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sexta-feira, abril 26, 2024

Acolhimento e Atendimento de Enfermagem ao Idoso

SUMÁRIO

1. Introdução
2. Objetivos 
2.1. Geral 
2.2. Específicos 
3. Referencial Teórico
3.1. Políticas Públicas para a saúde do idoso
3.2. Promoção e Prevenção da saúde
3.3. Qualidade de vida dos idosos
3.4. Morbidade hospitalar em idosos
3.5. Cuidado de Enfermagem ao idoso hospitalizado
4. Metodologia 
4.1. Tipo de estudo
4.2. Local do estudo
4.3. Sujeito do estudo
4.4. Instrumento de coleta de dados
4.5. Organização e análise dos dados
4.6. Aspectos éticos e legais da pesquisa
5. Análise dos resultados
6. Referências

1. Introdução

O envelhecimento é um processo onde as alterações fisiológicas acontecem de forma natural ao longo do tempo. Essas alterações podem estar relacionadas a fatores genéticos, ambientais, pelo estilo de vida e também, pelo surgimento das doenças. 

A expectativa de vida vem crescendo ao longo dos anos, decorrente dos avanços das ciências da saúde, que conseguiram retardar o envelhecimento. Entretanto, o objetivo hoje não é mais, adiá-lo e sim, prolongar a duração da vida com qualidade, gerando assim, o desafio do desenvolvimento de políticas sociais e de saúde para os impactos dessa nova realidade. (HOFFMAN, 2002; SALES & SANTOS, 2007).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS (2002), a estimativa para a população idosa brasileira é de que haja um aumento de 15 vezes, desde o período de 1950 a 2025. Com isso, o Brasil, em 2025 será o 6º país com a maior população com pessoas de mais de 60 anos, devendo totalizar 32 milhões de pessoas.

Com essa mudança na pirâmide etária observa-se que a população idosa está cada vez mais presente nas instituições de saúde devido ao aumento da prevalência das doenças crônico-degenerativas podendo causar ainda mais dependências, tanto pela perda de autonomia, quanto pelo aumento da permanência no ambiente hospitalar. (SALES & SANTOS, 2007).

Segundo dados do DATASUS, no mês de agosto de 2009, a média de permanência de idosos hospitalizados por causas gerais no Brasil, foi de 7,2 dias. No estado do Ceará, a média foi de 6,3 dias e na região do Cariri, 5,5 dias.

Sabendo que o envelhecimento é uma ocorrência normal que engloba todas as experiências de vida, o cuidado e as preocupações com idosos são mais bem fornecidos através de um esforço de cooperação aplicado por uma equipe interdisciplinar combinando as experiências e os recursos para atender as necessidades inerentes ao idoso. (BRUNNER & SUDDARTH, 2005).

Baseados na realidade de que a hospitalização do idoso é um evento complexo e peculiar, deve-se atentar para o risco aumentado de complicações, infecções e perda funcional. Com isso, medidas preventivas devem ser planejadas e implementadas, tendo em vista as melhoras das respostas fisiológicas e psicológicas.

Sendo assim, a equipe interdisciplinar deve voltar sua assistência para tornar o ambiente um pouco mais confortável, adequando e reavaliando as formas de trabalho para obter uma resposta positiva ao tratamento, bem como diminuir os riscos potenciais e o tempo de internação.

Esta pesquisa possui relevância para a sociedade, pois conhecendo melhor as formas como é acolhido e atendido esse indivíduo vulnerável poderão ser estabelecidas estratégias de comunicação e compreensão pelos profissionais de saúde em relação as alterações que ocorrem aos idosos, sejam elas sensoriais, emocionais, físicas ou espirituais.

Julga-se necessária uma atuação direcionada a dignidade humana, ao respeito pelos direitos humanos e a não-aceitação da discriminação, procurando preservar a autonomia e manter a independência de cada um e ainda, fornecer uma conduta holística na sistematização do cuidado.

Assim, considera-se importante o desenvolvimento de projetos nesse campo face à realidade da epidemiologia exposta, na esperança de tentar direcionar a oferta dos serviços de saúde e contribuir para uma melhor qualidade de vida dessas pessoas.

2. Objetivos geral e objetivos específicos

2.1. Objetivo Geral:

• Avaliar o acolhimento e o atendimento da equipe de Enfermagem ao idoso hospitalizado.

