19.8 C
Sorocaba
quinta-feira, abril 25, 2024

O Maior Vendedor do Mundo

Pathos o maior vendedor do mundo trazia consigo um segredo de anos o qual só poderia revelar a quem tivesse certeza de que pudesse assim como ele guardar os segredos até encontrar um sucessor.

Todo o segredo para se tornar o maior vendedor do mundo se encontra em um baú, são 10 pergaminhos. Todos com exceção de um, contêm um princípio, uma lei, ou uma verdade fundamental, escritos num único estilo, para ajudar o leitor a entender seu significado. Pra se tornar um mestre na arte de vender, deve-se aprender e praticar o segredo de cada um dos pergaminhos. Quando se dominam estes princípios, tem-se o poder de acumular toda a riqueza que se deseja.

Hafid que cuida dos camelos de Pathos e é conhecido como seu filho adotivo, se oferece para ser o seu sucessor, pois tem um grande sonho de ser conhecido também como o maior vendedor do mundo.

Antes de lhe conceder tal sonho, Pathos lhe dá algumas orientações:

– Ademais, você está se aventurando na mais solitária profissão do mundo. Até os desprezados coletores de impostos regressam aos lares ao pôr-do-sol e as legiões de Roma têm um quartel a que denomina lar. Mas você testemunhará muitos pores-do-sol distantes dos amigos e dos entes queridos. Nada traz a dor da solidão a um homem tão rapidamente quanto passar por uma casa estranha e testemunhar, à luz do lampião, uma família partindo o pão ao anoitecer no aconchego do lar.

“Será nesses períodos de solidão que as tentações o afrontarão”. A maneira como você enfrentará essas tentações afetará grandemente sua carreira. Estar-se na estrada apenas com o animal é uma sensação estranha e freqüentemente assustadora. Muitas vezes esquecemos nossas perspectivas e nossos valores e nos sentimos como crianças,
ansiando por nossa própria segurança e amor. O que achamos como substituto já encerrou a carreira de muitos, inclusive milhares que eram considerados de grande potencial na arte de vender. Ademais, não haverá ninguém para distrai-lo ou consolá-lo quando não vender nenhuma mercadoria; ninguém, exceto aqueles que procuram separa-lo de sua algibeira.

– Eu serei cuidadoso e seguirei à risca o seu conselho, meu senhor.

– Então, vamos começar. Por enquanto você não receberá mais nenhum conselho. Coloque-se diante de mim como um figo verde.

Até que o figo amadureça não pode ser chamado de figo e até que você não se tenha exposto ao conhecimento e à experiência não pode ser chamado de vendedor.

Pegue a túnica e uma mula e parta ao amanhecer para Belém, nenhum de nossos vendedores jamais a visitou. Dizem que é uma perda de tempo, porque o povo é muito pobre, mas há muitos anos atrás vendi cem túnicas entre os pastores de lá. Permaneça em Belém até vender uma túnica.

– Filho, há um preceito que você deve guardar ao começar essa nova vida. Tenha-o sempre presente e vencerá obstáculos aparentemente impossíveis, que com certeza encontrará, como todos aqueles que têm ambição.

Hafid esperou.

– Sim, senhor?

– O fracasso jamais o surpreenderá se sua decisão de vencer for suficientemente forte.

A última noite de Hafid em Belém justifica o motivo pelo qual Pathos o escolhe como seu sucessor.

Quando Hafid se aproxima de uma gruta, percebe uma luz fraca vinda de seu interior. Resolve entrar para verificar e fica surpreso ao ver um casal e um recém-nascido. O casal estava encolhido e tremia de frio, pois tinha tirado cada um sua túnica para cobrir a criança.

Hafid foi até onde estava seu animal, pegou a túnica vermelha que deveria ter vendido e cobriu o recém-nascido com ela. Devolveu as túnicas do casal que permaneceu em silêncio, e saiu, para se encontrar com Pathos.

Ao chegar, muito desanimado ao acampamento, viu seu pai que olhou para ele assombrado, pois uma estrela emitindo uma luz que deixava a noite como o dia, parecia tê-lo seguido da gruta até ali.

Hafid, envergonhado, contou a seu pai o que acontecera, que havia falhado como vendedor, e pior, havia dado a túnica para um casal desconhecido cobrir uma criança recém-nascida.

