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sexta-feira, dezembro 13, 2024

Delimitações Conceituais e Realidades Históricas

Autor: Tássia Medeiros

O Fenômeno Urbano: Delimitações Conceituais e Realidades Históricas

Recife 2002

Mais uma vez o texto fala sobre o termo urbanização, e podemos distingue-lo de duas formas diferentes: primeiro como uma de concentração populacional delimitada por dimensão e densidade, e depois como uma diferenciação do sistema de valores, atitudes e comportamentos da sociedade, a “cultura urbana”.

É lembrada novamente a equivalência da urbanização e da industrialização, que além crescer em conjunto, criou as novas dicotomias discutíveis: rural/urbano e emprego agrícola/emprego industrial. O autor recusa-se a utilizar o termo “cidade” ao falar de formas de povoamento, mostrando assim seu ponto de vista sobre a problemática “urbana” e a organização social. Ligar forma espacial e conteúdo cultural não é a forma mais precisa para definir urbanização, pois este processo vai muito, além disso.

Na teoria a forma de definir urbano não passa de uma relação entre aglomerado e sua densidade, mas na pratica as coisas não são tão simples, pois não dá para determinar uma resposta X para essa relação, sem lembrar os níveis de desigualdade social. Muitas outras formas para definir o espaço urbano são existentes, mas apenas as mais maleáveis, entre elas a que consiste em classificar as unidades espaciais dos paises tomando por base a dimensão, a densidade e sua hierarquia funcional. Desse ponto de vista a dicotomia rural/urbano perde seu significado.

Os primeiros aglomerados urbanos mostram que cada cidade é um lugar geográfico com uma determinada estrutura político-administrativa desenvolvida para aquele local, e para o nível de desenvolvimento daquele povo. Onde cada cidade tem seu comercio, seu governo, seus habitantes e está completamente desligada das outras cidades vizinhas. Mostrando que o urbano está sempre articulado à sociedade. Mais tarde a idéia de cidade muda, e mesmo tendo características das antigas civilizações sua ligação está maior, seu território é maior e existe apenas um governo mandando em todas cidades conquistadas por ele, são os chamados Impérios.

Na Idade Média as cidades crescem com ajuda dos laços estabelecidos entre a burguesia e a nobreza, estando estas no comando. Onde as classses conseguiam dialogar, as terras em volta dos feudos cresceram de forma complementar, mas onde esse dialogo não existia o espaço urbano ficava isolado dos feudos. Ainda pode-se questionar as relações entre burguesia-nobreza-realeza.

Nem mesmo o crescimento industrial dos paises chegou a influenciar o crescimento das cidades, na realidade este crescimento até mesmo atrapalhou e quase causou o desaparecimento desta enquanto forma institucional e social autônoma.A ligação existente entre urbanização e Primeira Guerra Mundial está apenas no se relaciona também com o tipo de produção capitalista, que acabou com a sociedade agrária e forçou a emigração para os centros urbanos já existentes.

A relação entre industria e cidade, está cada dia mais igualitária, onde os dois dependem igualmente de seus frutos, a cidade necessita das ofertas de emprego, e a industria da matéria-prima e dos meios de transporte.

Atualmente o problema que gira em torno da urbanização está ligado a certos dados:

Os níveis de aceleração do ritmo do crescimento da urbanização;
A localização inapropriada de níveis altos de concentração nas regiões subdesenvolvidas;
As novas formas urbanas;
A relação entre o fenômeno urbano e os modos de produção.
Teoricamente estes problemas podem sem descritos com base em estudos históricos, essa é uma questão extremamente delicada que o autor tentou postular da seguinte forma:

Urbanização pode designar a concentração das atividades das populações num espaço restrito, ou a difusão de um sistema cultural especifico.
O urbano pertence a dicotomia ideológica sociedade tradicional/ sociedade moderna, e refere-se a diferença social e funcional da sociedade moderna.
A partir deste momento o autor passa a não falar mais em urbanização, trocando o termo por produção social das formais espaciais.
Ao analisar a urbanização não se pode esquecer do desenvolvimento, que tem como função ideológica apresentar as transformações estruturais, seus recursos técnicos e materiais da sociedade.
Relação investimento/ consumo, ligada a noção de desenvolvimento.
Conceito de dependência: relações assimétricas onde as formações sociais só possuem lógica dentro de um sistema geral.