2.2. Objetivos Específicos:

• Identificar o grau de satisfação dos idosos para com a equipe de Enfermagem;
• Conhecer as práticas e os recursos usados para atender as necessidades dos idosos;
• Apreciar as medidas preventivas aplicadas para evitar os riscos potenciais das internações.

3. Referencial Teórico

O envelhecimento é um processo que cresceu de forma gradual acompanhado da queda da fecundidade e da mortalidade e com o aumento da expectativa de vida.

Nos países desenvolvidos houve uma melhoria nas condições gerais de vida, enquanto nos países em desenvolvimento, foi um processo rápido onde não houve organização social definida ou área de saúde adequada para atender as necessidades que surgiam (BRASIL, 2007).

Em cada indivíduo, o envelhecimento se dá de maneira diferente. Alguns envelhecem mais rapidamente que os outros, dependendo de fatores como a hereditariedade e o estilo de vida praticado. Com o passar de cada ano a idade cronológica aumenta, mas a idade funcional não necessariamente acompanha esse ritmo.

A idade funcional está relacionada com o desenvolvimento do corpo e com sua vulnerabilidade mediante ao padrão de desempenho esperado para os adultos. Associadas as diminuições das capacidades funcionais, podem surgir às doenças crônicas não-transmissíveis – DCNT, que têm como um fator predisponente, a idade (ROACH, 2001).

As DCNT comprometem a qualidade de vida dos idosos, pois exigirão mudanças nos hábitos de vida, que para muitos, desvaloriza e limita as suas potencialidades e valores. Essas mudanças incluem a perda da autonomia e da independência, a limitação física, psíquica e social que, devem ser observadas e discutidas dentro do contexto familiar e social, para se planejar uma assistência adequada para atender as características próprias desses indivíduos.

3.1. Políticas Públicas para a saúde do idoso

Desde a Declaração de Alma Ata em 1978, vem sendo discutidas medidas de promoção da saúde para que o envelhecimento ativo se dê em um estilo saudável, incluindo desde os cuidados com a saúde e outros fatores que afetam o envelhecimento.

As ações de promoção resultam da combinação de ações do Estado nas respectivas políticas públicas de saúde; das ações comunitárias; de ações dos próprios indivíduos, para o desenvolvimento das suas habilidades e de intervenções para as ações conjuntas intersetoriais (SANTOS et al, 2008).

A partir da Conferência de Jacarta em 1997, os idosos passaram a ser um dos grupos de investimento no desenvolvimento da saúde. Nessa mesma época surge no Brasil a Política Nacional do Idoso, estabelecido na Lei nº. 8842/94, com o objetivo de assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.

Em 2003, foi criado o Estatuto do Idoso, determinado na Lei nº. 10741/03, que traz a obrigação do Estado de garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, por meio da efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável.

O Ministério da Saúde, em 2006, com o intuito de inovar os processos e instrumentos da gestão do Sistema Único de Saúde – SUS criou o Pacto pela Saúde que é dividido em três eixos: Pacto em Defesa do SUS, Pacto pela Vida e o Pacto de Gestão.

No Pacto pela Vida foram pactuadas seis prioridades, destacando três delas para o planejamento de saúde para a pessoa idosa, sendo elas: a saúde do idoso, a promoção da saúde e o fortalecimento da Atenção Básica (BRASIL, 2007).

São ações estratégicas do pacto visando à saúde do idoso: implantar a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa; divulgar o Manual de Atenção Básica e Saúde para a Pessoa Idosa; incentivar o Programa de Educação Permanente à Distância; estabelecer a Assistência Farmacêutica; garantir Atenção Diferenciada na Internação (SANTOS et al, 2008).

Para atender o Pacto pela Saúde surgiu a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa – PNSPI, instituída pela Portaria nº. 2528/06 e que tem finalidade de recuperar, manter e promover a autonomia e independência da pessoa idosa, por meio de medidas de acordo com os princípios do SUS.

Todas essas políticas foram propostas a fim de aplicar intervenções com efetividade e eficiência que decidirão sobre os tratamentos adequados e cuidados necessários às pessoas idosas.

3.2. Promoção e Prevenção da saúde

De acordo com o artigo 196 da Constituição Federal de 1988, “a saúde é um direito de todos e um dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

Dessa forma determinada, percebe-se que a saúde deve ser uma obrigação proporcionada pelo estado, e também é um dever de cada indivíduo, podendo ser considerada, portanto, um compromisso de ambas as partes.

