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segunda-feira, outubro 14, 2024

DIABETES TIPO 1

Diabetes Tipo 1 – Sinais e Sintomas de Diabetes, Equipamentos, Monitorização e Medicamentos para Diabetes

Introdução

O diabetes Tipo 1 (DM1) é uma doença auto-imune caracterizada pela destruição das células beta produtoras de insulina. Isso acontece por engano porque o organismo as identifica como corpos estranhos. A sua ação é uma resposta auto-imune. Este tipo de reação também ocorre em outras doenças, como esclerose múltipla, Lupus e doenças da tireóide.

A DM1 surge quando o organismo deixa de produzir insulina (ou produz apenas uma quantidade muito pequena.) Quando isso acontece, é preciso tomar insulina para viver e se manter saudável. As pessoas precisam de injeções diárias de insulina para regularizar o metabolismo do açúcar. Pois, sem insulina, a glicose não consegue chegar até às células, que precisam dela para queimar e transformá-la em energia. As altas taxas de glicose acumulada no sangue, com o passar do tempo, podem afetar os olhos, rins, nervos ou coração.

A maioria das pessoas com DM1 desenvolve grandes quantidades de auto-anticorpos, que circulam na corrente sanguínea algum tempo antes da doença ser diagnosticada. Os anticorpos são proteínas geradas no organismo para destruir germes ou vírus. Auto-anticorpos são anticorpos com “mau comportamento”, ou seja, eles atacam os próprios tecidos do corpo de uma pessoa. Nos casos de DM1, os auto-anticorpos podem atacar as células que a produzem.

Não se sabe ao certo por que as pessoas desenvolvem o DM1. Sabe-se que há casos em que algumas pessoas nascem com genes que as predispõem à doença. Mas outras têm os mesmos genes e não têm diabetes. Pode ser algo próprio do organismo, ou uma causa externa, como por exemplo, uma perda emocional. Ou também alguma agressão por determinados tipos de vírus como o cocsaquie. Outro dado é que, no geral, é mais freqüente em pessoas com menos de 35 anos, mas vale lembrar que ela pode surgir em qualquer idade.

Sintomas

Pessoas com níveis altos ou mal controlados de glicose no sangue podem apresentar:

    • Vontade de urinar diversas vezes;
    • Fome freqüente;
    • Sede constante;
    • Perda de peso;
    • Fraqueza;
    • Fadiga;
    • Nervosismo;
    • Mudanças de humor;
    • Náusea;
    Vômito

EQUIPAMENTOS

Medidores de Glicemia

O medidor de glicemia é essencial para o controle do diabetes. A única maneira de dominar a situação tomando nota dos níveis glicêmicos e reconhecer quando estão anormais para tomar as providncias necessrias. há uma grande variedade de marcar de medidores que detectam a quantidade de glicose que flutuam pelo sangue. A maioria utiliza um dos dois métodos existentes para medir a glicemia.

há os que usam o químico, que mudam de cor após entrar em contato com a glicose do sangue. Depois a fita inserida no medidor, que verifica a intensidade da cor e produz uma leitura eletrôúnica traduzida por computador da quantidade de glicose (mg/dl) no sangue.

Outros medidores mensuram uma corrente elétrica no sangue, que também est em uma fita. Uma enzima especial transfere os elétrons da glicose para um químico na fita e o medidor calcula este fluxo de elétrons como corrente.

A quantidade da corrente depende da quantidade de glicose no sangue. O medidor produz uma leitura eletrôúnica do níveis glicêmicos (mg/dl). Tanto os medidores que usam o teste da cor quanto os que medem a corrente possuem o mesmo grau de precisão. Todos eles desempenham a mesma função básica de medir a quantidade de glicose presente no sangue, mas nem todos são iguais, mesmo que sejam do mesmo tipo. Dependendo do estilo de vida, alguns modelos podem ser mais adequados. Diversos aspectos devem ser considerados na escolha do medidor certo.

Fitas reagentes

As fitas reagentes são utilizadas para coletar a amostra do sangue que ser inserido no medidor. Mas existem alguns modelos chamados de leitura visual para sangue e urina, que no precisam do equipamento eletrnico para mensurar a glicose. O nível glicêmico estimado através da comparação entre a cor da fita e a correspondente numa tabela colada ao frasco.