A formação das regiões metropolitanas nas sociedades industriais capitalistas

Não há como descordar da importância do progresso tecnológico para a formação da metrópole, mas não se pode também anular o papel da comunicação e dos meios de transporte. Pois juntamente com a força de trabalho e a propriedade do capital, a tecnologia cria a chamada relação das forças produtivas.

Para tentar controlar os problemas existentes no conjunto social, o poder político, que utilizando uma espécie de “planificação urbana” cresce, divide em unidades especiais significativas, estando elas interligadas e sendo paralelamente interdependentes dentro do sistema produtivo. A questão da hierarquização das classes, que acaba definindo novas formas de “status” e diferenciando no nível de conhecimento da população.

A América do Norte uniu desde o começo o processo de industrialização e urbanização. O crescimento de pequenas aglomerações eleatórias aconteceu devido a procura por novas atividades e acarretou um crescimento populacional rápido e disperso. Esse tipo de crescimento normalmente tem um ritmo acelerado e acaba formando as chamadas regiões metropolitanas.

A característica maior da metrópole está na influencia que exerce sobre o funcionamento, a economia e a sociedade de um dado território. No interior das metrópoles encontramos:

Concentração maior do setor informal e terciário nos centros de negócios;
Dispersão da classe media em direção aos subúrbios, e a ocupação desta por imigrantes;
Crescimento industrial cada vez mais independente da cidade;
falta de correspondência entre a administração e as unidades de vida e trabalho.
A interdependência econômica e funcional das grandes cidades centrais e seus territórios circunvizinhos pode ser mostrada a partir dos dados obtidos num estudo clássico de Donald J. Bogue, onde:

1. À medida que a distância entre a metrópole e um determinado aglomerado aumenta a densidade da população diminui;

2. Os melhores centros de comércio e varejo se encontram nas cidades, e não nas periferias;

3. O preço cobrado por serviços nas cidades é mais alto.

4. A industria tenta concentrar-se entre a cidade central e um limite de 25 milhas.

5. Extensão de seu domínio econômico até outras metrópoles.

Existem três níveis de influência que as metrópoles devem atingir, o primeiro, os denominados contatos diretos, a relação de compra e venda; o segundo, os chamados contatos indiretos, jornais, chamadas telefônicas; e o terceiro deve se estender por zonas descontinuas.

Na região parisiense a forma de crescimento urbano está fundamentalmente ligada ao processo de industrialização e a dois períodos históricos: a arrancada econômica e a prosperidade que seguiu a Segunda Guerra mundial.

Em Paris a industrialização cresceu sozinha, criando novas oportunidades de emprego. O aparecimento das metrópoles aconteceu a partir de uma já existente estrutura francesa, que utilizava o critério da hierarquização e da capacitação do setor terciário, a partir da experiência já adquirida.

A unidade espacial parisiense é uma espécie de conjunto econômico e funcional, constituído por formas de relações cotidianas como:

Um centro do aglomerado;
Uma coroa suburbana;
Uma zona de atração.
Além de complexos residenciais, Paris, tem uma espécie de zona urbana-rural, onde há focos de industrialização, mas ligados à agricultura. Onde a industria alimentícia é a atividade econômica.

Desde seu inicio a industrialização segue três linhas distintas:

Grandes unidades produtivas;
Pequenas empresas subqualificadas;
A tentativa de reconstituir ambientes industriais modernos em espaços socialmente valorizados.

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