22.1 C
Sorocaba
quarta-feira, abril 17, 2024

Nutrição e Imagem Corporal do Adolescente

1. INTRODUÇÃO

O tema do trabalho em pauta intitula-se por “Nutrição e imagem corporal do adolescente”.

Os motivos que justificam a elaboração desse trabalho são: chamar atenção aos profissionais envolvidos no processo nutricional do adolescente que percebam que essa atenção à nutrição é fundamental devido ao risco de maus hábitos e desenvolvimento de transtornos alimentares muitos comuns nessa fase.

O controle de peso pode ser necessário para se obter um parâmetro mais objetivo dos adolescentes com alterações no padrão alimentar, pois a adolescência constitui período onde a preocupação com a beleza e estética corporal são fatores importantes para sua auto-estima.

Um dos aspectos fundamentais do processo de alimentação é a nutrição, a qual envolve qualidade e quantidade de alimento. As habilidades cognitivas têm bastante influência sobre a nutrição, especialmente com o adolescente, onde as orientações relacionadas com a alimentação se não forem aceitas ou compreendidas, os adolescentes, principalmente os que têm algum tipo de distúrbio com origem emocional correm o risco de desnutrição e obesidade, decorrentes de transtornos alimentares, onde dependendo do estágio de tais patologias podem levar o indivíduo à morte.

Considerando-se o impacto do comportamento alimentar na saúde, verifica-se a necessidade do desenvolvimento de estratégias de intervenção nutricional de sucesso para a adoção de práticas alimentares saudáveis; por isso torna-se necessário a identificação dos diferentes estágios de mudança de comportamento alimentar do adolescente, para que possibilite a formulação e aplicação de programas de educação nutricional específicos, de modo a promover maior estímulo e motivação para a mudanças de práticas alimentares inadequadas e propiciar uma qualidade de vida adequada em longo prazo.

Finalmente, as contribuições para a compreensão, intervenção ou solução que o trabalho apresenta são: despertar aos profissionais da área de nutrição para a realização de uma pesquisa de campo, a qual depois de concluída poderá ter utilidades fundamentais para o curso, para a disciplina como também para o próprio aluno, referente à nutrição do adolescente relacionada à sua imagem corporal.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Relacionar a imagem corporal com o comportamento alimentar na adolescência.

2.2 Objetivos específicos

– Caracterizar o período da adolescência.
– Relacionar o corpo físico e a imagem corporal do adolescente.
– Citar as práticas alimentares do adolescente.
– Explicar a representação corporal e o risco de transtornos alimentares.
– Relacionar o estado nutricional e a autopercepção de imagem corporal.
– Caracterizar a nutrição do adolescente na escola como atividade educativa.

3. METODOLOGIA

Na elaboração desse trabalho que abordou a relação da imagem corporal e nutrição em adolescentes, utilizou-se o método de procedimento monográfico, constitui-se de estudo sobre um tema específico ou particular de suficiente valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia.

A técnica de pesquisa utilizada para a coleta de dados foi a leitura em livros, revistas e artigos em sites de caráter científico, cujo tipo de dados foi o secundário, onde a revisão literária já se encontra disponível, já foi objeto de estudo e análise.

4. REVISÃO DA LITERATURA

4.1 Caracterização do período da adolescência

A adolescência é um período de transição entre a infância e a vida adulta, que se caracteriza pelas intensas mudanças que são partes de um processo contínuo e dinâmico. (GODOY et al., 2006).

A adolescência corresponde a um estágio de vida no qual ocorrem complexas transformações somáticas, psicológicas e sociais no indivíduo. Crescer e se alimentar implicam no estabelecimento de relações, na realização de escolhas, na identificação com valores sociais e padrões estabelecidos, na adoção de diversos hábitos, horários e estilos de vida (ANJOS et al., 2003).

A maneira como se passa pela adolescência interfere significativamente na vida adulta, podendo, conforme o indivíduo, superar certas limitações, mas com bastante dificuldades. O período do adolescer é uma fase de descobertas e de início da aquisição da independência, sendo necessário o estabelecimento de limites, por parte dos pais, para que os mesmos aprendam o que é certo ou errado e formem uma personalidade saudável (MELO, 2006)

Gowers e Shore (2001) abordam que a adolescência é vista como o estágio de grande risco para o desenvolvimento dos transtornos alimentares devido à convergência de mudanças físicas e psicológicas que ocorrem neste período; estes transtornos estão aumentando entre as crianças em idade escolar, especialmente nas meninas, e tem se mostrado associado com baixa auto-estima corporal.

Portanto, a adolescência é definida através de diversos critérios além do cronológico, como mudanças nos aspectos sociais, mudanças psicológicas e combinação de outros critérios de personalidade. É um momento em que o indivíduo precisa aprender a ser independente dos pais ou outros adultos e estabelecer relações sociais mais maduras com os pares de ambos os sexos. (SCHOEN-FERREIRA, 2002).

O jovem busca formar a sua identidade, explorando os valores e as oportunidades de sua cultura. Na adolescência o indivíduo necessita de apoio solidário ao se defrontar com as situações ligadas ao seu crescimento e desenvolvimento (SILVA et al., 2004.).

A puberdade tem um aspecto biológico e universal, caracterizado pelas modificações visíveis, como por exemplo, o crescimento de pêlos pubianos, auxiliares ou torácicos, o aumento da massa corporal, desenvolvimento das mamas, evolução do pênis, menstruação, etc. Estas mudanças físicas costumam caracterizar a puberdade, que neste caso seria um ato biológico ou da natureza (BALLONE, 2003).

Ainda conforme Ballone (2003) a adolescência, por sua vez, é uma atitude cultural. A Adolescência é uma atitude ou postura do ser humano durante uma fase de seu desenvolvimento, que deve refletir as expectativas da sociedade sobre as características deste grupo. A adolescência, portanto, é um papel social. E esse papel social de adolescente, parece sempre ter sido simultâneo à puberdade.

Em suma, a adolescência pode ser definida como uma fase de transição entre a infância e a idade adulta, compreendendo a faixa cronológica entre 10 e 20 anos; sendo caracterizada por profundas transformações biológicas e psico-sociais que envolvem intenso crescimento e desenvolvimento.

4.2 O corpo e a imagem corporal do adolescente

O conhecimento do corpo resulta de um esforço contínuo. O desenvolvimento guia-se pela experiência, erro e acerto, esforço e tentativa. Só desta forma pode-se atingir o conhecimento organizado do corpo, sendo que o modelo postural do corpo está em perpétua autoconstrução e autodestruição interna. Vive em contínua diferenciação e integração.

Durante a adolescência, o indivíduo passa a ter dificuldade de entender e lidar com o seu novo universo físico e mental. À medida que o corpo adquire nova configuração, a imagem mental que o adolescente tem de si mesmo se modifica. Ele terá de readaptar sua imagem corporal, juntamente com sua imagem global e seu papel na sociedade (FLEITLICH, 1997).

Além de todos os conflitos naturais desta fase, há uma pressão cultural em direção à magreza, estigmatizando a obesidade, que predispõe o adolescente às atitudes alimentares anormais. Geralmente neste processo, meninos e meninas tornam-se excessivamente preocupados com o seu tamanho e aparência física (MALONEY,1998).

Em alguns casos, este processo pode se tornar patológico, manifestando-se sob a forma de transtornos psiquiátricos, como a anorexia nervosa e a bulimia nervosa. Estudos têm mostrado uma alta prevalência de insatisfação em relação ao peso e forma corporal (MIDDLEEMAN et al., 1998).

A imagem corporal pode ser entendida pela imagem do corpo formada na mente do indivíduo; ou seja, o modo como o corpo apresenta-se para o indivíduo, envolvido pelas sensações e experiências imediatas (SCHILDER, 1981).

Para se compreender a imagem corporal, deve-se abordar a questão psicológica central da relação entre as impressões dos sentidos, dos movimentos e da motilidade geral do indivíduo. Ao se perceber ou imaginar um objeto, ou quando se constrói a imagem de um objeto, o indivíduo não age meramente como um aparelho perceptivo, pois existe sempre uma personalidade que experimenta a percepção (SCHILDER, 1981).

Erthal (1991) define imagem corporal como um retrato do corpo formado na mente, sendo o esquema corporal expandido para além do próprio corpo, uma vez que as roupas, os objetos, vinculados ao corpo aquilo que se origina ou emana dele também passam a fazer parte dessa imagem criada.

Cash (1995) estudou a relação das críticas ocorridas na infância e adolescência sobre a imagem corporal em 11 adolescentes e jovens adultas entre 18 e 39 anos, sendo examinadas suas experiências pregressas, verificou-se que aquelas que informaram maior incidência de críticas e de experiências angustiantes, apresentaram maior insatisfação e distúrbios da imagem corporal. A influência negativa de maior ressonância relacionou-se à figura de amigos e membros familiares, especialmente irmãos.

