo que ele não pode fazer por si mesmo. É ajudar e auxiliar quando parcialmente impossibilitado de se autocuidar. Orientar e ensinar, supervisionar e encaminhar a outros profissionais.

Necessidades Humanas Básicas – São estados de tensões, conscientes ou inconscientes, resultantes dos desequilíbrios homeodinâmicos dos fenômenos vitais. Em estado de equilíbrio dinâmico, as necessidades não se manifestam. As necessidades são universais, portanto comum a todos os seres humanos, o que varia de um indivíduo para outro é a sua manifestação e a maneira de satisfaze-la ou atende-la.

Podem ocorrer alterações durante a assistência de enfermagem nas necessidades humanas básicas, portanto a mesma é considerado ente concreto da ciência de enfermagem.

PROCESSO DE ENFERMAGEM SEGUNDO WANDA HORTA

HISTÓRICO DE ENFERMAGEM – roteiro sistematizado para o levantamento de dados.

DIAGNÓSTIO DE ENFERMAGEM – Identificação das necessidades do ser humano.

PLANO ASSISTENCIAL – Conceito de assistir em enfermagem, encaminhamentos, supervisão (observação e controle), orientação, ajuda e execução de cuidados (fazer).

PLANO DE CUIDADOS OU PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM – Implementação do plano assistencial pelo roteiro diário que coordena a ação da equipe de enfermagem na execução dos cuidados adequados ao atendimento das necessidades básicas.

EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM – relato diário das mudanças sucessivas que ocorrem no ser humano.

PROGNÓSTICO DE ENFERMAGEM – Estimativa da capacidade do ser humano em atender suas necessidades básicas alteradas após a implementação do plano assistencial.

DIFERENÇAS ENTRE ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E CUIDADO DE ENFERMAGEM

ASSISTÊNCIA – Aplicação pelo enfermeiro(a) do processo de enfermagem para prestar o conjunto de cuidados e medidas que visam atender as necessidades básicas do ser humano.

CUIDADO – Ação planejada, deliberada ou automática do enfermeiro(a), resultante de sua percepção, observação e análise do comportamento, situação ou condição do ser humano.

Necessidades Psicobiológicas Necessidades Psicossociais
Oxigenação Segurança
Hidratação / Nutrição Amor
Eliminação Liberdade
Sono e Repouso Comunicação
Exercício e atividades físicas Criatividade
Sexualidade Aprendizagem (educação a saúde).
Abrigo
Recreação

Mecânica Corporal
Lazer

Motilidade
Espaço

Cuidado Corporal
Orientação no tempo e espaço

Integridade cutâneo-mucosa
Aceitação

Integridade Física
Auto-realização

Regulação: térmica, hormonal, neurológica, hidrossalina, eletrolítica, imunológica, crescimento celular, vascular
Auto-estima

Locomoção
Participação

Percepção: olfativa, visual, auditiva, tátil, gustativa, dolorosa
Auto-imagem

Ambiente Atenção
Terapêutica Necessidades Psicoespirituais: religiosa ou teológica / ética ou de filosofia de vida

O conceito diagnóstico de enfermagem no Brasil

As publicações sobre diagnóstico de enfermagem no Brasil iniciam com a Dra Wanda Horta na década de 60. Assim definiu o diagnóstico de enfermagem: “É a identificação das necessidades básicas do indivíduo (família ou comunidade) que precisam de atendimento e a determinação, pela Enfermagem, do grau de dependência deste atendimento em natureza e extensão”.

No conjunto das publicações sobre o tema, pudemos perceber na obra de Wanda Horta uma busca pela especificação da essência do diagnóstico. Notamos que a autora ficou próxima à concepção de conjunto que um diagnóstico nomeia, quando faz referências às síndromes de enfermagem. Estas síndromes podem ser entendidas como uma forma embrionária de um padrão de resposta apresentado pelo cliente.

Entretanto, a obra de Wanda Horta sofreu uma solução de continuidade no que toca ao diagnóstico de enfermagem. Embora, o modelo teórico de Horta seja adotado em várias instituições, constatamos através das leituras que a implementação da teoria não observa, por exemplo, a correlação existente entre histórico e diagnóstico. No que pese esta correlação ser enfatizada e considerada fundamental pela teorista.

CONCLUSÃO DO GRUPO

Podemos afirmar que a Enfermeira Wanda Horta foi uma visionária, uma pessoa que via na Enfermagem mais que uma profissão, ante talvez, um estilo de vida em que a dedicação ao bem estar do paciente ocupava o topo da lista de prioridades na área da saúde. Pode-se observar por suas teorias e suas intenções com a mesma, uma indiscutível preocupação com a saúde no verdadeiro sentido da palavra, desde proporcionar conforto ao paciente em convalescença até a pequenos detalhes na aplicação de cuidados básicos para execução de procedimentos essenciais.

Exigir hoje de um enfermeiro a abnegação exemplar de Wanda Horta pode parecer utópico, mas isso acontece principalmente porque a enfermagem passou a ser vista como carreira com seus degraus a serem ultrapassados, com objetivos puramente profissionais, o paciente se tornou cliente, receber um serviço e solucionar o problema que aflige apenas um encargo da função. Como quase tudo tem mudado com tendência de unificar a forma de pensar (globalização), a enfermagem que no começo de suas atividades sofria com uma série de preconceitos injustos, pela influência de Wanda Horta teve indicações do caminho a ser seguido para que se tornar uma profissão e principalmente uma ciência com conceitos independentes e indispensáveis; as mudanças aconteceram e foram valiosas, sem dúvida, mas ainda falta um caminho longo a ser percorrido até que o enfermeiro e a enfermagem ocupem devidamente o seu lugar no rol das profissões e possa amenizar o sofrimento dos que procuram o serviço de saúde.

BIBLIOGRAFIA

Horta Wanda de Aguiar – Processo de Enfermagem-Edit. EPU

www.joaopossari.hpg.ig.com.br

www.abennacional.org.br

www.unb.br

www.ppg.uem.br

www.ipub.ufrj.br

www.scamilo.edu.br

www.uff.br

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