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quinta-feira, abril 18, 2024

HIPERTIREOIDISMO

O hipertiroidismo é uma doença devida ao excesso de hormonas tireoideias em circulação, habitualmente produzidas na tireoide. Pode provocar uma grande variedade de sintomas de diferentes graus de gravidade. Os mais comuns são: ansiedade e irritabilidade, cansaço, particularmente muscular (braços, coxas, dificuldade em levantar objetos ou subir escadas), tremores, palpitações, sudação, emagrecimento, por vezes muito acentuado, caracteristicamente com aumento de apetite, alterações menstruais, no caso do sexo feminino.

A causa mais frequente de hipertireoidismo (cerca de 70-80%) é uma doença auto-imune conhecida como bócio tóxico difuso ou doença de Graves. Não se sabe porque é que o sistema imunitário inicia uma produção de anticorpos que estimulam a tireoide levando à libertação de uma quantidade elevada de hormonas tiroideias para a circulação. Pode atingir ambos os sexos mas é mais frequente nas mulheres entre os 20 e os 40 anos. A tireoide pode aumentar de volume (bócio) de modo marcado. Alguns doentes desenvolvem alterações oculares, conhecidas como oftalmopatia, que muitas vezes é visível devido à protusão dos globos oculares (pode ser unilateral) provocando alteração estética que incomoda o doente. Pode provocar lacrimejo, irritação local, conjuntivite e alterações da visão.

A existência de um ou vários nódulos da tireoide que, por vezes são visíveis, se tornam hiperativos (autônomos) são a segunda causa mais importante de hipertiroidismo. Estes nódulos produtores, em excesso, de hormonas tiroideias são conhecidos como nódulos quentes, nódulo tóxico (no caso de ser só um) ou bócio multinodular tóxico se forem vários.

Outras causas, menos frequentes, são as tiroidites linfocíticas e pós-parto que devido à inflamação da tiróide, que se torna dolorosa, levam transitoriamente a um estado de hipertiroidismo. São, também, doenças auto-imunes. A tiroidite pós-parto pode ocorrer alguns meses após o parto. As queixas podem ser arrastadas (meses) e frequentemente evoluem para hipotiroidismo, provocando fadiga e aumento de peso devido à diminuição de hormonas tiroideias em circulação.

A tiroidite subaguda ou granulomatosa, de origem viral, provoca um bócio doloroso. Neste caso, há também um hipertiroidismo transitório.

Existem outras causas menos frequentes mas salienta-se que a ingestão excessiva de hormona tiroideia, por tratamento incorreto ou de modo voluntário, pode provocar estados de hipertiroidismo.

Diagnóstico

Perante uma suspeita clínica de hipertiroidismo o diagnóstico deverá ser apoiado por doseamentos laboratoriais. É necessário dosear os valores em circulação das hormonas tiroideias (T3 livre e T4 livre) que estão habitualmente elevadas e a TSH que se encontra diminuída. Esta pode ser a única alteração laboratorial num hipertiroidismo inicial. Outros exames poderão ser necessários como doseamentos mais específicos ou técnicas de imagem como a ecografia ou a cintigrafia da tireoide.

Tratamento

Há vários tratamentos possíveis. A melhor opção terapêutica, discutida com um endocrinologista, deverá levar em consideração vários factores como sejam o tipo de hipertiroidismo, a sua gravidade, a idade ou história de alergias do doente. Deverá ser sempre discutida com o doente que será devidamente informado dos riscos e benefícios de cada tipo de tratamento.

Há medicamentos, conhecidos como antitireoideus, que diminuem a quantidade de hormonas tiroideias em circulação e que são o metimazol e o propiltireouracilo. Raramente têm efeitos indesejáveis mas devem ser utilizados com precaução e com apoio especializado. As doses a utilizar são muito variáveis dependendo de cada caso clínico.

Fármacos conhecidos como b -bloqueantes são úteis logo que é feito o diagnóstico porque melhoram alguns dos sintomas do hipertiroidismo apesar de não reduzirem a produção de hormonas tiroideias. Deverão ser suspensos quando a doença está controlada.

O iodo radioativo permite lesar as células da tireoide levando à diminuição da capacidade de produzir hormonas tiroideias conseguindo-se uma normalização da quantidade de hormonas tiroideias em circulação. É administrado por via oral, entra em circulação e é captado pela tireoide que se encontra hiperativa. Nas semanas seguintes o iodo com radioatividade vai lesando lentamente as células da tireoide. Durante este período pode ser, ainda, necessário manter tratamento com medicamentos e vigilância médica. Em alguns casos há necessidade de repetir, mais tarde, este tratamento. Frequentemente a tireoide, passados alguns meses ou anos, fica com a sua função diminuída, situação conhecida como hipotiroidismo. Nestes casos, de fácil controlo, é necessário o tratamento com comprimidos de hormona tiroideia durante o resto da vida pois a tireoide fica definitivamente lesada.

Alguns doentes necessitam de tratamento cirúrgico que consiste na remoção de parte da glândula tiroideia no caso de nódulo tóxico ou na sua totalidade no caso de doença de Graves e de bócio multinodular tóxico. Nos casos de remoção total o doente fica em hipotiroidismo ou seja com diminuição das hormonas tiroideias circulantes, necessitando de tratamento com hormona tiroideia para toda a vida. A decisão para este tipo de terapêutica deve ser ponderada criteriosamente pelo endocrinologista e pelo cirurgião que deverá ter experiência neste tipo de cirurgia.

Nos casos de tiroidites o tratamento é apenas sintomático podendo ser utilizados vários tipos de medicamentos como analgésicos eventualmente até corticostereoides.

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