Uma pesquisa desenvolvida por Richard et al. (1990) com 284 adolescentes de ambos os sexos, em duas comunidades de classe média e médio-alta nos Estados Unidos, por meio de entrevistas individuais com aplicação de escalas, mostrou maior satisfação dos meninos com o peso e imagem corporal positiva em relação ao grupo feminino. As meninas revelaram baixa satisfação corporal com o peso e pobre imagem corporal, percebendo-se maiores do que gostariam de ser.

Fowler (1989), estudando a relação da imagem e peso corporal de adolescentes norte-americanas, de 13 e 17 anos de idade, por meio de questionários e medidas de peso corporal, constatou que o peso corporal interfere na formação e distorção da imagem corporal. As adolescentes obesas mostraram-se mais conscientes de seu peso corporal, no entanto com baixa auto-estima e percepção distorcida de imagem corporal, sendo mais suscetíveis ao desenvolvimento de comportamento alimentar extravagante.

Numa pesquisa comparativa de imagem corporal entre adolescentes da Finlândia, Estados unidos e Alemanha, envolvendo 1186 jovens entre 12 e 19 anos, constatou-se que, independente do país, os adolescentes apresentavam atitudes semelhantes no controle de impulsos, imagem corporal, atitudes sexuais e relação familiar. Apesar das diferenças culturais e padrões de valores, observou-se semelhanças na conduta comportamental (ERKOLAHTI et al., 1992).

Cash e Henry (1995) em investigação nacional envolvendo 803 mulheres norte-americanas constataram insatisfação com o peso corporal em 46% delas, sendo 47% insatisfeitas com o tórax e 51% com o abdome.

Braggion et al. (2000) pesquisaram a percepção da aparência corporal de 28 adolescentes entre 14 e 17 anos de idade do sexo feminino, agrupadas de acordo com auto-avaliação da aparência corporal utilizando como critério: “gorda”, “peso normal” e “magra”. O grupo “gorda” apresentou valores maiores, porém significativamente diferente de peso, estatura, IMC e valores de adiposidade quando comparadas aos demais grupos. Concluíram que a percepção da aparência corporal pode influenciar o consumo alimentar e práticas de controle de peso corporal inadequadas, prejudicando a saúde das adolescentes.

Kilpatrick et al. (1999), em um estudo longitudinal com 6500 adolescentes norte-americanas, sendo 52,6% do sexo feminino e 47,4% do sexo masculino, sobre percepção e administração de peso corporal com aplicação de questionário, detectaram que os jovens esforçam-se para administração seu peso, no entanto com pouca consciência de seu peso real. Segundo os autores, apesar dos adolescentes demonstrarem preocupação e atenção com o peso corporal, apresentavam dificuldade em perceber seu peso corporal real, dado que, aproximadamente um terço desses adolescentes, mostraram-se incapazes de classificar-se apropriadamente como magro, normal ou obeso.

O estudo de Moraes (2001) com 316 adolescentes de classe média no município de São Paulo, concluiu que as meninas adolescentes são insatisfeitas com seu corpo, em proporção quase duas vezes maior quando comparado aos meninos, apresentam grande tendência a distorções da imagem corporal, superestimando a dimensão de seu corpo e realizam dietas restritivas independentemente da necessidade real.

A ocorrência dos distúrbios alimentares pode variar conforme as crenças culturais de cada população (SAMPEI et al., 2002).

A adolescência tem sido considerada como uma fase de risco para o desencadeamento de transtornos alimentares. Estudos têm confirmado que os problemas alimentares e a preocupação com imagem corporal emergem em respostas às mudanças que ocorrem na puberdade (FIELD et al., 1999).

4.3 Práticas alimentares do adolescente

Os hábitos alimentares exercem grande influência sobre o crescimento, desenvolvimento e saúde em geral dos indivíduos, principalmente na adolescência (NEUTZLING et al., 2007).

A mudança dos hábitos alimentares das pessoas, principalmente dos adolescentes brasileiros, é preocupante, por trazer conseqüências desagradáveis

(HANLEY et al., 2000).

Os adolescentes priorizam e tendem a viver o momento, não se preocupando com as conseqüências de seus hábitos alimentares em longo prazo (PRIORE; VIEIRA, 2001).

No Brasil, tem sido detectada a progressão da transição nutricional, caracterizada pela redução na prevalência dos déficits nutricionais e ocorrência mais expressiva de sobrepeso e obesidade não só na população adulta, mas também em crianças e adolescentes (ANDRADE; PEREIRA; SICHIERI, 2003).

A obesidade está sendo considerada uma doença crônica e epidêmica, pois vem apresentando um rápido aumento nas últimas décadas, além de estar relacionada com uma alta taxa de morbidade e mortalidade. Estudos realizados em algumas cidades brasileiras mostram que o sobrepeso e a obesidade já atingem mais de 20% dos adolescentes. (OLIVEIRA et al., 2004).

Segundo teorias ambientalistas, as causas estão fundamentalmente ligadas às mudanças no estilo de vida e aos hábitos alimentares. Confirmando essas teorias, verifica-se que a obesidade é mais freqüente em regiões mais desenvolvidas do País (Sul e Sudeste), pelas mudanças de hábitos associadas a esse processo (ESCRIVÃO; OLIVEIRA; TADDEI, 2000).

De acordo com Fisberg (2002), os adolescentes preferem não ter trabalho algum para se alimentarem, são normalmente “preguiçosos”, por isso procuram as comidas prontas, congeladas, salgadinhos e sanduíches que normalmente estão prontos para o consumo.

Na adolescência, os aspectos psicossociais não vão influenciar apenas os processos de nutrição, mas também a busca da personalidade, a aceitação do próprio corpo que está se transformando, a identificação com o grupo também o desenvolvimento do pensamento abstrato. Deve-se levar em consideração a independência crescente dos adolescentes, as tarefas diárias e a participação na vida social, que influenciam os hábitos alimentares, mesmo porque freqüentemente os adolescentes são alvos de propagandas, comem rápido e fora de casa, omitem refeições ou as substituem por lanches de composição inadequada, compram e preparam sua própria comida (WAITZBERG, 2000).

As mais recentes pesquisas sobre o consumo alimentar de adolescentes nos Estados Unidos e no Brasil mostram que esse grupo está consumindo dietas com alta quantidade de gordura, aumento na ingestão de cereais e diminuição do consumo de frutas e verduras (KASAPI et al., 2000).

O consumo alimentar tem sido relacionado à obesidade não somente quanto ao volume da ingestão alimentar, como também à composição e qualidade da dieta. Além disso, os padrões alimentares também mudaram, explicando em parte o contínuo aumento da adiposidade nas crianças, como o pouco consumo de frutas, hortaliças e leite, o aumento no consumo de guloseimas (bolachas recheadas, salgadinhos, doces) e refrigerantes, bem como a omissão do café da manhã (ANDRADE; PEREIRA; SICHIERI, 2003).

De acordo com Lemos e Dallacosta (2005) o hábito é a disposição duradoura adquirida pela repetição freqüente de um ano, uso ou costume. Portanto, ao relacionar-se com a alimentação, o hábito alimentar é o que as pessoas freqüentemente costumam comer. A mudança desses hábitos, principalmente dos adolescentes brasileiros é preocupante por trazer conseqüências desagradáveis como as doenças crônico-degenerativas. A adolescência não exerce influências nos processos de nutrição, esse período é manifestado pela quebra de padrões, com rejeição dos hábitos alimentares da família e a imitação dos hábitos do grupo pelo qual deseja ser aceito.

Para promover hábitos alimentares mais saudáveis, e, conseqüentemente, diminuir os índices de obesidade, acredita-se que seja importante que as pessoas tenham conhecimentos de alimentação e nutrição. Porém, estudos não encontraram diferenças significativas entre conhecimentos em nutrição de crianças e adolescentes obesos e eutróficos (LEMOS; DELLACOSTA, 2005).

Tirapegui (2002) aborda que pesquisas que utilizaram educação nutricional como uma das estratégias de intervenção, relataram melhora nos conhecimentos nutricionais, atitudes e comportamento alimentar, influenciando também nos hábitos alimentares da família. Entretanto, o conhecimento parece não ser suficiente para mudar a prática alimentar levando a modificações no IMC.

