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quinta-feira, março 28, 2024

Mantra o Poder do Som

A abertura de novas perspectivas no campo da capacidade de assimilação de idéias quanto a introspecção e seus benefícios no século XXI, fez com que se buscasse trazer um pouco mais de esclarecimento e conhecimento dentro das bases orientais de introjeção. A finalidade do uso dos mantras para o aumento da capacidade de concentração já não é mais contestado, apresentaram-se inúmeras fundamentações de base cientifica, abordando o tema Mantras. Os mantras sensibilizam significativamente seus praticantes, pois constituem sons vibratórios que interferem no psicofísico humano, através da energia sutil que emana. Baseados nessas fundamentações, as pessoas em geral, estão buscando aprender a viver e respirar essa nova oportunidade de desenvolvimento mental. Nesse contexto, a gestão de novas visões para um tema tao vasto quanto mantras é desafiador. E alcançado o objetivo será de grande valia a todos que o buscarem como um lenitivo. O uso dos mantras tem atingido um enorme sucesso nas situações em que é colocado. Seja em aulas de yoga ou apenas nos momentos de concentração e meditação, por ser capaz de fornecer subsídios para o praticante aproveitar seus momentos de introspecção. Os mantras podem ser usados tanto por uma pessoa sozinha como por um salão cheio, quanto mais pessoas aderirem mais rico e energizado este se tornará. Não dependendo de cultura, religião, campo de atividade ou qualquer outro. Para observar melhor o que ocorre, foi realizado um pequeno estudo de caso sem objetivo especifico, mas mesmo assim dando resultados. Sendo colocado por incentivo de professores o uso de mantras em aulas de yoga para a terceira idade, observou-se que as aulas se tornavam particularmente mais proveitosas e transformando as aulas em um rico material psicoespiritual. Palavras-chave: Mantras; Yoga; Meditação; Participação; Introspecção; respiração; som. ABSTRACT The new open perspectives in the assimilating ability field of ideas concerning the introspection and their benefits at the XXI century advent bring more awareness and knowledge search towards the oriental yoga subjects. The increase of concentration levels due to mantra practice is now indubitably supported by scientific foundations. The significance of sensibility patterns and psychophysical effects during and after mantra recitation is explained by the overflow of energy that sound vibration brings trough the subtle centers – called chakras – to the energetic system. From this standards, more and more practitioners nowadays learn to breath and to live in this mental growing new path. To manage this new world´s possibilities and insights in the large field of mantra experience it´s quite a challenge! When the understanding is achieved, healing aspects of voice, resonance and tone is effective to alleviate aches and pains upon balancing energy. In yoga classes, meditative series of charms are helpful to awakes de life energy, quiets de mind and emotions to fill the heart with love. In groups practises the increase of energy from full breath of mantra chanting or as intensive pray increase energy to create the egregora to enlarge communication, encouraging, joining, cooperation and promote catharsis. For academic purpose a research with a group were conduced in limited conditions bringing with unexpected results. Under teacher´s supervision the use of mantras in a third age yoga group classes show a rich expression of a suitable pedagogic sources of recitation and chanting. Mantra is like a shield against all that is negative and disturbing. The extensive effectiveness of mantra-yoga is now proved, step by step to increase awareness, mental changes for cleansing addictions of all kinds, self-confidence, able to manage people, teaching and leading with productivity, in a large variety of situations in hospitals, temples, schools, business and sports. Receptive seekers knows the mantra tuning is the way that has been considered a direct link between humanity and Divine, able to reach the main purpose of beyond expression high level of far enlightenment. Key-words: mantra, yoga, meditation, participation, introspection, breath and sound. SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT LISTA DE FIGURAS LISTA DE QUADROS 1 INTRODUÇÃO. 2 MANTRAS O PODER DO SOM 2.1 O SOM COMO PRINCÍPIO CRIATIVO DO UNIVERSO 2.1.1 Visão de Físicos e de Mestres Místicos 2.2 O UNIVERSO VIBRATÓRIO 2.2.1 Dança de Shiva 2.2.2 O Universo vibratório e o Vazio 2.2.3 A Influência da Energia do Cosmo e os Mantras 3 MANTRA – ORIGEM 3.1 O PRIMEIRO MANTRA 3.2 OS HINOS DOS VEDAS 3.3 A TRADIÇÃO MÂNTRICA 3.3.1 A Tradição Hinduísta 3.3.2 A Tradição Budista 3.3.3 A Tradição Zen 3.3.4 A Tradição Islâmica 3.3.5 A Tradição Hebraica 3.3.6 A Tradição Cristã 3.3.7 a Tradição Tantrica 4.MANTRA – CLASSIFICAÇÃO 4.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO A SUAS FUNÇÕES 4.2 CATEGORIA E FUNÇÃO DOS MANTRAS 4.2.1 A principal função dos mantras 4.3 MANTRAS – PODER E EFICÁCIA 4.3.1 Mantra e mente 4.3.2 Mantra e cura 4.3.3 Mantra e fé 5 MANTRA-YOGA: O SOM DAS PROFUNDEZAS INTERIORES 5.1 MANTRA-YOGA; MANTRA-VIDYÃ E MANTRA SHÃSTRA 5.2 OS BIJA MANTRA. 5.3 ESTÁGIOS DO SOM 5.4 O SOM COMO VEÍCULO DE TRANSCENDÊNCIA 5.4.1 Estados de Transcendência 5.4.2 A Origem da Santificação da Vaca 5.5 O SOM NADA 5.6 MANTRA O SOM SHABDA 5.7 MANTRA E OS CENTROS ESPIRITUAIS – CHAKRAS 5.7.1 O Som a Cor e as Pétalas dos cada Chakras 5.8 MANTRAS – SÍLABAS E PALAVRAS 5.9 MANTRAS SECRETOS 5.1 MANTRAS – CÂNTICOS RELIGIOSOS 5.1.1 A RECITAÇÃO DO MANTRA – MENTAL E ORAL 6 JAPA-MALA 6.1 UMA TRADIÇÃO EM VÁRIAS RELIGIÕES 6.2 MERU – SUMERU 6.3 CORES E HORÁRIOS 7 ENERGIA DA RESPIRAÇÃO E DA VOZ 8 O MANTRA OM 8.1 A ORIGEM DO OM 8.1.1 A História Antiga da Silaba Sagrada 8.1.2 Um Pouco da História dos Vedas e das Upanishads 8.1.3 Recitação do Mantra OM 8.1.4 A Representação do Mantra OM 9 SHIVA MANTRA 9.1 A ORIGEM DE SHIVA 10 MANTRA “OM MANI PADME HUM OU HUNG” 10.1 CONFORME A VISÃO TIBETANA 10.2 CONFORME A VISÃO HINDU 11 O MANTRA GAYATRI 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS GLOSSÁRIO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS INTERNET LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – NO PRINCÍPIO ERA O SOM FIGURA 2 – RESQUÍCIOS DO BIG BANG FIGURA 3 – PARTÍCULAS EM UMA CÂMARA DE BOLHAS FIGURA 4 – SHIVA NATARAJA DESTRUINDO O DEMÔNIO DA IGNORÂNCIA APASMARA FIGURA 5 – NEBULOSA DE HELIX CONHECIDA POPULARMENTE COMO OLHO DE DEUS FIGURA 6 – YIDAM DIVINDADE MEDITACIONAL DO BUDISMO VAJRAYANA….46 FIGURA 7 – OS SETE CHAKRAS FIGURA 8 – JAPA MALA FIGURA 9 – OM DO YOGA. FIGURA 10 – DEUS SHIVA O TRANSFORMADOR LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – A CRIAÇÃO DO UNIVERSO NA VISÃO HINDU 1 INTRODUÇÃO Por meio do estudo dos mantras, com suas tradições filosófico-religiosas, procurou-se evidenciar a relação objetiva e subjetiva com as práticas das posturas psico físicas e perscrutar a sua essência transcendental. Parece que o pensamento científico – lógico racional – enclausurado e compartimentalizado, levaram a saturação de seus próprios limites. Daí a insatisfação generalizada da pseudo-consciência do ego humano, que insiste em degladiar contra um tempo artificial, fruto de suas próprias contradições. O excesso de pensamentos e palavras do cotidiano interfere na preparação para essas práticas e com o uso dos sons puros e reais torna-se mais rico em resultados. O universo é vibração, e ouvir a vibração de uma paisagem sonora é um exercício de meditação que leva a abrir a mente ao que acontece em oposição ao que se diz acontecer. A espiritualidade da Índia transmitida pelo Yoga contém todos os conceitos metafísicos, fundamentais para o crescimento psicofísico da humanidade. Sem fronteiras este se expandiu para todo o globo. Deste modo introduziram-se todas as possibilidades psicoespirituais por intermédio dos mestres sagrados da Índia. Nos textos sagrados se destacam os mantras como sendo portadores de som do “Eu Superior”, do “Absoluto”, de “Si Mesmo”, ou seja de “Deus”. Mantendo o homem interiorizado em sua essência. A aspiração à transcendência é inerente a vida humana, não sendo somente uma busca religiosa ou espiritual, mas da ciência, tecnologia, filosofia, teologia e arte. Com todos esses fatores, fazendo parte do cotidiano de cada um. Nos dias atuais a ciência por meio de seus físicos de vanguarda, formula grandes interpretações quânticas que coincidem com as doutrinas da Índia. Na psicologia transpessoal é colocado tudo o que para muitos não tem explicação cientifica. É então aceita a fusão dos conceitos hinduístas com a racionalidade dos ocidentais. Nesse contexto os mantras estão colocados num linguajar que pode levar à psico espiritualidade dos praticantes. Esse empreendimento de tornar um hábito as práticas de se entoar os mantras, facilitará o desenvolvimento das potencialidades psico espirituais. Sendo um desafio, de grande responsabilidade, tanto para quem pratica quanto para quem os transmite. Os mantras são entoados em Sânscrito, língua originária da Índia, utilizada pelos sacerdotes desde a antiguidade. Esta contém os sons primordiais, os primeiros e perfeitos sons. A descoberta da consciência; corpo e mente do ser humano, tem uma relação intrínseca com a psico tecnologia de vários ramos da tradição iogicas. Encontrando, portanto nesse momento a – Pedra Filosofal – “o elixir alquímico da iluminação”. Para esse conhecimento é necessário que haja um mestre e também discípulos que se voltem verdadeiramente para o “Si Mesmo”. Que se aprofundem cada vez mais no encontro com o Absoluto, sendo esse o objetivo maior do Yoga. Assim todos os conhecimentos adquiridos e passados dos mestres para seus discípulos; a predisposição para a aceitação dos ensinamentos das doutrinas do Yoga abrirá portais para uma nova era. Onde a nefasta onda tecnológica cederá espaço para a cultura psico espiritual. Em meio a debates, controvérsias e muito sofrimento; até o despertar de uma nova consciência. Voltando para o grande “Mistério da Existência” e para o entendimento do significado do conceito de “Absoluto”. O trabalho de conclusão de curso envolve o tema Mantras por ter sido colocado em aulas práticas de Hatha Yoga, estando mais presente no momento a meditação, por ser o público alvo pessoas da terceira idade. Estas com finalidades distintas quanto as práticas de determinados asanas. E, portanto, voltadas mais para a prática da espiritualidade. E, por esse motivo, foi dada tanta ênfase nas colocações dos mantras nas aulas. Ao realizar Mantra Yoga há uma necessidade de introspecção, para que este flua de forma agradável limpando a mente de todas as influências negativas e produzindo bons resultados. No capítulo inicial perscrutaram-se as origens do mantra, como o som criativo do Universo, numa visão de místicos e de cientistas, onde convergem os mesmos paradigmas, terminando com o tema da Tradição – o aspecto dos mantras – sob o ponto de vista das antigas tradições filosófico-religiosas: Hinduismo, Taoísmo, Budismo Tibetano e Zen. No capítulo seguinte procurou-se estabelecer uma teorização dos mantras dando ênfase a sua caracterização: conceito, origem, natureza, finalidade e poder, terminando com uma classificação, repertórios dos principais mantras e seus significados. A seguir em Mantra-Yoga, o mantra encontra o seu habitat na meditação e canto ancestral; campo em que as vibrações mântricas promovem interações com os canais psíquicos (nadis) e os centros interiores (chakras) de energia sutil do ser humano. O penúltimo capitulo apresenta o tema da Consciência – o aspecto dos mantras – sob o ponto de vista das antigas tradições filosófico-religiosas: Hinduismo, Taoísmo, Budismo Tibetano Zen e Tantrismo. A apresentação desses fundamentos procurou valer-se de uma linguagem mais apropriada aos padrões ocidentais, onde o saber antigo se harmonizasse dentro dos referenciais disponíveis sendo confirmado pela visão holística dos pensadores atuais. Arte, religião, filosofia, misticismo oriental e a ciência atual, convergem para um paradigma emergente no inicio do século XXI. Consciência humana e consciência cósmica formam um todo indivisível. Uma interconexão entre o todo e as partes. O poder criativo é imanente neste acontecimento vibratório cósmico, evidente na harmonia de suas freqüências. Apreender o caráter “belo” de magnífica realidade implica reconhecer no homem sua dimensão pessoal e transpessoal, iluminando suas percepções insuspeitadas. Faz-se necessário a superação de dicotomias como: ciência e arte, lógica e intuição, consciente e inconsciente, conhecimento objetivo e experiência subjetiva. Encerrando com a apresentação de repertório dos principais mantras e seu significado, considerados os mais conhecidos e importantes tanto na filosofia hindu, quanto tibetana. Na apresentação desses fundamentos, se procurou valer de uma linguagem mais apropriada aos padrões ocidentais, onde o saber antigo harmonizasse dentro dos referenciais disponíveis. 2 MANTRAS O PODER DO SOM ###1 FIG: 1 NO PRINCÍPIO ERA O VERBO FONTE WEB SITE IMAGENS (2007) Taimni (1991) diz; nossos Rishis foram longe na investigação do problema da constituição do universo e, usando seus poderes supranormais, descobriram que os elementos intangíveis do universo, como pensamentos e emoções, também têm uma base material (…). A investigação científica do fenômeno da transmissão do pensamento, por sociedades de pesquisas psíquicas mostrou que os pensamentos também são muito provavelmente, de natureza vibratória. Outro fato que estabelece a compreensão na teoria do Mantra Yoga é a vibração que se encontra na base da forma. O universo manifestado está repleto de imensa variedade e de um infinito número de formas, que conhecemos por meio dos órgãos dos sentidos, físicos ou suprafísicos. Cada uma dessas formas é produzida pelas vibrações (…). E experimentos realizados, na Índia e na Europa, mostram que as vibrações produzidas por instrumentos musicais são capazes de produzir formas em uma tela. De fato, acredita-se que a representação por meio de diferentes formas bem definidas dos diferentes modos ragas e raginis (modelo personificado sem precisão) da música indiana baseia-se na observação de tais formas por meio da visão clarividente. As investigações ocultas nas quais se baseia a ciência dos mantras, mostrou que por detrás de toda forma viva há uma determinada vibração, a qual mantém juntos os diferentes componentes da forma como um todo orgânico e que quando esta vibração cessa, a forma se desintegra (…). O Anahata shabda (som não entoado) ouvido pelos sadhakas de determinadas escolas místicas, é um exemplo deste tipo de vibração. Essas vibrações não ocorrem necessariamente no plano físico. Elas podem ocorrer em diferentes planos, suas naturezas estão subordinadas à natureza da forma e da vida que anima a forma. Ainda citado por Taimni (1991) a vibração não apenas está na base da forma, mas também é necessária para a manifestação da consciência. A maneira mais simples por meio da qual essa conexão entra em vibração a consciência pode ser entendida (…) do modo como o mundo externo à nossa volta é percebido pela consciência interior por meio dos órgãos dos sentidos. É um fato de conhecimento científico que nos tornamos cônscios do mundo externo através de vibrações de diferentes tipos. As vibrações luminosas produzem sensações visuais, as vibrações sonoras produzem as sensações da audição e assim por diante. Se estas vibrações forem interrompidas a manifestação da consciência no plano físico cessará e retrocederá para o próximo veículo mais sutil, como ocorre no caso do sono, da anestesia ou do samádi (o último estágio do Yoga). 2.1 O SOM COMO PRINCÍPIO DA CRIAÇÃO DO UNIVERSO Capra (2004) escreve que o mundo foi criado através da energia cantante como primeira manifestação de um pensamento. O som da vibração primordial sacrificou a si mesmo, sendo progressivamente elaborado num rítmo espiralado crescente de novas vibrações cada vez mais altas, metamorfoseando-se aos poucos em pedra e carne (…). Tanto os mitos da criação dos povos primitivos, como a mãe da criação do universo (…) o mundo é som. Ressoa nos pulsares e nas órbitas dos planetas no giro dos elétrons, nos quanta dos átomos e na natureza das moléculas, no microcosmo e macrocosmo. Ressoa na esfera que medeia entre esses dois extremos no mundo (…) suas investigações acerca do mistério do que ele chama de som primordial, o som transcendental que dá origem a toda manifestação, mostra que todas as tradições religiosas e espirituais do mundo inteiro fizeram uso do som na busca da transmutação da consciência. O astrônomo do século XVI Johannes Kepler (1609), escreveu: “Deus era o maestro da sinfonia cósmica, fazendo com que os planetas abandonassem suas órbitas inteiramente circulares e adotassem conscientemente órbitas elípticas complexas para criarem uma música ainda mais bela, as órbitas dos planetas são como vibrações, a Música das Esferas”. 2.1.1 Visão de Físicos e de Mestres Místicos Capra (2004) menciona que os mestres atuais, entre eles o mestre e místico sufi Hazarat Inayat Khan escreveram que o som divino é a causa de toda a manifestação. Quem conhece o mistério do som, conhece o mistério de todo o universo (…). Essa última afirmação conduz à idéia de que o enorme poder do som que criou o universo também é acessível para toda a humanidade. ###2 QUADRO:1 A CRIAÇÃO DO UNIVERSO NA VISÃO HINDU FONTE: WEB SITES IMAGENS (2007) Capra (2004) diz que cerca de dois mil anos antes, o matemático e filósofo grego Pitágoras observou: “As sete esferas emitiram cada uma, uma vogal para a Terra, as quais se juntaram à criação de tudo o que existe no planeta. “Essa observação de Pitágoras, coincide com a Cabala dos judeus e com os antigos Rishis da Índia. Capra (2004) coloca o som do poder de Deus como Nâda Brahma, o som divino que ressoa através do universo e do Corpo humano sutil, que existe em todos nós. Nossa tradição nos ensina que o som é Deus. A música é uma disciplina espiritual que eleva o ser interior à paz e a bem aventurança divinas (…). Através da música pode-se chegar a Deus. (…). Músicos sacros operam milagres ao executar certos Ragas (composições clássicas indianas), produzindo verdadeiras proezas tais como: acender fogueiras, dissolver pedras, desabrochar flores, atrair animais ferozes para um círculo calmo e tranqüilo ao redor de sua cantoria. Feuerstein (2005) escreve, ouvimos o tiquetaquear heteródino dos pulsares (…) vibrações de energia intensa de agrupamentos estelares esféricos, com seqüências que se repetem. No espaço, existem tique-taques, batidas de tambor, zumbidos e estalos. Capra (2004) pode-se ver a estrutura perfeitamente cristalina da fibra muscular, tremulando como um trigal ao vento, pulsando muitos trilhões de vezes por segundo (…). Quando nos aproximamos do núcleo ele começa a se dissolver. Ele também não passa de um campo de oscilação que com a nossa aproximação desfaz-se em puro ritmo (…). Do que é feito o corpo? De vacuidade e ritmo. No coração do mundo, não existe solidariedade, apenas dança. ###3 FIG: 2 RESQUÍCIOS DO BIG BANG FONTE: WEB SITE IMAGENS (2007) Segundo Ashley Farrand (2006), o poder do som, da música, das vogais e da palavra, são as grandes forças criadoras do universo: como seus tutelares, os seres humanos têm um tremendo poder espiritual. E por séculos os mestres do misticismo oriental vêm ensinando mantras como um meio de dominar esse poder. Colocado por Capra (2004) como afirma o mestre sufi Vilayat Inayat Khan. A prática do mantra literalmente amassa a carne do porco com a repetição dos sons. As células delicadas dos complexos feixes de nervos são submetidas a um martelar constante, um ataque à carne pelas vibrações do som divino. Blavatsky (2003) o som é um tremendo poder oculto, ele tem uma força tão estupenda, que a eletricidade gerada por um milhão de Niágaras jamais poderia neutralizar nem a menor potencialidade, quando dirigida pelo conhecimento apropriado (…). A fala dos homens não consegue chegar até os deuses (…). Para falar com Eles, é preciso usar a linguagem que lhes é própria (…). E que é feita de sons, não de palavras (…). Essa linguagem, ou os encantamentos dos mantras, é o agente mais eficaz e a chave mais importante para abrir o canal de comunicação entre os Mortais e os Imortais. Conforme Capra (2004) coloca, a rica imaginação indiana criou um vasto número de deuses e deusas cujas encarnações e proezas constituem o tema de lendas fantásticas, reunidas em épicos de grandes dimensões. Os hindus sabem em sua profunda percepção que todos esses deuses são criações da mente (…) sabem igualmente que esses deuses não foram criados com o fito de tornar mais atraentes essas histórias eles constituem veículos essenciais para transmissão das doutrinas de uma filosofia arraigada na experiência mística. 