29.5 C
Sorocaba
sexta-feira, abril 26, 2024

PREPOSIÇÃO

Uso da Preposição

Preposição é a palavra que estabelece uma relação entre dois ou mais termos da oração. Essa relação é do tipo subordinativa, ou seja, entre os elementos ligados pela preposição não há sentido dissociado, separado, individualizado; ao contrário, o sentido da expressão é dependente da união de todos os elementos que a preposição vincula.

Exemplos:

Os amigos de João estranharam o seu modo de vestir.
…[amigos de João / modo de vestir: elementos ligados por preposição]

…[de: preposição]

Ela esperou com entusiasmo aquele breve passeio.
…[esperou com entusiasmo: elementos ligados por preposição]

…[com: preposição]

Esse tipo de relação é considerada uma conexão, em que os conectivos cumprem a função de ligar elementos. A preposição é um desses conectivos e se presta a ligar palavras entre si num processo de subordinação denominado regência.

Diz-se regência devido ao fato de que, na relação estabelecida pelas preposições, o primeiro elemento – chamado antecedente – é o termo que rege, que impõe um regime; o segundo elemento, por sua vez – chamado conseqüente – é o temo regido, aquele que cumpre o regime estabelecido pelo antecedente.

Exemplos:

A hora das refeições é sagrada.
…[hora das refeições: elementos ligados por preposição]

…[de + as = das: preposição]

…[hora: termo antecedente = rege a construção “das refeições”]

…[refeições: termo conseqüente = é regido pela construção “hora da”]

Alguém passou por aqui.
…[passou por aqui: elementos ligados por preposição]

…[por: preposição]

…[passou: termo antecedente = rege a construção “por aqui”]

…[aqui: termo conseqüente = é regido pela construção “passou por”]

As preposições são palavras invariáveis, pois não sofrem flexão de gênero, número ou variação em grau como os nomes, nem de pessoa, número, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos. No entanto em diversas situações as preposições se combinam a outras palavras da língua (fenômeno da contração) e, assim, estabelecem uma relação de concordância em gênero e número com essas palavras às quais se liga. Mesmo assim, não se trata de uma variação própria da preposição, mas sim da palavra com a qual ela se funde (ex.: de + o = do; por + a = pela; em + um = num, etc.).

É importante conhecer essas outras particularidades da preposição:

Uso da Preposição

Algumas particularidades no uso das preposições:

1. O sujeito das orações reduzidas de infinitivo não deve vir contraído com uma preposição.

Exemplo:

A maneira dele estudar não é correta. [Inadequado]
A maneira de ele estudar não é correta. [Adequado]

A maneira de nós estudarmos não é correta. [Adequado]

2. A preposição “a” não deve ser utilizada após a preposição “perante”.

Exemplo:

Quando o resultado das provas foi divulgado, ela chorou perante a todos. [Inadequado]
Quando o resultado das provas foi divulgado, ela chorou perante todos. [Adequado]

3. Do mesmo modo, não podemos utilizar a preposição “a” depois da preposição “após”.

Exemplos:

Todos nos reunimos após à reunião. [Inadequado]
Todos nos reunimos após a reunião. [Adequado]

O retorno dos alunos após ao intervalo é sempre tumultuado. [Inadequado]
O retorno dos alunos após o intervalo é sempre tumultuado. [Adequado]

4. A preposição “desde” não admite em sua seqüência a preposição “de”.

Exemplo:

Estamos esperando aqui desde das 12 h. [Inadequado]
Estamos esperando aqui desde as 12 h. [Adequado]

5. Em vez de utilizar a preposição “após” antes de verbos no particípio, prefira a locução “depois de”.

Exemplo:

O aluno partiu após difundida a notícia. [Inadequado]
O aluno partiu depois de difundida a notícia. [Adequado]

Omissão das preposições
Antes de alguns advérbios de tempo, modo e lugar, a preposição pode ou não ser omitida.

Exemplos:

Chegarão domingo. [Adequado]

Chegarão no domingo. [Adequado]

O filho, cabeça baixa, ouvia a reprimenda. [Adequado]

O filho, de cabeça baixa, ouvia a reprimenda. [Adequado]

A crase e as preposições
A crase não deve ser empregada junto a algumas preposições.

Dois casos, no entanto, devem ser observados quanto ao emprego da crase. Trata-se das preposições “a” e “até” empregadas antes de palavra feminina. Essas únicas exceções se devem ao fato de ambas indicarem, além de outras, a noção de movimento. Por isso, com relação à preposição “a” torna-se obrigatório o emprego da crase, já que haverá a fusão entre a preposição “a” e o artigo “a” (ou a simples possibilidade de emprego desse artigo). Já a preposição “até” admitirá a crase somente se a idéia expressa apontar para movimento.