As cores geralmente progridem numa medida de 20 a 30 mg/dl. Essas fitas custam praticamente o mesmo valor que as fitas dos medidores que usam o mesmo sistema de cor. A glicose também aparece na urina e há fitas de leitura visual que se informam se os níveis estão muito altos, mas não conseguem medir os baixos. Entretanto, testar a glicose da urina não é um bom método para determinar a glicemia, especialmente porque a glicose no aparece na urina até que esteja bastante elevada no sangue.

além disso, os exames de urina s mostram a quantidade de sangue presente algumas horas atrs, uma informao intil para se decidir a dose de insulina no caso de emergncia ou mesmo para avaliar o andamento geral do tratamento.

Fita de Leitura Visual para cetonúria (cetona na urina)

Mensurar a quantidade de cetona no organismo muito importante para a pessoa com diabetes. Isso porque a cetona uma toxina e por isso importante detê-la antes que aumente muito. O tempo que leva entre a aplicação da urina na fita até a leitura do resultado varia de 15 segundos a dois minutos, depende do tipo da fita, portanto importante saber o tempo exigido pelo fabricante.

Algumas fitas de cetonas também medem a glicose e têm duas almofadas em cada peça. Os níveis de cetonas não são lidos em unidades exatas de glicose, por isso há um gráfico ao lado do frasco que lê de zero e traços a pequeno, moderado e grande. Algumas marcas mostram apenas sinais de +.Se a leitura for maior que zero ou um trao ocasional, consulte um médico sobre os níveis perigosos para o seu caso.

A cetona pode aparecer na urina por diversos motivos:

    • alimentação insuficiente (costuma ser chamada de cetose de jejum e geralmente acontece quando as refeições são muito restritas em calorias)
    • Hipoglicemia ou baixos níveis de glicose no sangue (na ausncia de glicose, o organismo transforma gordura em glicose)
    • Hiperglicemia ou altos níveis de glicose no sangue (glicemia elevada sinal de falta de insulina para o transporte da glicose até as células. O organismo transforma a gordura porque não consegue usar a glicose do sangue)
    • doença
    • Falta de insulina
    Efeito dos hormônios masculinos

Lancetas

A lanceta uma espcie de agulha utilizada para furar o dedo que ser usado para coletar o sangue para medir o nível de glicemia. Muitos medidores de glicemia são acompanhados de lancetas e um dispositivo para usa-las. Outros possuem a lanceta dentro do próprio aparelho.

Lancetas diferentes produzirão tamanhos diferentes de gotas de sangue, portanto compare as fitas de teste que irá usar e o tamanho da gota de sangue que requerem com a produzida pela lanceta. Estes dispositivos costumam ter duas tampas diferentes ou uma ponta ajustável que controla a profundidade com que as lancetas furam o dedo.

Fure o mínimo possível, assim a picada será quase imperceptível e doer menos. A lanceta mais moderna do mercado utiliza um raio laser minúsculo para obter a amostra de sangue.

Bomba de Insulina

As bombas de insulina são miniaturas computadorizadas, têm o tamanho de um pager e podem ser usados no cinto ou no bolso do casaco. A bomba envia uma quantidade medida e constante de insulina através de um tubo plástico flexível para uma pequena agulha que fica inserida na pele e selada com uma fita adesiva.

Este modo de liberar insulina chama-se infusão subcutânea contínua de insulina (ISCI). Ao seu comando, a bomba também pode enviar um reforço ao organismo, caso necessário, como logo antes das refeições para ajustar a glicemia que seguir com a digestão. O equipamento apita se entupir, informa quando as pilhas estão com pouca carga e pode-se programá-la para mudar a quantidade de insulina a ser bombeada de acordo com o próprio metabolismo.

Porm, elas não são totalmente seguras. Embora sejam capazes de alerta-lo no caso de um entupimento, não consegue detectar um fluxo lento. necessário estar sempre monitorando a glicemia. Outro empecilho para a aquisição da bomba é o seu alto custo. O equipamento custa em torno de R$ 10 mil e ainda é preciso uma manutenção mensal de aproximadamente R$ 700, incluindo a insulina, os conjuntos de infusão e os suprimentos para exame de sangue.