Os adolescentes também passam a desenvolver novos esquemas alimentares e a convivência com colegas, tende a influenciar no consumo alimentar adotado em casa. Nesse momento, os pais começam a enfrentar grandes obstáculos na educação alimentar de seus filhos. Não menos culpados em criar maus hábitos alimentares, as lanchonetes e cantinas escolares são responsáveis por oferecer em seus estabelecimentos alimentos estritamente calóricos, como salgadinhos, refrigerantes, doces e balas, alimentos ricos em gorduras saturadas, como as frituras e hambúrgueres, deixando de oferecer alimentos saudáveis, como os a base de queijos e saladas, frutas e leite, comprometendo assim, o aporte adequado de vitaminas e minerais (TIRAPEGUI, 2002).

Sabe-se que as práticas alimentares inadequadas são cada vez mais freqüentes nos adolescentes. Atualmente, o padrão alimentar característico do adolescente inclui o consumo excessivo de refrigerantes, açúcares e junk foods, a reduzida ingestão de frutas e hortaliças, a adoção de dietas monótonas ou modismos alimentares, bem como a não realização do café da manhã. Tais desequilíbrios alimentares favorecem a ocorrência de desvios nutricionais, além de uma ingestão insuficiente de micronutrientes (ESCRIVÃO; OLIVEIRA; TADDEI, 2000).

Caldeira (2000) expõe alguns fatores que influenciam a formação dos hábitos alimentares, que são os motivos sociais, os fatores geográficos, os modismos (TV, rádio, revistas, etc.) que vêm influenciando, e muito, o comportamento alimentar de adolescentes e também não se pode desconsiderar os fatores econômicos que fazem com que, em muitos casos, não se tenha opção, mas às vezes, a opção por determinado alimento é que está incorreta.

Muitos adolescentes, apesar de terem um bom conhecimento sobre os princípios de uma alimentação equilibrada, têm atitudes que não correspondem a esse conhecimento: uma grande parte consome regularmente salgadinhos e outros alimentos considerados Junk foods, em desacordo às recomendações nutricionais (FISBERG et al., 2002).

O problema é que apesar dos adolescentes saberem a importância saudável, eles não se preocupam com a prevenção da saúde relacionada com a alimentação, e isso se deve ao senso de invencibilidade e indestrutibilidade dos adolescentes (FISBERG et al., 2002).

4.4 Representação corporal e o comportamento da dieta

Para OPAS/OMS (2000) o perfil nutricional de adolescentes no Brasil e no mundo vem mudando nas últimas décadas, com uma redução na prevalência de desnutrição e elevação de obesidade.

Paralela e paradoxalmente a este quadro de deficiência nutricional existente no mundo e também na realidade brasileira, o excesso de peso vem aumentando, iniciando-se já na infância e adolescência. Essa realidade é bastante acentuada em países como os Estados Unidos, onde pesquisas registram índices de sobrepeso em 11% de meninos e meninas de 6 a 11 anos. As estatísticas norte-americanas são agravadas pela constatação de que a maioria dos adolescentes com sobrepeso no país torna-se obesa aos vinte e cinco anos de idade (CDC/NHS, 2000).

Sabry et al. (2007) comenta que dentre as causas associadas a esta situação, observa-se que enquanto parte significativa dos adolescentes não tem acesso a uma alimentação que garanta as condições mínimas para o crescimento saudável e normal, tantas outras começam a sofrer com doenças relacionadas ao consumo de alimentos industrializados hipercalóricos, contendo quantidades excessivas de gorduras, proteínas, açúcares, etc.

De acordo com Pereira (2002) e Campos; Leite e Almeida (2006) os hábitos alimentares adquiridos durante a infância e adolescência podem influenciar preferências e práticas na idade adulta e, conseqüentemente, também o estado nutricional. Dessa maneira, é importante que se conheça a situação ponderal da população, principalmente na infância e adolescência, pois é nesta fase de vida que as ações de intervenção podem ser efetivas, propiciando a aquisição de hábitos alimentares mais saudáveis e contribuindo para uma melhor qualidade de vida desde os primeiros anos.

Baseada na teoria dos autores Pereira (2002) e Campos; Leite e Almeida (2006), Sabry et al. (2007) e para que isso ocorra afirmam que é fundamental que se conheça exatamente a realidade dos grupos aos quais ações de intervenção serão dirigidas e não que se estime o que ocorre com eles a partir de dados mais globais. Periferias das grandes cidades, por exemplo, podem apresentar situações diferenciadas em relação às prevalências globais de baixo peso e excesso de peso dessas cidades.

O desenvolvimento da imagem corporal encontra paralelo no desenvolvimento da identidade do próprio corpo, tendo relações com os aspectos fisiológicos, afetivos e sociais. É um processo que ocorre durante toda a vida. A construção da identidade corporal é sempre um processo em construção. As primeiras experiências infantis são fundamentais no desenvolvimento da imagem corporal, mas as experiências e o explorar o corpo nunca param (TAVARES, 2003).

A criança, o adolescente ou o adulto que possui sentimento seguro em relação a si mesmo, com sólida auto-estima, não tem o seu valor físico atingido pelas imposições sociais de beleza. Em contrapartida, a imagem corporal pobre está ligada à baixa auto-estima, ou seja, ao sentimento de inadequação como pessoa e baixo valor. Uma forma de fortalecer a relação positiva com o próprio corpo é a prática regular de exercícios físicos, que alimenta as experiências de competência física e bem-estar, beneficiando a auto-imagem, bem como a saúde mental como um todo. Outra forma de melhorar a imagem corporal e prevenir os transtornos alimentares é mudar o ideal de beleza atual de extrema magreza, isto já é defendido pelos especialistas (STRIEGEL-MOORE, 2001).

Tiggemann e Lynch (2001) desenvolveram a chamada “teoria da auto-objetificação” para explicar os processos envolvidos nas respostas emocionais e comportamentais das mulheres na busca por atingir os ideais culturais de beleza. A teoria sustenta que, nas sociedades ocidentais, o corpo feminino é socialmente construído como um objeto a ser olhado e avaliado. Uma das conseqüências de ser mulher em uma cultura que objetifica eroticamente o corpo feminino é que as meninas, em sua socialização, gradualmente internalizam uma perspectiva de observadoras de seu físico e começam a tratar a si mesmas como objetos a serem vistos e avaliados, num processo definido como “auto-objetificação”. Esta seria uma forma de autoconsciência, caracterizada por uma habitual e constante monitorização do exterior do corpo, com conseqüências emocionais negativas. A internalização da perspectiva do observador parece levar a um aumento da vergonha e da ansiedade relativas à aparência física.

Os autores concluem que o acúmulo de experiências como essas contribuem para o surgimento de desordens psicológicas cuja prevalência é maior na população feminina, como os transtornos alimentares.

A insatisfação com o corpo tem sido freqüentemente associada à discrepância entre a percepção e o desejo relativo a um tamanho e a uma forma corporal Embora constitua objeto complexo para investigações, existem evidências de que a mídia tem influência sobre os distúrbios na esfera da alimentação e da imagem corporal, pois ao mesmo tempo em que exige corpos perfeitos, estimula práticas alimentares não-saudáveis (SAIKALI et al., 2004).

Para abordar os distúrbios alimentares é importante lembrar que a capacidade de abstração e o desenvolvimento crítico também se desenvolvem na adolescência, juntamente com um maior senso de independência emocional e autoconhecimento (BRASIL, 1999).

A autopercepção e a satisfação com a imagem corporal são fatores preponderantes na auto-aceitação do adolescente e podem gerar atitudes inadequadas que prejudicam seu crescimento e desenvolvimento (BRANCO, HILÁRIO; CINTRA, 2006).

As mudanças do corpo, da percepção de si mesmo e as regras sociais aprendidas quando criança torna difícil a adequação do adolescente a uma nova realidade. O adolescente sente necessidade de ensaiar, provar, intentar, duvidar e fantasiar, como uma forma de treinamento para enfrentar a nova situação, estabelecendo seus próprios limites. Assim, a adolescência é por vezes considerada como uma época de crise durante a qual os adolescentes se mostram instáveis, imprevisíveis, com tendência a uma baixa auto-estima, com espírito de contradição, especialmente em relação aos pais. No entanto, esta forma de conduta aparentemente anormal, tem lógica e coerência, sendo saudável para o bom desenvolvimento do adolescente, representando a necessidade de liberdade e autonomia, satisfação sexual e afetiva, de individualização e estabelecimento da identidade.

A conduta do adolescente não é uma manifestação contrária à autoridade, nem a degradação dos valores humanos, é apenas um ajuste a uma nova situação que os levará à maturidade (FONDO DE LAS NACIONES UNIDAS PARA LA INFANCIA – UNICEF, 1998).

De acordo com Branco, Hilário e Cintra (2006) nos últimos anos têm aumentado o consumo de produtos dietéticos e light pelos adolescentes, podendo estar associado a fatores como a preocupação com o corpo durante este estágio de vida e a grande disponibilidade destes produtos nos dias de hoje. No entanto, os produtos dietéticos e ligth podem estar relacionados à modificação do padrão alimentar. A preocupação com o corpo e a grande oferta no mercado de produtos dietéticos e light, que visam o consumo de nutrientes de reduzido valor calórico, têm aumentado nos últimos anos, predispondo o adolescente a modificar o seu padrão alimentar.