2.2 O UNIVERSO VIBRATÓRIO Capra (2004) diz que a física moderna toma hoje a mesma atitude com relação a seus modelos e teorias verbais. Estes, também, são apenas aproximados e imprecisos. Constituem a contrapartida dos mitos, símbolos e imagens poéticas orientais, e é nesse nível que se estabelecem paralelos. A mesma idéia acerca da matéria é transmitida, para o hindu, pela dança cósmica do deus Shiva, e, para o físico, por certos aspectos da teoria quântica dos campos. O deus que dança e a teoria física são criações da mente, modelos que buscam descrever a intuição que seus autores possuem acerca da realidade. Conforme Tinoco (2005) Brahman diz haver a Ciência – vidya caksus – e a não-ciência – avidya caksus. A primeira conduzindo à libertação espiritual, e a segunda a escravidão (…) da não-ciência originou-se este mundo inerte e tenebroso, o mundo físico no qual vivemos. Essa afirmação leva a uma dependência entre o objeto externo percebido e o estado de consciência que percebe. Em mecânica quântica é conhecido como “o efeito observador”. Um objeto quântico, uma partícula subatômica – um elétron – terá sua natureza definida, ondulatória ou corpuscular, dependendo dos equipamentos empregados na sua observação. E um segundo ponto, a existência de uma partícula subatômica depende da presença da consciência que a observa. Não havendo observador, não haverá partícula. Blofeld (1995) diz que os místicos orientais possuem uma visão dinâmica do universo semelhante à Física moderna e, não é de surpreender que tenham usado a imagem da dança para expressar sua intuição da natureza. Um belo exemplo de uma dessas imagens de ritmo e dança está no livro Tibetan Journey, (Viagem Tibetana, de Alexandra David-Néel) Nesse livro a autora descreve seu encontro com o Lama que se referia a si mesmo como um “Mestre de som”, e que lhe transmitiu o seguinte relato de sua visão da matéria: Nas palavras de Albert Einstein (1926), pode-se então considerar a matéria como constituída por regiões do espaço nas quais o campo é extremamente intenso (…). Não há lugar nesse novo tipo de Física para campo e matéria, pois o campo é a única realidade. Capra (2004) escreve que à semelhança de Einstein, os místicos orientais consideram essa entidade subjacente como a única realidade: todas as suas manifestações fenomênicas são vistas como transitórias e ilusórias. Para ele essa realidade do místico oriental não pode ser identificada apenas com o campo quantizado do físico, pois é vista como a essência de todos os fenômenos deste mundo e, conseqüentemente, está situado além de todos os conceitos e idéias (…). Einstein em particular, passou os últimos anos de sua vida na busca desse campo unificado. O Brahman dos hindus, à semelhança do Darmakaya dos budistas e do Tao dos taoistas, pode ser encarado como o campo unificado fundamental do qual emergem não apenas os fenômenos estudados na física, como também todos os outros fenômenos. Todas as coisas (…) são agregados de átomos que dançam e que, por meio de seus movimentos, produzem sons. Quando o ritmo da dança se modifica, o som que produz também se modifica. (…). Cada átomo canta incessantemente sua canção e o som, a cada momento, cria formas densas e sutis. ###4 FIG: 3 PARTÍCULAS NUMA CÂMARA DE BOLHAS, COM HIDROGÊNIO LÍQUIDO. UMA PARTÍCULA CARREGADA PASSANDO PELA CÂMARA IRÁ CRIAR BOLHAS DE HIDROGÊNIO. AS BOLHAS MARCAM A TRAJETÓRIA DA PARTÍCULA, FORMANDO RASTROS (Fonte CERN) Conforme Feuerstein (2005), a criação acontece quando esse movimento transcendente se especifica, manifestando primeiro o espaço e o tempo e depois as inúmeras formas do Cosmo. Assim a vibração (spanda) é a essência da existência cósmica. Em outras palavras o universo é um oceano de energia. É isso também que nos diz a física contemporânea. Capra (2004), diz que a exploração do mundo subatômico no século XX revelou a natureza intrinsecamente dinâmica da matéria (…) as interações de partículas dão origem às estruturas estáveis que edificam o mundo material, as quais não permanecem estáticas, mas oscilam em movimentos rítmicos. Todo o universo está empenhado em movimento e atividade incessantes, numa permanente dança cósmica de energia. Os artistas indianos do século X e XII representam a dança cósmica de Shiva colocando figuras dançantes compostas de quatro braços, cujos gestos equilibrados e dinâmicos expressam o ritmo e a unidade da Vida (…). A mão direita superior do deus segura um tambor que simboliza o “Som primordial da criação”. A dança de Shiva é o universo que dança. O fluxo incessante que permeia uma variedade infinita de padrões que se fundem uns nos outros (…) para os físicos modernos, a dança de Shiva é, pois, a dança da matéria subatômica. Trata-se de uma contínua dança de criação e destruição, envolvendo a totalidade do Cosmo e constituindo a base de toda a existência e de todos os fenômenos naturais. Em nossos dias os físicos utilizaram a tecnologia mais avançada para retratar os padrões da dança cósmica. As fotografias das partículas em interação obtidas pelas câmaras de bolhas, que testemunham o contínuo ritmo de criação e destruição no universo, são imagens visuais da dança de Shiva, equiparando-se às imagens produzidas pelos artistas indianos. A metáfora da dança cósmica unifica, assim, a mitologia, arte religiosa e Física Moderna. Na verdade – nas palavras de Coomaraswamy – é poesia, e, contudo, também é ciência. 2.2.1 A dança de Shiva Feuerstein (2005) citando Coomaraswamy (1956) em seu livro, A dança de Shiva: “A imagem mais clara da atividade de Deus de que se pode vangloriar qualquer arte ciência ou religião é A dança de Shiva“. Como o deus é uma personificação de Brahman, sua atividade é a atividade de incontáveis manifestações de Brahman no mundo. A mão direita superior segura um tambor simbolizando o som primordial da criação; a mão esquerda superior sustenta uma língua de chama, o elemento da destruição. As duas mãos representam o equilíbrio dinâmico entre a criação e a destruição do mundo, no centro delas, no qual a polaridade entre criação e destruição é dissolvida e transcendida. A segunda mão direita ergue-se num gesto que significa ”não tenha medo”, expressando manutenção, proteção e paz; por sua vez, a mão esquerda remanescente aponta para baixo, para o pé erguido e que simboliza a libertação Maya (ilusão). O deus é representado dançando sobre o corpo de um demônio (Apasmara), símbolo da ignorância do homem devendo ser conquistado antes da libertação. A dança de Shiva é o universo que dança, é o fluxo incessante de energia que permeia uma variedade de padrões que se fundem uns nos outros. Capra (2004) cita que a Física Moderna mostrou que o ritmo de criação e destruição não se acha manifesto apenas na sucessão das estações e no nascimento e morte de todas as criaturas vivas. Mas também na essência mesma da matéria inorgânica. Na dança de Shiva, é o universo que dança. É o fluxo incessante de energia que permeia uma variedade de padrões que se fundem uns aos outros. ###5 FIG: 4 SHIVA NATARÂJA DESTRUINDO O DEMÔNIO DA IGNORÂNCIA APASMARA FONTE: WEB SITE IMAGENS (2007) Nas palavras de Albert Einstein (1926), pode-se então considerar a matéria como constituída por regiões do espaço nas quais o campo é extremamente intenso (…). Não há lugar nesse novo tipo de Física para campo e matéria, pois o campo é a única realidade. Capra (2004) escreve que à semelhança de Einstein, os místicos orientais consideram essa entidade subjacente como a única realidade: todas as suas manifestações fenomênicas são vistas como transitórias e ilusórias. Essa realidade do místico oriental não pode ser identificada com o campo quantizado do físico, pois é vista como a essência de todos os fenômenos deste mundo e, conseqüentemente, está situado além de todos os conceitos e idéias (…). Einstein em particular, passou os últimos anos de sua vida na busca desse campo unificado. 2.2.2 O Universo Vibratório e o Vazio Capra (2004) diz que na visão oriental, a realidade subjacente a todos os fenômenos está além de todas as formas e desafia qualquer descrição e especificação. Por isso frequentemente se diz que ele é sem forma, vazio ou vácuo. Mas essa vacuidade não deve ser encarada como o simples nada. Ao contrário, ela é a essência de todas as formas e a fonte de toda a vida. Nas palavras do Chandogya-Upanishads, Brahman é vida. Brahman é alegria. Brahman é o vazio (…) Alegria, na verdade, é o mesmo que o Vazio. O Vazio, na verdade, é o mesmo que alegria. Chandogya Upanishad, 4.10.4 Para Capra (2004), os budistas expressam a mesma idéia ao afirmarem que a realidade última – Sunyata (“Vazio” ou “Vácuo”) – é um Vazio vivo gerando todas as formas do mundo dos fenômenos. Os taoistas conferem semelhante criatividade, infinita e eterna ao Tao e, uma vez mais, chamam-na de Vazio. “O Tao do Céu é vazio e sem forma. Lao Tse utiliza varias metáforas para ilustrar esse vazio, comparando o Tao a um vale vazio ou a um vaso perenemente vazio e que possui o potencial de conter uma infinidade de coisas. Apesar de lançar mão de termos como vazio e vácuo, os sábios orientais deixam claro que não se referem ao vazio usual quando falam a cerca de Brahman, de Sunyata ou de Tao; mas referem-se a um “Vácuo” que possui um potencial criativo infinito. Assim o Vácuo dos místicos orientais pode ser facilmente comparado ao campo quântico da Física subatômica. À semelhança deste, aquele origina uma variedade infinita de formas que mantém e, reabsorve. Conforme se encontra expressado no Chandogya-Upanishads: Tranqüilo, deixe que alguém o adore Como aquilo de onde veio, Como aquilo no qual se dissolverá, Como aquilo no qual respira. Chandogya Upanishad, 3.14.1 Conforme Capra (2004), na filosofia chinesa (…) o conceito de ch’i. termo que desempenhou um papel importante em quase todas as escolas chinesas de filosofia natural, tornando-se particularmente importante no neo Confucionismo, a escola que tentou chegar a uma síntese do Confucionismo, do Budismo e do Taoísmo. A palavra ch’i significa, literalmente (gás ou éter) e era utilizada na China antiga para denotar o sopro vital ou a energia que anima o Cosmo. Assim o ch’i se condensa e se dispersa ritmicamente, gerando todas as formas que eventualmente se dissolvem no Vácuo. Capra (2004) citando Chang Tsai: “O grande vácuo não pode consistir senão em ch’i; este ch’i não pode condensar-se senão para formar todas as coisas; e essas coisas não podem senão dispensar-se de modo a formar (uma vez mais) o Grande Vácuo”. Fung Yu-Ian. A fusão desses conceitos opostos num único todo foi expressa nessas famosas palavras de um sutra budista (…). “Forma é vazio, vazio é na verdade forma. Vazio não difere da forma, a forma não difere do vazio. O que é forma é vazio; o que é vazio é forma”. A criação do Cosmo está sendo alicerçada nos fundamentos do hinduismo. Sendo esta a mais lógica das explicações colocada como a mais provável das verdades. 2.2.3 A Influência da Energia do Cosmo e os Mantras Ainda conforme Capra (2004), com as descobertas que foram feitas em relação à natureza do átomo, as idéias acerca da matéria mudaram completamente e hoje se vê todo o universo físico não mais como uma massa de irredutíveis átomos sólidos, mas como um extraordinário jogo de diferentes tipos de energias. A famosa fórmula de Einstein, E=mc2 mostra que matéria e energia são interconversíveis, de modo que podemos assumir que a matéria física praticamente não passa de um variado arranjo de diferentes tipos de energias em diferentes níveis. Conforme Feuerstein (2005), Miller propõe que a prática meditativa dos tempos Védicos, apresentava três aspectos distintos, mas coincidentes, chamada respectivamente de meditação mântrica, meditação visual, mergulho na mente e mergulho no coração. A meditação mântrica significa a concentração mental por meio do som, da palavra sagrada (mantra). A meditação visual se resume no conceito de dhi (que depois foi chamado de dhyana), no qual se vê uma determinada divindade. Por fim, o mergulho na mente e no coração é o estagio mais elevado da meditação, no qual o vidente, baseado no que Miller chama de um “pensamento-semente”, explora os grandes mistérios psíquicos e cósmicos que levaram a composição dos notáveis hinos cosmogônicos, como o Hino da criação Rig-Veda (10.129). 3 MANTRAS – ORIGEM Swami Krishnapriyananda Saraswati (2006) escreve que o Mantra Yoga é um dos sete ramos clássicos do yoga que estuda e pratica as vocalizações cósmicas, também chamadas de mantra. Em sânscrito, Man significa mente e Tra significa controle, ou seja, através das vocalizações dos sons, se obtém o controle da mente. A origem dos mantras está nas chamadas Shrutis, revelações do inicio da criação, relatada em uma das quatro partes dos Vedas (textos sagrados da Índia), no mais antigo e amplo de todos, o Rig Veda, livro de cantos métricos, dividido em dez partes denominadas mandalas, todas em forma de mantra. Com o passar dos milênios os mantras continuam atualizados, sendo que, se praticados da forma correta, tem o poder de serem dirigidos contra ou a favor de algo. Por serem constituídos de fórmulas especiais, seu ritmo, melodia e harmonia são de uma força surpreendente. Existem diversos tratados sobre a origem dos mantras, dentre eles o Bhagavad Gita: “No principio da formação do Setavarah Kalpa, ciclos e eras, o Senhor Vishnu, integrante da tríade sagrada hindu, a Trimurti, descansava sobre o oceano de néctar. Quando Brahma viu Vishnu tão sereno, perguntou-lhe: “Quem é você”? Vishnu respondeu: “Sou o principio e o fim”! “Fui o criador desse mundo e é em mim onde o mesmo funde-se ao finalizar o grande ciclo das idades”. Brahma contestou: “Isso é falso”! “Fui eu quem criou o mundo”! Neste momento, surgiu frente aos dois um grande órgão resplandecente, Jyotir Linga, e num forte estrondo aparecem pontos e letras sânscritas, representando o nascimento simbólico dos mantras védicos. Swami Krishnapriyananda Saraswati (2006) fala que o mantra não foi inventado por ninguém humano, nem mesmo por qualquer seita, religião ou pessoa. Ele foi ditado diretamente pela Suprema Personalidade de Deus, Shri Krishna, para o Senhor Brahma, desde o início da criação. O mantra não é propriedade de ninguém, mas é do livre uso por todas as pessoas, porque este foi o presente que o Senhor Krishna na era de kali-yuga, deu para todos nós, os habitantes desta era de hipocrisias, confusões, e perda de fundamentos. 3.1 O PRIMEIRO MANTRA No início era o Verbo E o Verbo disse: “Faça-se” E tudo foi feito. Conforme Ashley-Farrand (2003) constata, a criação ocorre animada não pela luz e sim pelo som. “No principio era o Verbo” O princípio não era luz; mas o som na forma do verbo divino. Portanto, o som é o instrumento primordial da criação (…) o universo teria sido criado quando Deus decidiu manifestar a realidade pelo poder do verbo divino. Feuerstein (2005) cita o livro de sir John Woodroffe (1922) e este inclui uma tradução de uma escritura sagrada chamada Satha patha Brahmana, escrita há milhares de anos. O volume VI começa assim: “No principio era Deus com o poder da palavra. Deus disse, “Que Eu possa ser muitos (…) que eu possa ser propagado”. E por sua vontade expressa através de uma fala sutil, Ele uniu-se a essa fala e fecundou-se. Prajapathi e Saraswati foram então criados. E Prajapathi é o nome do progenitor de todos os seres (…). O processo de criação é então, descrito através de imagens de uma breve narrativa: Primeiro, Deus como Ser… Do Ser surge a Mente… Da Mente surge o Desejo… Do Desejo surge a Vontade… Da Vontade surge a Palavra… Da Palavra surge todo o resto.” (1922) ###6 FIG: 5 NEBULOSA DE HÉLIX CONHECIDA POPULARMENTE COMO OLHO DE DEUS FONTE NASA: WEB SITE IMAGENS (2007) 3.2 OS HINOS DOS VEDAS Conforme Feuerstein (2005) os 1028 hinos do Rig-Veda, que perfazem 10.600 versículos contém numerosas passagens especialmente pertinentes ao próprio estudo do Proto-Yoga-Védico. Os seguintes hinos merecem atenção especial: 1.164: (Atharva-Veda 9.9.10): Compreende 52 versículos, é uma coletânea de profundos enigmas místicos. O sexto versículo indaga acerca da natureza daquele Um que não é nascido e, no entanto, é a causa do universo manifestado (…) uma interpretação para a árvore com os pássaros que ; um come do fruto e outro olha, pode ser colocado que: o pássaro que olha é o Si Mesmo que está além do mundo da natureza e não se envolve nele; o outro é o ser dotado de alma e corpo preso à existência condicionada (…) o inominável Ser único recebe, dos sábios, diferentes nomes (…) 10.72: que trata da enigmática origem do universo. 10.90: que trata da evolução do cosmo, e também da gênese da psique humana, o purusha-sûkta, ou “Hino do Homem“, é um dos mais impressionantes. O primeiro versículo afirma que o homem primordial (purusha) abarcou toda a criação e estendeu ainda dez dedos alem dela: isso parece significar que o Criador transcende a sua criação, que o mundo manifesto emana da realidade transcendente, mas não o limita de maneira alguma. Os hinos em Sânscrito dos Vedas, “visualizados” pelos Rishis altamente dotados, formam compostos em quinze métricas diferentes que deviam ser meticulosamente recitados nos rituais e exigiam, portanto, um cuidadoso controle da respiração que garantisse a necessária precisão. É ai que podemos encontrar as origens da posterior técnica yogue do controle da respiração (pranayama) e também do Mantra-Yoga. Um dos quatro hinários védicos, o Sama Veda, contém um grande número de hinos que eram cantados por sacerdotes especiais durante os grandes ritos sacrificiais; esses hinos cantados até hoje, se parecem muito com o canto gregoriano medieval. 3.2.1 A origem védica dos mantras Conforme Padma-Patra (1996) escreve. Os mantras são palavras com significado na língua sânscrita. Alguns autores supõem que os significados não devem ser esclarecidos, para que possam permanecer como sons profundos e misteriosos, sustentam que na Índia eles não são explicados de forma pedagógica. Pois na Índia quando se diz Shiva, Vishnu, Lakshmi, Krishna, Saraswati, Gauri, etc, já se sabe de que se está falando, não é necessária nenhuma tradução. Mas, no ocidente a tradução é imprescindível. Ao se fazer uma prece a Jesus, Maria ou a São José, seria um absurdo começar a explicar esses nomes. O mesmo acontece com o indiano. Ele sabe por tradição, o que simbolizam seus deuses, da mesma forma que sabemos que o Pai, o Filho, e o Espírito Santo são a Sagrada Trindade. Que Jesus é o salvador do mundo e que a Virgem Maria é a mediadora. Porém se um budista desconhece o cristianismo e for orar para Jesus ou Maria, primeiro deverá conhecer as características do cristianismo. Segundo Ashley-Farradt (2006) coloca, os primeiros registros por escrito das quatro escrituras védicas datados em 1000 a.C. A versão mais antiga existente do Rig-Veda, é datada do século XIV de nossa era. No entanto, em The Principal Upanishads, o respeitado sábio S. Radhakrishnan, citando The Religion of the Vedas de Bloomfield, afirma: “Os Vedas não apenas constituem o mais antigo monumento literário da Índia, mas também a mais antiga literatura dos povos indo europeus, anterior aos povos da Grécia e de Israel”. Os mais antigos hinos e mantras contidos no Rig-Veda são tradicionalmente datados de 1500 a.C. e possivelmente até anterior a 4000 a.C. Os Vedas deram origem a tradição hindu, tendo seu inicio sido considerado extraterrestre, tendo um caráter de não morte, sendo perpétuo, anterior ao mundo e fundamentado na primordialidade do som como uma qualidade cósmica, e a vibração sonora como responsável pela criação da revelação e do mundo. Os sacerdotes hindus afirmam categoricamente que os registros escritos dos mantras são muito mais antigos do que acreditam as autoridades acadêmicas. Foram transmitidos oralmente nos tempos hinduístas, e o primeiro escrito é da época de Mahabharata, cerca de um milênio antes de Cristo. E os mantras sanscríticos existem a pelo menos 2000 anos antes, nos mitos fábulas e lendas. 