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terça-feira, março 26, 2024

EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO

INTRODUÇÃO

Como todas as criações e instituições humanas, a Filosofia está na História e tem uma história.

Na história do pensamento ocidental, a Filosofia nasce na Grécia por volta do século VI ou VII antes de Cristo. A Filosofia grega teve quatro grandes períodos, são eles o período pré-socrático, período socrático, período sistemático e o período greco-romano.

Pelo fato de estar na História e ter uma história, a Filosofia costuma ser apresentada em grandes períodos que acompanham a sua evolução. Os principais períodos da história da Filosofia são: Filosofia antiga, Filosofia Patrística, Filosofia medieval, Filosofia da Renascença, Filosofia moderna, Filosofia do Iluminismo e Filosofia contemporânea.

Neste trabalho, farei um breve retrospecto da evolução do pensamento filosófico antigo à modernidade, ou seja, da Filosofia antiga à Filosofia moderna.

Os períodos da Filosofia grega

A Filosofia terá no decorrer dos séculos, um conjunto de preocupações, indagações e interesses que lhe vieram de seu nascimento na Grécia. O apogeu da Filosofia acontece durante o apogeu da cultura e da sociedade gregas; durante a Grécia clássica.

Os quatro grandes períodos da Filosofia grega, nos quais seu conteúdo muda e se enriquece são:

Período pré-socrático ou cosmológico, do final do século VII ao final do século V a.C., quando a Filosofia se ocupa fundamentalmente com a origem do mundo e as causas das transformações da Natureza.
Período socrático ou antropológico, do final do século V e todo século IV a.C., quando a Filosofia investiga as questões humanas, isto é, a ética, a política e as técnicas.
Período sistemático, do final do século IV ao final do século III a.C., quando a Filosofia busca reunir e sistematizar tudo quanto foi pensado sobre a cosmologia e a antropologia, interessando-se sobretudo em mostrar que tudo pode ser objeto do conhecimento filosófico, desde que as leis do pensamento e de suas demonstrações estejam firmemente estabelecidas para oferecer os critérios da verdade e da ciência.
Período helenístico ou greco-romano, do final do século III a.C. até o século VI depois de Cristo. Nesse longo período, que já alcança Roma e o pensamento dos primeiros Padres da Igreja, a Filosofia se ocupa, sobretudo com as questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre o homem e a Natureza e de ambos com Deus.

FILOSOFIA GREGA

Período pré-socrático ou cosmológico

Os principais filósofos pré-socráticos foram:

filósofos da Escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento;
filósofos da Escola Eleata: Parmênedes de Eléia e Zenão de Eléia;
filósofos da Escola da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera.
As principais características da cosmologia são:

É uma explicação racional e sistemática sobre a origem, ordem e transformação da Natureza, da qual os seres humanos fazem parte, de modo que ao explicar a Natureza, a Filosofia também explica as mudanças dos seres humanos.
Afirma que não existe criação do mundo, isto é, nega que o mundo tenha surgido do nada. Por isso diz: “Nada vem do nada e nada volta ao nada”.
O fundo eterno, perene, imortal e imperecível de onde tudo brota e para onde tudo retorna é o elemento primordial da Natureza.
Afirma que todos os seres, além de serem mortais, são seres em contínua transformação, mudando de qualidade e mudando de quantidade. Portanto, o mundo está numa mudança contínua, sem pó isso perder sua forma, sua ordem e sua estabilidade.
Os diferentes filósofos encontraram diferentes motivos e razões para dizer qual era o princípio eterno e imutável que está na origem da Natureza e de suas transformações. Assim, Tales dizia que o princípio era a água; Anaximandro considerava que era o ilimitado sem qualidades definidas; Anaxímenes, que era o ar; Heráclito afirmou que era o fogo; Leucipo e Demócrito disseram que eram os átomos. E assim por diante.

Período Socrático ou antropológico

Os sofistas são os primeiros filósofos do período socrático, que surgiram para ensinar aos jovens a falarem em público e persuadirem os outros na política. Os sofistas mais importantes foram: Protágoras de Abdera, Górgias de Leontini e Isócrates de Atenas.