Os adolescentes, mesmo quando estão no peso adequado ou abaixo do peso ideal, costumam se sentir gordas ou desproporcionais, o que se denomina de distorção da imagem corporal (FLEITLICH et al., 2000).

No sexo feminino, com o aumento da idade, há a tendência em querer perder peso; inversamente, no sexo masculino, essa vontade diminui, prevalecendo o desejo de ganhar peso num porte atlético (VILELA et al., 2001).

A satisfação que o adolescente sente com o seu corpo e com as respectivas alterações é primordial para o seu sentimento de valorização pessoal e auto-estima. Os adolescentes têm habitualmente uma percepção correta do seu corpo, embora nalgumas situações essa aparência possa acarretar insatisfação e sofrimento. Esta população é particularmente sensível aos estereótipos, ideais e padrões de beleza e elegância vigentes na sociedade, sendo que o grau de proximidade/afastamento catalisa reações mais ou menos negativas. A preocupação com a aparência física e o peso é muito maior nas meninas que nos meninos, o que torna a vivência da adolescência especialmente difícil para elas. Nos rapazes, a atenção centra-se no desempenho físico e intelectual (SOARES, 2000).

A inadequação de dietas é mais comum entre adolescentes do que em qualquer outro segmento da população. A nutrição deficiente durante a adolescência pode ser causada por uma variabilidade de fatores, incluindo-se a instabilidade emocional, o desejo obsessivo de emagrecer e a instabilidade geral no estilo de vida e circunstâncias sociais (GUTHRIE et al., 1995).

A preocupação com a alimentação associada ao controle de peso não pode ser considerada sempre negativa. Segundo Nichter et al. (1995), a grande maioria dos estudos sobre comportamentos de perda de peso dos adolescentes, tem se focado mais sobre as atitudes e comportamentos negativos do que nos aspectos positivos. Seu estudo identificou dois comportamentos distintos: o comportamento de dieta e o comportamento de “watching” (observação), ou seja, comportamento em que o adolescente observa o que come. Estes adolescentes não fazem dieta propriamente dita, no entanto, evitam “junk foods” (alimentos de baixo valor nutricional) e aumentam o consumo de frutas e vegetais. Estes autores comentam que este comportamento alimentar em direção a uma atitude mais saudável é relacionado com uma alta auto-estima e baixos níveis de ansiedade.

As distorções alimentares, normalmente atribuídas aos adolescentes na literatura, não foram constatadas no estudo de Gama (1999), que investigou o hábito alimentar de adolescentes de bom nível sócio-econômico em São Paulo, verificando que a freqüência do consumo de “junk food” observada não caracterizou hábito prejudicial, já que houve consumo regular de alimentos básicos.

Priore (1998), estudando 320 adolescentes de 12 a 18 anos de escolas públicas de São Paulo, também verificou que os alimentos consumidos com maior freqüência pelos adolescentes não diferiram daqueles observados na população brasileira e nem se observou consumo excessivo de guloseimas, com exceção dos refrigerantes.

Apesar deste panorama positivo apresentado por essas duas autoras, pelo menos em termos das escolas de São Paulo, dados do NHANES III (Kant, 2000) mostram que na dieta americana, aproximadamente 27% do total energético diário são provenientes de alimentos com alto teor energético e pobre em nutrientes (“junk foods”). A despeito do aumento da consciência sobre a relação entre dieta e saúde, no ínterim desde NHANES II, os alimentos densamente energéticos e pobres em nutrientes continuam a desempenhar uma importante função na dieta dos americanos. Há 4 grandes implicações do alto consumo destes alimentos: 1 – risco aumentado de ingestão energética alta; 2 – ingestão marginal de nutrientes; 3 – pouca concordância com as recomendações dos guias dietéticos e 4 – concentrações séricas baixas de vitaminas e carotenóides.

É provável que o Brasil alcance os níveis de ingestão de alimentos densamente energéticos e pobres em nutrientes verificados no NHANES III uma vez que o país está rapidamente mudando de um problema de déficit dietético para um problema de excesso alimentar (MONTEIRO et al., 1995).

A mudança mais marcante está associada a um aumento na densidade energética das dietas, evidenciada pela comparação de duas pesquisas de consumo alimentar conduzidas no país em 1961-62 (Getúlio Vargas Fundation, 1970) e em 1987-88 (IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1991).

Estratégias de educação alimentar então, são necessárias para que haja a difusão de informações que auxiliem, não só os adolescentes como a população em geral, a evitar um consumo excessivo de “junk foods” e, como conseqüência, diminuir os impactos negativos à saúde produzidos por estes alimentos.

Muitos adolescentes pulam refeições. As razões para estas omissões são várias, incluindo-se falta de tempo, falta de apetite e medo de engordar. Muitos estudos mostram que o desjejum é a refeição mais omitida (FONSECA et al., 1998).

Este fato é preocupante, pois alguns estudos já demonstraram que a omissão do desjejum está associada com a alteração da função cognitiva e comportamental dos estudantes em sala de aula (Court,1988).

No estudo de Priore (1998), com relação a realização das principais refeições, verificou-se que o jantar era a menos praticada.

Vários estudos mostram que comer entre as principais refeições é um hábito praticado por cerca de 75% dos adolescentes (Guthrie, 1995; Hurson e Corish, 1997). Segundo alguns autores os alimentos ingeridos entre as principais refeições contribuem significativamente para a ingestão energética total e diversidade dietética destes adolescentes.

No entanto, alguns estudos alertam para o fato de que a maioria dos “lanches” está associado a grandes quantidades de açúcar e gordura (HURSON ; CORISH, 1997).

É necessário desta maneira, esclarecer aos adolescentes que os lanches podem ser parte aceitável da dieta diária, desde que sejam contribuições para uma alimentação saudável.

Em relação ao consumo energético diário, Priore (1998) verificou que esteve sempre abaixo das recomendações, ao contrário das proteínas, cujo consumo permaneceu acima da respectiva recomendação para os dois sexos e em todas as faixas etárias. Para os micronutrientes, a adequação de consumo de ferro para o sexo feminino, em todas as faixas etárias, esteve sempre abaixo do recomendado e para cálcio, tal situação também foi encontrada para o sexo masculino. A autora conclui que estes déficits observados na ingestão energética de cálcio e ferro expõe os adolescentes a riscos nutricionais de diferentes magnitudes.

Também Gama (1999), estudando 724 adolescentes (316 de escola particular, 408 de escola estadual) de 10 a 19 anos no município de São Paulo, verificou que em relação a cálcio, 70 a 80% dos adolescentes do sexo feminino apresentaram consumo inadequado, sendo que entre as mais jovens o consumo foi pior. E a condição sócio-econômica afetou o consumo, já que este foi pior na escola estadual. Em relação ao ferro, 50% dos adolescentes apresentaram consumo inadequado, sem diferença em relação a condição sócio econômica. Para vitamina C, 1/3 dos adolescentes apresentou deficiência no consumo, que seria facilmente resolvido a partir da ingestão de 1 copo de suco ou 1 fruta cítrica.

Tais dados evidenciam novamente a importância da educação nutricional para este grupo. Field et al. (2001) afirmam que preocupações com peso, forma física e dietas são comuns entre pré-adolescentes e adolescentes de hoje. Os autores destacam que além da internalização do ideal de magreza, há pressões da família, da mídia e dos colegas para que as meninas sejam magras, o que aumenta ou mantém a insatisfação com o corpo relembrando constantemente as jovens do quanto estão distantes da forma e do peso ideais.

Como a dieta dos adolescentes caracteriza-se por consumo de produtos alimentícios com elevado teor de gordura saturada e colesterol, o consumo excessivo desses produtos pode provocar aumento da gordura corporal e em decorrência o sobrepeso e a obesidade (GARCIA; GAMBARDELLA e FRUTUOSO, 2003).

Dessa maneira destaca-se a relevância de sobrepeso e obesidade, principalmente entre adolescentes, e, ainda, a relação entre inadequação de dietas e risco para doenças crônicas e obesidade (GARCIA; GAMBARDELLA e FRUTUOSO, 2003).

Nos homens da puberdade para adolescência há influencia da testosterona. E após a puberdade com o treinamento de força pode ocorrer o aumento da massa muscular além do crescimento normal (WEINECK, 1999).

Segundo Fleck e Kraemer (2002), os adolescentes ao ficarem mais velhos e atravessarem a puberdade, poderão demonstrar o tamanho de seus músculos, o que pode então, tornar-se objetivo de treinamento.