Tubo de infusão

Este dispositivo reduz o número de espetadas na pele. Com uma agulha especial de cateter, o tubo de infusão inserido no local da aplicação e pode ficar ali por até três dias. A insulina injetada em um tubo especial que se fecha automaticamente após cada entrada da agulha. O risco de infecção mais alto, por isso é preciso mais atenção quanto á esterilização.

Injetores

Um injetor automático aplica a agulha na pele sem dor. Alguns injetam a insulina automaticamente quando a agulha atravessa a pele. Outros exigem que se pressione o cilindro. O injetor automático til se a pessoa tem artrite ou outro problema que a impea de segurar a injeção com firmeza. Caso tenha medo de se aplicar ou tenha medo de ver agulhas.

Jet injectors

Esse equipamento injeta a insulina através da pele sem a necessidade de agulha. Seu mecanismo semelhante ao usado na pistola para aplicar vacinas. uma boa opção para quem tem medo de agulha ou precisa tomar várias injeções por dia. Converse com o seu médico sobre o jet injector, pois algumas pessoas podem sofrer contusões, especialmente os magros, crianças e idosos; que possuem menos gordura por baixo da pele. têm sido menos utilizados atualmente, devido às alterações na absorção da insulina.

Caneta

Estas seringas têm a mesma aparência de uma caneta de tinta. Em vez de uma pena, elas apresentam uma agulha descartável. E no lugar da carga de tinta, há uma carga de insulina. Elas são populares devido conveniência e precisão de dosagem. No precisão se preocupar em encher seringas ou carrega-las quando se está distante de casa.

MONITORIZAÇÃO

Após ter o Diabetes diagnosticado e iniciado o tratamento, é importante considerar alguns assuntos:

    • Manter-se livre das internações;
    • Manter-se em boa saúde e sentindo-se bem;
    • Permitir-se fazer coisas que pessoas de sua idade usualmente fazem;
    • Permitir-se viver uma vida longa, operante e feliz;
    Permitir-se crescer e desenvolver-se normalmente.

Para conseguir atingir esses objetivos é preciso aprender a cuidar de seu Diabetes. E a automonitorização (controle domiciliar), que são testes simples e rápidos para a avaliação dos níveis de glicemia (glicose no sangue), glicosúria (glicose na urina) e cetonúria (cetonas na urina), tem papel fundamental neste processo.

As tiras reagentes para glicosúria baseiam-se na quantidade de glicose existente na urina, com a variação da cor na área reagente. Esses testes avaliam indiretamente a glicemia, não existe necessariamente uma correlação definida entre os níveis de glicemia e da glicosúria.

A glicose se detectada na urina, quando os níveis de glicemia atingem 160 a 180 mg/dl ou mais. Os testes de glicosúria não detectam uma possível hipoglicemia. Portanto, recomenda-se a substituição dos testes de glicosúria pelos de glicemia, que são bem mais precisos e confiáveis, principalmente para o Diabetes Tipo 1.

A cetonúria serve para indicar que, quando o paciente não está tendo insulina suficiente, o organismo lança mão da queima de gorduras para tentar obter a energia que não foi conseguida com a utilização de glicose. Formam-se, então, os corpos cetônicos (o que dá o hálito cetônicos ou de ma passada), que passam para a urina e sinalizam que o diabetes já está bastante descontrolado.

A presença de cetonas na urina um sinal de alarme de que a situação metabólica está fora de controle. Por isso é preciso procurar um médico para descobrir o que está acontecendo de errado no controle glicêmico, pois a situação geralmente exige correções de conduta terapêutica.

Os testes de cetonúria são indicados sempre que os níveis glicêmicos estiverem mais altos (glicemia acima de 250 mg/dl) e em todas as situações que possam afetar o controle glicêmico (doenças, estresse físico e emocional etc).

A medida da glicemia é o teste mais importante, pois reflete o nível exato de glicose sanguínea em um momento específico. Esse teste é muito simples de ser realizado. Primeiro é preciso furar o dedo com uma lanceta, a fim de se obter uma gota de sangue, que deverá ser colocada na área de reação da fita reagente.

A glicose contida no sangue reage com os produtos químicos da área reagente desenvolvendo uma coloração (método de reflectância) ou uma intensidade de corrente elétrica (método de sensor), a qual proporcional quantidade de glicose existente no sangue. No entanto, ainda é preciso saber adaptar o tratamento aos resultados.