3.3 A TRADIÇÃO MÂNTRICA Feuerstein (2005) diz que o falecido Agehananda Bharati, swami ocidental e professor de antropologia coloca que, fizeram a importantíssima observação de que um mantra só é um mantra quando foi transmitido por um mestre a um discípulo durante um rito de iniciação. Portanto, a sílaba sagrada Om não é um mantra para os não iniciados. É só a iniciação que lhe confere o seu poder mântrico. O Mantra-Yoga-Samhitã (1.5) produto talvez do século XVIII d.C. reconhece esse fato quando afirma que, a iniciação (dîkshâ) é a raiz de toda inovação (japa); do mesmo modo, a iniciação é a raiz da ascese; a iniciação transmitida por um verdadeiro mestre realiza todas as coisas. Conforme Feuerstein (2005) os mantras, que podem ser compostos com um único som ou de uma série deles podendo ser usados para fins diferentes. Não há dúvida que, na origem, eles eram usados para manter a distância as forças ou acontecimentos indesejáveis, para atrair os que eram considerados desejáveis, e ainda é essa a sua principal aplicação. Em outras palavras, os mantras são usados como fórmulas mágicas. Mas também são empregados, no contexto espiritual, como fórmulas de poder, que concorrem com o aspirante para a sua busca de identificação com a Realidade transcendente. Assim, um mantra vedântico como Aham Brahma-asmi, “Eu sou o Absoluto”, é uma poderosa afirmação da nossa identidade fundamental com o Si Mesmo (âtman), que é também o Fundamento do mundo objetivo. Os primórdios do Mantra-Yoga, situam-se na remota era védica. O Mantra-Yoga propriamente dito, porém, é um produto das mesmas forças filosóficas culturais que deram origem ao Tantra na Índia medieval. Aliás, o Mantra-Yoga é um dos principais aspectos da via tântrica e é objeto de numerosas obras escritas que pertencem a essa corrente espiritual. 3.3.1 A Tradição Hinduísta Segundo Ashley-Farradt (2006) os mantras eram transmitidos oralmente em rituais pelos sacerdotes e primeiramente foram escritos em sânscrito em folhas de palmeira. Havia famílias de bibliotecários que trabalhavam com a preservação dos mantras na forma escrita. Catalogavam-nos de acordo com suas utilidades. Ao envelhecer as folhas de palmeira, recompilavam em novas folhas. Como havia um grande número de mantras, foram escritos resumos condensando-os como ocorreu nas Upanishads e nos Vedas, estes transmitem idéias atemporais a respeito de uma ampla variedade de assuntos. Como exemplo, Patanjali 200 a.C. e Shankaracharya 800 d.C. e outros que introduziram práticas ainda mais específicas para o desenvolvimento espiritual e solução de problemas. Por esse motivo o sânscrito recebeu o titulo de Devanagari ou “Linguagem dos Deuses”. Portanto o primeiro requisito deve ser falar a língua, e com isso usar o poder que ela contém. 3.3.2 A Tradição Budista Capra (2006) escreve que a tradição budista reza que somente se atinge o Nirvana por meio de vários caminhos, sendo o principal deles o autoconhecimento encontrado quando se descobre o caminho do Silêncio Interior (meditação). A tradição taoísta chinesa, tendo seu inicio histórico na era do Imperador Fo-Hi, pregava que tudo se origina do Principio Tao, atuando por meio de duas energias opostas o Yin e o Yang. Estas são controladas pelo principio da Harmonia Celestial, estabelecendo o equilíbrio dos ciclos da natureza com modulações cósmicas, e cada mudança astronômica provoca um novo tom para a Terra. E esse tom altera as tendências do pensamento, comportamento e estado de espírito do homem. 3.3.3 A Tradição Zen Capra (2006) diz ainda que na tradição Zen, o estado Satori é atingido por três caminhos, sendo um deles a invocação ritualística do nome de Buda (Nembutsu). A sabedoria dos Antigos permeou as tradições subseqüêntes, como sendo um conhecimento secreto, para poucos e de teor esotérico. 3.3.4 A Tradição Islâmica Conforme Capra (2006), o islamismo tende a colocar como ponto único, a cultura monoteísta sendo esta fundamentada no equilíbrio e no conhecimento. Sua revelação aparece no simbolismo deixado no Corão, e sustentado por cinco pilares, sendo o principal o da prece que é vocalizada cinco vezes ao dia. 3.3.5 A Tradição Hebraica É dito por Capra (2006) que de Abraão deriva a tradição esotérica hebréia chamada Cabala, revelação oral recebida por Moises, que explica o sentido mais profundo do Tora; havendo ainda o Sepher Yetsirah livro da Formação, e o Sepher Há-Zorah Livro do Esplendor, e na seqüência a Gematria (arte de decodificar palavras), Onotarikon ou Netrikon (termos usados na cabala) e a Temura (matemática das idéias). São considerados o desenvolvimento exterior de energias divinas expressadas pelo Verbo (som). 3.3.6 A Tradição Cristã Citando ainda Capra (2006) a tradição cristã se estabelece nos tempos das pregações de Jesus Cristo, conforme Flavius Joseph (37-100 d.C.), historiador e filósofo descendente do rei Asmonéens. Com seu testemunho pode-se afirmar a existência de três grupos contemporâneos: os Saduceus (nome de um partido oposto aos dos Fariseus), casta sacerdotal que interpretava corretamente o Pentateuco; os fariseus (nome de uma das três principais seitas judaicas) fiéis à tradição oral e os Essênios (povos que escolheram o deserto para viver). Unidos em uma comunidade de espiritualidade evoluída, que deixaram um legado de 300 manuscritos ou mais, datados do Século I e encontrados recentemente em Qumran. Os quais comprovam sua ligação com Jesus e que se denominavam “Filhos da Luz”. Sendo dizimados pelos romanos de César, podendo Jesus ter recrutado alguns seguidores entre eles. Para que fosse possível sua difusão, o cristianismo utilizou-se da língua grega e também de sua filosofia para criar a escolástica. Segundo a qual o sacerdote poderia satisfazer o espírito do iniciado, desde esse período se tem noticias de inúmeras organizações monásticas, de iniciações, herméticas e cavalheirescas, as quais desenvolviam por meio de seus rituais mais a prática que propriamente suas doutrinas. Como exemplo tem-se os cantos gregorianos, sendo o ponto alto do ritual católico, e muitos deles tem como base os mantras com vocalização latina. Um exemplo também é a Ordem Templária que utiliza a evocação dos mantras cujo conhecimento adquirido nas bibliotecas do rei Salomão, para com eles consolidar o livre acesso ao Santo Sepulcro. Campadello (1995) escreve que, o conhecimento do Uno simboliza o poder da música utilizado nos rituais mágicos de povos da antiguidade, poder esse que esteve ligado a todas as religiões, ordens e seitas do mundo. 3.3.7 A tradição Tantrica Os primórdios do Mantra-Yoga, situam-se na remota era védica. O Mantra-Yoga propriamente dito, porém, é um produto das mesmas forças filosóficas culturais que deram origem ao Tantra na Índia medieval. Aliás, o Mantra-Yoga é um dos principais aspectos da via tântrica e é objeto de numerosas obras escritas pertinentes a essa corrente espiritual. 4 MANTRAS – CLASSIFICAÇÃO Blofeld (1995) coloca que os mantras são geralmente divididos em três categorias. Mantras usados na contemplação dos iogues, maravilhosos, porém não miraculosos. Mantras com efeitos aparentemente miraculosos. Mantras que, devem ser julgados capazes de agir de forma incomum, ou de forma que sua ação possa posteriormente ser julgada com melhor compreensão. Das três categorias nas quais são divididos em: Subjetivos, aparentemente objetivos, e realmente objetivos. Na sua maneira de operar, é certo que a primeira e a segunda, operam por meio de processos criativos, transformadores e destruidores, que acontecem dentro da mente do manipulador. Os que ficam na terceira categoria, têm uma semelhança com as magias (…) é na invocação das deidades da meditação que os mantras representam seu melhor papel; os outros são secundários. Cada uma dessas deidades possuindo um bíja-mantra e uma sílaba, um mantra-coração, composto de varias sílabas e por vezes um mantra mais longo, todos evocando a energia das deidades particulares personificadas. 1. A devoção (bhakti), que tem três formas: (a) as devoções prescritas (vaidhi-bhakti); (b) a devoção mesclada ao apego (râga-âtmika-bhakti) – isto é, a devoção maculada por motivações egóicas; e (c) a devoção suprema (para-bhakti), que é a fonte da máxima bem-aventurança. 2. A purificação (shuddhi), que se distingue pelos quatro fatores seguintes: corpo mente orientação e local. Sua prática consiste em: (a) purificar o corpo; (b) purificar a mente (através da fé, do estudo e do cultivo de diversas virtudes); (c) voltar-se para a direção correta durante a recitação (d) praticar a recitação num local especialmente consagrado. 3. A postura (asana) que tem a função de estabilizar o corpo durante a recitação; compreende duas formas principais, a svastika-âsana e a posição de lotus (padma-âsana). 4. O “serviço aos cinco membros” (panca-anga-sevana), o ritual diário de recitar o Bhagavad-Gîtâ (“Cântico do Senhor”) e o Sahasra-Nâma (“os mil nomes”) e de cantar cânticos de louvor (stava), proteção (kavaca) e abertura do coração (hridaya). 4.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO A SUAS FUNÇÕES Conforme Blofeld (1995) classificados de acordo com sua função os mantras ainda podem ser: a) Mantras de apoio; b) Mantras de transmutação da fala; c) Mantras de Precioso Guru; d) Mantras das Terríveis Divindades; e) Mantra da Sabedoria e do Ensinamento; f) Mantra da Purificação. Conforme Apostila Agni Purana, Rig-Veda, Apostila Faculdade de Ciências Biopsíquicas do Paraná. De forma simples e direta, o que objetiva a prática mântrica é: 1 – Servir de veículo para a concentração da mente; 2 – Intensificar e interiorizar a consciência. Ainda conforme Apostila Agni Purana: A pronúncia repetitiva do mantra evoca o poder que ele conota, ou seja, a sua respectiva divindade. Conforme Padma-Patra (1995) classificam-se os mantras em três categorias: Femininos, Masculinos e Neutros. Femininos são os terminados em Svaha. São mantras passivos. Agem vagarosamente, harmonizando o pensamento e apontando para estados elevados, mas sem acelerar o processo. Muito utilizados para propósitos domésticos. Mantras neutros são os terminados em Namah. Também são passivos. O principiante poderá utilizar os mantras de Krishna: “Om sri Krishnaia Namaha”, “Om sri Govindaya Namaha”, “Om Keshavaya Namaha”. Masculinos são os que não levam no final nem a palavra Svaha e nem a palavra Namah. São mantras ativos. Realizam um trabalho rápido, adequando a mente a novos estados vibratório, limpando e corrigindo os estados negativos. Ativam os samskaras (pensamentos subconscientes). Blofeld (1995), diz ainda que, no entanto em relação a sua finalidade maior, pode ser reconhecido (…). O uso dos mantras que são dedicados ao alcance da suprema realização humana, que é a luz (…). Os mantras, gestos (mudrás) e visualizações empregados no yoga, dão acesso a fatores psíquicos mergulhados no nível mais profundo da consciência do adepto. Aí se encontra o verdadeiro significado dos mantras. Ainda que possam ser usados efetivamente para realização de vários propósitos, sua maior elevação é assistir o contemplador do mantra chegar face a face com sua divindade. Por comparação, todas as outras finalidades se tornam triviais. Torna-se assim muito claro que é na meditação que se encontra a verdadeira aplicação da evocação dos mantras. A evocação do Yidam (mente sagrada) requer mais do que o exercício de uma imaginação exercitada e a lembrança dos muitos detalhes significativos. Para que a forma representada seja imbuída de vida e confira seu poder, deve ser liberada uma energia interior (Kundalini). Ainda citando Blofeld (1995), há mantras usados para invocar do Vácuo, sílabas que cintilam como raios de luz, de sóis nascentes que lançam brilhantes feixes de luz colorida, que se dividem e se subdividem até que sejam produzidos e projetados sessenta milhões de raios. Determinadas sílabas possuem conjunções de deidades que preenchem o céu antes de serem reabsorvidas e reintegradas. Outras sílabas já brotam panoramas vastos, complexos e esplêndidos que, quando se dissolvem em raios de luz fluem novamente para as sílabas correspondentes tornando-as ainda mais fulgurantes. As palavras não têm o poder de transmitir o esplendor dessas imagens; e tentar visualizá-las sem imbuí-las de energia mântrica produziria uma pálida idéia do que realmente os verdadeiros iogues são capazes de vislumbrar quando preparados para tal. Significa dizer que após muitos anos de solidão e prática fervorosa, eles têm o poder de ver essas deidades em suas mentes contemplativas, não se esquecendo do domínio de toda a prática da invocação mântrica. “Então suas mentes serão como filamentos sem os quais, ainda que perto de uma fonte elétrica, sua casa continue às escuras”. 4.2 CATEGORIA E FUNÇÕES DOS MANTRAS Blofeld (1995) identifica-os como Mantras subjetivos, os aparentemente objetivos e os realmente objetivos em sua maneira de operar – é certo que a primeira e provavelmente a segunda realmente operem por meio de processos criativos, transformadores e destruidores, que acontecem dentro da mente de quem os opera. Apenas os que ficam na terceira categoria, têm uma semelhança mais do que superficial com as magias (…). É na invocação às deidades de meditação com freqüência – Yidam – que os mantras representam seu melhor papel; todos os outros, ainda que espetaculares, são secundários. Todas essas deidades têm um bija-mantra de uma sílaba, um mantra-coração de várias sílabas, e algumas vezes também um mantra mais longo (…) todos eles encarnam a energia personificada por essas deidades. Os bija-mantras, alem de serem, as sementes que dão nascimento às “cenas de transformação” na mente, formando a substância das visualizações iogues, associam-se aos centros psíquicos do corpo (chakras), e podem ser empregados para estimular esses centros com energia. O uso dos mantras pertence ao domínio do não-pensamento. É preciso transcender o dualismo do sujeito/objeto e as ilusórias atrações da seqüência lógica; quando se da ênfase a ilusão, a realização final é prejudicada (…) é possível argumentar que o efeito dos mantras em tais circunstâncias é puramente psicológico. Isso é verdade, porém de uma maneira nada simples. A energia colocada por Avalokiteshvara (emanação divina) é real e reside em um nível muito profundo da consciência; estando presente em todos, mesmo que escondida pelos obstáculos colocados pelo ego. É despertada pelas sílabas, principalmente quando pronunciadas com profunda aspiração pela felicidade de outrem. 4.2.1 A principal função dos mantras Blofeld (1995) escreve ainda que, a função principal dos mantras na atualidade foi ligeiramente modificada e seu valor primeiro foi esquecido juntamente com as concepções filosófico-religiosas: Como os mosteiros chineses eram fortalezas da tradição, ninguém havia pensado em modificar a liturgia, mas era raro encontrar um monge que fosse capaz de expor uma tradição mântrica. A maior parte dos monges, tendo perdido os aspectos mais sublimes, contentava-se em considerar os mantras como mágica, útil para o alívio de doenças, e para transformar as oferendas para os espíritos, sem a preocupação direta com os que estão ligados à suprema tarefa de alcançar uma realização mística. A serenidade experimentada durante a recitação dos mantras litúrgicos era bem real (…) a evocação de imagens é a função principal dos mantras usados no yoga contemplativo; a desintegração de entidades, em resposta a palavras de poder (…) cada objeto está relacionado com um som sutil que pronunciado, pode destruir, modificar ou dar vida ao objeto correspondente. Todos, de qualquer maneira morrem embora possamos escapar de uma forma, mas cair em outra. Agora escapar da roda de samsara é mais difícil. Nascimento após nascimento muitas vezes com muito sofrimento e tristezas, com um domínio muito doloroso das ilusões, até que se tenha conseguido a neutralização do “EGO”. Uma ajuda primordial para o sucesso desse empreendimento é a ajuda dos mantras sendo essa uma ajuda duradoura (…). Os mantras utilizados no yoga contemplativo apresentam funções especificas: O mantra OM ou AH HUM, tem uma função das mais importantes. Tratam-se de sílabas de um poder infinito. Utilizado como mantra de apoio ele tem três pontos principais. 1 – Para criar uma atmosfera ritual pura antes de iniciar a prática mais importante; 2 – Para transmutar oferendas materiais em suas principais contrapartidas; 3 – Para ser utilizado como compensação para um mantra que por ventura tenha sido esquecido ou que se ignora; O propósito é levar à transmutação da fala do iogue praticante, no sentido de purificar sua pronúncia como deve ser no yoga. Usado para reconhecer que é ao guru do sadhaka e aos lamas que formaram esse guru, parando no ser divino que os criou, que este sadhaka deve a totalidade de seus conhecimentos com relação a outros refúgios da mente e do conhecimento. Como é apropriado nas práticas do iogue, a confiança em seu guru é total e absoluta. Blofeld (1995) coloca que, na verdade até mesmo quando se fala em divindades, estas possuem seu contrario. A face aterrorizadora, como uma forma de colocar para a humanidade o lado dual, mostrando o bem; e buscando ser maior que o lado do mal. E ambos disputando a posse total do ser humano. E essa forma de vislumbrar as duas faces das deidades é uma maneira de destruir o próprio ego eliminando paixões, desejos, ilusões, criados pela ignorância, e negar o dualismo que envolve as formas mais agradáveis ao nosso olhar. Como em todos os mantras, a mente é Rainha. Deve haver uma poderosa aspiração para que o fluxo da sabedoria brote do íntimo e também um sentimento de gratidão cordial quando o fluxo é mentalmente apreendido. O Mantra é usado para a purificação da mente, fala e corpo do sadhaka. Essas práticas têm como reconhecimento que por todo o Universo, todos os objetos aparentes têm seu inicio ou nascimento na mente. Mentes iludidas por pensamentos dualísticos se encontram cegas para a verdadeira natureza; e a pura aceitação intelectual da verdade não é suficiente para o verdadeiro vislumbre do seu esplendor. Conforme Taimni (1991) diz, pode-se dizer que o objetivo de todos os mantras é o de purificar e harmonizar os veículos do sadhaka, de modo que esses se tornem mais sensitivos aos níveis mais sutís de sua própria consciência espiritual. À medida que o praticante entra em contato com estes níveis ele se torna cada vez mais consciente daquela Realidade da qual a sua própria consciência é uma expressão parcial. 4.3 MANTRAS – PODER E EFICÁCIA No principio era Deus com o poder da palavra. Deus disse, ”Que eu possa ser muitos… Que eu possa ser propagado”. E por sua vontade expressa através de uma fala sutíl, ele uniu-se a essa fala e fecundou-se. Prajapathi e Saraswati foram criados. E Prajapathi é o nome do progenitor de todos os seres. “Satha Patha Brahmana”. Blofeld (1995) diz que o poder do mantra parece não ter relação com qualquer suporte lógico ou racional na consciência do sadhaka: Estranhamente nada disso importa, pois as sílabas de um mantra, ainda que por acaso seja inteligível, não devem seu poder ao significado, ao nível do pensamento conceitual. As palavras que tem significado só para o uso comum – não tem muito poder e atrapalham o caminho. As palavras com muito poder não demonstram seu significado real – é melhor esquecer seu significado e manter a mente livre. 