Conforme Kraemer e Fleck (1993) o aumento da massa muscular pode ser uma preocupação especialmente para os meninos mais novos, que fisicamente ainda não podem desenvolver seus músculos além do crescimento normal, mas observam os meninos mais velhos (16 ou 17 anos) que têm músculos maiores e melhores definidos. Ainda segundo esses autores mesmo autor, é um erro que um menino pequeno acredite que, apenas por começar a levantar pesos, ele terá o físico e o tamanho de músculos que deseja em alguns meses. Conforme a criança cresce e passa para a puberdade, os aumentos musculares, especialmente nos homens, tornam-se biologicamente mais plausíveis. Somente depois que uma criança tenha entrado na adolescência, normalmente em torno dos 14 anos ou mais tarde, os ganhos em tamanho torna-se um objetivo possível e viável. Contudo, devido às diferenças típicas de amadurecimento entre as crianças, devem ser tomados cuidados para avaliar este objetivo individualmente.

4.5 A importância da escola e ambientes sociais como protetores e auxiliadores na prevenção de problemas alimentares do adolescente

Para Gomes (1994) uma característica importante em pacientes obesos é a depreciação da própria imagem física, sentindo-se inseguros em relação aos outros e imaginando que estes os vêem com hostilidade e desprezo.

Além disso, Allon (1979) cita que adolescentes com sobrepeso freqüentemente referem ao peso como um fator agravante na interação social, sofrendo discriminações que interferem em seus relacionamentos sociais e afetivos.

Gomes (1994) refere ainda que o adolescente apresenta constante preocupação com seu peso, visando um ideal de beleza imposto pelo corpo magro, e a não aceitação de seu corpo, o que o leva a sentir-se marginalizado na sociedade. Dessa maneira, adolescentes que se deparam com a obesidade têm muitos problemas em relação à aceitação de sua auto-imagem e à valorização de seu próprio corpo.

A adolescência é considerada uma fase de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares (SAMPEI et al.; 2002).

A ávida busca por esse paradigma de beleza feminina difundida e presente em nosso imaginário coletivo, é mais comum entre adolescentes, estando estes em busca de uma definição de sua identidade e tentando ajustar-se a vida social a fim de serem aceitos. Os adolescentes são vulneráveis e facilmente influenciados pela moda, demonstrando preocupação com sua aparência e cuidados com o corpo. No entanto, o adolescente tende a se comportar de forma negligente e inconseqüente, não medindo atitudes que possam prejudicar a saúde, desenvolvendo comportamentos abusivos relacionados à dieta (MANTOANELLI; BITTENCOUR e PEREIRA, et al., 1997).

O hábito de fazer dieta apresenta-se como um fator precipitante no desenvolvimento de transtornos alimentares. Segundo Silva (2005), estudos feitos em pacientes com TA provam que o comportamento freqüente de fazer dietas aumenta o risco de desenvolver algum tipo de transtorno alimentar, confirmando os dados deste estudo.

Carmo Filho (2002) acrescenta que os TA iniciam-se com dietas e exercícios físicos que são práticas consideradas aceitáveis em nossa sociedade. No entanto, esses comportamentos passam a ser cada vez mais freqüente e praticado escondido dos familiares e demorando em chamar a atenção da família.

Transtornos Alimentares (TA) são doenças com quadros psiquiátricos alterados, atingindo principalmente adolescentes do sexo feminino e mulheres jovens (SEABRA; ALMEIDA e FERREIRA et al., 2004).

A anorexia nervosa (NA) consiste em um distúrbio do comportamento alimentar onde predomina a restrição dietética auto-imposta, perfeccionismo, distorção da imagem corporal e um medo mórbido de engordar. Já a bulimia nervosa (BN) apresenta episódios de “comer-compulsivo”, também denominado de binge-eating (ou orgia alimentar), sentimento de culpa seguido por métodos de compensação inadequados, como vômitos provocados, uso de laxantes e diuréticos, exercícios extenuantes e jejuns prolongados (SILVA, 2005).

A preocupação com o peso é o principal sintoma dos TA. Estudos feitos nos Estados Unidos na década de 80 demonstraram ser a anorexia nervosa a terceira doença crônica que mais ocorre em adolescentes do sexo feminino, ficando para trás apenas para a asma e obesidade (FARIAS; ALVES e FARIAS et al., 1999).

Estima-se que a prevalência dos transtornos seja de 0,5 a 1% para a anorexia a 1 a 3% para a bulimia, ambos entre mulheres jovens e adolescentes (SEABRA; ALMEIDA e FERREIRA et al., 2004).

A adolescência, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) compreende a faixa etária que vai de 10 a 19 anos de idade (BRASIL, 2004).

As mudanças na fisiologia e bioquímica do corpo no período da adolescência levam, em condições normais, a um aumento pronunciado de gordura em meninas, chegando a um nível de 27% aos 16 anos de idades (DUNKER; PHILIPPI, 2003).

Sentimentos de insatisfação com o corpo e o desejo de perder peso são comuns nessa fase. O adolescente precisa reestruturar sua nova imagem corporal, e ao fazê-la podem ocorrer a preocupação excessiva com o peso, constituindo-se uma causa de TA.

Silva (2005), os TA apresentam etiologia multifatorial composta de predisposições socioculturais, genéticas, vulnerabilidades biológicas e psicológicas. Dentre os socioculturais destacam-se o padrão estético feminino adotado pela sociedade, no qual o magro é aquele visto como competente pessoa de sucesso e autocontrole e, sendo ainda atraente sexualmente.

Esse culto à magreza, a pressão da mídia e o imaginário coletivo têm levado, principalmente adolescentes do sexo feminino á sacrifícios comprometendo a saúde, á fim de serem aceitas e valorizadas pelo corpo magro (ROMARO; ITOZAKU, 2002), apegando-se em crenças inadequadas sobre a alimentação (LATTERZA; DUNKER e SCAGLIUSI et al., 2004)

A tendência à obesidade, mediado pela prática de fazer dietas de revistas e sem acompanhamento, comum nas sociedades ocidentais ou ocidentalizadas, foi identificada como gerador de um risco 18 vezes maior para desenvolvimento de TA (MORGAN; VECCHIATTI e NEGRÃO, 2002).

No quadro de anorexia isso leva a uma auto-imposição de restrição calórica severa, enquanto na BN as pacientes tentam fazer dieta que sucedem episódios compulsivos de ingestão de alimentos, levando às frustrações e métodos compensatórios (SILVA, 2005).

Os indivíduos que desenvolvem anorexia nervosa (AN) apresentam características comportamentais e temperamentais de baixa auto-estima, introspecção, desenvolvimento insatisfatório da identidade, busca pela aprovação externa, extrema sensibilidade a críticas, e perfeccionismo (SILVA, 2005).

Levando-se em consideração o termo “anorexia” que significa sem apetite, do ponto de vista psicopatológico ele está inadequado, pois não ocorre na verdade uma perda do apetite, e sim uma negação do apetite pelo indivíduo anoréxico que recusa a alimentação (CORDÁS, 2004).

A restrição alimentar na anorexia gera diversas conseqüências à saúde dos adolescentes. O corpo caquético leva à diminuição da massa cardíaca associada a diminuições da pressão arterial e freqüência cardíaca, ocasionando mortes por complicações cardiovasculares (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2004).

No trato gastrintestinal, ocorre diminuição de enzimas hepáticas retardando o esvaziamento gástrico, degeneração gordurosa do fígado e necrose hepática (FARIAS; ALVES e FARIAS et al., 1999).

Ocorrem outras complicações como cabelos quebradiços e sem brilho, pele seca ou amarela devido à hipercarotenia, osteopenia , interrupção da puberdade além de anormalidades estruturais no cérebro e amenorréia em mulheres, podendo comprometer a fertilidade (MAHAN; ESCOTT- STUMP, 2004).

Já indivíduos que apresentam BN diferem dos que apresentam comportamento anoréxico, pois geralmente são sociáveis, impulsivos, descontrolados, ansiosos e apresentam dependência alimentar (MORGAN; VECCHIATTI e NEGRÃO 2002).

Apresentam ainda auto-estima flutuante, e acreditam que, se tivessem uns corpos bem delineados alcançariam seus desejos, demonstrando insegurança. (ABREU; CANGELLI FILHO, 2004).

As principais conseqüências ocorrem pela maneira que o indivíduo compensa o ato do “comer-compulsivo”. O hábito de vomitar é comum neste transtorno, podendo causar desidratação, problemas dentários, hipocalemia, feridas na garganta e sinal de Russel (lesão no dorso da mão feita pelos dentes nos repetidos atos de vomitar). Ainda o uso constante de laxantes e diurético pode desenvolver desidratação, sangramento retal, cãibras abdominais e elevação da aldosterona sérica. Porém, o estado nutricional dificilmente é seriamente comprometido na BN (FARIAS; ALVES e FARIAS et al., 1999).