Os sofistas ensinavam técnicas de persuasão para os jovens, que aprendiam a defender uma posição ou opinião, de modo que, numa assembléia, soubessem ter fortes argumentos a favor ou contra uma opinião e ganhassem a discussão.

O filósofo Sócrates, considerado o patrono da Filosofia, rebelou-se contra os sofistas, dizendo que não eram filósofos, pois não tinham amor pela sabedoria nem respeito pela verdade, defendendo qualquer idéia, se isso fosse vantajoso. Corrompiam o espírito dos jovens, pois faziam o erro e a mentira valerem tanto quanto a verdade.

Sócrates propunha que, antes de querer conhecer a Natureza e antes de querer persuadir os outro, cada um deveria primeiro e antes de tudo, conhecer-se a si mesmo. A expressão “conhece-te a ti mesmo”, tornou-se a divisa de Sócrates.

O retrato que a história da Filosofia possui de Sócrates, foi traçado por seu mais importante aluno e discípulo, o filósofo ateniense, Platão.

Sócrates fazia perguntas sobre as idéias, sobre os valores nos quais os gregos acreditavam e que julgavam conhecer. Suas perguntas deixavam os interlocutores embaraçados, irritados, curiosos, pois, quando tentavam responder ao célebre “o que é”, descobriam surpresos, que não sabiam responder e que nunca tinham pensado em suas crenças, seus valores e suas idéias.

As pessoas esperavam que Sócrates respondesse por elas ou para elas, que soubesse as respostas ás perguntas, mas Sócrates dizia: “Eu também não sei, por isso estou perguntando”. De onde a famosa expressão atribuída a ele: “Sei que nada sei”.

Para os poderosos de Atenas, Sócrates tornara-se um perigo, pois fazia a juventude pensar. Por isso, eles o acusaram de desrespeitar os deuses, corromper os jovens e violar as leis. Levado perante a assembléia, Sócrates não se defendeu e foi condenado a tomar um veneno e obrigado a suicidar-se.

Sócrates nunca escreveu. O que sabemos de seu pensamento encontra-se nas obras de seus vários discípulos, e Platão foi o mais importante deles.

As características principais do período socrático são:

A Filosofia se volta para as questões humanas no plano da ação, dos comportamentos, das idéias, das crenças, dos valores e, portanto se preocupa com as questões morais e políticas.
O ponto de partida da Filosofia é a confiança no pensamento ou no homem como um ser racional, capaz de conhecer-se a si mesmo e, portanto, capaz de reflexão.
A Filosofia está voltada para a definição das virtudes morais e das virtudes políticas.
A opinião, as percepções e imagens sensoriais são consideradas falsas, mentirosas, mutáveis, inconsistentes, contraditórias, devendo ser abandonadas para que o pensamento siga seu caminho próprio no conhecimento verdadeiro.
Período sistemático

Este período tem como principal nome o filósofo Aristóteles de Estagira, discípulo de Platão.

Passados quase quatro séculos de Filosofia, Aristóteles apresenta, nesse período, uma verdadeira enciclopédia de todo o saber que foi produzido e acumulado pelos gregos em todos os ramos do pensamento e da prática considerando essa totalidade de saberes como sendo a Filosofia.

A Filosofia é o conhecimento da totalidade dos conhecimentos e práticas humanas, ela estabelece uma diferença entre esses conhecimentos, distribuindo-os numa escala que vai dos mais simples e inferiores aos mais complexos e superiores.

Cada saber, no campo que lhe é próprio, possui seu objeto específico, procedimentos específicos para a sua aquisição e exposição, formas próprias de demonstração e prova. Cada campo do conhecimento é uma ciência (ciência em grego é episteme).

O estudo das formas gerais do pensamento, sem preocupação com seu conteúdo, chama-se lógica, e Aristóteles foi o criador da lógica como instrumento do conhecimento em qualquer campo do saber.

