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terça-feira, março 26, 2024

FIGURAS DE LINGUAGEM

FIGURAS DE LINGUAGEM

Figuras sonoras

Aliteração
Repetição de sons consonantais (consoantes).

Cruz e Souza é o melhor exemplo deste recurso. Uma das características marcantes do Simbolismo, assim como a sinestesia.

Ex: “(…) Vozes veladas, veludosas vozes, / Volúpias dos violões, vozes veladas / Vagam nos velhos vórtices velozes / Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” (fragmento de Violões que choram. Cruz e Souza)

Assonância
Repetição dos mesmos sons vocálicos.

Ex: (A, O) – “Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.” (Caetano Veloso)
(E, O) – “O que o vago e incóngnito desejo de ser eu mesmo de meu ser me deu.” (Fernando Pessoa)

Paranomásia
É o emprego de palavras parônimas (sons parecidos).

Ex: “Com tais premissas ele sem dúvida leva-nos às primícias” (Padre Antonio Vieira)

Onomatopéia
Criação de uma palavra para imitar um som

Ex: A língua do nhem “Havia uma velhinha / Que andava aborrecida / Pois dava a sua vida / Para falar com alguém. / E estava sempre em casa / A boa velhinha, / Resmungando sozinha: / Nhem-nhem-nhem-nhem-nhem…” (Cecília Meireles)

Figuras de sintaxe
Elipse
Omissão de um termo ou expressão facilmente subentendida. Casos mais comuns:

a) pronome sujeito, gerando sujeito oculto ou implícito: iremos depois, compraríeis a casa?
b) substantivo – a catedral, no lugar de a igreja catedral; Maracanã, no ligar de o estádio Maracanã
c) preposição – estar bêbado, a camisa rota, as calças rasgadas, no lugar de: estar bêbado, com a camisa rota, com as calças rasgadas.
d) conjunção – espero você me entenda, no lugar de: espero que você me entenda.
e) verbo – queria mais ao filho que à filha, no lugar de: queria mais o filho que queria à filha. Em especial o verbo dizer em diálogos – E o rapaz: – Não sei de nada !, em vez de E o rapaz disse:

Zeugma
Omissão (elipse) de um termo que já apareceu antes. Se for verbo, pode necessitar adaptações de número e pessoa verbais. Utilizada, sobretudo, nas orações comparativas.

Ex: Alguns estudam, outros não, por: alguns estudam, outros não estudam. “O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano.” (Chico Buarque) – omissão de era

Hipérbato
Alteração ou inversão da ordem direta dos termos na oração, ou das orações no período. São determinadas por ênfase e podem até gerar anacolutos.

Ex: Morreu o presidente, por: O presidente morreu.

Obs1.: Também denominada de antecipação.
Obs2.: Se a inversão for violenta, comprometendo o sentido drasticamente, alguns autores denominam-na sínquise
Obs3.: Alguns autores considera anástrofe um tipo de hipérbato

Anástrofe

Anteposição, em expressões nominais, do termo regido de preposição ao termo regente.

Ex: “Da morte o manto lutuoso vos cobre a todos.”, por: O manto lutuoso da morte vos cobre a todos.

Obs.: alguns autores consideram um tipo de hipérbato

Pleonasmo

Repetição de um termo já expresso, com objetivo de enfatizar a idéia.

Ex: Vi com meus próprios olhos. “E rir meu riso e derramar meu pranto / Ao seu pesar ou seu contentamento.” (Vinicius de Moraes), Ao pobre não lhe devo (OI pleonástico)

Obs.: pleonasmo vicioso ou grosseiro – decorre da ignorância, perdendo o caráter enfático (hemorragia de sangue, descer para baixo)

Assíndeto
Ausência de conectivos de ligação, assim atribui maior rapidez ao texto. Ocorre muito nas orações coordenadas.

Ex: “Não sopra o vento; não gemem as vagas; não murmuram os rios.”

Polissíndeto
repetição de conectivos na ligação entre elementos da frase ou do período.

Ex: O menino resmunga, e chora, e esperneia, e grita, e maltrata. “E sob as ondas ritmadas / e sob as nuvens e os ventos / e sob as pontes e sob o sarcasmo / e sob a gosma e o vômito (…)” (Carlos Drummond de Andrade)

Anacoluto
Termo solto na frase, quebrando a estruturação lógica. Normalmente, inicia-se uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.

Ex: Eu, parece-me que vou desmaiar. / Minha vida, tudo não passa de alguns anos sem importância (sujeito sem predicado) / Quem ama o feio, bonito lhe parece (alteraram-se as relações entre termos da oração)

Anáfora
Repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.

Ex: “Olha a voz que me resta / Olha a veia que salta / Olha a gota que falta / Pro desfecho que falta / Por favor.” (Chico Buarque)

Obs.: repetição em final de versos ou frases é epístrofe; repetição no início e no fim será símploce. Classificações propostas por Rocha Lima.

Silepse
É a concordância com a idéia, e não com a palavra escrita. Existem três tipos:

a) de gênero (masc x fem): São Paulo continua poluída (= a cidade de São Paulo). V. Sª é lisonjeiro
b) de número (sing x pl): Os Sertões contra a Guerra de Canudos (= o livro de Euclides da Cunha). O casal não veio, estavam ocupados.
c) de pessoa: Os brasileiros somos otimistas (3ª pess – os brasileiros, mas quem fala ou escreve também participa do processo verbal)

Antecipação
Antecipação de termo ou expressão, como recurso enfático. Pode gerar anacoluto.