A pessoa com Diabetes bem orientada quanto monitorização, certamente não entrará em coma, seja hipoglicêmico ou hiperglicêmico, além de aprender diariamente como melhor lidar com seu diabetes. A monitorização laboratorial é importante para ver como anda o controle.

A hemoglobina glicada traduz a média das glicemias dos três últimos meses, e a frutosamina das três últimas semanas. A hemoglobina glicada deve ser realizada a cada três meses e deve ficar, idealmente, no máximo 1 ponto percentual acima do limite superior de referência do laboratório.

MEDICAMENTOS

O tratamento do diabetes tipo 1, na maioria dos casos, consiste na aplicação diária de insulina, dieta e exercícios , uma vez que o organismo não produz mais o hormônio. A quantidade de insulina necessária dependerá do nível glicêmico. Naturalmente, a alimentação também é muito importante, pois ela contribui para a determinação dos níveis glicêmicos. Os exercícios físicos baixam os níveis, diminuindo, assim, a necessidade de insulina.

Existem diferentes tipos de preparação de insulina, que distinguem-se pela velocidade com que é absorvida do tecido subcutâneo para o sangue (início da ação) e pelo tempo necessário para que toda a insulina injetada seja absorvida (duração da ação).

Insulina de ação rápida

Esta é uma solução límpida (transparente) de insulina que possui rápido início e uma curta duração de ação. As insulinas de ação rápida atingem o sangue e começam a reduzir o açúcar sangüíneo aproximadamente ½ hora após a injeção. Porém, como os nutrientes dos alimentos são absorvidos ainda mais rapidamente do intestino para a corrente sangüínea, a insulina deve ser injetada ½ hora antes de uma refeição.

Insulina de ação ultra-rápida

Assemelha-se à água de rocha, cristalina e transparente. Sua ação se inicia em 1 a 5 minutos, atinge o pico em 30 minutos, período máximo de ação persistente até 2,5 horas e dura de 3 a 4 horas. Não contém protamina ou zinco. Age de maneira mais semelhante à produzida pelo pâncreas normal.

Insulina de ação lenta

O conteúdo é leitoso, turvo, em decorrência de substâncias que retardam a absorção e prolongam seus efeitos. A insulina é preparada com zinco. Sua ação inicia-se em 1 a 3 horas, atinge o máximo no sangue (pico) em 8 a 12 horas e dura de 20 a 24 horas. É a insulina que mais se aproxima do ideal no controle rotineiro do diabetes.

Insulina de ação ultralenta

Tem aspecto leitoso e também é preparada com zinco. Sua ação tem início em 4 a 6 horas. Seu pico acontece após 12/16 horas e tem duração de 24 horas, podendo atingir 36 horas.

Insulina de ação intermediária

Esta insulina é obtida pela adição de uma substância que retarda a absorção da insulina. A combinação da insulina com uma substância de retardo geralmente resulta na formação de cristais que dão ao liquido uma aparência turva.

Os cristais de insulina devem ser misturados de forma homogênea no líquido antes de cada injeção. As insulinas de ação intermediária levam aproximadamente 1 ½ hora antes de começarem a produzir um efeito. O maior efeito ocorre entre 4 e 12 horas após a injeção, e aproximadamente após 18 a 24 horas a dose terá sido completamente absorvida.

Insulina pré-mistura

Existem também misturas prontas de insulinas de ação rápida e de ação intermediária. Estas pré-misturas são apresentadas em várias e diferentes combinações pré-misturadas, contendo de 10 – 50% de insulina de ação rápida e de 90 a 50% de insulina de ação intermediária.

Insulina de ação prolongada

Finalmente, há insulinas de ação prolongada, feitas através de técnicas de recombinação genética, que possuem uma duração em torno de 24 horas. São as insulinas mais atuais, e tentam aproximar-se da insulina basal ideal.

É importante observar que os tempos de duração e absorção aqui descritos são apenas aproximados. A absorção da insulina sempre depende de fatores individuais. O tamanho da dose é outro fator: quanto maior a dose, maior a duração.