A promoção da saúde consiste de combinação da educação e intervenções legais, fiscais, econômicas, ambientais e organizacionais relacionadas e desenvolvidas para facilitar a aquisição da saúde e prevenção da doença (Marziale & Mendes, 1997).

Com as perspectivas voltadas para os fatores sócio-econômicos, a proposta de promover saúde vai além da prestação de serviços clínico-assistenciais e estimula a aplicação de ações como educação, saneamento básico, habitação, renda, trabalho, alimentação, meio ambiente, lazer, acesso a bens e serviços essenciais (Veras, 2006).

Quando se fala em prevenção refere-se às práticas coletivas por ela representadas. São intervenções orientadas a evitar o surgimento de doenças específicas reduzindo a incidência e prevalência nas populações. Ainda assim, há muitas dificuldades na operacionalização dessas ações, principalmente quando se concentra nos idosos.

Para o idoso, é necessário adiar ao máximo o início da doença procurando levá-la ao mais próximo do limite biológico de sua vida. É importante destacar que a prevenção para o grupo de idosos deve respeitar suas especificidades que estão, muitas vezes, associadas às doenças crônicas que os impedem de exercer as atividades de rotina de forma autônoma e independente.

Leavell e Clarck (apud Veras, 2006) preconizavam dois níveis para a prevenção primária e dois para a prevenção secundária. Na prevenção primária existem dois planos. O primeiro é o da prevenção de agravos à saúde, que inclui os programas de promoção, educação em saúde e vacinas. O segundo é o da detecção precoce de problemas de saúde potenciais ou já instalados por meio dos dados epidemiológicos para adiar o agravamento das doenças.

Na prevenção secundária, o primeiro nível seria o diagnóstico e tratamento precoces para os idosos com capacidade funcional preservada e, o segundo nível um acompanhamento especializado, mais minucioso e de maior complexidade.

Do mesmo modo que são usadas essas vertentes, os programas devem ser trabalhados na atenção terciária ou reabilitação. A lógica seguida deve ser a mesma para que os indivíduos recuperem-se de seqüelas deixadas por doenças, e também incluir os idosos que possivelmente desenvolverão agravos se não forem incorporados.

Um dos níveis da atenção terciária é a “reabilitação antecipada” que significa a ampliação da qualidade de vida para o idoso e sua família, e uma relação custo-benefício favorável aos sistemas de saúde.

Dentro desse contexto, todas as iniciativas de promoção de saúde, assistenciais e de reabilitação em saúde objetivam aprimorar, manter ou recuperar a capacidade funcional dos idosos a partir do estabelecimento de novas prioridades e ações de saúde subsidiadas pelas políticas públicas do nosso país.

3.3. Qualidade de vida dos idosos

O termo “Qualidade de Vida” é explanado de formas diferentes e submetido a diversos pontos de vista, como da ciência, do senso comum, ou de abordagens individuais ou coletivas. Trata-se de um conceito subjetivo, dependente de padrões históricos, culturais, sociais e individuais.

Para avaliar a Qualidade de Vida na velhice, Paschoal (2004) propôs a seguinte definição: “Qualidade de vida é a percepção de bem-estar de uma pessoa, que deriva de sua avaliação do quanto realizou daquilo que idealiza como importante para uma boa vida e de seu grau de satisfação com o que foi possível concretizar até aquele momento.” Entende-se então, que para ser determinar é necessária uma auto-avaliação do indivíduo acerca das suas condições atuais.

A mudança do perfil de morbidade, com maior prevalência de condições crônicas que acometem os idosos, e que muitas vezes são acompanhadas de seqüelas, sem possibilidade de cura efetiva, mostra que o objetivo deve ser melhorar a vida do paciente, dando suporte, encorajando e provendo meios para enfrentar essa “nova vida”.

A qualidade de vida em idosos e sua avaliação sofrem efeitos de numerosos fatores, entre eles o preconceito dos profissionais e dos próprios idosos em relação à velhice. Devem, portanto, participar da avaliação do que é melhor e significa mais para ele, exercendo o seu direito sobre a autonomia e a dignidade (Paschoal, 2006).