4.3.1 Mantra e mente Conforme Blofeld (1995) nem mantras nem feitiços são bons ou maus em si; mas são postos a serviço do bem ou do mal conforme quem os evoca. Sua eficácia está relacionada com o acompanhamento mental. Não vale dizer que as palavras não têm importância para os acontecimentos, a não ser que a pronúncia seja uma fonte ou veículo de poder, para quem deveriam ir as palavras mágicas. A prece a Jesus é, uma fórmula mística que diz: ”Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de nós”. Seja ou não de inspiração Sufi, ou possivelmente de influência hindu ou budista, foi usada no monte Athos, dentro de um contexto iogue assim como a concentração na respiração e nas batidas do coração, fixação do olhar e evocação da luz interior; com freqüência, ela é usada como foco de concentração iogue, sendo recitada verbal ou mentalmente. 4.3.2 Mantra e cura Radha (2003) escreve sobre mantra e cura, que há muita teoria a respeito da cura; porém, as observações e o entendimento cada vez maior proporcionam um melhor esclarecimento. Ao entoar ou rezar com concentração está se reforçando ambas. E se isso for direcionado para a cura esta ocorrerá naturalmente. Com a mente relaxada, a fonte da doença e as raízes ocultas dos conflitos são trazidas à superfície, onde se torna possível lidar com elas. O desejo precisa ser bem definido. Ainda que ninguém admita, há varias vantagens na doença, às quais o ego se apega. Com determinação, direcionando força para a parte que se quer curar, essa polaridade da mente pode ser superada abrindo espaço para a cura. Conforme Blofeld (1995) dois segmentos de idéias se encontram em debate no Ocidente. Primeiro que todas as doenças têm seu principio no psicológico. Segundo da mesma forma com o uso do psicológico é possível reduzir a tendência a acidentes (…). Coloca também que se tais premissas forem aceitas, pode-se também afirmar que os mantras farão toda a diferença entre a escolha do estado entre doença ou saúde. O poder na evocação do mantra, desperta uma força até então insuspeitada dentro da psique humana, e esta poderá modificar deixando relativamente invulnerável ao ataque de doenças ou perigos externos (…). O mantra além de ter uma afinidade psíquica com um elemento conectado na consciência de quem o usa, e com um elemento idêntico na psique daqueles sobre os quais é usado, recebe enorme força de poder cumulativo das sagradas associações com as mentes das inúmeras pessoas que o pronunciam durante o curso dos séculos. Segundo o Lama Changdud Tulku Rinpoche, que é médico e cantor diz, os mantras possuem poderes curativos, mas sua eficiência depende da quantidade de vezes em que são pronunciados; quanto mais melhor. 4.3.3 Mantra e fé Blofeld (1995) coloca uma narrativa chamada LAM_RIM ZIN_DR’OL LAG_CHANG. Esta narra que um monge tibetano em visita a Índia, e a um guru famoso (…) encontrava-se com um problema de momento, porém pouquíssimo compreendia o sânscrito. Sendo escorraçado pelo guru com as palavras. ”Vá embora!” e um aceno. Agradecendo, retornou a seu país, dirigiu-se a um retiro nas montanhas, passou a repetir incessantemente as palavras como um poderoso mantra juntamente com seu mudra. E assim alcançou rapidamente um alto nível de realização. Ao voltar ao guru a fim de agradecer-lhe, soube de seu erro tolo; mas o guru ao invés de repreendê-lo, deu-lhe parabéns por ter realizado uma valiosa compreensão de uma prática não convencional, devido a sua fé inflexível! 5 MANTRA YOGA: O SOM DAS PROFUNDEZAS INTERIORES Conforme Feuerstein (2005) segundo o Shaivismo de Caxemira, uma sofisticada escola tantrica, a Realidade Última é ao mesmo tempo Consciência e Energia. – Shiva e Shaktí. Essa natureza polar se expressa na idéia de que a própria realidade é Parinispandana ou um Holomovimento. O volumoso livro Shiva Purâna trata do Yoga em diversos trechos. No Capitulo 17 do primeiro livro, fala do Yoga e da recitação de mantras. Afirma-se que 1.080.000.000 repetições do mantra sagrado Om levam à maestria do “Yoga puro” (shuddha-yoga), à libertação. Existem ainda três tipos de Shiva-yogins. O primeiro é o Kriya-Yogin, dedicado aos ritos sagrados (kriya); o segundo é oTapo-Yogin, prática a acesse (Tapas). E por ultimo o Japa-Yogin, observa os dois tipos de práticas, e, além disso, recita ininterruptamente o sagrado mantra de cinco silabas. “Om gloria a Shiva” (Om namah Shivâya). O Mantra-Yoga é a concentração da atenção por meio da sagrada invocação de Shiva das cinco sílabas. O Sparsha-Yoga (Yoga de Contato) é o Mantra-Yoga aliado ao controle da força vital (prânâyâma). O Bhâva-Yoga (Yoga do Ser) é uma forma mais elevada de Mantra-Yoga, no qual o praticante perde contato com o mantra, a consciência penetra numa dimensão sutil da existência. O Abhâva-Yoga (Yoga do Ser) é a prática da meditação tendo por objetivo o universo inteiro, à transcendência da consciência independente de objetos. Como diz Taimni (1991), “Mantra Yoga é essencialmente a técnica do desenvolvimento espiritual com a prática da Japa” (repetição de um mantra, o nome de Deus). A doutrina básica subjacente do Mantra Yoga é que todo este sólido e tangível universo que se vê ao redor é constituído de diferentes tipos de vibrações e energias operando em diferentes níveis (…). O Mantra Yoga é aquele ramo do Yoga no qual os poderes ocultos em certas combinações de sons são utilizados para o desenvolvimento da consciência humana. As coisas que parecem tão sólidas e reais, não são o que elas aparentam ser, mas meramente o resultado da interação de diferentes tipos de energias e da consciência (…). Mantra Shastra é a ciência na qual os mantras são usados para produzir certos resultados específicos de uma natureza comum. Não é apenas possível desenvolver certos siddhis, (poderes psíquicos) com o auxílio de mantras, como indicado nos Yoga Sutras (IV, 1) mas, também produzir fenômenos da mais trivial natureza. Conforme Radha (2003), Mantra Yoga é parte da Nada Yoga, o yoga do som. É apenas uma entre quarenta abordagens diferentes do yoga. Nada Yoga é uma teoria sobre som, vibração e música, cuja compreensão supera qualquer conhecimento no Ocidente. E que está sendo redescoberta pelos físicos ocidentais, cujo trabalho os tem conduzido além das idéias tradicionais sobre o mundo físico. Os iogins usam os princípios da Nada Yoga para entrar em sintonia com a harmonia do Universo. 5.1 MANTRA-YOGA; MANTRA-VIDYÃ E MANTRA-SHÃSTRA Na visão do Tantra Feuerstein (2005) coloca que a antiqüíssima prática da recitação de mantras, tornou-se uma arte sofisticada. Os ensinamentos tântricos são também chamados de mantra–shâstra, pois o tema sobre o qual versam é a “ciência dos mantras” (mantra-vidyã). O Budismo Tântrico do Tibet é chamado de Mantrayâna. A palavra mantra é explicada esotericamente como derivada dos termos manana (pensamento) e trâna (libertação) (…). No Tantra é deixado muito claro que os mantras não são invenções arbitrárias são sons revelados aos adeptos do Yoga em estados elevados de consciência e a sua eficácia depende completamente da adequada iniciação (dikshâ), (…) a simples repetição do arquétipo do Mantra Om, por exemplo, não terá efeito espiritual nenhum se sua recitação não for potencializada por um mestre qualificado. O Kula-Arnava-Tantra (cap. 11) declara que existem inúmeros mantras que não fazem senão distrair a mente. Para que o mantra dê frutos, é preciso que tenha sido recebido pela graça de um mestre. A recitação de um mantra que se ouvir por acaso ou que foi adquirido por acidente ou por fraude só pode levar à infelicidade. Conforme Radha (2003) os mantras são uma combinação de sílabas sagradas que formam um núcleo de energia espiritual. Conforme Feuerstein (2005): O som é uma forma de vibração conhecida pelos yogins da Índia antiga e medieval. De acordo com a teoria predominante da ciência dos sons sagrados – conhecida como mantra-vidyã ou mantra-shãstra – o universo existe num estado de vibração (spanda ou spandana), mantra-yoga; mantra-vidyã e mantra-shãstra, têm o mesmo significado. A descoberta de que os sons, e, sobretudo os sons repetitivos, afetam a consciência, ocorreu há muito tempo, provavelmente na Idade da Pedra. Podendo supor com bastante fundamento que os rituais paleolíticos incorporavam alguma forma de canto e percussão simples, talvez com o uso de ossos de animais como baquetas de tambor. Não é de surpreender, portanto, que na época, do florescimento da civilização védica na Índia, os sons (na forma de falas e cantos rituais e na forma de musica) já se houvesse tornado elaborado de expressão religiosa e transformação espiritual. Feuerstein (2005) coloca ainda que os hinos dos Vedas são chamados pela tradição de mantras. A palavra mantra não tem equivalente em inglês ou português. É derivada da raiz MAN (pensar, estar atento), que também se encontra nos termos manman (ponderar atentamente), manas (mente), manisha (entendimento), manu (sábio, homem), mana (zelo), manyu (estado de espírito, intenção), mantu (soberano) e manus (ser humano). O sufixo tra em mantra sugere uma função instrumental. Entretanto de acordo com uma explicação esotérica, ele vem da palavra trâna, que significa (ato de salvar). Portanto, o mantra é aquilo que salva a mente de si mesma, ou que conduz à salvação através da concentração da mente. Tal é o caso da letra A, do monossílabo OM, da palavra HAMSA ou da frase OM MANI PADME HUM. Assim, o mantra pode ser explicado como um som dotado de poder, pelo qual se opera efeitos específicos sobre a consciência. A maioria dos praticantes sérios reluta em usar os mantras para obter qualquer outra coisa que não seja o objetivo supremo do ser humano que é a (purushârtha) libertação. Nos rituais tântricos, os mantras são usados para purificar o altar, o assento do adorador, objetos rituais como: vasos, a colher da oferenda e as próprias oferendas (flores, água ou alimento, por exemplo); ou ainda para invocar divindades protetoras, etc, a ciência dos sons sagrados (mantra-shãstra), vem sendo, desde tempos antigos, empregada também para usos seculares. Neste caso, os mantras assumem o papel de formas mágicas, e não o de vibrações sagradas a serviço da autotransformação e da auto-transcendência. Feuerstein (2005) diz ainda. A energia serpentina oculta no corpo é associada ao alfabeto sânscrito, o qual é composto de 50 letras ou vibrações sonoras básicas, as quais entram na constituição dos mantras. Os mantras, ao contrario das palavras comuns, muitas vezes não têm um sentido particular; sua potência torna-se acessível pela repetição freqüente, em voz alta ou baixa ou simplesmente mental. Nem todos sabem que, para que um som seja efetivamente um mantra, ele tem de ser transmitido ao praticante, formal ou informalmente, no contexto da iniciação (dîkshâ). É só então que ele tem um verdadeiro poder transformador. Para que um mantra se torne “Ativo” ou “Desperto”, tem, via de regra, de ser recitado pelo menos cem mil vezes. O mantra feito sem “Consciência” é como qualquer outro som. Kula-Arnava-Tantra (15: 61,64). Diz-se que os mantras sem consciência são simples letras. Mesmo depois de um trilhão de invocações, não geram resultado algum. O estado que se manifesta de imediato quando o mantra é invocado (sem consciência), esse resultado (não pode ser obtido), nem de cem, nem de mil, nem de cem mil, nem de dez milhões de invocações. Ó Kuleshvarî, os nós do coração e da garganta se desfazem, os membros se revigoram, certamente jorram lagrimas de alegria, a pele se arrepia o corpo entra em êxtase, a fala se torna trêmula subitamente (…) quando um mantra dotado de consciência é invocado mesmo que uma só vez. Quando tais sinais se manifestam, afirma-se que esse MANTRA está de acordo com a tradição (…). Os mantras dotados de potência concentrada são chamados “sílabas-semente” (bija). A sílaba semente original fonte e raiz de todas as outras é o OM. A Mantra-Yoga-Samhitâ (71) chama-o de o melhor dos mantras e acrescenta que todos os outros mantras recebem dele o seu poder. Assim, Om é recitado antes ou depois de numerosos mantras, exemplo, OM NAMAH SHIVAYA (OM. Louvado seja Shiva) ou OM NAMO BHAGAVATÊ (OM. Louvado seja o adorável Krishna ou Vishnu). Conforme Feuerstein (2005), isso tudo significa que só um adepto cuja Kundaliní está desperta pode dar poder a um som – qualquer som – de modo a transmutá-lo num mantra. Os mantras são dons dos mestres do Yoga, dos grandes sábios (muni) e videntes (rishis), e, como tais, devem ser tratados com respeito e com a compreensão de que são, com efeito, potentes instrumentos de autotransformação. 5.2 OS BIJA-MANTRAS Tinoco (2007) coloca que segundo o Mantra-Yoga-Samhitã (71) existem oito bija-mantras primários, que podem ser de grande utilidade em quaisquer circunstâncias, mas só revelam o seu mistério mais profundo ao yogin. Citando Blofeld (1995) os bíja-mantra (silaba semente) além de serem como as sementes de nascimento as ações de transformação da mente do adepto, formando a substância das visualizações yogicas, estão também associados aos centros psíquicos do corpo (chakras), podendo ser empregados na estimulação desses centros energéticos (…). Na contemplação iogue, a principal função dos bíja-mantra é de inicialmente canalizar a energia personificada pelo Yidam, para a imagem que o adepto cria em sua própria mente. E o mantra-coração enquanto estiver sendo recitado, é visualizado como um círculo de sílabas muito coloridas no centro do Yidam. Sogyal Rinpoche (2006) escreve, no budismo tibetano, que o praticante terá um Yidam (ser iluminado), isto é, a prática de um buddha ou deidade específica tendo uma forte ligação kármica, sendo uma encarnação da verdade, que invoca como sendo a essência da sua prática. Em lugar de perceber as manifestações do dharmata (realidade pura) como fenômeno externo, o praticante do Tantra vai relacioná-la com sua prática de Yidam, unindo-se e fundindo-se com elas. Já que na sua prática o Yidam é reconhecido como a radiância natural da mente iluminada, está preparado para ver as manifestações com esse reconhecimento, deixando-as surgir como sendo a deidade. Nessa percepção, o praticante tem o reconhecimento de que, tudo que apareça no bardo, como nada além da manifestação do Yidam. O OM é o maior de todos os Bija-Mantras. Essa idéia é que deu base ao conceito de Bija-mantra, sons radicais associados a determinadas divindades. Bija-mantras são sons ou vibrações especiais, de alta potência que dão acesso direto às realidades espirituais que significam. Como por exemplo: Om Nanah Shivaya. “Om. Louvor a Shiva”. ###7 FIG: 6 YIDAM. DIVINDADES MEDITACIONAIS (ISHTA-DEVATA) DO BUDISMO VAJRAYANA. WEB SITE IMAGENS (2007). Conforme Blofeld (1995) escreve, por vezes a visualização conduz a uma experiência de união com a deidade invocada; não antes que uma longa prática tenha enchido os mantras brilhantes com o sangue do adepto, devendo haver o encontro e a fusão de energia do Yidam com a desse adepto. Os mantra-coração não são grupos de sílabas inventadas, mas sim, intimamente ligados tanto com a energia invocada com suas contrapartidas (…) na consciência profunda do adepto; provindo daí o extraordinário poder do despertar da energia adormecida em sua psique. Quando em um estágio ulterior, a verdadeira natureza da deidade é revelada, os véus da ilusão são desfeitos e surgem percepções cada vez mais exaltadas. 5.3 ESTÁGIOS DO SOM Conforme Feuerstein (2005) o homem emite quatro estágios de som – Para, Pasyanti, Madhyama e Vaikhari. O som não é audível nos três primeiros. Começando o processo no terceiro estágio o som chega ao quarto chakra (Muladhara). O som está quase formado e no último estágio, o som é ouvido através do quinto chakra (Vishuda). Na Índia, segundo Jaimuni (Net 2007) se sabe a importância das vibrações ou sons na formação do universo. Certos sons produzem diferentes conjuntos de vibrações no éter. Alguns de freqüências baixas formam partículas de matéria, dando origem a formação de elementos. Como o microcosmo é a representação do macrocosmo, desvendando-se os segredos do micro pode-se conhecer os do macro. A energia do som deve ser organizada e canalizada para produzir certos resultados isso é feito através dos mantras (…). As partículas subatômicas não existem em pontos definidos, em vez disso, apresentam tendências a existir. A figura de uma teia cósmica interligada que emerge da moderna Física atômica tem sido utilizada de forma extensiva no Oriente para expressar a experiência mística da natureza. Portanto, Brahman é o fio unificador da teia cósmica, o solo último de todo o ser, “Aquele com que se acham entrelaçados: o Céu, a Terra, a Atmosfera”. 5.4 O SOM COMO VEÍCULO DE TRANSCENDÊNCIA Feuerstein (2005) escreve, o mantra é uma expressão vocal sagrada, um som numinoso ou um som dotado de poder psicoespiritual. É um som que dá poder à mente, ou que recebe o seu poder da mente. É um veículo meditativo de transformação do corpo e da mente humanos, e supõe-se que tenha um poder mágico. Ernest Wood (ou Swami Sattwikagraganya), um dos primeiros ocidentais a praticar Yoga, escreveu: – Pode-se dizer que todas as formas materiais – tanto as que impressionam os olhos quanto as que impressionam os ouvidos – possuem a presença e o poder de Deus (…). Quando captamos um vislumbre da divindade em qualquer uma dessas formas, chamamos de beleza. A beleza é o poder de Deus que toca diretamente nas coisas materiais (…). Os mantras, portanto, são formas feitas para ser repetidas e deliberadamente criadas para ligar o homem com a Divindade, assistindo-o em suas aspirações emocionais e mentais. Abhinava Gupta, adepto e erudito do século X, explica em seu Tantra-Âloka (7.3-5) as funções dos mantras mediante a seguinte comparação: uma única roda d’água, girando indefinidamente com a força do rio corrente, pode transmitir movimento a toda uma série de mecanismos a ela ligados. Do mesmo modo, um único mantra, repetido muitas e muitas vezes, pode ativar as divindades (Devatã) a ele associadas, e torna-se então – sem que o praticante tenha que fazer nenhum esforço adicional, uma força auspiciosa para transformação da consciência do praticante. 5.4.1 Estados de Transcendência Feuerstein (2005) citando, Ernest Wood ou Swami Sattwikagragania fala. Pode-se dizer que todas as formas materiais – tanto as que impressionam os olhos quanto as que impressionam os ouvidos – comportam a presença e o poder de Deus. Tudo nos afeta de acordo com a sua forma (…) os mantras, portanto, são formas sonoras feitas para ser repetidas e deliberadamente criadas para ligar o homem com a divindade, assistindo-o em suas aspirações emocionais e mentais. Toda boa poesia é uma espécie de mantra, pois transmite algo que vai além do significado imediato de suas palavras. Toda beleza nos afeta de modo mântrico, mas o poder dessas impressões muitas vezes se perde em virtude do excesso e variedade, confusão e rapidez da mudança. Feuerstein (2005) escreve que, à semelhança do mundo das formas, o som procede do Absoluto segundo uma série de Tapas (disciplina) distintas. O Tantrismo propõe para a fala (Vâc; latim, Vox) um modelo de quatro fases: 1.Fala suprema (para-vâc) – o som como pura potencialidade, idêntico à pura ideação cósmica (shrishti-pratyaya) do Criador, ou seja, a vontade divina nasce da união de Shiva e de Shaktí. “Este é o nível do som interior sutil (Nâda).” 2.Fala visível (pashyantî-vâc) – o som como imagem mental anterior ao pensamento. É este o nível do ponto seminal (bindu) que nasce do som sutil. 3.Fala intermediária (madhyamâ-vâc) – o som como pensamento, correspondente às matrizes (mâtrikâ) a partir das quais são criados os sons audíveis distintos. 4.Fala Manifesta (vaikharî-vâc) – o som audível (dhvani), também chamado som grosseiro (sthûla-shabda), etapa final do processo de adensamento crescente. E Feuerstein (2005) coloca ainda que, no Oriente, os mantras não são empregados só em contextos sagrados mas também como palavras mágicas para fins profanos como a cura, e às vezes, a magia negra. Entretanto são importantes principalmente como meios de interiorização e intensificação da consciência até o ponto em que todos os conteúdos dessa são transcendidos (…). O ritmo do som da respiração para os praticantes de Yoga, têm a beleza de uma sinfonia porque podem atrelar a ele sua atenção até que a própria mente seja transcendida e penetre no domínio silencioso da Realidade Transcendente. Oculta-se no ato de respirar com perfeição um grande segredo, pois o som contínuo da respiração transmite a mensagem de que “Eu sou Ele, Eu sou Ele, Eu sou Ele”. Em outras palavras a respiração é um lembrete constante da verdade Absoluta de que somo idênticos à Grande Vida do Cosmo, ao Absoluto, ao Si Mesmo, transcendente. 