A CONTAGEM DOS CARBOIDRATOS COMO ESTRATÉGIA NUTRICIONAL PARA O EXERCÍCIO FÍSICO

A insulinoterapia, o exercício físico e o planejamento alimentar, em conjunto, compõem a abordagem mais completa no tratamento do diabetes mellitus tipo 1 (DM1).

O exercício físico regular é um importante componente no planejamento terapêutico do paciente diabético, por melhorar a sensibilidade insulínica e reduzir fatores de risco cardiovascular, como hipertensão e dislipidemia.

Antes da descoberta da insulina, pessoas com DM1 tinham poucas chances de participarem de programas de exercícios físicos vigorosos. Distúrbios metabólicos incluindo cetoacidose, desidratação grave e complicações musculares eram agravados significativamente pelo exercício. Contudo, após a descoberta da insulina em 1922, alguns pesquisadores passaram a descrever a interação entre esse hormônio e a atividade física regular, com possíveis benefícios no tratamento do diabetes.
Tal como ocorre em pessoas não diabéticas, a prática regular de exercício pode produzir importantes benefícios no curto, médio e longo prazos. Vários estudos têm demonstrado uma consistente melhora do metabolismo dos carboidratos e da sensibilidade à insulina com a prática regular de exercício física. Porém, para se beneficiar de todos esses efeitos positivos, o diabético tipo 1 deve ser capaz de realizar os ajustes necessários na dose de insulina ou na alimentação, de acordo com seu conhecimento das possíveis alterações metabólicas relacionadas a cada atividade.

O crise de hipoglicemia causada pelo exercício em indivíduos com DM1 é uma preocupação tanto para profissionais quanto para os diabéticos e a sua ocorrência é considerada um dos efeitos adversos mais comuns do tratamento. O risco é aumentado caso não se realize a monitorização glicêmica antes, durante e após sua prática, bem como se não houver um ajuste da alimentação e da dose de insulina para a prática esportiva.

Alguns estudos científicos têm identificado fatores que diminuem o risco de hipoglicemia durante o exercício físico: a manutenção da glicemia dentro de limites preestabelecidos, o controle alimentar, o local de aplicação de insulina, o tempo de sua aplicação em relação ao início do exercício e a taxa de absorção de insulina de acordo com a temperatura ambiente.

Controle metabólico antes da atividade física

Antes de iniciar um programa de atividade física, o indivíduo com DM1 deve ser submetido à anamnese clínica, exame físico e exames laboratoriais, objetivando-se avaliar o controle metabólico e diagnosticar a presença ou não de complicações crônicas relacionadas.

Um teste ergométrico é recomendado para todos os indivíduos com DM sedentários ou que apresentem neuropatia e que desejem iniciar atividade física mais intensa do que a sua usual do dia-a-dia.

A monitorização glicêmica é fundamental para possíveis correções, caso haja hipo ou hiperglicemia. Recomenda-se monitorar a glicemia e averiguar se há hiperglicemia (250 mg/dL com cetose ou 300 mg/dL mesmo sem cetose) ou glicemia reduzida (menores que 100 mg/dL). Em ambos os casos, deve-se fazer a correção glicêmica já que representarem fatores de risco para o desenvolvimento de cetose e hipoglicemia, respectivamente.

A faixa glicêmica ideal, ou seja, mais segura, para a prática de exercício físico de intensidade leve seria entre 130 mg/dL e 180mg/dL. Sugere-se ainda que a monitorização glicêmica seja realizada a cada 30 minutos, especialmente se a intensidade do exercício for diferente da habitualmente praticada.

Se o exercício for programado com antecedência, uma estratégia interessante é iniciá-lo aproximadamente 1-3 horas após uma refeição e administração de insulina. A manipulação da dose diária de insulina e o rodízio do local de aplicação da insulina podem ser necessários. Isso pode ser discutido com o Endocrinologista previamente.

Exercício físico x contagem de carboidratos

Desde a publicação do trabalho The Diabetes Control and Complications Trial (DCCT), quando a contagem de carboidratos ficou mais popular, essa tem sido considerada uma opção interessante para os praticantes de atividade física, principalmente devido à maior flexibilidade que proporciona nas refeições dos indivíduos que a utilizam, além de proporcionar melhor controle glicêmico quando adequadamente realizada. Para tal, algumas recomendações se fazem necessárias, a fim de se evitar episódios de hipoglicemia.

