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quarta-feira, abril 24, 2024

EM BUSCA DE CURITIBA PERDIDA – Dalton Trevisan

EM BUSCA DE CURITIBA PERDIDA – Dalton Trevisan

Dalton Trevisan reúne, neste livro, textos já publicados anteriormente, com alterações que lhe dão uma fisionomia renovada. São contos, crônicas e poemas. O poema “A balada do vampiro” é uma extração do conto “O vampiro de Curitiba” reescrito em versos. Dalton viaja pela Curitiba dos seus desejos e recordações, amaldiçoando a face maquiada da cidade e perscrutando os mistérios desta Curitiba de tantas faces. Os aspectos práticos, nojentos da vida conjugal se misturam com momentos de angústia e desespero.

O Chico que se fina na pensão Nápoles, o Dario que morre sem assistência numa calçada, os bêbados que comem ingá e esperam a morte, o Serginho que perde o posto de cafetão são personagens de uma Curitiba feia que, paradoxalmente, deixou saudades.
Rosa e Augusta, gordinhas gulosas; Maria que traia João; Nelsinho cheio de gula nos olhos; tantos vidrilhos que refletem a mesma realidade mudando de posição no caleidoscópio urbano. Observe:

Em busca de Curitiba perdida – O narrador faz uma “viagem” pela antiga Curitiba e vai relembrando cenas e cenários.
Pensão Nápoles – Chico, um morador de pensões, à margem do Rio Belém. Uma vidinha medíocre, sem melhoria salarial, leva-o a mudar constantemente de pensão, de noiva, de emprego.
Lamentações de Curitiba – Visão do Juízo Final de Curitiba. Em tom profético e retórico, o narrador lamenta o desaparecimento de Curitiba.
Uma vela para Dario – O desinteresse e a frieza do público para com o ser humano.

Balada do Vampiro – Nelsinho, 20 anos, na Rua das Flores, observa o vaivém das lindas e desejosas mocinhas de Curitiba.
O cemitério dos Elefantes – Um grupo de bêbados vive às margens do Rio Belém, comendo restos e bendo cachaça.
Dá uivos, ó porta Grita, ó Rio Belém – Cenas curitibanas: o amanhecer friorento, as criadinhas buscando pão e leite, carros nas ruas, velhinhas que vão à igreja, criançada indo pra escola.
Duas rainhas – Rosa e Augusta, duas gorduchinhas. Conversa predileta: receita de bolo.

O Senhor meu marido – João, garçom em restaurante noturno, era casado com Maria. Moravam no Juvevê. O defeito dele era ser bom demais.
Canção do exílio – Não permita Deus que eu morra / sem eu daqui me vá / sem que eu diga adeus ao pinheiro / onde já não canta o sabiá / morrer ó supremo desfrute / em Curitiba é que não dá.
Quem tem medo de vampiro – O autor-narrador travestindo-se de crítico de si mesmo, reproduz com ironia as críticas, reais e possíveis a respeito do seu estilo, sua obra e sua pessoa.
Clínica de repouso – Maria coloca a mãe, dona Candinha, no Asilo Nossa Senhora da Luz.
Cartinha a um velho poeta – Sátira impiedosa contra “certo poeta” paranaense.
Noites de Curitiba – Serginho, galã da noite, garanhão, se apaixona por Marina, bailarina que tinha um coronel.
Lamentações da Rua Ubaldino – Reclamações contra a igreja que passa a utilizar sons ensurdecedores em seus cultos.
A faca no coração – João abandonado por Maria, dialoga com um amigo que o aconselha a esquecer Maria arranjando outra mulher.
Cartinha a um velho prosador – Neste texto o autor desanca em linguagem ferina a pobreza de espírito e de estilo de um “certo escritor” paranaense.
Uma negrinha acenando – Diálogo de um caminhoneiro e uma prostituta a quem deu carona.

Receita curitibana – Não existe mulher “muito” feia. O que vale é o abraço, o beijo, o delírio, o… Um basta à discriminação.
Com o facão, dói – João não trabalha, vive bêbado e, dia sim, dia não, surra a mulher, Maria e as filhas Rosinha (13) e Odete (15). As outras filhas menores também apanham.
Que fim levou o vampiro de Curitiba – Lembranças de antigas e famosas prostitutas curitibanas: Ávila, Dinorá, Alice, Uda, Otília…
Cinco Haicais – Cinco piadinhas-relâmpago.
Curitiba revisitada – Poema livre cheio de saudades da antiga Curitiba, cheio de desgosto e críticas amargas à desumana Curitiba atual.
Curitiba foi, não é mais.

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