A velhice é comumente associada a perdas, incapacidade, doença, desajuste social, viuvez, solidão e outros. Algumas características tornaram-se gerais para os idosos, como: chato, rabugento, implicante, demente, triste e oneroso. Esses estereótipos comprometem a possibilidade de uma qualidade de vida melhor.

O desafio que se propõe aos indivíduos e às sociedades é conseguir uma sobrevida cada vez maior, com uma qualidade de vida cada vez maior, para que os anos vividos em idade avançada sejam plenos de significado e dignidade (PASCHOAL, 2006).

3.4. Morbidade hospitalar em idosos

O processo saúde-doença determina-se em cada sociedade pelos fatores econômicos, sociais, nas políticas vigentes e é expresso em um padrão definido de morbidade. As estatísticas de morbidade sofrem alterações decorrentes das demandas de assistência médica e das políticas assistenciais.

Os dados de morbidade hospitalar oferecem algumas informações epidemiológicas da população, tendo destaque as doenças de maior gravidade ou que precisam de procedimentos cirúrgicos. Pode-se a partir deles, conhecer-se o consumo dos serviços pelos vários grupos etários e avaliar o custo dessas atividades (CHAIMOWICZ, 2006).

Esses dados disponíveis são oriundos do Sistema de Informações Hospitalares do SUS – SIH/SUS, por meio do DATASUS. Mas esses dados deixam a desejar, pois as demandas atendidas na rede privada ou vinculada a planos de saúde não são inclusas. Há ainda as questões de confiabilidade, tendo em vista que o interesse da rede é a remuneração e não a qualidade do sistema de informações.

Ao contrário do que se imagina o maior número de internações não acontece entre idosos e, sim, entre adultos. Entretanto, como os idosos representam, ainda, uma pequena proporção da população, o número de internações que parece ser baixo oculta a elevada taxa, porque eles são internados mais freqüentemente.

Nos últimos anos, as principais causas de internações de pessoas idosas são: doenças respiratórias, doenças circulatórias e neoplasias, muitas vezes decorrentes de agravos silenciosos advindos da obesidade e do tabagismo (CHAIMOWICZ, 2006).

Vê-se que, com o aumento da proporção de idosos na população brasileira os custos com a assistência hospitalar serão aumentados e para que haja um limite, sugere-se que a assistência domiciliar seja ampliada, melhorando a saúde do idoso (GÓIS, 2007).

3.5. Cuidado de Enfermagem ao idoso hospitalizado

Nos ambientes hospitalares, geralmente, são tratadas as doenças agudas, pois estas requerem atenção imediata e representam riscos para a vida. Apesar de a assistência ser, muitas vezes, a melhor possível, as pessoas enfrentam situações de desconforto, medo e ansiedade pelo fato de estarem num ambiente desconhecido e que limita suas ações.

Os cuidados de enfermagem voltados às pessoas internadas são realizados com atenção, respeito e valorização das queixas. Com o idoso, essas atividades devem ser aplicadas com maior intensidade, considerando os aspectos biopsicossociais e espirituais, e dessa forma, haverá um vínculo de afeto e atenção (LEITE, 2007).

Outro fator que contribui para a adequada recuperação da saúde do indivíduo é a presença dos familiares. Possui importância tanto por amenizar o impacto que a hospitalização causa no idoso quanto por possibilitar a orientação e ensino dos cuidados que poderão ser aplicados no domicílio, após a alta hospitalar.

No cuidado de saúde de pessoas idosas, convenciona-se agrupar, de modo sintético, as seguintes metas principais: promoção de um viver saudável; compensação de limitações e incapacidades; provisão de apoio e controle no curso do envelhecimento; tratamento e cuidados específicos; facilitação do processo de cuidar. Atingir essas metas é ao que visam as práticas de cuidados de enfermagem (Gonçalves e Alvarez, 2006).

Analisando-se tais metas, percebe-se que a equipe de enfermagem pode atuar amplamente na área do envelhecimento humano, procurando qualificar-se e objetivando a promoção da autonomia, manutenção e recuperação da independência funcional através da adoção de medidas preventivas para a conservação das condições de saúde.

4. Metodologia

4.1. Tipo de estudo

A pesquisa realizada é do tipo exploratório de natureza qualitativa que, segundo Gil (2006), tem o objetivo principal de aprimorar as idéias proporcionando maior familiaridade com o tema escolhido, tornando-o mais claro e possibilitando a construção de hipóteses.