    • – Antes do início do exercício físico, recomenda-se a ingestão de 15-20 g de carboidratos, se a glicemia estiver menor que 100 mg/dL.
    • – Em exercícios prolongados e de intensidade leve, recomenda-se a ingestão de 10 a 15g de carboidratos a cada 30 minutos, assim como após a atividade. Tal medida é especialmente importante se não houve redução das doses de insulina próximas ao exercício, o que pode ser discutido com o médico assistente.
    • – Se o exercício for de moderada a alta intensidade, deve-se ingerir 20-60g de carboidrato a cada 30 minutos de atividade;
    • – Realizar a automonitorização da glicemia antes, durante e após as sessões de exercício;
    – Praticar exercícios físicos com uma pessoa que tenha conhecimento dos sintomas da hipoglicemia e que saiba como proceder nessa situação.

Para os diabéticos em tratamento intensivo (com múltiplas doses de insulina), a contagem de carboidratos será mais uma aliada no combate às hipoglicemias provocadas pelo exercício físico, uma vez que é possível aumentar a quantidade de carboidratos sem alterar-se a dose de insulina relativa à refeição anterior ao exercício físico. No caso de diabéticos com excesso de peso, pode ser preferível reduzir-se a dose de insulina de ação ultrarrápida da refeição anterior à atividade física, sem aumentar-se a ingestão alimentar posteriormente.

Para aqueles em esquema convencional de insulina, recomenda-se apenas adicionar porções de carboidratos à refeição que precede o exercício físico e realizar-se a automonitorização glicêmica durante a atividade. A quantidade e o tipo de carboidrato a ser adicionado deverão ser condicionados à intensidade e ao tempo de duração da atividade física e às variações individuais de sensibilidade.

Vale ressaltar que a quantidade de carboidratos presentes nos alimentos pode ser verificada no rótulo destes ou ainda, em tabelas de contagem de carboidratos.

Conclusão

A intervenção nutricional direcionada às pessoas com DM1 mostra a importância de se integrar a terapia com insulina, o plano alimentar e atividade física no tratamento do diabetes. O ajuste individualizado das doses de insulina à alimentação, aliado à educação em diabetes, é a chave para o adequado controle metabólico. O programa alimentar deve ser personalizado, aliado a esquemas insulínicos flexíveis e, fundamentalmente, ligado à monitoração da glicemia como guia para a tomada de decisões.

É certo que o uso frequente de técnicas de automonitorização glicêmica e a implantação de insulinoterapia intensificada permitem ao diabético tipo 1 desenvolver estratégias e ajustes no consumo de carboidratos e doses de insulina, para poder participar de maneira mais segura de exercícios físicos e se beneficiar de todos os seus aspectos positivos.

Por ser uma patologia crônica, o diabetes afeta várias áreas da vida do indivíduo; e para que não o leve a condições limitantes, há a demanda um cuidado contínuo, que envolve tratamento adequado e individualizado, constantemente reavaliado, junto ao médico, pelo principal protagonista desse tratamento, ou seja, pelo próprio diabético.

Dessa forma, a individualização da terapia nutricional bem como da prescrição do exercício físico são importantes estratégias para melhorar a adesão das pessoas com DM1, o que favorece seu controle metabólico e sua qualidade de vida. A contagem de carboidratos, por ser um método simples e de fácil acesso, pode beneficiar o paciente no alcance da normoglicemia e evitar episódios de hipoglicemia durante e após o exercício físico.

BIBLIOGRAFIAS

Consultor: Dra. Claudia Pieper – Comitê Editorial do Site da SBD (Gestão 2006-2007)
Consultor: Dr. Balduino Tschiedel, Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes
Consultor: Juciane Barbosa – Nutricionista – Especialista em Nutrição Clínica e Pediatria Fisiologista do Exercício
Consultor: Rafael Machado Mantovani – Endocrinologista Pediátrico – http://www.clinicamonpetit.com.br
Fontes: Norwood, Janet W. & Inlander, Charles B. Entendendo a Diabetes – Para educação do Paciente. Julio Louzada Publicações. São Paulo, 2000.
Diabetes de A a Z: o que você precisa saber sobre diabetes explicado de maneira simples. American Diabetes Association. JSN editora. São Paulo, 1998

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