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quarta-feira, abril 24, 2024

A ÉTICA NO CASO ISABELLA NARDONI

A ÉTICA NO CASO ISABELLA NARDONI

Faculdade da Amazônia Ocidental
2008

“As sociedades modernas, influenciadas pelo materialismo não se preocupam em educar o ensino moral e espiritual. Muitas escolas dão ênfase ao ensino das letras, das matemáticas, das artes e ofícios e das ciências em geral, como se fosse mais importante e essencial do que a formação do caráter, a aquisição do senso de justiça, o cultivo da ética-moral e da verdade” (Pestalozzi)

A orgia que tomou conta do país nos últimos dias está ligada a um fato aterrorizante: o pai que jogou a filha da janela do sexto andar do prédio onde mora. O que está por trás de tanta comoção não é exatamente a morte de uma criança, mesmo que isso seja hediondo. Milhares de crianças morrem o tempo todo no país e no mundo sem que isso mereça dessas mesmas pessoas um simples bocejo.

São muitos os que não medem esforços para atingir as primeiras posições em tudo na vida, com o fim de alcançar honrarias e destaque social juntamente com os bens materiais. Tudo isso é válido quando se tem objetivos nobres em favor da comunidade e é nocivo quando só serve para alimentar o orgulho e a vaidade desmedidos.

Poucos são os que palmilham um caminho ético moral para obter sucesso, tornando-se úteis à sociedade. Esquece a maioria, que suas conquistas se putrefazem, e que a ânsia de querer cada vez mais não se esvai. E cada vez mais o fator “problema social” se agrava.

A pequena Isabela, asfixiada é a vítima óbvia. A mãe que recebe a notícia sobre a morte da filha também. Apesar da tal “frieza” relatada, não se descarta o choque. E o pai de Alexandre Nardoni, vendo o filho acusado do assassinato da própria neta.

Se for Alexandre o culpado ou cúmplice, o que sentirá seu pai sabendo do crime do filho? E se Alexandre for inocente, o que se passa no coração de um pai que vê o filho ser moralmente linchado, e por pouco, não sê-lo fisicamente também.

A morte desta criança chocou o país, e porque não dizer o mundo, mas os envolvidos já estão na verdade sendo punidos mesmo antes de serem condenados.

Diante de muitas evidências, e de algumas até terem sido apagadas “propositalmente”, ou não, talvez pelos acusados, talvez pelo pai do acusado, que não mediu esforços para ir ao apartamento do filho antes da perícia. Conseguiu fazer uma limpeza “geral”, mas deixando alguns indícios e esqueceu ele que além de pai é um advogado, que fez um juramento de saber dominar as paixões próprias e as das pessoas que o rodeiam;
ser honesto, independente, moderado, firme e manter essas virtudes acima de quaisquer suspeitas.

Fraude processual: alteração do local do crime com o intuito de enganar a Justiça (Artigo 347). Pena: três meses a dois anos de prisão e multa.

Na atual conjuntura social, a desesperança toma corpo trazendo desânimo a muitos. A ganância material, o desejo desenfreado para satisfação dos instintos grosseiros contamina e destrói os valores morais. Os apelos aos protótipos da perfeição física aliados à luxúria inebriante impedindo reações edificantes ao espírito se fazem presentes em todos os setores das atividades humanas. O narcisismo e o individualismo agem de forma impiedosa inibindo a prática da virtude em relação à solidariedade.

O individualismo tornou corpo, e suas conseqüências se mostram funestas. Os imediatistas vão se nutrindo com variadas iguarias que lhe são oferecidas por todos os meios, com sabores diferentes, mas em pouco tempo a indigestão se faz presente, por falta dos ácidos do bom senso e da ética moral que são inibidores de instintos bestializados. Sofrem, então, uma brutal intoxicação que se traduz no vazio existencial.

A criatura humana, no campo das relações sociais, constantemente colhe decepções e amarguras. Isto se deve pela falta de conduta virtuosa, por tentar construir sua felicidade, sobre os alicerces das considerações puramente materiais, sobre as glórias ilusórias que inflam o ego alimentando a vaidade, o orgulho que são os maiores cancros a cegar o homem para a evolução e para a realidade da vida. Na ânsia do ganho material, o homem desvirtuado, não mede esforços nem se importa com as conseqüências de seus atos para obter o almejado. Daí, a imoralidade surge, se impondo como conduta no dia a dia, corroendo quaisquer resquícios enobrecedores.

Aqueles que não participam de uma ação reflexiva e após, determinam uma ação que cria a vida humana não são autores de suas vidas, são somente meros participantes, (e são a grande maioria) são os que seguem as regras do outro.

É a regra que vige o que está aí, o que alguém inventou e todos seguem sem pensar, quer seja por obrigação, por inércia ou por medo de sanção, ou seja, é um heterônomo. Ao contrario, o autônomo é aquele que segue sua própria regra.

“Não basta ensinar ao homem uma responsabilidade porque se tornará assim, uma maquina utilizável, e não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale à pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto”.

No entanto, os fatores têm de se realçar em relação aos demais, não sendo incorreto dizer que pode inclusive abrangê-los de forma indireta.

Seria esse, a Impunidade Social, que nos leva a alguns questionamentos importantes e que de forma proposital serão aqui apresentados para que possam ser refletidos e respondidos por cada um a si mesmo, no quanto pensamos que dinheiro é importante, nas opções que temos que ser humano não pode ser tratado como “coisa”, pois coisa se usa enquanto tem utilidade e se joga fora após isso, e o homem tem sentimentos, tem necessário que seguir a sua liberdade, “esta sempre preso a ela”. O homem tem escolhas para fazer conforme o que o meio lhe propõem, mas nem sempre é o que “deveria” ser e sim o que se pode fazer naquele momento.

“Não cometereis injustiça no juízo, nem na vara, nem no peso, nem na medida. Balanças justas, pesos justos, e justo fim tereis”. (Lev. 19: 35, 36).

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