Período helenístico

Trata-se do último período da Filosofia antiga. Os filósofos dizem, agora, que o mundo é sua cidade e que são cidadãos do mundo. Esse período é chamado o da Filosofia cosmopolita.

Essa época da Filosofia é constituída por grandes sistemas ou doutrinas, isto é, explicações totalizantes sobre a Natureza, o homem, as relações entre ambos e deles com a divindade. Predominam preocupações com a ética, a física, a teologia e a religião.

Datam desse período quatro grandes sistemas cuja influência será sentida pelo pensamento cristão, que começa a formar-se nessa época: estoicismo, epicurismo, ceticismo e neoplatonismo.

A EVOLUÇÃO DA FILOSOFIA ANTIGA À FILOSOFIA MODERNA

Filosofia Antiga (do século VI a.C. ao século VI d.C.)

Compreende os quatro grandes períodos da Filosofia greco-romana, indo dos pré-socráticos aos grandes sistemas do período helenístico, mencionados anteriormente.

Filosofia patrística (do século I ao século VII)

Inicia-se com as Epístolas e São Paulo e o Evangelho de São João e termina no século VIII, quando teve início a Filosofia medieval.

A patrística procurava uma conciliação entre a nova religião – o Cristianismo – com o pensamento filosófico dos gregos e romanos. A Filosofia patrística liga-se, portanto, à tarefa religiosa da evangelização e à defesa da religião cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos. Seu nome mais importante foi o de Santo Agostinho.

A patrística foi obrigada a introduzir idéias desconhecidas para os filósofos greco-romanos: a idéia de criação do mundo, de pecado original, de Deus como trindade uma, etc.

Para impor as idéias cristãs, os Padres da Igreja as transformaram em verdades reveladas por Deus que, por serem decretos divinos, seriam dogmas, isto é, irrefutáveis e inquestionáveis. O grande tema de toda Filosofia patrística é o da possibilidade ou da impossibilidade de conciliar razão e fé.

Filosofia medieval (do século VIII ao século XIV)

Abrange pensadores europeus, árabes e judeus. A partir do século XII, por ter sido ensinada nas escolas, a Filosofia medieval também é conhecida como Escolástica.

A Filosofia medieval teve como influências principais Platão e Aristóteles, embora o Platão que os medievais conhecessem fosse o neoplatonismo e o Aristóteles que conhecessem fosse aquele conservado e traduzido pelos árabes. Também sofreu grande influência das idéias de Santo Agostinho. Durante esse período surge propriamente a Filosofia cristã, que é na verdade, a teologia. Um de seus temas mais constantes são as provas da existência de Deus e da alma.

A diferença e a separação entre infinito (Deus) e finito (homem, mundo), a diferença entre razão e fé, a diferença e separação entre corpo e alma, o Universo como uma hierarquia de seres, a subordinação do poder temporal dos reis e barões ao poder espiritual de papa e bispos, estes são os temas da Filosofia medieval.

Inserida no movimento escolástico, a filosofia de Tomás de Aquino (o tomismo) já nasceu com objetivos claros: não contrariar a fé. De fato, a finalidade de sua filosofia era organizar um conjunto de argumentos para demonstrar e defender as revelações do cristianismo.

Filosofia da Renascença (século XV e século XVI)

São três as grandes linhas de pensamento que predominavam na Renascença:

1) Aquela proveniente de Platão, do neoplatonismo e da descoberta dos livros do Hermetismo; nela se destacava a idéia da Natureza como um microcosmo (como espelho do Universo inteiro) e pode agir sobre ela através da magia natural, da alquimia e da astrologia, pois o mundo é constituído por vínculos e ligações secretas entre as coisas; o homem pode também, conhecer esses vínculos e criar outros, como um deus.

2) Aquela originária dos pensadores florentinos, que valorizava a vida ativa, isto é, a política, e defendia os ideais republicanos das cidades italianas contra o Império Romano-Germânico, isto é, contra o poderio dos papas e dos imperadores. Na defesa do ideal republicano, os escritores resgataram autores políticos da Antigüidade, historiadores e juristas, e propuseram a “imitação dos antigos” ou o renascimento da liberdade política, anterior ao surgimento do império eclesiástico.

