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quinta-feira, abril 25, 2024

RADIO PALANQUE

O livro “Rádio Palanque” consegue fazer um panorama dos diversos usos do rádio como meio de comunicação dentro da política. A autora, Sônia Virgínia Moreira, aborda pontos positivos como o fácil acesso e a utilização de uma linguagem fácil, que facilitam a divulgação das idéias dos políticos e os mantém sempre em evidência. Outros pontos não são tão positivos assim. Fala da facilidade de se conseguir uma concessão de rádio quando se é amigo das pessoas certas. Isso compromete muito a utilização do rádio. O rádio passa a ser o principal integrante de campanhas eleitorais em vez de fazer parte da essência do jornalismo e ouvir, sempre, todas as partes envolvidas.

Alguns países buscam amenizar esse comprometimento das radios com os políticos que a concederam. A Itália, por exemplo, já há um projeto de lei que proibe que donos de meios de comunicação com patrimônio superior a US$8 milhões não podem ter um cargo no governo, simultaneamente. O Sistema Globo de Radio também tem as suas próprias normas, que proibem que seus comunicadores sejam também políticos. O Sistema Globo de Radio ainda preza pelo jornalismo de qualidade e procura colocar levar um político ao ar apenas quando ele estiver envolvido em uma matéria jornalística.

Em 1932, apenas 10 anos após a sua inauguração oficial, o rádio já era usado para divulgar idéias políticas. O locutor César Ladeira apresentava “Palestras instrutivas” na Rádio Record, em São Paulo, que incentivou o aparecimento de vários outros programas a serviço da política. O governo de Getúlio Vargas tem como uma das principais características, o uso do rádio para divulgar suas idéias. Vargas criou o DIP, o DOP e, em 1940 criou o programa “A Hora do Brasil”, que posteriormente passou a se chamar “A Voz do Brasil”.

Mas Sônia Virgínia Moreira não se prendeu apenas ao passado político do Brasil e à chegada do rádio no Brasil, quando tudo era novidade. A autora conta também casos recentes em que o rádio influenciou nossa política, mesmo com a presença da televisão já consumada. Nas eleições de 1993, Anthony Garotinho assumiu, simultaneamente, a Secretaria do Estado de Agricultura e um programa matinal de rádio que ia ao ar todos os dias na Rádio Tupi: “Show do Garotinho”. Nas eleições de 1994, fez toda a sua campanha através do rádio e ainda hoje garante que o rádio ainda é o melhor canal para chegar à população.

Parece que nada fugiu dos olhos atentos de Sônia Virgínia Moreira. Em seu livro, ela conta ainda episódios com a Igreja Universal do Reino de Deus e Edir Macedo; o então candidato à presidência Luís Inácio Lula da Silva; e até, mais recentemente, com Sérgio Naya, que mantinha há anos um sistema radiofônico em várias cidades mineiras.

Mais do que um livro, “Rádio Palanque” é um relato da trajetória do rádio dentro da política brasileira desde sua primeira transmissão no Brasil em 1922 até os dias de hoje. Um maravilhoso trabalho de pesquisa que permitiu que autora fosse ao encontro de pessoas e programas de rádio que existiram antes mesmo de seu nascimento. Ela não se contenta em recuperar informações, até então dispersas, mas também os explica com uma clareza ímpar, seguindo bem a filosofia do rádio, que ainda hoje é, comprovado por pesquisa, o veículo de comunicação de maior credibilidade para todos os brasileiros.

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