Pathros emocionado, falou que Hafid não havia falhado e a partir daquela noite seria seu sucessor como O Maior Vendedor do Mundo.

Pathros em seu leito de morte, sentindo sua missão cumprida, passou para Hafid o baú contendo os dez pergaminhos de couro, onde estavam escritos os segredos para ele se transformar no Maior Vendedor do Mundo.

A primeira orientação era para que Hafid lesse cada pergaminho durante trinta dias seguidos, ao acordar, ao entardecer e antes de ir dormir.

Pergaminho Número Um

Hoje começo uma nova vida.

Pergaminho Número Dois

Saudarei este dia com amor no coração.

Pois este é o maior segredo do êxito em todas as aventuras. Os músculos podem partir um escudo e até destruir a vida, mas apenas os poderes invisíveis do amor podem abrir os corações dos homens, e até dominar esta arte não serei mais que um mascate na feira. Farei do amor minha maior arma e ninguém que a enfrente poderá defender-se de sua força.

Pergaminho Número Três

Persistirei até vencer.

No Oriente, os touros jovens são testados para o combate na arena de um modo apropriado. São levados um a um para a arena, e permite-se que ataquem o picador que os provoca com uma lança. A bravura de cada touro é então avaliada com cuidado segundo o número de vezes que demonstra persistência para investir apesar da ferroada da lâmina, de hoje em diante reconhecerei que cada dia sou testado pela vida do mesmo modo. Se persisto, se continuo a tentar, se continuo a investir, serei bem-sucedido.

Persistirei até vencer.

Pergaminho Número Quatro

Eu sou o maior milagre da natureza.

Desde o começo dos tempos jamais houve outro com minha mente, meu coração, meus olhos, meus ouvidos, minhas mãos, meu cabelo, minha boca. Ninguém que me antecedeu, ninguém que ainda vive, nem ninguém que virá pode andar e falar e pensar exatamente como eu. Todos os homens são meus irmãos, porém sou diferente deles
todos. Sou uma criatura única em todo o universo.

Eu sou o maior milagre da natureza.

Pergaminho Número Cinco

Viverei hoje como se fosse meu último dia.

E agora o que farei com este último e precioso dia que resta em meu poder? Primeiro, tamparei seu conteúdo de vida para que nenhuma gota se derrame na areia. Não desperdiçarei um momento sequer cultivando os infortúnios ou as derrotas do ontem, as dores de coração, pois por que deveria eu desperdiçar o bem lembrando-me do mal?

Poderá a areia escorrer do chão para a taça do tempo? Levantar-se-á o sol de onde se põe e se porá de onde se levanta? Posso reviver os erros do ontem e corrigi-los? Posso chamar de volta os ferimentos do ontem e curá-los? Posso tornar-me mais jovem do que era ontem? Posso retirar o mal que fiz, os socos que dei, a dor que causei? Não. O ontem está enterrado para sempre e nele não mais pensarei.

Viverei hoje como se fosse meu último dia.

Pergaminho Número Seis

Hoje serei dono de minhas emoções.

As marés avançam; as marés recuam. Vai o inverno, vem o verão.

Finda-se o calor, começa o frio. Levanta-se o Sol; põe-se o Sol. Clara é a Lua cheia, negra é a Lua nova. Chegam os pássaros; partem os pássaros. Florescem as flores, murcham as flores. Plantam-se as sementes, colhem-se as colheitas. Toda a natureza é um círculo de ânimos; eu sou uma parte da natureza e, assim como as marés, meus
ânimos se elevarão, meus ânimos cairão.

Hoje serei dono de minhas emoções.

Pergaminho Número Sete

Rirei do mundo.

Nenhuma criatura viva ri, à exceção do homem. As árvores podem sangrar quando feridas e os animais no campo gritarão de dor e fome, mas apenas eu tenho o dom de rir, e ele é meu, para usar quando o desejar. De hoje em diante, cultivarei o habito de rir.

Sorrirei e minha digestão será melhor; rirei baixinho e minhas obrigações serão aliviadas; rirei e minha vida se alongará, pois este é o segredo da vida longa, e agora é meu.

Rirei do mundo.

Pergaminho Número Oito

Hoje centuplicarei meu valor.