4.2. Local do estudo

O estudo foi realizado em um hospital que presta atendimento de média e alta complexidade para o município do Crato e localidades circunvizinhas, atendendo os pacientes por meio do Sistema Único de Saúde – SUS e também, por meio privado. Atende demanda de urgência e emergência, local e referenciada, além de cirurgias eletivas.

A unidade escolhida foi onde há tratamento clínico e há um número considerável de idosos internados, a clínica médica.

4.3. Sujeito do estudo

Fizeram parte do estudo os indivíduos hospitalizados com idade igual ou maior que 60 anos, de ambos os sexos, internados para tratamento clínico, que podiam e aceitaram dialogar de maneira orientada.

Também fizeram parte do estudo, profissionais da equipe de Enfermagem que conversaram atenciosamente sobre o tema abordado.

No caso dos idosos, foram excluídos da pesquisa aqueles que não tinham condições de dialogar, que se encontravam em isolamento ou que iriam ser transferidos para outra unidade. No caso dos profissionais, não foram admitidos os que não aceitaram comunicar-se com o grupo acerca do assunto.

4.4. Instrumento de coleta de dados

Para realização da pesquisa os dados foram coletados por meio da observação não – participante. Marconi & Lakatos (2005) descrevem que aqui, o pesquisador, toma conta de uma realidade estudada, mas não se integra a ela, fazendo o papel de espectador. Permanece de fora, observando passivamente e, de forma consciente e ordenada.

Utilizou-se o diálogo informal para a obtenção das respostas aos objetivos do estudo, sendo realizado de uma forma não-sistemática.

4.5. Organização e análise dos dados

Os dados foram organizados e analisados com base nas respostas obtidas dos idosos participantes do estudo frente ao cuidado prestado pela equipe. Os dados direcionados a equipe de Enfermagem foram examinados e correlacionados a literatura atual.

4.6. Aspectos éticos e legais da pesquisa

Para obtenção dos dados foi solicitada a autorização da coordenação do hospital em estudo para recebimento da equipe e desenvolvimento do trabalho, através de um ofício emitido pela Faculdade de Juazeiro do Norte – FJN (em anexo).

5. Análise dos Resultados

Em visita a uma unidade de atenção terciária fomos informados de que não existe um atendimento diferenciado para com os idosos internados. Eles são tratados como qualquer outro adulto e ficam separados dos leitos pelo critério de sexo, clínica ou patologia.

A clínica médica possui 16 leitos e a clínica cirúrgica, 14. Há uma enfermeira responsável para esses 30 leitos. As principais causas de internação de idosos na instituição são: AVC, Diabetes descompensado e cardiopatias. Esse hospital não trabalha com a Sistematização da Assistência de Enfermagem e os procedimentos invasivos necessários são realizados pela enfermeira.

A ala que conhecemos possui quartos largos, portas largas que permitem a entrada de cadeira de rodas. Os banheiros não possuem barras de segurança, nem piso antiderrapante.

Na equipe multidisciplinar não existe médico geriatra, psicólogo ou assistente social, mas há uma equipe de fisioterapeutas que, de acordo com as prescrições médicas, realiza exercícios com os pacientes.

No dia da nossa visita, havia 13 pessoas com mais de 60 anos hospitalizadas. Conseguimos manter diálogo com seis delas. A situação dos outros era: dois que não dialogavam, três dormiam, um estava ausente para realização de exames e um no isolamento.

Durante as conversas, descobrimos que, com exceção de uma paciente, todos os outros já haviam estado ali outras vezes. Quanto à assistência prestada, todos se mostraram satisfeitos, não referindo nenhuma queixa ou aborrecimento.

Tivemos alguns relatos de pacientes, como:

• “Minha filha, aqui eu sou tratada muito bem, não me falta nada e as enfermeiras sempre estão por perto”; 
• “Já estou aqui há 14 dias e todo dia eu sou atendido do mesmo jeito, com muita atenção”; 
• “Sinto falta da minha casa, mas eu gosto daqui, porque todos fazem com que eu me sinta em casa”;
• “Nesse hospital eu ‘tô’ sendo tão bem atendido que se eu tiver que me internar de novo, venho pra cá”;

Ao entrevistar os Técnicos e Auxiliares de Enfermagem, os mesmos relataram que o atendimento a este público se dá de forma igualitária com as das outras faixas etárias, mas dependendo da gravidade e complexidade do caso é atribuída uma atenção específica para o paciente.