O Teste de Atitudes Alimentares (Eating Attitudes Test-EAT) é uma das ferramentas criadas para avaliar atitudes alimentares típicas de pacientes com anorexia, pois consegue fazer a diferenciação de pacientes anoréxicos dos controles e bulímicos dos controles. Essa escala permite ser usada como um alerta do excesso de preocupações próprias de pacientes com transtorno alimentar, como o medo de engordar e o desejo de perder peso (CORDÁS; NEVES, 2002).

O tratamento inclui uma equipe multidisciplinar constituída por médicos, psicólogos e nutricionistas. Segundo Mahan e Escott-Stump (2004), é fundamental o diagnóstico e a intervenção precoce, contribuindo para uma diminuição de em torno de 10 a 0,56% da mortalidade de AN e BN além de corrigir e prevenir possíveis conseqüências da doença.

A escola tem papel fundamental ao modelar as atitudes e comportamentos dos adolescentes sobre nutrição. Uma forma de realizar este trabalho é integrar a nutrição à sala de aula, incorporando conceitos de nutrição aos adolescentes (SCHARTZMAN ; TEIXEIRA, 2001).

As atividades escolares podem interferir nos hábitos alimentares devido a grande mudança na rotina, onde os adolescentes passam a levantar mais cedo e ter seus horários de refeições alterados, muitas vezes deixando de fazer as principais refeições, como o café da manhã, que deve ser composto de alimentos variados para suprir energia e nutrientes necessários para o início do dia (TIRAPEGUI, 2002).

A promoção de saúde no ambiente escolar vem sendo fortemente recomendada. Neste sentido, os trabalhos visam propor uma reflexão acerca da inserção da educação nutricional, em especial em escolas públicas onde se concentra maior parte da população (BIZZO ; LEDER, 2004).

A escola se apresenta como um espaço e tempo privilegiado para promover saúde, pois os adolescentes passam a maior parte de seu tempo na mesma. O ambiente escolar proporciona condições para desenvolver atividades que reforçam a capacidade da escola de se tornar favorável para promoção de hábitos alimentares saudáveis (COSTA et al., 2001).

Amodio (2002) em seu estudo afirmou que “a escola desempenha papel fundamental na formação dos hábitos de vida e da personalidade do adolescente, sendo que ocupa praticamente 1/3 da vida ativa do adolescente nos dias de semana, cerca de 200 dias ao ano”

Costa; Ribeiro e Ribeiro (2001) relataram que “o programa de alimentação escolar tem se resumido, muitas vezes, no fornecimento de lanches ou refeições no intervalo das atividades escolares; entretanto, existem possibilidades, que podem ser usadas pelo nutricionista responsável pelo programa, para desenvolver atividades educativas em nutrição, visando à promoção da saúde do adolescente”.

Amodio (2002) diz que “apesar da merenda ou o lanche escolar representar apenas 15% da ingestão diária, muitas controvérsias têm sido observadas em relação à sua composição, qualidade e quantidade, pois mais do que representar apenas um dos períodos para alimentação, a escola é responsável por uma parcela importante do conteúdo educativo global, inclusive do ponto de vista nutricional”.

Paula (2007) acompanhando o raciocínio de Amodio (2002) afirmou que “a importância nutricional da refeição escolar é inquestionável, devendo satisfazer as necessidades de energia e dos demais nutrientes fundamentais ao aprendizado e ao crescimento e desenvolvimento adequado do adolescente”.

Amodio (2002) ainda relata que “as escolas devem oferecer alimentação equilibrada e orientar seus alunos para a prática de bons hábitos de vida, pois o aluno bem alimentado apresenta mais aproveitamento escolar, tem o equilíbrio necessário para seu crescimento e desenvolvimento e mantém as defesas imunológicas adequadas”.

Sabe-se que hábitos alimentares inadequados podem constituir-se em fatores de risco para a presença de doenças crônicas, tanto na vida atual quanto futura (MENDES et al., 2001).

Essas mesmas autoras afirmam que a educação nutricional pode promover o desenvolvimento da capacidade de compreender práticas e comportamentos, e os conhecimentos ou as aptidões resultantes desse processo contribuem para a integração do adolescente com o meio social, proporcionando ao indivíduo condições para que possa tomar decisões para resolução de problemas mediante fatos percebidos.

Comportamento alimentar tem suas bases fixadas na infância, transmitidas pela família e sustentadas por tradições (DAVANÇO et al, 2004).

A dinâmica familiar assume papel considerável na mudança de práticas alimentares para controle ou tratamento da obesidade, porém, muitas vezes, a família atribui todo o dever de mudança de hábito alimentar aos filhos, negando assim sua parcela de responsabilidade (RODRIGUES; BOOG, 2006).

Deve-se levar em consideração o caráter simbólico do alimento, que se diferencia com a idade, situação social e outras variáveis. Em todas as faixas etárias, encontra-se uma alimentação entendida como apropriada, variando a adequação em relação ao sexo e papéis sociais (RAMALHO; SAUNDERS, 2000).

Segundo Rodrigues e Boog (2006) a educação nutricional pode promover o desenvolvimento da capacidade de compreender práticas e comportamentos, e os conhecimentos ou as aptidões resultantes desse processo contribuem para a integração da criança e do adolescente com o meio social.

De acordo com Davanço et al (2004), os hábitos alimentares da população escolar estão determinados por uma série de fatores históricos, sociais, religiosos, econômicos e geográficos.

Dessa forma, a escola é um ambiente propício para a aplicação de programas de educação em saúde, pois a mesma “está inserida em todas as dimensões do aprendizado: ensino, relações lar-escola-comunidade e ambiente físico e emocional” (OLIVEIRA ; THÉBAUD-MONY, 1997).

Portanto, intervenções nutricionais e programas eficazes de educação nutricional através da introdução de conhecimentos sobre alimentação saudável, diminuindo crenças alimentares e modificando os hábitos alimentares, são necessários para diminuir os problemas de saúde relacionados ao sobrepeso e a obesidade em escolares.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pela análise da literatura apresentada, nota-se que é fundamental a avaliação e acompanhamento do estado nutricional de adolescentes, com a finalidade de diagnosticar distúrbios nutricionais e poder aplicar o tratamento adequado de maneira precoce e correta, possibilitando a reversão do quadro sem maiores danos do desenvolvimento do adolescente, mas também com a sua imagem corporal.

A avaliação da condição nutricional é um instrumento extremamente útil, particularmente em adolescentes, uma vez que, permite a identificação de distúrbios nutricionais e norteia a execução de intervenções capazes de reduzir a morbi-mortalidade na vida adulta.

Pode-se afirmar que os adolescentes são conscientes de como deve ser uma alimentação para prevenir doenças e melhorar a saúde, mas para que essa consciência torne uma prática diária em suas vidas e que aprendam a importância do consumo de uma alimentação balanceada e nutritiva, para no futuro, serem adultos saudáveis.

Qualquer profissional da área da saúde que realize atendimento aos adolescentes deve ter atenção especial aos seus sentimentos com relação ao seu corpo, orientando-o de forma adequada, observando seus hábitos alimentares e motivos pelos quais possa fazer uso de alimentos que não prejudicam o seu desenvolvimento no presente e também possam evitar males de doença no futuro, decorrentes de uma alimentação inadequada.

Finalizando, acredita-se que o envolvimento dos estudantes de pós-graduação em nutrição, nesse tipo de trabalho onde a medicina preventiva, traduzida pela detecção precoce, possa ganhar destaque e medidas de intervenção apropriadas para a adequação da condição nutricional e reduzir das co-morbidades associadas poderão ser implementadas no setor saúde e educação, permitindo o desenvolvimento de uma visão mais ampla e responsável dos futuros nutricionistas praticando, dessa forma, ações de cidadania.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abreu CN., Cangelli Filho, R. Anorexia nervosa e bulimia nervosa: abordagem cognitiva-construtivista da psicoterapia. Revista de Psiquiatria Clínica, 2004. Disponível em: www.henet.usp.br/ipq/revista/r261/artigo(41). htm/> Acesso em: 06 jun. 2008.

Allon N. Self-perceptions of stigma of overweight in relation to weight-patterns. Am J Clin Nutr 1979; v.32, p. 470-80.

Amodio MFP. O papel da escola na qualidade da alimentação das crianças e dos adolescentes. 2002. Disponível em: http://64.233.169.104/search?q=cache:NJEjHRZwYDUJ:www.danone.com.br/pdf/prof.. Acesso: 14 jun. 2008.