Uma folha de amoreira, tocada pelo gênio do homem, torna-se seda. Um campo de barro, tocado pelo gênio do homem, torna-se um castelo. Um cipreste, tocado pelo gênio do homem, torna-se um santuário. A lã tosquiada da ovelha, tocada pelo gênio do homem, torna-se vestuário para um rei. Se é possível às folhas, ao barro, à madeira e à lã terem seu valor centuplicado, sim, multiplicado pelo homem, não posso eu fazer o
mesmo com o barro que leva meu nome?

Hoje centuplicarei meu valor.

Pergaminho Número Nove

Meus sonhos são insignificantes, meus planos são poeira, meus objetivos são impossíveis.

Todos nada valem, a não ser seguidos por ação.

Agirei agora.

Jamais existiu mapa, por mais cuidadosamente executado em detalhe e escala, que elevasse seu possuidor um só centímetro do chão.

Jamais houve uma lei, conquanto honesta, que impedisse um crime.

Jamais houve um pergaminho, mesmo como este que agora tenho nas mãos, que ganhasse um tostão sequer ou produzisse uma única palavra de aclamação. Somente a ação transforma o mapa, o papel, este pergaminho, meus sonhos, meus planos, meus objetivos em força viva. A ação é o alimento e a bebida que nutrirá o meu êxito.

Agirei agora.

Pergaminho Número Dez

Suplicarei por orientação e suplicarei como um vendedor, desta maneira:

Ó criador de todas as coisas, ajudai-me. Pois hoje saio pelo mundo nu e só, e sem vossa mão para orientar desviar-me-ei do caminho que conduz ao êxito e à felicidade.

Não peço ouro ou roupa ou mesmo oportunidades segundo minha capacidade, mas orientação para que possa adquirir capacidade segundo minhas oportunidades.

Ao leão e à águia ensinastes a caçar e a prosperar com os dentes e as garras. Ensinai-me a caçar com palavras e a prosperar com amor para que eu possa ser um leão entre os homens e uma águia na feira.

Ajudai-me a permanecer humilde nos obstáculos e fracassos; mas não oculteis dos meus olhos o prêmio que virá com a vitória.

E assim sucedeu que Hafid esperou em seu solitário palácio por aquele que iria receber os pergaminhos. O ancião, tendo apenas o guarda-livros de confiança por companhia, contemplava as estações irem e virem, e com a chegada das enfermidades da velhice ficava, apenas, calmamente sentado no jardim coberto.

Ele esperou.

Quando pressentiu que o próximo escolhido estava para aparecer, doou toda sua riqueza para os pobres, ficando apenas com o suficiente para viver com conforto o tempo que lhe restava.

Um certo dia apareceu no portão do palácio de Hafid um homem maltrapilho, querendo falar-lhe com urgência.

Hafid ouviu toda sua história, pois esse homem dizia ter sido ali enviado por Jesus, o Messias. Trazia consigo uma túnica vermelha suja e manchada de sangue, com a estrela de Pathros bordada em seu tecido.

Hafid segurando a túnica emocionado, pediu que o homem lhe contasse tudo que sabia sobre a história de Jesus.

O homem contou que Jesus havia nascido numa gruta em Belém.

Hafid logo entendeu que estava diante de seu sucessor: O MAIOR VENDEDOR DO MUNDO.

Outros trabalhos relacionados

O Crime do Padre Amaro – Eça de Queiroz

O Crime do Padre Amaro - Eça de Queiroz Romance anticlerical dos mais ferozes, é ambientado em Leiria, onde o Padre Amaro Vieira, ingênuo e...

O Quinze – Rachel de Queiroz

O Quinze - Rachel de Queiroz Primeiro Plano - Vicente e Conceição O primeiro e mais popular romance de Rachel de Queiroz é O Quinze....

SEMINÁRIO DOS RATOS – Lygia Fagundes Telles

SEMINÁRIO DOS RATOS - Lygia Fagundes Telles Lygia Fagundes Telles, em 14 histórias curtas, vasculha a mente e a alma de pessoas comuns que resolvem...

URUPÊS – MONTEIRO LOBATO

Urupês - Monteiro Lobato Urupês não contém uma única história, mas vários contos e um artigo, quase todos passados na cidadezinha de Itaoca, no...