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quarta-feira, abril 17, 2024

SAIBA O QUE É RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

Um cientista britânico e outro americano dividiram o Prêmio Nobel de Medicina no ano passado por desenvolver um método capaz de “enxergar” tecidos e órgãos internos do corpo. Foram o britânico Peter Mansfield e o americano Paul Lautebur os merecedores da láurea e com certeza, depois de Roentgen (descobridor dos Raios-X) e de Rounsefield (desenvolvedor da técnica de tomografia computadorizada), os pivôs de uma das maiores revoluções da área médica – a imagem por ressonância magnética.
Na realidade, é um método que usa um sistema matemático para transformar sinais magnéticos gerados pelo corpo, em imagens. O interessante é que este método não usa radiação ionizante (Raios-X) e em grande parte das vezes não necessita de contraste endovenoso, o qual, aliás, é praticamente inócuo.
A técnica permite o estudo anatômico detalhado de estruturas como o cérebro, coluna e medula, órgãos pélvicos e abdominais, coração, estruturas ósteo-musculares e vasculares. Aliás, permite o acesso a imagens vasculares sem a necessidade de cirurgias ou cateterização de vasos, a não ser, quando muito, uma pequena punção de veia periférica. Outro fato interessante é que inferem-se dados funcionais, como no caso do estudo cardíaco, sendo um ótimo método para avaliação de função ventricular, massa e mesmo de viabilidade/ perfusão do miocárdio.
Exemplificando-se a utilidade, destacam-se os estudos de tumores cerebrais, epilepsias, mal-formações, lesões vasculares (Aneurisma e Tromboses), degenerativas e inflamatórias (Esclerose Múltipla, Doença de Alzheimer, Cisticercose), dores de cabeça; no estudo da Medula (traumatismo, tumores, inflamação, hérnia de disco, estenose de canal, lesões degenerativas, no estudo Osteoarticular (principalmente das lesões musculares, tendinosas, meniscais, ósseas e cartilaginosas de todas as articulações do corpo humano). Permite uma avaliação do Abdômen (fígado, pâncreas, baço, rins, supra-renais) e da Pelve (anomalias dos órgãos genitais masculinos e femininos, detecção e acompanhamento de lesões tumorais pélvicas).
Existem dois tipos de equipamentos de ressonância magnética atualmente. Os de campo aberto e os de campo fechado. Os de campo aberto geralmente têm um campo magnético menor, possibilitando diagnósticos “mais simples”. São ótimos equipamentos se prestando ao funcionamento em clínicas ou geralmente como segundo equipamento de um local que já trabalhe com um campo fechado. Já o aparelho de campo fechado, de altíssimo campo magnético (chega a ser até 20 a 30.000 vezes maior que o campo magnético do planeta terra), comumente está instalado em locais com capacidade de realização de procedimentos de alta complexidade, como hospitais ou clínicas maiores. Faz do diagnóstico mais simples, como uma ruptura de ligamento do joelho até investigações sofisticadas como exame funcional do coração.
Durante o exame o paciente se coloca no interior de um magneto, devendo permanecer imóvel durante a realização do mesmo. São emitidos alguns ruídos, que acabam por distrair o paciente. Algumas unidades possuem serviço de som, com fones de ouvido que podem tocar músicas.
As contra-indicações são relacionadas principalmente a implantes metálicos no corpo, como marca-passos, implantes cocleares e vasculares antes de 3 meses de colocação. Afinal, não podemos nos esquecer de que a ressonância é um grande e potente ímã.
Em Votuporanga foi instalado um equipamento de alto campo (1,5 Tesla), com os mais variados softwares, capaz de amplo espectro e realização de exames e diagnósticos. A Santa Casa está sendo a pioneira e faz bem em acreditar num investimento grandioso que trará tecnologia de hospitais como o Albert Einstein e Beneficência Portuguesa, ou laboratórios como o Fleury de São Paulo. Pois sim, nosso equipamento é exatamente o mesmo destes locais.
Como dado interessante, até no ano passado estimava-se a realização de aproximadamente 5.000.000 de exames/ano no mundo. Acredita-se que o crescimento duplicará nos próximos cinco anos e o que se sabe é que ainda não existe capacidade instalada para tal quantia.

Dr. Alexandre H. C. Parma
Médico Radiologista

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