Andrade RG., Pereira RA., Sichieri R. Consumo alimentar de adolescentes com e sem sobrepeso da município de RJ. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro, p.1488, set/out. 2003.

Ballone GJ. Depressão na Adolescência. In: PsiqWeb, Internet, disponível em: <http://sites.uol.com.br/gballone/infantil/adoelesc2.html>. Acesso: 19 ago. 2008.

Bizzo MLG., Leder L. Educação nutricional nos parâmetros curriculares nacionais para o ensino fundamental. Revista de Nutrição. São Paulo, p. 663, set/,out.2004.

Braggion GF., Matsudo SMM, Matsudo VKR. Consumo alimentar, atividade física e percepção da aparência corporal em adolescentes. Rev. Brás. Ciên. e Mov., Brasília, v. 8, n. 1, p. 15-21, 2000.

Branco LM., Hilário MOE., Cintra IP. Percepção e satisfação corporal em adolescentes e a relação com seu estado nutricional / Perception and satisfaction with body image in adolescents and correlations with nutrition status Rev. Psiquiatr. clin. São Paulo, v.33, n. 6. p. 292-296, 2006.

Brasil. Ministério da Saúde. Dez passos para a promoção da alimentação saudável nas escolas, 2004. Disponível em: <http://saude.gov.br/nutrição/documentos/dez_passos_pas_escolas./> Acesso em: 14 ago. 2008.

Brasil. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.Manual do Conselho de Alimentação Escolar. Brasília, DF, 1999. 100 p.

Caldeira TH., Nápole RCD., Busse SR. Erosão dental e a contribuição do cirurgião-dentista no diagnóstico da bulimia nervosa. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent; 54, p.465-7, Nov./Dez. 2000.

Campos LA., Leite AJM., Almeida PC. Nível socioeconômico e sua influência sobre a prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares adolescentes do município de Fortaleza. Rev. Nutr., v. 19, n. 5, p. 531-538, 2006.

Carmo Filho WB. Distúrbios do Apetite. In: Atualização Científica em Nutrição. Nutrição e pediatria: Nutrição da criança e do adolescente, 2002.

Cdc/Nchs – Centers for Disease Control and Prevention/ National Center for Health Statistics, 2000.

Cordás TA. Transtornos alimentares: classificação e diagnóstico. Revista de Psiquiatria Clínica, 2004. Disponível em:www.henet.usp.br/ipq/revista/r261/artigo(41). htm/> Acesso em: 16 set. 2008.

Cordás TA., Neves JEP. Escalas de avaliação de transtornos alimentares. Revista de Psiquiatria Clínica. 2002. Disponível em www.henet.usp.br/ipq/revista/r261/artigo(41). htm/> Acesso em: 16 set. 2008.

Costa EQ., Ribeiro VMB., Ribeiro ECO. Programa de alimentação escolar: espaço de aprendizagem e produção de conhecimento. Revista Nutrição. Campinas, v.14, n.3, p. 225-229, set./dez. 2001.

Court JM. Nutrition and adolescents: an overview of concerns in western society. Medical Journal Australia, v. 148, n. 10, p. 52-6, 1988.

Davanço GM, Taddei JAAC, Gaglianone CP. Conhecimentos, atitudes e práticasde professores de ciclo básico, expostos e não expostos a Curso de EducaçãoNutricional. Rev. Nutr., Campinas 2004; v.17, n. 2, p. 177-184.

Dos Anjos LA, de Castro IRR, Engstron EM, Azevedo AMF. Crescimento e estado nutricional em amostra probabilística de escolares no Município do Rio de Janeiro, 1999. Cad Saud Publ 2003;19 Suppl 1, p. 171-9.

Dunker KL., Philippi ST. Hábitos e comportamentos alimentares de adolescentes com sintomas de anorexia nervosa. Revista de Nutrição. Campinas, n.1, v.16, p.51-60, jan./mar,2003.

Erthal GJ., et al. Um sistema de segmentação e classificação de imagens de satélite. In: Anais do IV Simpósio Brasileiro de Computação Gráfica e Processamento de Imagens, São Paulo, pp. 237-240, 1991.

Escrivão MAMS, Oliveira FLC, Taddei JAAC, Lopez FA. Obesidade exógena na infância e na adolescência. J Pediat (Rio J) 2000;76 Suppl 3, p. 305-10.

Farias NMF., Alves AMP., Morishita R., Farias MA., Vitalle MS. Distúrbios alimentares na adolescência: anorexia e bulimia nervosa. 1999. Disponível em http://www.brazilpednews.org.br/marco99/ar999002.htm/>Acesso em: 18 jun. 2008.

Field A., Camargo Jr., Carlos, Taylor, C., Berkey, C., Roberts S., Colditz G. Peer, Parent, and Media Influences on the Development of Weight Concerns, and Frequent Dieting Among Preadolescent and Adolescent Girls and Boys. Pediatrics, 107, 1999.

Fisberg M. et al. Hábitos alimentares na adolescência.In: Atualização Científica em Nutrição: nutrição da criança e do adolescente. Porto Alegre: Atheneu, 2002, p. 66-93.

Fleck SJ., Kraemer WJ. Fundamentos do treinamento de força muscular. 2. ed. Artmed. 2002.

Fleitlich BW., Larino MA., Cobelo A., Cordás TA. Anorexia nervosa na adolescência. J Pediatria 76, S323-S329, 2000.

Fleitlich BW. O papel da imagem corporal e os riscos de transtornos alimentares. Pediatria Moderna, 1997, v. 32, n. ½, p. 56-62.

Fondo de Las Naciones Unidas para La Infancia. Consultorio Juvenil. México: UNICEF/OPS/OMS, 1998.

Fonseca VM., Sichieri R., Veiga GV. Fatores associados à obesidade em adolescentes. Rev. Saúde Pública, v. 32, n. 6, p. 541-549, 1998.

Fowler B. The relationship of body image perception and weigth status to recent change in weight status of adolescent female. Adolescence,XXIV,95, p. 557-568, 1989.

Gama C. Hábito alimentar e condição nutricional de adolescentes de bom nível sócio econômico em São Paulo. Tese apresentada à Unifesp/EPM. São Paulo, 1999.

Garcia GCB.; Gambardella AMD.; Frutuoso MFP. Estado Nutricional e consumo alimentar de adolescentes de um centro de juventude da cidade de São Paulo. Revista de Nutrição. São Paulo, p. 42, jan/mar. 2003.

Godoy FC., Andrade SC., Morimoto JM., Carandina L., Goldbaum M., Barros MBA., Cezar CLG., Fisberg RM. Índice da qualidade da dieta de adolescentes residente no Distrito de Butantã, Município de São Paulo, Brasil. Revista de Nutrição. São Paulo, p. 664-665. 2006.

Gomes RA. Análise de dados em pesquisa qualitativa. In: Minayo MCS, organizadora. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 4. ed. Petrópolis: Vozes; 1994. p. 67-80.

Gowers S, Shore A. Desenvolvimento de peso e de forma preocupações na etiologia dos transtornos alimentares. Br J Psiquiatria 2001; 179, p. 236-242.

Guthrie HA., Picciano MF., et al. Nutrition from childhood through adolescence. Human Nutrition; Missouri: Mosby-Year Book. 1995.

Hanley JG, Harnis SB, Gittelsohn J, Wolever Ms, Saksvig B, Zinman B. Overweight among children and adolescents in a Native Canadian community: prevalence e associated factors. Am J Clin Nutr 2000, 71, p. 693-700

Hurson MM., Corish C. Evaluation of lifestyle, food consumption and nutrient intake patterns among Irish teenagers. Iris Journal of Medical Science, Dublin, v. 166, n. 4, p. 225-30, 1997.

IBGE. Tabelas de composição dos alimentos. 3. e.d. Rio de Janeiro: IBGE – Estudo nacional da despesa familiar, 1991. v.3, 213 p. Publicações especiais.

Kant AK. Consumption of energy-dense, nutrient-poor foods by adult Americans: nutritional and health implications. The Third National Health and Nutrition Examination Survey, 1988-1994. Am J Clin Nut. 2000, v.72, p. 929-36.

Kasapi IAM. et al. Uma proposta desenvolvida de guia alimentar para adolescentes. In: Simpósio Sul-Brasileiro de Alimentação e Nutrição: História, Ciência e Arte, 2000, Florianópolis, 2000.

Kilpatrick M., Ohannessian C., Bartholomew JB. Adolescent weight management and perceptions: an analysis of the National Longitudinal Study of Adolescent Health. Journal of School Health, 1999, v.69, n. 4, p. 148-152.

Kraemer WJ., Fleck SJ. Strength Training for Young Athletes. Human Kinetics, Champaign IL, 1993.