Ouvimos relatos como:

• “Na minha opinião é um paciente como outro qualquer, que merece respeito e cuidados básicos, a gente presta todos os cuidados necessários, comum a todos os pacientes, agora se um tem uma úlcera ou algo assim ai sim ele tem uma atenção especial, até a enfermeira a gente pede ajuda”;
• “O idoso é um ser completo, ele tem acompanhante que ajuda e cuida dele o tempo todo, a gente presta o cuidado de enfermagem, mas querendo ou não a gente acaba se envolvendo com eles devido à forma como ele nos agradecem olhando nos olhos”;
• “Os idosos são mais receptivos e aceitam mais nossas falhas, mas é bom quando eles nos olham e nos dizem: ‘obrigada filha’”.

Analisando então todo o contexto, podemos destacar que, mesmo não havendo uma assistência de enfermagem voltada especificamente, como deveria ser para os idosos, eles mostram-se realizados com o atendimento. Observamos também, que alguns profissionais criam vínculos com os pacientes, tornando fácil ou difícil a aplicação de suas atividades, pois depende muito da situação vivenciada.

Na avaliação da estrutura física, sugere-se que sejam feitas todas as adaptações para promover uma melhoria na qualidade da assistência e, com a aplicação de medidas preventivas, evitar possíveis acidentes que irão aumentar a permanência desses indivíduos no hospital e, em conseqüência, os custos do mesmo.

Ao fim do trabalho, acredita-se que mesmo diante de uma assistência de enfermagem que busca atender o paciente idoso em todas as suas necessidades, ainda assim, devem ser concedidas melhores condições de trabalho e promovidas capacitações para aperfeiçoamento desses profissionais para que os mesmos proporcionem uma melhoria na qualidade do tratamento – quando dentro da instituição – e na qualidade de vida – quando o cuidado for a domicílio.

6. Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e Saúde da pessoa idosa. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 192 p. (Cadernos de Atenção Básica Nº 19) (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

BRUNNER, L. S.; SUDDARTH, D. S. Tratado de Enfermagem Médico-cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

CHAIMOWICZ, F. Epidemiologia e o envelhecimento no Brasil. In: FREITAS, E. V. de. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 106-128.

DATASUS. Ministério da Saúde. Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sih/cnv/niuf.def> Acesso em: 25 de outubro de 2009.

GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

GÓIS, A. L. B. Informações sobre a morbidade hospitalar em idosos nas internações do sistema único de saúde do Brasil. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 2007

GONÇALVES, L. H. T.; ALVAREZ, A. M. O cuidado na Enfermagem Gerontogeriátrica: Conceito e Prática. In: FREITAS, E. V. de. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 1110-1116.

HOFFMAN, M. E. Bases Biológicas do Envelhecimento. Disponível em: <http://www.comciencia.br/reportagens/envelhecimento/texto/env10.htm> Acesso em: 25 de outubro de 2009.

LEAVELL, S.; CLARCK, E. G. Medicina Preventiva. São Paulo: McGraw-Hill, 1976

LEITE, M. T. A equipe de enfermagem e sua interação com idosos internados em hospitais gerais, Porto Alegre, 2007. Tese (Doutorado em Gerontologia Biomédica) – Pontifícia Universidade Católica do rio Grande do Sul – PUCRS, 2007.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

MARZIALE, M. H. P.; MENDES, I. A . C. Promovendo saúde através da formação de recursos humanos: Experiência da escola de enfermagem de ribeirão preto-usp, Centro colaborador da OMS. Revista latino-americana de enfermagem, Ribeirão Preto, v. 5, n. 3, p. 97-105, julho 1997

PASCHOAL, S. M. P. Qualidade de vida na velhice. In: FREITAS, E. V. de. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 147-153.

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SANTOS et al; Promoção da saúde da pessoa idosa: compromisso da enfermagem gerontogeriátrica. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 21, n. 4, p. 649-53, 2008.

SALES, F. M.; SANTOS, I. Perfil de idosos hospitalizados e nível de dependência de Cuidados de enfermagem: identificação de necessidades. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, v.16, n.3, p.495-502, jul/set 2007.

VERAS, R. Envelhecimento humano: ações de promoção à saúde e prevenção de doenças. In: FREITAS, E. V. de. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 140-146

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