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quinta-feira, março 28, 2024

Lesões Musculares

Autor: Dr. Matheus Simões Mendes

Lesões musculares são uma das mais comuns lesões ocorridas nos esportes, com uma incidência variando de 10% a 55% de todas as lesões encontradas. Podem ser causadas por contusão, distensão e laceração. Nos esportes as lacerações são muito incomuns, e as distensões e contusões representam segundo alguns estudos, mais de 90% das lesões musculares.

Com relação às distensões, alguns dados devem ser ressaltados:

• “Sprinting” e saltos são as atividades mais comumente associadas com distensão muscular.

• Normalmente as distensões musculares ocorrem próximas às junções músculo-tendíneas e em músculos bi-articulares, como o reto-femoral, semitendinoso e gastrocnêmio.

• Ocorrem principalmente durante as atividades excêntricas e com alto pico de força.

As principais causas que levam a uma lesão músculo esquelética são:

• Overuse.

• Falta de condição adequada do espaço físico.

• Inadequação do esforço físico e imaturidade do sistema músculo-esquelético

• Fadiga muscular.

• Aquecimento inadequado seguido de

esforço físico intenso.

• Inatividade prolongada.

• Uso de drogas anabolizantes.

ReaÇÃO À lesÃo

A inflamação é a resposta do corpo a uma lesão e, em condições ideais, resulta da cicatrização da lesão e substituição do tecido traumatizado e destruído, com restauração associada da função. Entretanto, o microtraumatismo de determinada área pode causar uma resposta inflamatória crônica que resulta em efeitos adversos na articulação e em suas estruturas circundantes. A resposta inflamatória é a mesma, seja qual for a localização e a natureza do agente lesivo, e consiste de modificações químicas, metabólicas, vasculares e da permeabilidade, seguidas por alguma forma de reparo.

Este esquema representa o ciclo da lesão atlética. O que podemos notar de importante, dentre várias coisas, é que uma reabilitação adequada leva o indivíduo lesionado a uma recuperação ótima, com o reinício das atividades esportivas com total desempenho e um risco diminuído de uma nova lesão.

Efeitos da ImobilizaÇÃO

Uma das primeiras e mais óbvias modificações que ocorrem como resultado da imobilização é a perda de força muscular. Isso se relaciona com uma redução no tamanho do músculo e uma queda na tensão por unidade de área transversal do músculo. MacDougall e colaboradores relataram que seis semanas de imobilização gessada do cotovelo resultam em queda superior a 40% na força do músculo.

Lindboe e Platou relataram que, nos seres humanos, o tamanho das fibras musculares é reduzido em 14 a 17% após 72 horas de imobilização. Após cinco a sete dias de imobilização, a perda absoluta da massa muscular parece tornar-se muito mais lenta.

Ocorre atrofia das fibras musculares tanto de contração lenta (tipo I) quanto de contração rápida (tipo II). Os estudos sugerem que não existe perda seletiva de massa muscular nas fibras de contração lenta, em comparação com as fibras de contração rápida. Entretanto, admite-se em geral que, com a imobilização, observa-se maior degeneração das fibras de contração lenta em comparação com as de contração rápida.

Efeitos da remobilizaÇÃO

Um fator positivo na recuperação muscular é que o músculo apresenta uma resposta mais rápida com a remobilização do que as outras estruturas de tecidos conjuntivos.

A regeneração muscular começa três a cinco dias após um programa de recondicionamento. Por volta de seis semanas após a imobilização, parece que as fibras musculares conseguem recuperar-se completamente.

Deve-se ressaltar que o tempo de recuperação de uma lesão muscular depende de vários fatores como: grau da lesão, tempo de imobilização, tratamento aplicado, entre outros.

Os efeitos positivos da mobilização precoce na regeneração de músculos esqueléticos lesionados não se limitam somente a mudanças histológicas. Estudos têm mostrado biomecanicamente que a força do músculo lesionado retorna ao nível pré-lesão mais rapidamente quando o músculo é mobilizado ativamente, em comparação quando o mesmo é imobilizado depois de um trauma. Devemos ressaltar que essa mobilização ativa pós-lesão não pode ser feita de qualquer forma porque a patobiologia da lesão muscular deve ser respeitada e o tratamento realizado por profissional capacitado.

Deve ser lembrado também que um pequeno período de imobilização é benéfico e muito importante para arecuperação adequada da lesão, devendo ser limitado há poucos dias após a lesão.

ClassificaÇÃOo das LesÕes e Tratamento Imediato

• Grau I : Dor leve com alongamento passivo e contração ativa do músculo; tumefação, equimose; pequena perda de força e função.

• Grau II : Dor moderada com alongamento passivo e contração ativa do músculo; tumefação, equimose; deterioração da função e força.

• Grau III : Dor intensa; tumefação, equimose; perda da função muscular; pode estar presente um defeito palpável.

O tratamento imediato nas lesões musculares compreende basicamente quatro medidas: repouso, crioterapia (“gelo”), compressão e elevação.

O tempo de aplicação do gelo é ainda motivo de discussão, mas sabe-se que uma aplicação entre 15 e 25 minutos é segura e trás benefícios para o controle de edema.

Prevenção das LesÕes Musculares

A prevenção das lesões musculares deve ser feita de diversas formas.

Primeiramente toda e qualquer atividade física deve ser precedida de exercícios de alongamento e aquecimento adequados e orientados por um educador físico. Este profissional é habilitado para indicar a forma correta, tempo adequado, entre outras informações para a realização da atividade física.

Os exercícios de treinamento do “CORE” tem-se mostrado muito eficazes na prevenção de lesões musculares.

Outra forma de prevenir lesões musculares é realizar um programa adequado de treinamento sensório-motor.

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