Latterza AR., Dunker KLL., Scagliusi FB., Kemen E. Tratamento nutricional dos transtornos alimentares. Revista de Psiquiatria Clínica, 2004. Disponível em www.henet.usp.br/ipq/revista/r261/artigo(41). htm/> Acesso em: 21 set. 2008.

Lemos MCM., Dallacosta MC. Hábitos alimentares de adolescentes: conceitos e práticas. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, Umuarama, v.9, n.1, jan/abr. p. 3-9, 2005.

Mahan LK, Escott-Stump, S. Alimentos, nutrição e Dietoterapia. 11. ed. São Paulo: Roca, 2004.

Maloney MJ. Transtornos do comportamento alimentar na adolescência. Anais Nestlé 1998; 55:18-23.

Mantoanelli G.,Colucci ACA, Cruz. ATR. et al. Avaliação de rótulos e embalagens: bebidas lácteas, iogurte,queijo tipo petit suisse na alimentação infantil. In: Simpósio de Iniciação Científica da USP. Ribeirão Preto. 1997.

Mendes FSV., Priore SE., Ribeiro SMR. et al. Avaliação do estilo de vida e condições nutricionais de adolescentes atendidos em um programa específico. Rev. Nutrição em Pauta, n.2, p.20-24, 2001.

Middleman S. An Introduction to Mass and Heat Transfer: principles of analysis and design. New York: John Wiley, 1998.

Morgan CM., Vecchiatti IR., Negrão AB. Etiologia dos transtornos alimentares: aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Revista Brasileira de Psiquiatria, dez.2002. Disponível em:www.henet.usp.br/ipq/revista/r261/artigo(41). htm/> Acesso em: 14 nov. 2008.

Melo ED. O que significa a avaliação nutricional. J. Pediatr, v. 78, p. 357-378, 2002.

Monteiro CA. et al. Da desnutrição para a obesidade: a transição nutricional no Brasil. In: Monteiro, CA.(org) Velhos e novos males da saúde no Brasil. São Paulo, Hucitic,1995. p.248-54.

Moraes DEB. O adolescente e a percepção de seu corpo: satisfação com a imagem corporal, estado nutricional e uso de dietas restritivas. [tese]. São Paulo: Escola Paulista de Medicina; 2001.

Neutzling MB., Araújo CLP., Vieira MFA., Hallal PC., Menezes AMB. Freqüência de consumo de dietas ricas em gorduras e pobres em fibras entre adolescentes. Revista de Saúde Pública. Rio Grande do Sul, p. 2, Novembro. 2007.

Nichter M., Ritenbaugh C., Nichter M., Vuckovic N., Aickin M. Dieting and «watching» behaviors among adolescent females: Report of a multimethod study. Journal of Adolescent Health, 1995, 17, p. 153-162.

Oliveira SP, Thébaud-Mony A. Estudo do consumo alimentar: em busca de uma abordagem multidisciplinar. Rev Saúde Pública 1997; v.31, n. 2, p. 201-8.

Oliveira CL., Mello MC., Cintra IP., Frisberg M. Obesidade e síndrome metabólica na infância e adolescência. Ver. Nutr. 2004, apr/june, v. 17, n. 2.

Opas/Oms – Brasil. Informativo. Nov. 2000. Disponível em: http//www.opas.org.Br/ sistema/ fotos/nutrição.htm. Acesso em: 20 ago. 2008.

Paula AH. Merenda escolar. O que oferecer no lanche. Disponível em: http://www.diarioon.com.br/ARQUIVO/4860/CADERNOS/VIVER-21567.HTM. Acesso: 16 jun. 2007.

Pereira RMM. Prevalência de obesidade em crianças e adolescentes de 7 a 14 anos em escolas públicas, Fortaleza-Ceará. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Saúde Pública) Universidade estadual do Ceará. Fortaleza, 2002, 53p.

Priore SE. Composição corporal e hábitos alimentares de adolescentes: uma contribuição à interpretação de indicadores do estado nutricional. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Paulo, 1998, 211 p.

Priore SE., Vieira VCR. Consumo de lanches. Nutrição em Pauta. 2001, v. 46, p. 14-20.

Ramalho RA., Saunders C. O papel da educação nutricional no combate às carências nutricionais. Rev. Nutr., v. 13, p. 11-16, 2000.

Richard MH., Boxer AM., Peterson AC., Albrecht, R. Relation of Weight to body image in pubertal girls and boys from two communities. Developmental Psicology, 2000, v.26, p. 313-321.

Rodrigues EM, Boog MCF. Problematização como estratégia de educação nutricional com adolescentes obesos. Cad. Saúde Pública 2006, v.22, n.5, p.923-931.

Rodrigues EM, Soares, FPTP, Boog MCF. Resgate do conceito de aconselhamento no contexto do atendimento nutricional. Rev Nutr. 2005, v.18, p. 119-28.

Romaro RA., Itokazu FM. Bulimia Nervosa: revisão da literatura. Psicol. Reflex. Crit.[S.l]; n.2, v.15, p.407-412, 2002.

Sabry MOD et al. Estado nutricional de escolares de um bairro da periferia da cidade de Fortaleza – Ceará – Ainda há o que investigar? Revista Nutrição em Pauta, São Paulo, ano 15, n. 84, maio/jun, 2007, 25-28.

Saikali CJ., Soubhia CS., Scalfaro BM., Cordas TA. Imagem Corporal nos Transtornos Alimentares. Revista de Psiquiatria Clínica. 2004, v. 31, n.4, p. 164-166.

Sampei MA., Ribeiro LC., Devincenzi UM., Sigulem DM. Adolescência: Estado Nutricional, Práticas e Distúrbios Alimentares e Atividade Física. Compacta Nutrição. São Paulo, vol.3, out/2002.

Schartzman F., Teixeira AC. Educação nutricional prevendo a obesidade. Revista Nutrição em Pauta. n.60, p.19-20, Set 2001.

Shilder, P. A imagem do corpo. São Paulo: Martins Fontes, 1981.

Schoen-Ferreira TH, Aznar-Farias M. Silvares EFM. A construção da identidade em adolescente: um estudo exploratório. Est. Psicologia, 2003, v. 8, n. 1, p. 107-115.

Seabra BGM., Almeida RQ., Ferreira JMS., Seabra Guerra FR. Anorexia Nervosa e bulimia nervosa e seus efeitos sobre a saúde bucal. Rev. Bras. de Patologia Oral. 2004. Disponível em http://www.patologiaoral.com.br.htm/> Acesso em: 14 dez. 2008.

Silva ABB. Mentes Insaciáveis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.

Silva P. A balança não engana. In: Portal da Obesidade. 2004

Soares MV. Técnica energética: fundamentos corporais de expressão e movimento criativo. Campinas, SP: Unicamp, 2000.

Striegel-Moore R. Diz respeito à imagem corporal entre as crianças. J Pediatr, Rio de Janeiro, v.138: p.158-60, 2001.

Tavares MCGC. Imagem corporal, conceito e desenvolvimento. São Paulo: Manole, 2003.

Tiggemann M., Lynch JE. Body image across the life span in adult women: The role of self-objectivation. Developmental Psychology, 2001, v.37, n.2, p.243-253.

Tirapegui J. Nutrição: Fundamentos e aspectos atuais. São Paulo: editora Atheneu, 2002.

Vilela JEM., Lamounier JA., Oliveira RG., Ribeiro RQC., Gomes ELC., Barros Neto, JR. Avaliação do comportamento alimentar em crianças e adolescentes de Belo Horizonte. Psiquiatria Biológica, v.9, p.121-130, 2001.

Waitzberg DL. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2000.

Weineck Jürgen. Treinamento ideal. 9. ed. São Paulo: Manole, 1999.

Weineck J. Treinamento ideal. 9. edição. São Paulo, Manole, 1999.

Outros trabalhos relacionados

RELAÇÃO ENTRE DIETA E SAÚDE

Estudos recentes mostrando a relação entre dieta e saúde, somados ao crescente interesse de alguns indivíduos em consumir alimentos mais "saudáveis", têm levado a...

A OBESIDADE 2/3

SISTEMA NERVOSO CENTRAL E OBESIDADE A neurociência tem se preocupado em detectar uma área cerebral mais diretamente relacionada com a obesidade.Atualmente parece ser o hipotálamo...

Anorexia, Bulimia e os Transtornos Alimentares

Introdução Os Transtornos Alimentares (TA) constituem uma verdadeira ‘epidemia’ que assola sociedades industrializadas e desenvolvidas acometendo, sobretudo, adolescentes e adultos jovens, fazendo cada vez mais...

SUCOS VITAIS PARA A CURA INTEGRAL

Polpa de açaí pode ser combinada com maçã, goiaba, jabuticaba, kiwi, morango, melancia, ou seja, frutas de cor vermelha e vinho, que possuem uma...