5.4.2 A Origem da Santificação da Vaca Conforme Feuerstein (2005) no hino de número 3.57 do Rig-Veda; fala acerca da descoberta, por parte do rishi, da Vaca Única, da Fêmea cósmica, dona de um poder semelhante ao da Shaktí do hinduismo posterior. Essa grande força do universo sustenta, como uma mãe, o peregrino espiritual. Nutre até mesmo os deuses, filhos da imortalidade, cuja companhia o rishi aspira. Através de Agni, deus do fogo sacrificial, a aspiração espiritual do bardo-vidente é levada aos mundos superiores para garantir a visão ou a comunhão celeste desejadas. Na intuição (manisha), aguda como um fio descobriu-se a vaca (dhenu) que vaga sozinha e sem pastor, que concede de imediato o seu leite em abundancia para o sustento; por isso; Indra e Agni a louvam (…). As mais notáveis especulações acerca do som se encontram no hino-védico 1.164, que afirma que Vâc (idêntica ao latim VOX, “voz” ou “fala”), uma divindade feminina, é a mãe dos Vedas. Afirma ainda que ela tem quatro “pés” (pâda), ou aspectos. Três desses estão além do alcance dos mortais, e só o quarto, associado à voz e à fala humanas, nos é conhecido. Somente os videntes (rishis) sabem conhecer Vâc em suas dimensões secretas. Um outro hino (10.71.4) se lamenta por aqueles que vêem e ouvem sem ver e ouvir Vâc (…) Outros hinos ainda relacionam Vâc com as vacas sagradas (vâcas), que são louvadas como “as que têm voz auspiciosa”. Alguns especialistas desconfiam que o mugir das vacas era associado à sílaba sagrada Om, que é o som primordial do Cosmo. É bem possível que essa associação tenha sido feita, mas a suposição de que o som produzido por um animal – por mais que os povos védicos apreciassem esse animal – possa ter dado origem às especulações metafísicas associadas à silaba sagrada parece um pouco forçada. De qualquer modo, é nesses hinos arcaicos que encontramos os fundamentos evidentes do Mantra-Yoga de épocas posteriores. Considerado isoladamente, o som mais importante nos cânticos rituais védicos era o monossílabo Om, que é até hoje, no Hinduismo, o fonema sagrado mais venerado e amplamente aceito. Afirma-se que a sílaba om, a qual contém toda uma filosofia que nem em muitos volumes escritos se poderia expor, é, ou expressa a pulsação do próprio cosmos. 5.5 O SOM NÂDA Conforme Souto (2004) “Nâda” é o som que se desperta internamente, Bindu nesse caso é a luz que se desperta internamente uma sensação sentida em todo o corpo. Essas experiências se supõem que são resultados da atividade prânica e da divindade (…), e a fonte de toda atividade de quem se diz que tem a natureza de Nada-bindu e Kala. O Som Nâda despertado internamente, produz o fogo localizado na base da coluna cervical. Ao ser avivado, pelo prana, sobe pela sushumna. Na base sutíl da coluna vive adormecido o fogo em forma de serpente enroscada (o fogo serpentino) que sobe pela coluna, seu sibilar é o Som Nada (…). Inalar lentamente, fazendo Bhramari Kumbaka e exalar lentamente. Se ouvirá o som de uma grande abelha. Fixar a mente nesse som despertado internamente. Com isso se alcançará o Samadhi, caracterizado pela experiência da Felicidade de “Yo soy Eso. So Ham”. (Eu sou Isso. Eu Sou). Feuerstein (2005) diz que a prática do Som Interior (Nâda) som esse que, durante a concentração meditativa, pode localizar-se no ouvido direito. Pela insistência na prática, o som pode tornar-se tão forte que chega a eclipsar todos os sons externos. Gera também, vários outros sons interiores que se assemelham aos sons produzidos pelos oceanos, cachoeiras, por um tímpano (instrumento musical) um sino, flauta, e assim por diante. O som percebido no interior vai se tornando cada vez mais sutil, até a mente unir-se a ele a tal ponto que o indivíduo esquece de si mesmo. A mente ao passar por esse processo é comparada a uma abelha que só tem interesse no néctar da flor, e não no aroma que a atraiu até lá. O estado final é o repouso absoluto da mente e uma indiferença à existência mundana. O yogin que chegou nesse estado é chamado de videha-mukta, ou seja, aquele que atingiu a libertação fora do corpo. A obra Hansa-Upanishad, fala aos que são incapazes de contemplar o “Si Mesmo” diretamente, aconselha-se que recorram à arte de recitação silenciosa de Hansa que envolve a observação consciente da prece espontânea da respiração. Por esse meio, segundo o texto, geram-se vários sons internos (Nâda). É possível distinguir-se dez níveis, pedindo-se ao praticante que cultive o décimo nível, o mais sutíl, no qual o som interno assemelha-se ao de uma trovoada. Isso conduz à identificação com o Si Mesmo, à realização de Sadâ-Shiva, o Shiva Eterno, que é o Fundamento pacífico e resplandecente de toda a existência. Conforme cita Feuerstein (2005) “O som Nâda ou Nâda Yoga é usado para entrar em sintonia com a harmonia do Universo.” Conforme Radha coloca, o Nada Yoga é o Yoga do Som. Sendo uma teoria sobre o som, vibração e música, cuja compreensão supera qualquer conhecimento no Ocidente. Neste século, a compreensão está sendo redescoberta pelos físicos ocidentais, cujo trabalho os tem conduzido além das idéias tradicionais sobre o mundo físico. Os iogins usam os princípios do Nada Yoga para entrar em sintonia com a harmonia do Universo. No Nada Yoga, é possível experienciar o grande poder terapêutico e unificador dessa prática. 5.6 MANTRA: O SOM SHABDA Blofeld (1995) cita que há autoridades, sobretudo hindus (talvez em teoria, budistas), afirmando que “os mantras são manifestações do shabda” (o som sagrado), energia com poderes criativos, transformadores e destrutivos, tão fortes quanto os que são atribuídos pelos teístas ao seu Deus. Moura (1989) também narra que mesmo aceitando a idéia da qualidade shabdica de um mantra sendo um componente importante de sua eficiência, essa qualidade entra em ação apenas quando o mantra é pronunciado por uma pessoa adequadamente instruída na arte da visualização do yoga, pois “os mantras não tem apenas som, mas também forma e cor. Blofeld (1995) coloca que é plausível supor-se que a qualidade ou poder shabdico não residem propriamente no som produzido, mas no som arquetípico que representa, a igual efetividade de sons variados como OM< UM< UNG< etc. torna-se de todo explicável e não só em termos de fé. Hamel (1991) diz que, para se poder entender o efeito dessas palavras e sílabas faladas para dentro, em sânscrito chamado mantra, é necessário conhecer a antiga teoria musical grega. Segundo a lei da vibração e as proporções acústicas, um objeto pode ser decomposto por meio de seu som básico ou específico. Quando a vibração básica ou específica de um determinado objeto ou material é conhecida cada organismo possui seu próprio grau de vibração, e isso se aplica também a todo objeto inanimado. De um grão de areia a uma montanha, e mesmo a cada planeta e a cada sol. Quando esse grau de vibração é conhecido, torna-se possível visualizá-lo internamente e assim decompor ou tornar consciente o organismo ou forma. Hemel (1991) diz que, portanto, o poder cantante é o som da palavra que pode intermediar o contato com a substância primordial comum a todos (…). O que do ponto de vista esotérico é o responsável pelo que move o Cosmo. O canto é um meio para que se estabeleça uma relação de troca direta e substancial com os mais remotos poderes, e assim cantar ou falar ritmicamente é uma invocação ativa. É uma realização, ou um intercâmbio no interior da camada básica acústica do mundo (…) o mundo foi criado através da energia cantante como primeira manifestação de um pensamento. O som da vibração primordial sacrificou a si mesmo, sendo progressivamente elaborado num ritmo espiralado crescente de novas vibrações cada vez mais altas, metamorfoseando-se aos poucos em pedra e carne (…). Tanto os mitos da criação dos povos primitivos, como a mãe da criação do universo. 5.7 MANTRAS E OS CENTROS ESPIRITUAIS – CHAKRAS Conforme Hemel (1991) esse som primordial, é conhecido como Nada na mitologia hindu e o cosmo nasce quando o deus Brahma, o criador do mundo, o toca em seus címbalos. Vishnu, que sustenta o mundo, toca flauta em sua encarnação com Krishna, e sua melodia simboliza a auto-realização, a união com o som primordial. Shiva, o destruidor do mundo, toca o tambor, de onde caíram as letras do alfabeto sânscrito, sendo distribuídas, as quais tornam possível o encontro e a união do homem com a divindade. Os indianos chamam a esses cinco ou sete centros espirituais de lótus ou chakras. Fisiologicamente eles correspondem às glandulas endócrinas, e esotericamente são associados aos cinco elementos ar, terra, água, fogo, éter. ###8 FIG: 7 OS SETE CHAKRAS Hamel (1991) explica que, cada um dos chakras possui uma série de sílabas embrionárias, que correspondem ao número de pétalas do lótus, diversos símbolos mantidos secretos, e que na forma de mantras são sussurrados aos ouvidos do discípulo pelo guru durante a iniciação. Como cada divindade, a quem os hindus, na forma de Ishvara, a mais alta e venerada manifestação do divino, adoram, veneram, ou cantam, possui um único mantra; com o conhecimento desse mantra é possível ao adepto estabelecer uma forma de comunicação telepática com a divindade, e unir-se a ela (Yoga). Conforme Padma-Patra (1995) Chakras são centros de força ou energia, chamados rodas. Situam-se ao longo da coluna vertebral (no plano etérico), e estimulam as glândulas endócrinas. Os principais são em número de sete: ###9 Deve-se considerar que os chakras situam ao longo da coluna vertebral, com a flor dos chakras sempre à frente. No momento de realizar uma técnica (Anahata), é preciso procurar a raiz do chakra na coluna vertebral, ver a flor à frente, iluminando o coração. Os chakras são pontos de conexão entre o interior e o exterior. Deixam penetrar e fluir energia. Quando giram para a esquerda introjetam energia; quando giram para a direita emitem energia. A atmosfera psíquica e mental incentivam o funcionamento de determinado chakra. Quando a consciência está focalizada no medo, ira, ódio e paixões violentas, o chakra astral é incentivado. Quando o enfoque mental são: amor, compreensão, tolerância e o perdão, o chakra Anahata responde a essa vibração e entra em maior atividade. 5.O Som a Cor e as Pétalas dos Chakras ###100 5.8 MANTRAS – SÍLABAS E PALAVRAS Conforme Rinpoche (1991) quanto á quantidade de letras: Mantras com uma letra chama-se Pinda. Ex:  TA,  VA,  MA com duas letras Kartari. Ex:   YAM,  RAM,  LAM, com três a nove letras Bíj mantra. Ex: STRIM,  HROM,  KLIM, dez a vinte letras Mantra. Ex: OM NAMO HARI MARKAT MARKATAYA SWAHA, mais de vinte letras Mala Mantra. Ex: Trayambak Mantra Om trayambakam yajamahe sugandhim pushtivardhanam urvarukmiva bandhanan mrityormuxiya mamritat (Rig-veda 7/59/22 – Yajurveda 3/60) Nós adoramos o ser de três olhos, (Senhor Shiva). Aquele que é perfumado e nutre a todos os seres. Que Ele nos liberte da morte, com o propósito da imortalidade. Do mesmo modo como um pepino maduro é separado da trepadeira. Quanto ao gênero os mantras que terminam com: VASHAT ou FAT são masculinos VOUSHAT OU SWÁHÁ são femininos NAMAH são neutros Ainda conforme Rinpoche (1995) em geral os mantras masculinos são usados para ampliar a consciência, estabelecer a paz e harmonia, atrair as pessoas: os femininos para adoração, resolução de problemas familiares e mundanos e os neutros para proteção, vingança, etc. Mas esta é uma regra geral que muda conforme a entidade e o propósito em questão. A escolha de um tipo de mantra também depende da finalidade, idade e outras correspondências. Quanto aos Pranavas Rinpoche (1995) coloca que Om é recomendado para adorações de Vishnu, HRIM para Shiva e para deuses como o Sol, Indra, etc.; KLIM para Shakti e SHRIM para Lakshmi e Ganesh. Salvo casos especiais, não deve ser colocado dois NAMAH ou SWÁHÁ num mantra. Mas pode ser colocado mais do que um Pranava. Quanto ao temperamento Conforme a ocorrência de maioridade das sílabas os mantras são divididos em três categorias: Quente: a, á, i, í, e, é, ka, cha, ta, pa, ya, sha, kha, tha, fa ra etc. Frio: u, ú, ga, ja, da, ba, la, ri, ó, dha, gha, bha, va, ma etc. Morno: lri, xa, ang, yan, na, ana, ma, sh, sa, ha etc. Quanto ao uso do nome conforme Blofeld (1995) para certas finalidades como para atrair pessoas, vingança, deixar a pessoa agitada ou calma, para eliminar o efeito dos planetas adversos, etc., é usado o nome da pessoa. Blofeld (1995) coloca também que, deve-se praticar o mantra quente quando está funcionando o surya nadi (respiração através da narina direta); no chandra nadi (narina esquerda) o mantra frio e na Sushumna nadi (as duas narinas) o mantra morno. Pode-se mudar a categoria de um mantra adicionando os prefixos NAMAH ou FAT.  Hamel (1991) sublinha que no caso das sílabas-símbolo mântricas, a mais leve oscilação de um timbre, de um som, é da mais alta importância. O poder de um mantra, não importa com que materialidade e intenção, depende intimamente do estado de consciência do praticante. Um mantra não é uma onda sonora como descrita pela física, e também não age quando pronunciada por alguém ignorante. É verdade que um mantra pode ser acompanhado por um som físico, mas sua energia é espiritual, vem do coração, não sendo percebida pelo ouvido externo. Portanto o mantra, na verdade, não é produzido pela boca, e sim pelo espírito, e por isso tem um significado somente para os que sabem, para os iniciados. Os budistas japoneses falam no inicio ou no fim das cerimônias religiosas: Gyate gyate hara gyate hara so gyate bodhi so waka, traduzido significa: “Você que foi, que atravessou até a outra margem, a honra esteja com você”. E os budistas do Tibet veneram os iluminados com: thayata om muni mini maha miniye svaja. Que significa: “Você que se realizou completamente, sem palavras, abençoado seja”. Aqueles que adoram o Bodhisattva feminino, a misericordiosa protetora dos tibetanos Tara, falam internamente: Om tare tutare ture svaha. 5.9 MANTRAS SECRETOS Hemel (1991) coloca ainda que: “Muitos mantras são, porém secretos e jamais foram ou serão transmitidos a um ocidental. É perfeitamente possível que muitos mantras, como os do sacerdote do oráculo tibetano jamais tenham sido pronunciados em voz alta e ouvidos por qualquer pessoa profana no mundo. Crê-se que tão profundo conhecimento somente será obtido por quem tem acesso aos níveis mais elevados de consciência, para ocorrer uma transferência desta para um nível telepático ou para muitos “sexto sentido”, ou como é colocado na Parapsicologia o PES (percepção extra sensorial), faculdade essa presente nos “sensitivos”, que segundo alguns esotéricos estariam para ser inerente aos seres humanos no próximo milênio. 5.10 MANTRAS – CÂNTICOS RELIGIOSOS Hemel (1991) diz que os budistas japoneses falam no inicio ou no fim das cerimônias religiosas: Gyate gyate hara gyate hara so gyate bodhi so waka, traduzido significa: “Você que foi, que atravessou até a outra margem, a honra esteja com você”. E os budistas do Tibet veneram os iluminados com: thayata om muni mini maha miniye svaja. Que significa: “Você que se realizou completamente, sem palavras, abençoado seja”. Aqueles que adoram o Bodhisattva feminino, a misericordiosa protetora dos tibetanos Tara, falam internamente: Om tare tutare ture svaha. Conforme Hemel (1991): “Ao contrario, os mantras hindus mais famosos, conhecidos como cânticos religiosos, não são normalmente mantidos em segredo; sendo por vezes recitados por horas e mesmo por dias a fio nos ashrams (escolas). Sendo essa técnica chamada de Japa-Yoga. Hare Krishna hare Krishna Krishna Krishna hare hare Hare rama hare rama Rama rama hare hare Hemel (1991) “Esse é um dos mantras mais conhecidos. Hare ou hari significa algo como Supremo ou Grande Deus, Krihsna (Krischna) e rama são divindades hindus. O príncipe divino Rama, cujo nome deriva da sÍlaba germinal RAM, do centro do coração, sendo também cantada na formula Sri ram jai ram jai jai ram. Outro mantra importante, na cultura hindu, é o hong-so-hang durante a inspiração (ham anasalado) o som as (ou so) durante a expiração. Esse mantra tem varias conotações conforme o guru que o transmite. Conforme Yogananda (2006) na sua escola de Yoga ele coloca como hong-so, como ham-as por Sivananda, e assim sucessivamente. Entre os hindus isso não é considerado errado, mas sim como sendo a identidade de seu guru. Outra fórmula mântrica, apresentada é a expressão dos mantras da região sul da Índia, e entoado por horas a fio na forma de recitação cantada, como sendo do Alap, é hari om tat sat. Um dos maiores cantores indianos, Bade Ghulam Ali Khan, cantava esse mantra de uma maneira tão peculiar e fervorosa, que apesar de ser muçulmano, fazia a audiência chorar. Tat sat significa “assim é”. Seu significado: o absoluto existe no “assim é”. Os gurus-sat são santos, eles são simplesmente “assim” e, portanto como um todo. Conforme Hemel (1991) um outro mantra traduzido para o Ocidente por Hazrat Inaiat Kham, o Murshid (Mestre) de uma ordem sufi, a sílaba HU, que para muitos místicos é de maior importância. Os mestres de Eckankar ensinam seus alunos a repetir ininterruptamente, em silêncio, usando apenas a mente, a sílaba (…) a impressão mais forte de corrente de um mantra cantado em voz alta que ele sentiu foi em uma tenda na cidade de Calcutá, um coro composto de quinhentas vozes femininas entoando em um tom agudíssimo a sílaba HU. 5.11 A RECITAÇÃO DO MANTRA – MENTAL E ORAL Taimni (1996) diz que, a longo prazo resultam num afluxo de forças e experiências de estados superiores de consciência. O mantra pode ser entoado em voz alta, murmurado silenciosamente ou repetido mentalmente. A repetição silenciosa é mais efetiva que em voz alta, a repetição puramente mental tem o efeito mais elevado, sendo japa no verdadeiro sentido da palavra. Os sons físicos pronunciados em voz alta agem no corpo físico, aqueles pronunciados silenciosamente atuam no duplo-etérico ou pranamaya kosha. A repetição mental do mantra com seu significado atua na mente (…). O Japa mental tem muitos estágios. Ele começa com a repetição mental do mantra. No segundo estagio, o significado de cada palavra é evocado na mente junto com o som da palavra. No terceiro estágio, a idéia completa subjacente ao mantra toma o lugar dos significados das palavras separadas. A idéia global é algo diferente da seqüência de significados evocados pelas sucessivas palavras. Isto será compreendido se for feito um esforço para separar completamente a idéia global das palavras, e transcender as limitações da língua. Ainda conforme Taimni (1996) nesse estágio o mantra está sendo repetido mentalmente, porém, as palavras ficam muito no plano de fundo da mente e servem ao mesmo tipo de propósito que um tâmpurã (instrumento musical confeccionado com uma espécie de abóbora seca) na apresentação vocal de uma canção (…). Esse é o estágio até onde o sadhaka comum pode ir ao praticar Japa, se ele preencher as outras condições referidas mais adiante poderá obter consideráveis benefícios aproximando-se bastante de seu objetivo. Mas se ele estiver determinado a alcançar seu objetivo tão somente com o auxílio do Mantra Yoga, então, algo mais se faz necessário e isto consiste em transcender a idéia que existe no plano mental e entrar em contato com a realidade por detrás do mantra, a qual está além do domínio do intelecto. Aqui ele entra na esfera do Yoga. Conforme Padma-Patra (1995) os mantras despertam as energias adormecidas no homem e agem sobre os conteúdos mentais já existentes. Despertam e colocam em movimento as forças internas, ativam os arquétipos e concentram o poder pessoal. Sua ação modifica o espaço interior do indivíduo. O mantra tem o poder de influenciar nesse espaço de forma direta, despertando os elementos positivos ativando, e desativando os que se apresentam como obstáculos mentais. Para que o mantra dê resultado, todas as potencialidades do homem devem ser estimuladas. Não adianta pronunciar um mantra só com os lábios; é preciso pronunciá-lo também com o coração. O mantra deve ser repetido nos níveis físico, emocional e mental, todos ao mesmo tempo. De acordo com Feuerstein (2005), para que seja ativada a Kundaliní, o praticante deverá ser perseverante no Japa. Quando se canta o nome divino, cria-se um “calor especial” que queima completamente o Karma do praticante. Esse calor não é simplesmente figurativo; pode manifestar-se de maneira drástica no corpo do yogin (…). Deve-se cantar o mantra de três maneiras: em voz alta, na voz do ser humano; murmurando, na voz do amante; e no silêncio da sua consciência (…). Se a pessoa se entregar a Deus, o processo espiritual se desenrola naturalmente em sua vida. E que cada um progride de acordo com sua capacidade inata. Por isso a acesse forçada e o excesso de disciplina não são convenientes. Que em todas as coisas a iniciativa parte da própria pessoa. 