3) Aquela que propunha o ideal do homem como artífice de seu próprio destino, tanto através do conhecimento (astrologia, magia, alquimia), quanto através da política (o ideal republicano), das técnicas (medicina, arquitetura, engenharia, navegação) e das artes (pintura, escultura, literatura, teatro).

Os nomes mais importantes desse período são: Marcílio Ficino, Giordano Bruno, Maquiavel, Kepler e Nicolau de Cusa.

Giordano Bruno apresentou a teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico, que propunha que a Terra girava em torno do sol, e que este era o centro do nosso sistema planetário. Defendeu que o universo é um todo infinito, cujo centro não está em parte alguma. Giordano Bruno foi condenado à morte na fogueira por contestar o pensamento católico, que tinha como um dos pontos básicos a crença que a Terra era o centro imóvel do universo.

Filosofia moderna (do século XVII a meados do século XVIII)

Predomina nesse período a idéia de conquista científica e técnica de toda realidade, a partir da explicação mecânica e matemática do universo e da invenção das máquinas, graças às experiências físicas e químicas. Os principais pensadores desse período foram: Francis Bacon, Descartes, Galileu, Pascal.

Uma das mais extraordinárias contribuições de Galileu foi ter assumido uma postura de investigação científica, cuja metodologia se baseava:

na observação paciente e minuciosa dos fenômenos naturais;
na realização de experimentações para a comprovação de uma tese;
na valorização da matemática como instrumento capaz de enunciar as regularidades observadas nos fenômenos.
Francis Bacon é considerado um dos fundadores do método indutivo de investigações científicas. Atribui-se a ele, também, a criação do lema “saber é poder”. Segundo Bacon, a ciência deveria valorizar a pesquisa experimental, tendo em vista proporcionar resultados objetivos para o homem. Mas, para isso, era necessário que o cientista se libertasse daquilo que Bacon denominava “ídolos”, isto é, as falsas noções, os preconceitos, os maus hábitos mentais.

René Descartes afirmava que, para conhecermos a verdade, é preciso, de início, colocar todos os nossos conhecimentos em dúvida, questionando tudo para criteriosamente analisarmos se existe algo na realidade de que possamos ter plena certeza. Dele decorre a célebre conclusão: “Penso, logo existo”.

CONCLUSÃO

No decorrer do trabalho, percebemos que na Filosofia, durante uma história tão longa (aproximadamente 25 séculos) e de tantos períodos diferentes, surgiram vários temas, disciplinas e campos de investigação filosóficos. A Filosofia investigou inúmeros temas, tais como: razão, saber, sujeito, objeto, História, espaço, tempo, liberdade, Natureza, homem, etc.

A Filosofia teve seu campo de atividade aumentado quando, no século XVIII, surge a filosofia da arte ou estética; no século XIX, a filosofia da história; no século XX, a filosofia das ciências ou epistemologia, e a filosofia da linguagem. Por outro lado, o campo da Filosofia diminuiu quando as ciências particulares que dela faziam parte foram se desligando para constituir suas próprias esferas de investigação. É o que acontece, por exemplo, no século XVIII, quando se desligam da Filosofia a biologia, a física e a química; e no século XX, as chamadas ciências humanas (psicologia, antropologia, história).

A Filosofia manifesta e exprime os problemas e as questões que, em cada época de uma sociedade, os homens colocam para si mesmos, diante do que é novo e ainda não foi compreendido. A Filosofia procura enfrentar essa novidade, oferecendo caminhos, respostas e, sobretudo, propondo novas perguntas, num diálogo permanente com a sociedade e a cultura de seu tempo, do qual ela faz parte.

Enfim, o pensamento filosófico evoluiu e continua evoluindo a cada dia, juntamente com a sociedade.

BIBLIOGRAFIA

Livro: Fundamentos da Filosofia – Gilberto Cotrim

Livro: Convite à Filosofia – Marilena Chauí

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