Ex.: Joana creio que veio aqui hoje.
O tempo parece que vai piorar

Obs.: Celso Cunha denomina-a prolepse.

Figuras de palavras ou tropos ou Alterações Semânticas

Metáfora

Emprego de palavras fora do seu sentido normal, por analogia. É um tipo de comparação implícita, sem termo comparativo.

Ex: A Amazônia é o pulmão do mundo. Encontrei a chave do problema. / “Veja bem, nosso caso / É uma porta entreaberta.” (Luís Gonzaga Junior)

Obs1.: Alguns autores define como modalidades de metáfora: personificação (animismo), hipérbole, símbolo e sinestesia. ? Personificação – atribuição de ações, qualidades e sentimentos humanos a seres inanimados. (A lua sorri aos enamorados) ? Símbolo – nome de um ser ou coisa concreta assumindo valor convencional, abstrato. (balança = justiça, D. Quixote = idealismo, cão = fidelidade, além do simbolismo universal das cores)
Obs2.: esta figura foi muito utilizada pelos simbolistas

Catacrese
Uso impróprio de uma palavra ou expressão, por esquecimento ou na ausência de termo específico.

Ex.: Espalhar dinheiro (espalhar = separar palha) / “Distrai-se um deles a enterrar o dedo no tornozelo inchado.” – O verbo enterrar era usado primitivamente para significar apenas colocar na terra.

Obs1.: Modernamente, casos como pé de meia e boca de forno são considerados metáforas viciadas. Perderam valor estilístico e se formaram graças à semelhança de forma existente entre seres.
Obs2.: Para Rocha Lima, é um tipo de metáfora

Metonímia
Substituição de um nome por outro em virtude de haver entre eles associação de significado.

Ex: Ler Jorge Amado (autor pela obra – livro) / Ir ao barbeiro (o possuidor pelo possuído, ou vice-versa – barbearia) / Bebi dois copos de leite (continente pelo conteúdo – leite) / Ser o Cristo da turma. (indivíduo pala classe – culpado) / Completou dez primaveras (parte pelo todo – anos) / O brasileiro é malandro (sing. pelo plural – brasileiros) / Brilham os cristais (matéria pela obra – copos).

Antonomásia, perífrase
substituição de um nome de pessoa ou lugar por outro ou por uma expressão que facilmente o identifique. Fusão entre nome e seu aposto.

Ex: O mestre = Jesus Cristo, A cidade luz = Paris, O rei das selvas = o leão, Escritor Maldito = Lima Barreto

Obs.: Também considera como uma variação da metonímia

Sinestesia
Interpenetração sensorial, fundindo-se dois sentidos ou mais (olfato, visão, audição, gustação e tato).

Ex.: “Mais claro e fino do que as finas pratas / O som da tua voz deliciava … / Na dolência velada das sonatas / Como um perfume a tudo perfumava. / Era um som feito luz, eram volatas / Em lânguida espiral que iluminava / Brancas sonoridades de cascatas … / Tanta harmonia melancolizava.” (Cruz e Souza)

Obs.: Para alguns autores, representa uma modalidade de metáfora

Anadiplose
É a repetição de palavra ou expressão de fim de um membro de frase no começo de outro membro de frase.

Ex: “Todo pranto é um comentário. Um comentário que amargamente condena os motivos dados.”

Figuras de pensamento
Antítese
Aproximação de termos ou frases que se opõem pelo sentido.

Ex: “Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios” (Vinicius de Moraes)

Obs.: Paradoxo – idéias contraditórias num só pensamento, proposição de Rocha Lima (“dor que desatina sem doer” Camões)

Eufemismo
Consiste em “suavizar” alguma idéia desagradável

Ex: Ele enriqueceu por meios ilícitos. (roubou), Você não foi feliz nos exames. (foi reprovado)

Obs.: a autora Rocha Lima propõe uma variação chamada litote – afirma-se algo pela negação do contrário. (Ele não vê, em lugar de Ele é cego; Não sou moço, em vez de Sou velho). Para Bechara, alteração semântica.

Hipérbole
Exagero de uma idéia com finalidade expressiva

Ex: Estou morrendo de sede (com muita sede), Ela é louca pelos filhos (gosta muito dos filhos)

Obs.: Para alguns, é uma das modalidades de metáfora.

Ironia
Utilização de termo com sentido oposto ao original, obtendo-se, assim, valor irônico.

Obs.: Para alguns designado como antífrase

Ex: O ministro foi sutil como uma jamanta.

Gradação
Apresentação de idéias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax)

Ex: “Nada fazes, nada tramas, nada pensas que eu não saiba, que eu não veja, que eu não conheça perfeitamente.”

Prosopopéia, personificação, animismo
É a atribuição de qualidades e sentimentos humanos a seres irracionais e inanimados.

Ex: “A lua, (…) Pedia a cada estrela fria / Um brilho de aluguel …” (Jõao Bosco / Aldir Blanc)

Obs.: Para alguns, é uma modalidade de metáfora

Bibliografia

BECHARA, E., 2000, Moderna Gramática Portuguesa, 37 ed., Editora Lucerna, Rio de Janeiro, RJ
ROCHA LIMA, C. H., 1999, Gramática Normativa da Língua Portuguesa, 37 ed., José Olympio Editora, Rio de Janeiro, RJ
TUFANO, D., 1979, Estudos de Língua e Literatura, Vol. 2, 1 ed., Editora Moderna, São Paulo, SP

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