6 JAPA MALA Conforme A Grande Fraternidade Branca (Net 2004) a repetição de algum Mantra ou Nome do Senhor é conhecido como Japa; Japa é um importante Anga (parte) do Yoga. Ele é um alimento espiritual para a fome da alma. Japa é a varinha nas mãos do Sadhaka cego (aspirante) para meditar no caminho para a Realização. Japa é a pedra filosofal ou o elixir que torna alguém, como um deus. Nesta era de ferro, somente a prática do Japa pode fornecer a Paz eterna, Bem-aventurança e Imortalidade. Japa é uma palavra sânscrita, vem da raiz verbal “jap”, e significa murmurar, sussurrar. Japa é a prática feita pelos yogis na repetição em tom de murmúrio de mantras, de passagens das escrituras, ou do nome das divindades. Mala é uma palavra com vários significados em sânscrito, mas neste caso, ela quer dizer, cordão de contas. Há duas correntes, uma espiritual, Japa e outra material, Mala. Assim, as energias espirituais invocadas no Japa, energizam o Mala. Geralmente, o Mala, utilizado para o japa, contém 108 contas. Chegar ao Meru ou Sumeru a conta central no mala, mostra que se entoou o mantra por 108 vezes. Segurando o seu cordão de contas, o Japa Mala, na mão direita, deve se deixar escorregar sobre o dedo do meio. O dedo indicador não deve tocar as contas, ficando estendido durante todo o período da entoação dos mantras, o Japa. Começar sempre pela conta seguinte à grande conta, o Meru, que significa montanha, não deve ser contado, nem tocado pelo dedo polegar, o Meru é apenas o ponto inicial e final da contagem das contas. Puxe as contas de seu Mala sempre em sua direção, uma a uma, entre os dedo polegar e do meio, usando o polegar para contar, puxando levemente, enquanto recita o mantra escolhido, até completar a série de 108 contas de seu Mala. O polegar representa o chakra da garganta e o dedo do meio representa o éter divino no chakra do coração, comunicando-se com seres elevados do plano etéreo, este mudra aumentará o poder de comunicação espiritual. Manter a mente firme prestando a atenção na respiração, nas contas e no mantra. Um Mala foi feito para ser utilizado em harmonia e calma, firmeza em suas palavras. O Meru é a conta estática do Mala. ###11 FIG: 8 JAPA MALA OBJETO DE ORIGEM HINDU, UTILIZADO PARA A RECITAÇÃO DE MANTRAS. O Japa Mala pode ajudar a tirar a tensão, ansiedade, medo e leva a atingir níveis mais altos de consciência e realização espiritual. A utilização do Japa Mala aumenta a felicidade e a capacidade de meditação. As contas de Japa dão mais foco e maior determinação a quem os utiliza. Um Mala pode ser um colar ou uma pulseira. A pulseira contém 27 contas e deve ser manuseada por 4 vezes para completar 108. O Mala pode ser imantado com o poder de Japa do mantra, para isso a prática deve ser diária, por pelo menos 40 dias seguidos. Após 108 dias o Mala ficará carregado da energia do poder do mantra entoado/ murmurado/ meditado, e se poderá colocá-lo ligeiramente sobre si ou em outros, para transmitir a energia do mantra, armazenada na mandala de luz, formada no Mala. O ideal seria utilizar um Mala para cada mantra. Quando utilizar o Mala com um novo mantra, a energia desse novo mantra começará a substituir a energia do mantra anterior, então é recomendado usar um novo Mala com cada mantra, se possível. Quando não estiver utilizando o Mala, guarde-o em um lugar limpo e sagrado. O melhor lugar para guardá-lo é sobre um altar pessoal ou sobre uma estatueta sagrada de uma divindade. O Mala é utilizado para que uma pessoa possa pensar sobre o significado do mantra e de suas palavras enquanto entoa, sem ter a necessidade de ficar contando. Segundo Padma-Patra (1996) o Japa-Mala ou Mala-Japa ou ainda Mala-Mantra é um colar semelhante ao rosário, com 108 contas além do Meru ou Sumeru (conta que fecha o Mala). Pode ser confeccionado com sementes ou de madeira; na Índia, as mais utilizadas são de rudraksha ou de tulasi. São usadas para acompanhar a recitação dos mantras. Este descansa no dedo anular e suas contas são passadas para dentro com o polegar. Nesse ato se observam vários simbolismos. O anular representa a consciência individual, pessoal. As contas passando por dentro, em direção ao corpo representam a necessidade da interiorização por parte do praticante. O polegar faz lembrar a vida universal. Quando se pergunta aos swamis de diversas seitas o significado disso, obtêm-se diferentes respostas. Por exemplo, Swami Brahmavidyananda dizia que nos Vedas, Deus aparece com 108 nomes. Os Krishnaitas (devotos de Krishna) sustentam que Krishna teve 108 esposas. Além dessas explicações místicas há também a popular que afirma a existência de 108 Yogas. Uma das mais interessantes corresponde ao estudo esotérico das técnicas de pranayama (respiração) para o despertar da Kundalini (energia adormecida no chakra Muladhara). Que realiza 108 respirações, ativando os chakras até se imaginar o estalar da energia da kundalini. Por último a explicação psicológica que sustenta um número mínimo de repetições do mantra para criar um silêncio mental. As 108 vezes que o mantra é recitado representa o ciclo mínimo para o silêncio mental e ativar as sementes no plano mental. Conforme A Grande Fraternidade Branca (Net 2004) o significado do número 108 entre os místicos é muito conhecido. O extraordinário resultado de repetir um mantra, oração ou comando de luz, por cento e oito vezes. Cento e oito é o resultado de nove vezes o número doze. O poder dos nove ou novena é prática antiga da religião católica. Três é o poder da Chama Trina. É a chama do Poder, da Sabedoria e do Amor de Deus manifestando-se no homem; a trindade do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. EU SOU sendo o número nove do Espírito Santo. Assim, nove é o número da manifestação do plano divino. Não é de se admirar que as mulheres tenham seus filhos aos nove meses de gestação. E o número doze? Doze foram os apóstolos de Jesus. Doze são os meses do ano e também doze são as legiões de anjos O relógio marca doze horas. O chakra do coração tem doze pétalas significando doze vibrações únicas que são como doze chaves para as doze portas da cidade celestial. Doze são os signos do zodíaco. Existem doze hierarquias celestiais, cada uma referente a um signo zodiacal. Temos doze chakras, sendo também cinco secretos. Assim, grande é o poder dos 108, pois ele representa a multiplicação dos poderes de nove por doze (9 x 12 = 108). Isto é a confirmação da vontade de Deus nos 12 raios da consciência divina manifestados na Terra. Os Hindus, quando decidem fazer um mantra por mais de 108 vezes, colocam um grão de arroz para cada 108 vezes, dentro de uma tigela. Toda vez que chegam ao Meru, tiram um grão de arroz da tigela. No Budismo Tibetano, é comum a utilização de Malas maiores, por exemplo, de 111 contas. Eles contam um Mala como 100 contas e 11 extras para compensar possíveis erros cometidos pelo caminho. No Budismo, a utilização do Mala pode ser feita com qualquer mão e os dedos também podem ser outros, dependendo da vontade de cada um. O que conta é a repetição dos mantras. A tradição islâmica trabalha com um rosário de 99 contas. O rosário se divide em três séries de 33 contas, cada uma delas representa um mundo. Diz-se que a conta faltante para completar a centésima, só se encontra no Paraíso. Uma grande variedade de materiais são usados para fazer contas de Mala. Na tradição budista tibetana indicam o uso de osso (animal, a maioria comumente de boi) ou às vezes humano, os ossos de Lamas falecidos, são de grande valor. Taimni (1996) diz sobre o Japa, o qual significa repetição física ou mental de mantras, produz vibrações em diferentes planos. Essas vibrações afetam os veículos ou koshas do sadhaka, e as mudanças produzidas nos veículos tornam possível ao sadhaka alcançar os níveis mais profundos de consciência. As vibrações lentamente rearranjam a matéria dos diferentes veículos, e os harmonizam de tal modo que os novos estados de consciência podem se manifestar através destes veículos. 6.1 UMA TRADIÇÃO EM VÁRIAS RELIGIÕES Conforme Vieira (Net 2004) os maometanos têm um tasbi, que mantém nas mãos enquanto repetem suas orações. Rolam as contas entre os dedos enquanto repetem o nome de Allah. Os cristãos têm o terço, enquanto fazem suas orações diárias. Conta-se que a palavra rosário, que tem semelhanças óbvias ao Mala, veio do tradicional Japa Mala hindu. Quando exploradores romanos vieram à Índia e conheceram o Mala ouviram jap mala em vez de japa Mala. Jap significa rosa e um Mala então, foi levado ao Império romano traduzido como rosarium. O rosário possui 50 contas separadas de dez em dez por outra de maior tamanho, e seus extremos se unem em uma cruz. Totalizando 54 contas (a metade do rosário oriental de 108 contas). 6.2 MERU – SUMERU Padma-Patra (1995) diz que o Meru ou Sumeru constitui a 109ª conta. Com ela se forma o dez e se fecha o primeiro ciclo dos dígitos sagrados. O Sumeru representa o lugar dos deuses, a montanha sagrada; personifica o espírito (Atma), e esta além da manifestação. As contas objetivam o movimento, a manifestação, a matéria, sempre mutável. O espírito não entra no jogo de Maya, não cai na ilusão. É imutável. As contas são Prakriti (matéria), o Sumeru é Purusha (espírito). Conforme Padma-Patra (1995) os malas de rudraksha (de cor vermelha) são dedicados a Ganesha, deus da sabedoria. Lakshmi é representada pela cor vermelha denotando vitalidade, força e energia. Os adeptos da seita Shivaista (Shiva, o deus da libertação e do desapego), utilizam as contas de cor preta, pois lembram pralaya, o estado de não manifestação do universo, onde as cores e as formas estão ausentes. Conforme Padma-Patra (1995) na Índia é o guru (mestre) que outorga o Mala-Mantra ao seu discípulo, e inclusive o utiliza antes de entregá-lo, despertando-o para a atividade. É aconselhável ao praticante utilizar-se de Japas confeccionados com sementes de rudraksha ou tulasi, caso não encontre poderá confeccioná-los com madeira mesmo. Mas o mais importante é ter o amor no coração. Um swami do Vedanta, respondeu: “Enquanto se tem amor no coração, o perigo é anulado.” Portanto a confecção não seria tão importante quanto a intenção com a qual o praticante a utilizará. Os mantras devem ser repetidos com certa intencionalidade; eles agem como meio de sugestão e programação mental, para acalmar e esvaziar a mente, para se entrar com o próprio Eu Real. O mantra funciona como um auxiliar poderoso para a concentração e a meditação. Mas, para se obter o resultado desejado, deve-se utilizá-lo diariamente. 6.3 CORES E HORÁRIOS Conforme Feuerstein (2005) que cita Yogi Bhajan (1995) o nível vibratório o som cria luz. Cada som tem seu formato e cor. Todos os mantras possuem cores e formas. Mantra é uma ciência exata. A ordem das palavras não pode ser mudada. Os significados são os mesmos para qualquer povo. Os mantras adicionam um efeito poderoso à meditação e são importantes objetos de concentração. Padma-Patra (1996) diz ainda que os melhores horários para se meditar correspondem ao percurso do Sol: ao amanhecer, ao meio dia (quando o Sol está em zênite), no ocaso e se possível à meia noite, quando o Sol está no nadir. É muito indicada no horário de Brahmamuhrta, entre as quatro e seis da manhã, pois nesse período a natureza e o próprio homem estão em profundo repouso. Rinpoche (1995) diz que as escrituras iogicas exigem pelo menos duas horas e meia de sadhana antes do nascer do sol. Dedicar no mínimo um décimo do dia a Deus. É nessas horas que a proteção hauria mais prevalece para todos que desejam meditar. Também é nessas horas que o prana força de vida básica da consciência, concentra-se na limpeza física. É mais fácil realizar nessas horas que no restante do dia. Porque poucas pessoas estão despertas e ocupadas, portanto a barulheira e o alvoroço das atividades diárias não interferem no praticante. 7 ENERGIA DA RESPIRAÇÃO E DA VOZ Conforme Hemel (1991) é um bom teste perguntar-se quando se está consciente da própria respiração. Observar a diferença de como se respira, quando inconscientemente se deixa a respiração seguir seu curso, e como ela se modifica no momento em que se pensa nela. Quando se pensa na respiração passa-se se a ‘fazer’o processo de respirar, isto é, inspira-se intencionalmente e expira-se de forma claramente audível. Como seria então sentir conscientemente de que forma a respiração respira assim mesmo (…) observar como o processo da respiração acontece também durante o sono, sem ‘fazer’ nada, observá-la assim, como ela vai e vem. Quem tentar fazer este teste notará que não é nem um pouco fácil deixar-se respirar conscientemente. Neste ponto, aplicam-se não apenas os antiqüíssimos ensinamentos do Pranayama, o controle da respiração feito pelos indianos, como também o conhecimento Zen-budista do ser da respiração. Lysebeth (1978) diz que o papel dominante da respiração nas escolas de yoga indianas pode ser notado pelo fato de um número preponderante de exercícios de yoga se relacionarem direta e indiretamente com a respiração. No decorrer de um exercício, o controle da respiração está ligado a diferentes posições corporais e métodos de concentração mental. Nos exercícios mais avançados – a purificação do corpo e do espírito (Yama e Niyama), passando pelas posturas corporais (Asanas) até o Pranayama – as numerosas variações da respiração passam para o primeiro plano. Através de diferentes procedimentos, os órgãos da respiração, as narinas, a traquéia e os pulmões são cuidadosamente ‘limpos’. Exercitam-se diferentes variações rítmicas da respiração. Num exercício muito conhecido, por exemplo, mantém-se uma narina tampada enquanto se inspira durante um determinado tempo pela outra; então, mantém-se o ar preso por alguns momentos (Kumbhaka), e deixa-se o ar sair através da narina que anteriormente estava fechada, sempre um determinado tempo. Hemel (1991) descreve o processo de respiração à maneira iogue, a seguir: A respiração é levada às diferentes partes do corpo através da pressão interna imaginada e com o auxílio das sílabas vocálicas correspondentes, em que, por exemplo, a garganta (Jalandhara Bandha) e o ânus (Mula Bandha) são contraídos ou executam-se diferentes Asanas. Segue-se então a regularização do ritmo respiratório, a técnica de se deixar a respiração cada vez mais lenta até finalmente suspendê-la. A respiração ocupa também uma posição primária no processo de unificação ou junção (Yoga) do homem com sua natureza mais elevada, ao mesmo tempo divina. A respiração não é apenas purificada, ela assume o papel do aliado mais importante no esforço de colocar para fora os sentimentos íntimos. Assim, a respiração é conduzida aos órgãos tais como são ou como são imaginados – e através deles. A energia da respiração consiste em Prana, a energia sutil que percorre canais invisíveis perceptíveis do corpo. O prana pode ser sentido quando ocorre uma descarga de adrenalina provocada por um susto, ou olhar para baixo de alturas elevadas como ‘um frio descendo pelas costas’, ou quando uma parte do corpo ‘se arrepia’ com uma carícia suave. É a respiração e não o coração, que dá ritmo aos movimentos (…). andar, correr, tocar, cantar, etc. nascem da respiração e a ela voltam. Sobre ela se tem algum domínio. Daí surgem as possibilidades que a alteração do ritmo e da intensidade da respiração podem causar nas pessoas. No yoga o ritmo da respiração torna-se prática espiritual e, como no tai-chi-chuan (chinês), busca-se a ‘serenidade’, a ‘cessação dos estados mentais, e do tempo’, ou seja, busca o ‘sem tempo’, o ‘vazio’. O yoga indiano assim como o taoísmo chinês, cultivavam o costume de ‘observar a respiração’, passando-se a cuidar para que a respiração se fizesse sem esforço, de forma silenciosa. Sob o ponto de vista psicológico e fisiológico, a relação entre respiração e conhecimento ainda não foi de todo esclarecida. Se, o homem for considerado como um processo e não como um estado, como ritmo e não estrutura torna-se evidente que a respiração é algo que ele faz constantemente, sendo ininterrupto. 8 O MANTRA OM Feuerstein (2005) diz que conforme o texto do Rig Veda, o ato de entoar o mantra OM traz a representação do Onipresente, e Onipotente Brahman (energia e vida do Universo); representa a criação, o sustentáculo e dissipação das ondas mentais; faz vibrar toda a caixa torácica e craniana esterno e ouvido. Está localizado na região do Ajna Chakra, terceiro olho. Dentro das duas pétalas do Lótus. Provoca uma massagem nos órgãos internos, essas vibrações tem um alcance profundo atingindo os tecidos mais profundos e as células nervosas; intensifica a circulação sangüínea, estimula as glandulas de secreção interna (hipófise, tireóide, pineal, etc), melhora a concentração, harmoniza a psique, dissipa qualquer agitação interna ou excitação, proporciona a calma mental. 8.1 A ORIGEM DO OM ###12 FIG: 9 OM DO YOGA FONTE: WEB SITE IMAGENS (2007) Conforme Feuerstein (2005) o mantra OM originado nos Vedas era pronunciado somente no contexto sagrado e comunicado oralmente de mestre para discípulo. Costumavam referir-se a ele como Udgîtha (som superior) e Pranava (pronúncia). A primeira palavra aponta para a pronúncia nasal do monossílabo OM, cujo som deve vibrar e ressoar no centro psico energético localizado entre as sombrancelhas (isto é o Ajna chakra) (…). Outro texto dedicado exclusivamente à interpretação da sílaba sagrada Om: o Atharva-Shikhâ-Upanishad diz que a sílaba Om também é chamada de Om-Kâra. Porque envia para cima as correntes de força vital (ûrdhvam utkrâmayati). O texto se conclui pela afirmação de que a sílaba Om é Shiva. Hemel (1991) diz que o mantra mais importante na Ásia é o mantra OM, que corresponde ao Amém brasileiro e ao Amin dos muçulmanos. Nas Upanishads, a palavra OM é separada em suas letras componentes, sendo a letra O considerada uma junção entre as letras A e U, sendo na verdade AUM. Quando recitamos lentamente AUM, abre-se a boca totalmente e vai diminuindo até fechar-se quando entoa a letra U e fecha no M. o AUM, compreende todo o espaço de ressonância utilizado na fala. Hemel (1991) coloca que uma das pessoas que mais tem propriedade para falar do mantra OM é Lama Govinda, devido sua ascendência e formação espiritual ocidental sendo assim a pessoa mais indicada para passar para os ocidentais o profundo significado dos mantras, em seu livro Fundamentos do Misticismo Tibetano, a fonte mais importante para essa discussão. Conforme Govinda (1972) sendo OM a expressão da consciência mais elevada, os três elementos A,U e M, são explicados como sendo três fases da consciência: A como consciência desperta, U como consciência onírica, e M como consciência do sono profundo, enquanto OM, como totalidade, é a ‘quarta’ consciência, ou consciência ‘cósmica’ que tudo engloba, que ultrapassa todas as palavras – a consciência subjetiva do mundo externo, a consciência do nosso mundo interno, ou seja nossos pensamentos e sentimentos, desejos e vontades, a que chamamos de consciência espiritual, e a consciência da unidade indiferenciada, que repousa em si mesma, não mais dividida em sujeito e objeto. Nas partes seguintes Lama Govinda (1983) esclarece que o Mantra OM não é para ser deixado como objeto de venda ou uso indevido, mas, mantido sim, com toda sua sacralidade. O som da sílaba OM abre o ser mais inferior do homem para as vibrações de uma realidade superior. OM é o meio para se destruir os muros de nosso ego. OM é o profundo som primordial da realidade atemporal, que em um passado sem inicio vibra e ressoa em nós quando, estando o espírito completamente tranqüilo, nosso sentido interior de audição se abre. O som transcendente é como um abrir de braços para abraçar tudo que vive e é falado dentro do coração de alguém que sinceramente aspira à confiança da fé. Não se trata de expressão do auto-engrandecimento ou da auto-expansão, e sim da receptividade e da devoção (…). Dar e tomar ao mesmo tempo: tomar, porém livre de ganância, dar, porem sem impor nada aos outros. 