Exemplos:

A entrada será permitida mediante à entrega da passagem. [Inadequado]
A entrada será permitida mediante a entrega da passagem. [Adequado]

Desde à assembléia os operários clamavam por greve. [Inadequado]
Desde a assembléia os operários clamavam por greve. [Adequado]

Os médicos eram chamados a sala de cirurgia. [Inadequado]
Os médicos eram chamados à sala de cirurgia. [Adequado]

…[termo regente: chamar a / “a” = preposição indicativa de movimento]

…[termo regido: (a) sala / “a” = artigo]

…[sala: palavra feminina]

Os escravos eram levados vagarosamente até a senzala.
Os escravos eram levados vagarosamente até à senzala.

…[termo regente: levar a / “a” = preposição indicativa de movimento]

…[termo regido: (a) senzala / “a” = artigo]

…[senzala: palavra feminina]

Observe que não foi apontado no exemplo (4) o uso inadequado e adequado das ocorrências de crase. Isso se dá porque atualmente no Brasil o emprego da crase diante da preposição “até” é facultativo.

Uso das locuções prepositivas
Certas construções da língua portuguesa constituem casos em que determinados termos se combinam de tal forma que não é permitida a variação seja qual for o contexto em que estão inseridas. Normalmente, trata-se de locuções (conjunto de palavras que formam uma unidade expressiva).

As locuções prepositivas são elementos que não variam em gênero (feminino ou masculino) e número (singular ou plural). São, por isso, expressões fixas na língua portuguesa. A forma fixa dessas locuções, porém, não se resume à variação de gênero e número. No decorrer da história da língua portuguesa, determinadas formas se consagraram. Muitos gramáticos postulam a adequação de uma forma e não outra para a língua escrita. Por isso, o emprego inadequado dessas construções configura-se um problema de linguagem.

Vejamos alguns exemplos freqüentes de uso inadequado de locuções prepositivas:

Exemplos:

A nível de experiência, tudo é válido. [Inadequado]
Em nível de experiência, tudo é válido. [Adequado]

Eles estavam em vias de cometer uma loucura. [Inadequado]
Eles estavam em via de cometer uma loucura. [Adequado]

A seguir, alguns exemplos de locuções em uso inadequado:

Note que o uso corrente das inadequações promove substituição ou supressão das preposições que compõem a expressão.

Além disso, é importante ressaltar que, embora estejamos nos referindo apenas às locuções prepositivas, o mesmo princípio pode ser aplicado às locuções conjuncionais ou locuções adverbiais. Vejamos, por exemplo, um caso em que a inadequação recai sobre uma locução adverbial:

Os amigos, na surdina, combinavam sobre tua festa. [Inadequado]
Os amigos, à surdina, combinavam sobre tua festa. [Adequado]

A regência e o uso de preposições
Na construção de uma unidade significativa, algumas palavras exigem o acompanhamento de outros elementos da língua. Essa relação de dependência com vistas à formação de um significado é chamada regência.

A regência pode ser direta, quando a relação de dependência é imediata, ou indireta, quando ela é intermediada por outros elementos da língua, como as preposições. A regência do substantivo sobre o adjetivo (como em “a menina bonita”), ou do verbo transitivo direto sobre seu complemento (ex.: “Maria ama Pedro”) se dá de forma direta, enquanto a regência do substantivo sobre outro substantivo (como em “a filha de Maria”) ou de um verbo transitivo indireto sobre seu complemento (ex.: “Maria gosta de Pedro”) se faz necessariamente por meio de uma preposição.

Nos casos de regência indireta, é preciso observar que nem todas as preposições podem desempenhar o papel de ligar o regente ao regido. Além disso, o uso de uma ou outra preposição pode provocar alterações de significado bastante consideráveis (ex.: “ir para casa”, “ir de casa”, “ir na casa”, etc.). Por isso, é preciso estar atento para o conjunto de preposições exigidas pelo regente, e para as implicações do seu uso.

A seguir alguns verbos da língua portuguesa que envolvem problemas freqüentes quanto à regência:

CONSTRUÇÃO INADEQUADA CONSTRUÇÃO ADEQUADA
estar de (greve) estar em (greve)
namorar com namorar
arrasar com arrasar
repetir de (ano) repetir o (ano)

Exemplos:

Suzana continuava a dizer que namorava com Mário. [Inadequado]
Suzana continuava a dizer que namorava Mário. [Adequado]

Meus pais não suportariam se eu repetisse de ano! [Inadequado]
Meus pais não suportariam se eu repetisse o ano! [Adequado]

Outros trabalhos relacionados

APOSTO

É o termo que explica, desenvolve, identifica ou resume um outro termo da oração, independente da função sintática que este exerça. Há quatro tipos...

"A" X "HÁ": A NOÇÃO DE TEMPO

"A" X "HÁ": A NOÇÃO DE TEMPO Um dos empregos do verbo haver é aquele que aponta para a noção de tempo decorrido. Quando expressa...

PERÍODO COMPOSTO

Período Composto por Coordenação: - É formado por orações coordenadas. - Orações coordenadas: São orações que no período não exercem função sintática uma em relação as...

ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS

São aquelas que desempenham as funções sintáticas próprias do substantivo. Sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal e aposto. Subjetiva: Funcionam como sujeito do verbo...