8.1.1 A História Antiga da Sílaba Sagrada Feuerstein (2005) diz que, significativamente, a sílaba Om não é mencionada no antigo Rig-Veda, pode haver num dos hinos (1.164.39) desse mesmo Veda uma referência velada a Om, pois ele fala da sílaba “akshara” (Imutável ou Indestrutível) que existe no espaço supremo onde residem todas as divindades. Trata-se de um nome apropriado, pois, do ponto de vista da gramática, as sílabas são as partículas imutáveis que compõe as palavras. No caso do Om mântrico, esse monossílabo passou a representar o Um supremo, que é eterno e imperecível “akshara, acala”. O termo akshara é usado como sinônimo de Om em muitíssimos textos, inclusive no Bhagavad-Gita (10.25), onde Krishna disse: “das elocuções Sou a sílaba única”. A sílaba Om é muitas vezes acrescentada a elocuções mântricas mais compridas, tanto para introduzi-las quanto para concluí-las, e essa prática é na verdade antiqüíssima. Com o tempo foi mitigada a proibição de que se pronunciasse a sílaba sagrada ou mesmo que a escrevesse fora dos rituais. Mencionada pela primeira vez no hino de abertura Shukla-Yajur-Veda (1.1), a recensão “branca” do hinário que trata unicamente da realização do sacrifício (Yajus). Pode ser, porém, que o Om tenha sido acrescentado posteriormente. Isso porque a Taittirya-Samhitâ (5.2.8), um dos apêndices do Yajur-Veda, ainda fala veladamente do “Sinal Divino” (Deva Lakshana) que é escrito de três modos (try-alikhita). Existindo aí uma referência às três partes que constituem a sílaba Om escrita em sânscrito: a + u + m. os três elementos de Om são mencionados, por exemplo, no Prajna-Upanishad. A elaboração simbólica se encontra no Mândûkya-Upanishad. Nas Upanishads mais precisamente no Chandogya-Upanishad. A sílaba Om tem uma longa história que remonta aos tempos remotos. Era pronunciada no inicio e no fim das ações rituais, como os cristãos dizem a palavra Amém. O monossílabo é considerado uma revelação divina. Os iogins (…) conseguem ouvir o som do Om vibrando pelo cosmo inteiro em suas meditações mais profundas. O paralelo disso na tradição pitagórica e neo-platônica é a noção da Música das Esferas, a harmonia cósmica produzida pelo movimento dos corpos celestes. Feuerstein (2005) coloca ainda que, nos primeiros séculos da era cristã, alguns mestres budistas começaram a usar o mantra como meio principal para disciplinar e transcender a mente. Essa tradição passou a ser chamada de Mantrayâna assemelhando-se ao mantra-yoga dos hindus. O gosto pela abreviação que caracteriza os criadores dos mantras é levado ao extremo nos bija-mantras, que são fonemas simples como o Om Hûm ou Phat, concebidos como “sementes” de realidade e conseqüentes experiências espirituais. Cada um deles representa todo um cosmo de idéias. Ou, por exemplo, é um som silencioso da própria Realidade absoluta. E localiza-se no corpo humano no ponto sagrado entre as sombrancelhas (o terceiro olho). Conforme Padma-Patra (1995) coloca, os Upanishads são comentários dos Vedas, de tal forma que em Svetasvatara-Upanishad ; Mundaka-Upanishad; Nada Bindu-Upanishad; Prana-Upanishad e Maitrí-Upanishad, escritos entre os séculos VIII e II a.C. “Todos relatam o conceito do OM ou Aum”. O último livro coloca que: Há dois modos de contemplar Brahma: “No Som” ou “No Silêncio”. Pelo som vamos no silêncio. O som de Brahma é OM. Com OM vamos até o fim: O Silêncio de Brahma é um Silêncio de júbilo. Ainda conforme Feuerstein (2005), cita que Swami Sankarananda acreditava que, a sílaba sagrada OM representa o Sol. Essa associação parece ser confirmada pelo Aitareya-Brâhmana (5.32): Om ity asau yo’sal (sûryah) tapati, “aquilo que brilha (isto é o Sol) é o Om. Os sábios indianos também chamam a sílaba sagrada Om de Shabda-brahman ou “Absoluto Sonoro”, o qual, nas palavras de Chandogya-Upanishad (2.23.3), é “Tudo Isto” ou “Este Todo” (Yidam Sarvan). Isso significa que Om é o universo como uma totalidade, não como um conglomerado de partes individuais. Assim Om é o som primordial que se revela ao ouvido interior do adepto que controla a mente e os sentidos. 8.1.2 Um Pouco de História dos Vedas e das Upanishads Feuerstein (2005) escreve que a sílaba sagrada já era escrita há muito tempo porque tinha que ser traçada sobre a areia ou sobre a água em certos rituais antigos. Isso é uma prova significativa de que ela já era escrita no fim da era védica, fato que em geral os historiadores negam. Hoje em dia, porém, sabe-se que a história da Índia antiga, tal como tem sido contada pelos historiadores ocidentais tem de ser completamente reescrita. Demonstrou-se que a idéia habitual de que o povo dos Vedas invadiu a península indiana entre 1500 e 1200 a.C. Não tem fundamento algum. Todos os dados disponíveis assinalam a identidade entre o povo dos Vedas e os construtores das grandes cidades que se erguiam às margens do Indo. Pois foram encontrados objetos cobertos de escritos nas cidades do Indo. Pode-se responder afirmativamente à questão de saber se o povo dos Vedas conhecia ou não a escrita. Os hinários védicos ao que tudo indica, só foram postos por escrito muito recentemente. Porém os brâmanes criaram um engenhoso sistema de memorização para garantir que os Vedas fossem preservados com a mais absoluta fidelidade. Obtiveram êxito graças a memória prodigiosa dos estudiosos. Assim outras culturas dão importância à essa tradição sagrada, preservando pela memória ao invés de escrever em materiais corruptíveis, ou caírem em mãos erradas. Na literatura da Chandogya-Upanishads, os Brâmanes que cantavam hinos do Sama-Veda durante o sacrifício ritual na época védica. Esse texto se inicia com especulações de místicas complexas a cerca da “sílaba sagrada OM”. O mantra ou “Som Sagrado” mais célebre do Hinduismo (…). Comentando este Upanishad, Shankara autoridade máxima do não-dualismo vedântico, observa que essa sílaba é o nome mais apropriado de Deus ou da Realidade Transcendente. 8.1.3 Recitação do Mantra OM Feuerstein (2995) diz sobre a recitação no mantra Om: “O texto do Atharva-Shikha_Upanishad, diz como se deve meditar na sílaba Om, que simboliza o Supremo; o Absoluto (Brahman). Sendo que este tem quatro partes. Cada qual com diversas correlações simbólicas: 1 – O Som A: terra – Ric – (hinos de louvor) – Rig-Veda Brahma – Vasus (uma classe de oito divindades) – métrica Gayatri – o elemento é o fogo Gârhapatya – a côr é o vermelho – dedicado a Brahma. 2 – O Som U: atmosfera – Yajus (fórmula sacrificial) Yajur-Veda – Vishnu – Rudras (divindades que governam a região intermediaria entre a Terra e o Céu) – métrica trishtubh – fogo dakshina – luminoso – dedicado a Rudra. 3 – O Som M: céu – Sâman (cânticos sagrados) – Sâma-Veda – Vishnu – Âdhityas (divindades ligadas à deusa Aditi, que simboliza a infinitude primordial) – métrica Jagatî – fogo âhavanîya – a côr que representa é o negro – dedicado a Vishnu. 4 – Meia – medida (ardha-mâtra); cânticos de Atharvan – Atharva-Veda – fogo da destruição universal – Maruts (divindades da região intermediaria, especialmente ligada aos ventos) – Virât – semelhante ao relâmpago e multicolorido – dedicado a Purusha. Conforme Blofeld (1995) quanto à forma de se recitar, não deve haver regras rígidas a não ser as impostas pelo mestre ou guru, se ele assim o desejar. A sílaba OM é em geral enfática e mais ou menos prolongada, em alguns momentos pede-se que pronuncie o (O) por mais tempo e em outras a letra (M) seria o foco maior, tradicionalmente, no Oriente, o Mantra Om é entoado três vezes sempre que uma reunião de decisões ou de estudo é iniciada. A primeira vez harmoniza o corpo físico; a segunda vez harmoniza a mente e a terceira vez harmoniza o espírito. O Om é composto das letras A U M: A – emerge da garganta; U – vibra sobre a língua; M – termina nos lábios. Blofeld (1995) diz ainda que de acordo com as escritas sagradas, o universo manifesto foi criado por uma emanação vibratória. No inicio era o verbo e este se fez carne. Ao se pronunciar este som primordial, há uma sintonia com os três aspectos do Divino, simbolizados pela trindade hinduísta. Conforme Feuerstein (2005) escreve, Pranava possui uma característica peculiar, assemelhando-se a um zumbido sendo representado pelo mantra OM (A – U – M), o qual em sânscrito possui apenas uma letra, o (OM). Esse processo pode ser acelerado por meio do mantra Shaktí que é inerente a essa combinação particular de sons. Esse não é um mantra comum e nem com limitações. O seu poder é o mais fundamental e abarcante dentre todos os mantras. Ele afeta o próprio coração do Jivatmã e a mais importante e fundamental relação existente na natureza, Ishvara, como indicado no bem conhecido sutra: Tasya vachakah Pranavah (Yoga Sutras 1.27). 8.1.4 A Representação do mantra OM A – representa o princípio da criação do universo, simbolizado por Brahma “o aspecto da criação”, e também representa o nosso estado de vigília; U – representa o princípio da sustentação do universo, simbolizado por Vishnu “o aspecto da preservação”, e também representa o nosso estado de sonhos; M – representa o princípio da transformação do universo, simbolizado por Shiva “o aspecto da destruição e transformação”, e também representa o nosso estado de sono profundo, sem sonhos. O silêncio que se segue após a entoação desta sílaba, representa Brahma, o absoluto, uno, sem segundo. O próprio Deus imanente com o qual harmonizamos, neste momento, todo o nosso ser. Feuerstein (2005) coloca que: Patanjali afirma que: “A fim de que o mistério do Senhor seja compreendido, o som Om deve ser recitado e contemplado. Blofeld (1995) coloca também que quando se chega ao final da recitação pode-se perceber os resultados proporcionados pelo mantra, tais como a compaixão. E de distribuí-la de forma imparcial, de alcançar uma grande dose de devoção, ou de contribuição a um ser ou seres em particular, alívio de momentos de aflição ou de dor, tristeza ou mesmo de confusão mental da pessoa para a qual se dirige o mantra. Um ponto fundamental é o agradecimento no momento de encerrar qualquer prática e mais particularmente o término da entoação do mantra. Podendo ser um agradecimento no plano mental, o importante é dedicar ao bem estar de todos os seres, sendo essa a essência de todas as práticas do yoga. Conforme Padma-Patra (1995) para pronunciar o mantra OM deve-se estar presente de que a idéia do som é uma forma de manifestação de Deus, que se expressa por intermédio do Verbo. A mente deve estar concentrada, fixada no Absoluto, assim o silêncio que acompanha o Om é um silêncio preenchido pelo amor e perfeição. Deve se aplicar seu conhecimento, seu sentimento, seu amor, sua busca espiritual, tudo o que se é e conhece como belo e superior, na entoação dessa sílaba mística. Deve querer participar, ainda que por um momento, da presença de Deus, da Teofania (visão de Deus) dos gregos, e atingir por um instante, “a paz transcendendo toda a compreensão”. Quando se fica absorto no silêncio que envolve o som, a mente pára, aquieta, e nessa serenidade, se consegue atingir o contato com o ser interior divino. Conforme Feuerstein (2005) coloca, o Amrita-Upanishad prescreve o controle da respiração, especialmente a retenção da mesma como meio para controlar os sentidos e concentrar a mente no mundo interior. Define o yoga como um estado de contenção prolongado por um período de doze unidades ou medidas (mãtrã), ou seja doze recitações de Om. Promete ao raiar da sabedoria depois de três meses de prática contínua e diligente, uma visão interior das divindades ao cabo de quatro meses; e a libertação suprema depois de meros seis meses. O praticante deve manter intacta a concentração durante todo tempo. O que é impossível para a maioria das pessoas (…) recitando a sílaba Om o praticante pode conter a sua respiração e dissolver o som sutil (Nãda). Pelo cultivo do som interior sutil declara o Nãda-Bindu-Upanishad (49), as marcas karmicas deixadas pela atividade volitiva passada são erradicadas. Com isso a mente e a força vitais se fundem. Se reduzem à imobilidade, a pessoa se identifica com o som sutil, chamado “Brahman-Tãra-Antara-Nãda”, o que pode ser traduzido por “o som sutil mais interno que é o libertador (Tãra) brâhmico”. Padma-Patra (1995) coloca que, OM É Brahman. Om é tudo isto. Esta sílaba OM é usada para indicar obediência. Quando Eles (sacerdotes) ordenam: ”OM, recite” eles recitam. Pronunciando OM, eles cantam as canções Saman. Com o som OM, eles recitam as preces. Pronunciando OM, o sacerdote ADHVARYU responde. Pronunciando OM, o sacerdote Brahman consente. Pronunciando OM, um sacerdote qualificado dá a permissão para oferecer oblações no sacrifício AGNIHOTRA. Quando o mestre védico deseja obter Brahman, ele pronuncia OM; desejando Brahman dessa forma, ele realmente obtém Brahman. Padma-Patra (1995) escreve que, o mantra mais importante em toda a Ásia é o OM. Ele corresponde ao nosso Amém, ou ao Amin dos muçulmanos, sendo a letra O considerada uma combinação de A mais U, de forma que OM na verdade é AUM. Ao pronunciar lentamente AUM, percebemos que abrimos totalmente a boca no A, e então a cavidade bucal diminui cada vez mais até o U., fechando no M. o AUM, portanto, compreende pratica e concretamente todo o espaço de ressonância que utilizamos para falar. O maior conhecedor de mantras asiáticos é o Lama Govinda, que, devido a sua ascendência e formação espiritual ocidental, é a pessoa mais indicada para explicar aos ocidentais o profundo significado dos mantras. Em seu livro Fundamentos do Misticismo Tibetano, a fonte mais importante para esta discussão. Hemel (1991) diz que. Sendo OM a expressão da consciência mais elevada, os três elementos A, U, e M, são explicados como três fases da consciência: A como consciência desperta; U como consciência onírica e M como consciência do sono profundo, enquanto OM, como totalidade, é a quarta consciência cósmica que tudo engloba, e que ultrapassa todas as palavras – a consciência subjetiva do mundo externo. A consciência do nosso mundo interno, nossos pensamentos e sentimentos, desejos e vontades, que chamasse consciência espiritual, a consciência da unidade indiferenciada, que repousa em si mesma, não mais dividida em sujeito/objeto. Nas declarações a seguir Lama Govinda deixa claro que o mantra OM é mais do que uma simples mercadoria à mostra, que todos querem por estar na moda, e é também mais do que uma simples técnica para ser adquirida: Hemel (1991) coloca ainda que o som da sílaba OM abre o ser interior do homem para as vibrações de uma realidade superior. OM é um meio para se demolir os muros do nosso ego. OM é o profundo som primordial da realidade atemporal, que sem inicio vibra e ressoa quando, se está com o espírito completamente tranqüilo, o sentido interior da audição se abre. O som transcendente é como um abrir de braços para abraçar tudo o que vive e é falado dentro do coração de alguém que sinceramente aspira a confiança da fé (…) dar e tomar ao mesmo tempo: tomar, mas livre de ganância e dar, mas sem imposição ao outro”. De acordo com Feuerstein (2005) segundo o Hamsa-Upanishad (16), o Som Nâda manifesta-se de dez maneiras diferentes. Primeiro ao som cini; depois cini-cini. O terceiro é o sino, o quarto ao soprar de uma trombeta, o quinto tem a qualidade de um som de harpa. O sexto, sétimo, oitavo e nono se assemelham aos sons de: címbalos, flautas, tímpanos e tamborins. O décimo se assemelha ao estalar de um trovão, o qual deve ser cultivado. Segundo o Upanishad, a produção desses sons é acompanhada por diversos sintomas fisiológicos. Assim quando se ouve o quarto som (no ouvido direito), a cabeça começa a balançar, o quinto som faz com que do centro sutil na raiz do palato emane a ambrozía lunar; e por aí a fora. Só o ultimo som é acompanhado pela identificação com o Absoluto Supremo (Para-Brahma). 9 SHIVA MANTRA Conforme Sri Swami Krsnapriyananda Sarasvati (2006) mantra MAHA MRITYUNJAYA é um mantra para O Senhor Shiva. Om! Tryambakam yajamahe sugandhim pushti vardhanam urva rukamiva bandhanat mrityor mukshiya mamritat OOMM TRIAMBACAM IÃDIAMARREE SHUGAND-RRIM PUSHH-TI VARDANAM URVÁÁ RUCAMIVA BANDANÁÁ MRI-TYOR MUK-CHÍA MAA-MRITÁÁ Nós adoramos o ser de três olhos, (Senhor Shiva). Aquele que é perfumado e nutre a todos os seres. Que Ele nos liberte da morte, com o propósito da imortalidade. Do mesmo modo como um pepino maduro é separado da trepadeira. OM – O início de cada mantra. Palavra que traz a energia do mantra à manifestação. TRYAMBAKAM – Refere-se aos Três olhos do Senhor Shiva. “TRY” é Três e “AMBAKAM” olhos.   Alguns pronunciam esta palavra como TRAYAMBAKAM, o significado é o mesmo, “TRAYA” quer dizer “triplo”. YAJAMAHE :  oferta, sacrifício, adoração, veneração.  Adorando com Alegria. Nós oferecemos nosso sacrifício com alegria. Alguns traduzem para: “Cantamos em sua honra”. SUGANDHIM : é um doce perfume/ uma fragrância agradável. Uma referência à alegria que temos de conhecer, enxergar e sentir a Poderosa Presença do Senhor Shiva, que nos envolve com a fragrância de Seu perfume.  Quando o nosso terceiro olho desperta, tudo torna-se perfumado, porque tudo passa a ser visto como sagrado. PUSHTI : o mesmo que nutrir; o suporte a tudo o que existe; a prosperidade. VARDHANAM : Aumento, incremento, fortalecimento. O aumento da prosperidade, do auxilio divino, da saúde e do bem estar. URVARUKAM : Um tipo de pepino, que no passado da Índia, era conhecido como fruto de uma trepadeira. “IVA” : assim como. desta forma. BANDANAAM : impotente e sem forças, preso no cativeiro. MRITYOR : da morte, das doenças e dos obstáculos. MUKSHIYA : uma armadilha. MAAMRITAAT : livra-nos da morte, dê-nos a vida eterna. Dizem que este mantra é rejuvenescedor, outorga saúde, riquezas, uma vida longa, paz, prosperidade e contentamento. Como é uma oração endereçada ao Senhor Shiva, ao entoar este mantra, vibrações divinas são geradas para repelir todas as forças negativas do mal, criando um escudo protetor e poderoso. Este é um mantra para pedir a cura de doenças, e para proteger contra acidentes e desgraças de todas as espécies. Maha Mrityunjaya também é conhecido como “Mantra Moksha” (o mantra da libertação da reencarnação) do Senhor Shiva. Este é um mantra protetor contra acidentes, infortúnios e calamidades diárias, um mantra para libertação dos sofrimentos físicos, mentais e emocionais, dos medos, morte e acidentes. Uma vez que o mantra seja aprendido, leva-se o significado para a mente enquanto faz a meditação diária, como um tipo de invocação na prática normal. Depois de acalmar o corpo e a respiração, entoar o mantra por 3, 27, 33, 108 recitações, e permitir a mente tornar-se absorta pelos sons e ritmos de cada linha. Deixar o mantra puxar a consciência ao centro do coração ou para o centro das sombrancelha, na altura do chakra da terceira visão. Se for recitar o mantra para resolver um problema de saúde, focalizar a consciência no Plexo Solar. Radha (2003) coloca que, em OM NANAH SHIVAYA, o devoto apela para Deus em Seu aspecto de destruidor de toda a ignorância e ilusão que barram o caminho da união divina. Om Namah Shivaya é um apelo para que Deus elimine os traços negativos do ser humano, para que acabe com as dificuldades removendo os obstáculos no caminho da vida espiritual. Shiva é conhecido como “Aquele que tem Compaixão” e remove os obstáculos como o egoísmo e o ciúme, que impedem o desenvolvimento. “Om namah shivaya” “Om. Shiva seja Louvado” Shiva é o deus do bem-estar. Este é o Grande Mantra da Salvação e Significa : “Eu invoco/ confio/ honro e me curvo à luz do Senhor Shiva” Conforme os Vedas o mantra Om Namah Shivaya é o corpo do Senhor Natarâja, o Dançarino Cósmico. É o lar de Shiva. “Namah” significa prostração, “Shivaya Namah” significa: eu me prostro ante o Senhor Shiva (a alma é o servo de Shiva). “Shiva” representa a alma universal, “Aya” denota a identidade entre a alma individual e a alma universal. As cinco letras de “Namah Shivaya” significam as cinco ações do Senhor: criação, preservação, destruição, o ato de ocultar e a benção; significam também os cinco elementos e toda a criação através da combinação deles. “Na” denota o poder oculto do Senhor que faz a alma se mover pelo mundo, “Mah” é a amarra que prende a alma na roda das vidas e mortes. “Shi” é o símbolo do Senhor Shiva, “Va” é a Sua graça e “Ya” é a alma individual. Se a alma se enreda em “Na” e “Mah” ela ronda interminavelmente pelo mundano, se ela se associa com “Va” ela vai em direção a Shiva. “Namah Shivaya” forma o corpo do Senhor Shiva e o mantra propicia que “eu me refugie no corpo do Senhor Shiva”’. Yogananda (2006) coloca que o Om Namah Shivaya é a parte central e a mais importante, de um antiqüíssimo mantra: o mantra original que precedeu a criação. Babaji, diz que quando Jagadamba a energia primeva apareceu, foi este o som que primeiro surgiu em seus lábios. 9.1 A ORIGEM DE SHIVA Conforme Padma-Patra (1995) Na tradição hindu, Shiva é o destruidor. Na verdade ele destrói para construir algo novo, “renovador” ou “transformador”. Suas primeiras representações surgiram no neolítico (4.000 a.C.) na forma de Pashupati, (Senhor dos Animais). A criação do Yoga é atribuída a ele e o Yoga é uma prática que produz transformação física, mental e emocional, portanto, está intimamente ligado ao deus da transformação. Shiva é o deus supremo Mahadev O pacífico, Shankara e O benevolente, onde reside toda a alegria Shambo ou Shambhu. Shiva se deixa enrolar por uma serpente Naja que é a mais mortal delas. Usar uma serpente em volta da cintura e do pescoço simboliza que Shiva dominou a morte e tornou-se imortal. Na tradição do Yoga, ela também representa Kundaliní, a energia de fogo que reside adormecida na base da coluna. Quando se desperta essa energia, ela sobe pela coluna, ativando os centros de energia (chakras) produzindo a iluminação (samadhi), um estado de consciência expandida. No topo da cabeça de Shiva se vê um jorro d’água, que na mitologia significa o rio Ganges ou Ganga nascendo dos cabelos de Shiva. Há uma lenda que diz que Ganga era um rio muito violento e não podia descer à Terra pois a destruiria com a força do impacto. Então, os homens pediram a Shiva que ajudasse permitindo que o rio caísse primeiro sobre sua cabeça, amortecendo o impacto e depois, mais tranqüilo, corresse pela Terra. Shiva é o responsável pela purificação do ser, a regeneração das células e do mundo. Seu terceiro olho (no centro da testa) está no formato oval e na posição vertical. Três olhos conhecidos como o olho do presente, do passado e do futuro. Eles mostram a Sua capacidade de tudo ver, “o Poder do Olho de Deus que tudo vê”, tanto no céu como na Terra. Shiva sempre aparece coberto por uma pele de tigre ou com uma pele de elefante com a face branca como a neve e cabelos opacos. Ele se parece com um yogi. A pele do tigre simboliza o domínio sobre a própria inquietação e dispersão; a pele do elefante simboliza o domínio sobre seu orgulho e agressividade. Biondillo (2004) escreve. Shiva está intimamente associado ao elemento fogo que representa a transformação. Nada que tenha passado pelo fogo, permanecerá o mesmo: o alimento vai ao fogo e se transforma, a água se evapora os corpos cremados viram cinzas. Assim, Shiva convida a transformação através do fogo do Yoga. O calor físico e psíquico que essa prática produz auxilia a transcender os próprios limites. Ao mesmo tempo em que é o deus da destruição. Neste aspecto, Shiva aparece como o Rei (raja) do Dançarino (nata). Ele dança dentro de um círculo de fogo, símbolo da renovação e, através de sua dança, Nataraja cria, conserva e destrói o universo. Ela representa o eterno movimento do universo que foi impulsionado pelo ritmo do tambor e da dança. Apesar de seus movimentos serem dinâmicos, como mostram seus cabelos esvoaçantes, Shiva Nataraja permanece com seus olhos parados, olhando internamente, em atitude meditativa. Ele não se envolve com a dança do universo pois sabe que ela não é permanente. Como um yogue, ele se fixa em sua própria natureza, seu ser interior, que é perene. ###13 FIG: 10 DEUS SHIVA O TRANSFORMADOR. FONTE: WEB SITES IMAGENS (2007) Conforme Radha (2003) A imagem do Senhor Shiva, sentado em silêncio no Monte Kailas, nas regiões gélidas do Himalaia, é um símbolo do estado de completa quietude e imobilidade que surge após a destruição dos apegos emocionais e do medo. Padma-Patra (1995) escreve, O Shiva Mantra acalma a mente, destrói qualquer desejo de forma cúpida. Dá imediata liberação (desapego) dos objetos do mundo, e ao mesmo tempo, e lentamente o nosso mundo interior é iluminado pela luz divina. Se levado a prática diária trará provavelmente visões, porém não se deve deixar levar por elas: que quanto mais o mantra se intensifica, mais o praticante entrará na força dele. O Shiva Mantra conduz até a última etapa da consciência humana, representada por um ponto azul, alem dela até a glória eterna e a harmonia sem fim. “OM NAMAH SHIVAYA” É um mantra composto fisicamente de sílabas que soam de forma a influenciar o ser humano, vibra afetando a matéria física, emocional e mental. Em determinado sentido cada palavra é um mantra. A palavra é muito poderosa. Os mantras que chegaram aos tempos atuais, pelo caminho da tradição védica, ou foram divinamente revelados, ou foram ouvidos pelos rshis e iogins de tempos imemoriais, quando se encontravam em estados transcendentais de consciência. Yogananda (2006) coloca que, OM NAMAH SHIVAYA, o maha mantra de Shiva, foi o principal mantra utilizado por Haidakhand Bhole Baba, faz parte do centro nevrálgico de seu ensinamento. Babaji enaltecia seu poder de purificação, iluminação, imortalidade e redenção, ensinava sobre seu indescritível poder para destruir obstáculos, criar alegria e felicidade e formar uma ponte de ligação com Shiva. Dizia que seu poder era maior que o de uma bomba atômica. Recomendava sua repetição constante durante a meditação, o trabalho, o descanso e até mesmo durante sono e os sonhos. Conforme Yogananda (2006) Babaji ensinava que se as pessoas repetissem constantemente o nome do Deus da crença de cada um, a vida dos homens e todos os seres do planeta, poderiam ser reconduzidas para um padrão mais saudável e eventualmente esperar um futuro menos negro do que o gerado pela humanidade atual. São milhares os depoimentos de pessoas relatando os efeitos extraordinários provocados pelo uso constante deste mantra. 10 OM MANI PADME HUM OU HUNG Conforme Padma-Patra (1995) “Cabe destacar que esse é um mantra poderosíssimo, desperta as forças latentes do homem. Por isso é importante primeiro se acalmar o pensamento, e depois iniciar a meditação. Os tibetanos não pronunciam as palavras de acordo com as regras do Sânscrito, Padme é transformado em péme. Se o poder do mantra fosse baseado somente na vibração física, estariam completamente perdidos. Porém o mantra é um som espiritual. Blofeld (1995) diz que: “Os não iniciados usam o mantra OM MANI PADME HUM ou HUNG, o Mani, muitas vezes como feitiço protetor contra toda a espécie de má sorte, seja de si mesmo ou de terceiros. É evocado em momentos de iminente perigo, entoado suavemente quando se vai confrontar alguém em grande aflição e recitado mentalmente ou em voz alta, sempre com repetição infindável, pelos que buscam renascimento na Terra da Pureza (…). Inúmeros tibetanos morrem pronunciando o Mani. Há também muitas aplicações especiais do mantra. 10.1 CONFORME A VISÃO TIBETANA Padma-Patra (1995) escreve que, cabe destacar que este é um mantra poderosíssimo, pois desperta forças latentes do homem (…) sabe-se que todos os mantras devem ser utilizados somente para o benefício da humanidade. Por isso, primeiro é preciso primeiro acalmar a mente, aquietá-la, para depois iniciar a meditação (…) será necessário que o praticante esteja com o pensamento sincero, de mente serena e sentimentos puros, compenetrado na meditação, para lhe sentir o efeito ao pronunciá-lo. O poder do mantra está não só nas palavras, mas na concentração da energia mental do aspirante. Om: verbo universal. Mani: Jóia. Padme: Lótus Hung: Permanecer. Assim seja. Conforme Blofeld (1995) “OM – Com OM se iniciam quase todos os mantras. MANI PADME – é o ápice de Avalokitesvara (encarnação mental de uma força abstrata). O significado na integra do mantra é: MANI = jóia; e PADME – lótus, HUNG – que concede a mente onisciente (Buda Manjushri é a Sabedoria de Buda – a corporificação da sabedoria onisciente de todos os seres iluminados). MANI PADME significa a sabedoria essencial que existe no âmago da doutrina budista; a sabedoria esotérica Vajrayana, também chamado de Mantrayana e de Tantrayana, é um conjunto de escolas budistas esotéricas. O nome vem do Sânscrito e significa “Veículo de Diamante”. Entre as escolas do Vajrayana encontram-se as Shingon e Tendai (China e Japão) e também as escolas Nyingma, Gelug, Kagyu e Sakya de origem tibetana. Ela confere permissão para praticar os vários estágios do caminho: o estágio de desenvolvimento, no qual visualizam as deidades recitando mantras; o estágio de completude, no qual se pratica o yoga interior; e o Mahamudra e o Dzogchen, no quais se encontra a natureza absoluta do estado desperto. Contida na filosofia Mahayana; a mente contida dentro das mentes; o eterno no temporal. O Buda no coração, a meta (suprema sabedoria), e os meios (compaixão), por inferência o Cristo que habita o interior da mente do cristão místico. HUNG é o condicionado no incondicionado. Conforme Blofeld a tradução de OM! MANI PADME HUNG é: Ó JÓIA DA FLOR DE LÓTUS, CONCEDEI-ME TODAS AS REALIZAÇÕES (ou mente onisciente). O significado primordial: MANI – método; PADME – sabedoria; HUNG – união. Tais interpretações são naturalmente de interesse, porém, é necessário acentuar que a reflexão sobre o simbolismo não faz parte da prática contemplativa. As sílabas mântricas não podem produzir seu efeito total sobre os mais profundos níveis de consciência do adepto se a sua mente está apinhada de conceitos verbais. O pensamento reflexivo deve ser transcendido, abandonado. Conhecido como o Mani, é o mantra do Bodhisattva Avalokiteshvara da Suprema compaixão, que toma a forma do Senhor Chenserig na Mongólia e no Tibet, e da bela Kuang Yin (kannon) na China e no Japão. Avalokiteshvara é conhecido pelos sábios, não como deus ou deusa. Mas, como uma encarnação de uma força abstrata que personifica a tremenda força da compaixão ou da sabedoria da realização sagrada. Sendo, segundo a doutrina Mahayana, tal como a interpretada pela seita Vajrayana, a suprema energia que brota da Fonte Suprema, e dali para as profundezas da consciência do adepto. A contemplação bem realizada, não requer reflexão cuidadosa sobre o simbolismo; há profundas razões no yoga para essa forma da divindade, sua postura, seus gestos, suas cores e atributos, que são reconhecidos e aceitos por todos quantos admitem que essa tradição vem de Nalanda, que representa e simboliza os mais altos padrões já alcançados no reino da erudição, especulação filosófica e sadhana espiritual. Padma-Patra (1995) coloca que as pessoas que bebem, fumam ou comem muita carde não deveriam pronunciar esse mantra com insistência (…). Pessoas rancorosas que pensam negativamente tampouco deveriam dedicar-se a esse mantra sem se purificarem física e mentalmente (…). Poucas pessoas assumem com seriedade o estudo e a prática do yoga. Em geral procuram uma técnica externa para produzir resultados (…). A mudança deve começar no interior do individuo. É ali que está o Deus adormecido que deve acordar. 10.2 CONFORME A VISÃO HINDU Feuerstein (2005) diz sobre o Om Mani Padme Hung que: É um tipo de Dhâranîs (armadura), os quais constituem uma categoria especial de mantras. São versões abreviadas de frases fundamentais das escrituras sagradas, que exprimem idéias quintessenciais. São usados especificamente para autoproteção. Blofeld (1995) diz que os mantras são uma manifestação sonora nascida da vacuidade. Eles são o som autentico da vacuidade e OM MANI PADME HUNG é o coração da sabedoria de todos os Budas. A quintessência das cinco famílias de Budas e dos mestres do segredo. As instruções que cada uma das seis sílabas encarnadas são a fonte de todas as qualidades e da beatitude, a raiz de toda realização proveitosa e feliz, o grande caminho em direção às existências superiores e à libertação. Os mantras são frequentemente os nomes de Budas, bodhisattvas ou de divindades. Om Mani Padme Hung nada mais é que uma maneira de nomear TCHENREZI, “que não tem nome”, mas no domínio do relativo, da realidade guia, ele é designado por nomes, que são o vetor da sua compaixão, da sua graça e do poder das aspirações que formula para o bem de todos os seres. Assim a recitação de seu nome transmite as qualidades de sua mente. Pela recitação recebe-se a graça da divindade; pela visualização, recebe-se a mesma graça, sem diferença. Considera-se que cada uma das seis sílabas permite fechar a porta dos renascimentos dolorosos em um dos seis mundos da existência cíclica. Os orientalistas traduzem erroneamente, essa frase, por: “Ó! A jóia no Loto”. Om é literalmente uma sílaba consagrada à divindade; Padme significa “no Loto” e Mani, quer dizer “pedra preciosa”; não são, no entanto, corretamente traduzidas as palavras em si mesmas, nem em seu simbólico significado. Nesta fórmula, a mais sagrada de todas as orientais, não só entranha a cada sílaba um secreto poder que produz definido resultado, mas a invocação completa tem sete distintos significados, com outros tantos efeitos, que diferem entre si. Esses efeitos dependem da entonação que se dê a fórmula em conjunto, e, a cada uma de suas sílabas; e ainda o valor numérico das letras se aumenta ou diminui segundo o ritmo que se empregue. Conforme Rinpoche (1991): Quando se compreende bem a mística invocação: “OM MANI PADME HUNG” ao invés de traduzi-la pelas incoerentes palavras – a Jóia no Loto – aludimos a esta indissolúvel união do homem e do Universo, interpretada de sete modos distintos com as possibilidades de sete distintas aplicações a outros tantos planos de pensamento e ação. Sob qualquer ponto de vista que examinarmos significa: “EU SOU O QUE SOU” – “EU ESTOU EM TI E TU ESTÁS EM MIM”. Nesta íntima união, o homem bom e puro se converte em um deus (…). Consciente ou inconscientemente, ele determinará, ou inocentemente provocará resultados inevitáveis. Blofeld (1995) coloca, se é um iniciado da direita, pode orientar uma corrente protetora ou benéfica e proteger e beneficiar assim o individuo e até a nação inteira. O homem bom se converte em uma benção e proteção para quem quer que esteja ao seu lado (…). A fórmula ”OM MANI PADME HUM”, por causa de sua quase infinita potencialidade na boca de um adepto, e de seu poder quando alguém a pronuncia. Rinpoche (1991) diz que no Tibet a invocação citada é um poderoso talismã, um feitiço, comunicado às nações da Ásia Central por Padmapâni, o Chenresi tibetano. Blofeld (1995) diz que, Amithaba então chamou a combinação, que tomou sua morada no homem. – “OM MANI PADME HUM”. “Eu sou a Jóia no Loto, e nele permanecerei”. Então Padmapâni, o UM no “Loto”, fez voto de trabalhar sem descanso até que a humanidade sentisse a presença dele em si mesma, e desse modo se salvasse das misérias da reencarnação (…). Prometeu também, conseguí-lo antes do término do Kalpa (infinitas reencarnações), acrescentando que, em caso de fracassar, queria que sua cabeça se rompesse em inúmeros fragmentos. Terminou o Kalpa, sem que a humanidade o sentisse em seu frio e malvado coração; por isso a cabeça de Padmapâni ficou destroçada e dispersa em mil pedaços. A Divindade movida de compaixão juntou os pedaços em dez cabeças, três brancas e sete de diversas cores. Desde aquele dia o homem é um perfeito número dez. nesta alegoria a potência do Som, Cor e Número encobrem, engenhosamente, o verdadeiro significado esotérico, físico e mágico. De Amitâbha (a glória branca), dimanam as sete diferenciadas cores do espectro solar. Cada uma delas emite seu correspondente som, formando os sete sons da escala musical (…). Pois bem, o primeiro requisito para todo aquele que estude as ciências esotéricas com este duplo objetivo, é conhecer, perfeitamente, a correspondência entre cores, sons e números. Om é um véu. A frase: “OM MANI PADME HUM”. Não consta de seis mais de sete sílabas, pois a primeira silaba é dupla. Devidamente pronunciada (A-UM), e tem essência trina. 11 O MANTRA GAYATRI Conforme Feuerstein (2005) escreve em seu livro sobre o Gayatrî-Mantra ou Mantra-Gayatri, que, caso se perguntasse a um hindu praticante qual o mais sagrado de todos os mantras monossilábicos, ele indubitavelmente responderia: OM. caso se perguntasse qual dos mantras compostos é o mais precioso, ele indicaria o Gayatrî-Mantra. Todo dia antes do nascer do Sol, milhões de hindus recitam esse mantra durante as abluções matinais. Devendo-se observar o Samdhya (conjunção) do nascer do Sol até o momento em que estiver totalmente visível no horizonte. Os textos sagrados recomendam que o Gayatri seja recitado o mais possível durante esse curto período a fim de que o adorador tenha uma vida longa e auspiciosa e, alem disso, adquira conhecimento espiritual. Esse mantra recebe seu nome da métrica poética, pois é composto de três pés (pâda) de oito sílabas cada um. As primeiras quatro sílabas não são fixas, mas as quatro últimas têm uma cadência prescrita. A palavra Gayatri é derivada da Raiz verbal GÂ/GAI, “cantar”, à qual se acrescenta o sufixo TRI. A mesma Raiz produziu a palavra Gitâ (cantado, canto ou cântico), particípio passado de Gâya (cantar). Existe uma interpretação esotérica do nome no Brihad-Âranyaka-Upanishad (5.14.4), que afirma que o mantra é assim chamado porque protege (trâ) a riqueza (Gaya) da pessoa – presume-se que se trate de riquezas materiais e espirituais. O Chandogya-Upanishad (3.12.1), diz: O Gayatri é a fala, pois a fala canta (Gâyati) e protege (Trâyati) o mundo inteiro. Pensa-se que o verdadeiro poder do Gayatri se encontra em seu quarto pé, o qual transcende a gramática e é o próprio Sol luminoso. Brihad-Arâniaka-Upanishad (5.14.3). o quarto (caturtha ou turîya) é um importante conceito metafísico dos Upanishads: significa aquela “parte” ou “aspecto” que está alem da vigília, do sonho e do sono sem sonhos. É o Si Mesmo (âtman) eternamente desperto, simbolizado pelo Sol. Por isso o Brihad-Aranyaka-Upanishad (5.14.7) traz o seguinte verso: Louvor ao teu quarto pé (Pâda), visível além do céu. Conforme Taimni (1991) A Japa (pronúncia meditativa) do Gayatri é uma parte integral da Samdhya (a meditação ao crepúsculo), a prática diária dos hindus. Isto mostra que os Rishis (sábios) lhe atribuíram a maior importância, não apenas para a vida daqueles hindus profundamente religiosos e que perseguem seriamente o ideal de emancipação espiritual (moksha), mas também para a vida do hindu comum que esta vivendo a vida mundana na busca da assim chamada felicidade. O Gayatri Mantra é o mesmo tempo um mantra e uma oração universal. Ele pede para deixar ao aspecto maternal de Deus, a concessão de um claro intelecto, para que a verdade possa ser refletida nele sem distorções. A tradição hindu conta que Brahma recebeu este mantra da Suprema Divindade e, ao meditar sobre o seu significado, teve o poder de criar o universo. “Om”. Contemplemos aquele esplendor celestial do deus Savitri (estimulador), para que Ele inspire nossas visões. Estimuladora, é a personificação do aspecto vivificante e animador da divindade solar védica, Surya, que representa a luminosa Realidade suprema e o principio da iluminação espiritual. Conforme Padma-Patra (1995) a tradução fica dessa forma: “Oh. meditemos na gloria de Deus, Ishvara, criador do universo, digno de nossa devoção. Dê-nos luz e discernimento”. No Bhagavad-Gita Krishna diz: “Entre os versos sou o Gayatri”. Uma das histórias da Índia relata que o deus Indra aconselhou Manu a “Recitar o Gayatri porque com sua grande força é possível dominar todos os Vedas”. Swami Sivananda (2006) dá o seguinte sentido para este grande Mantra: ###14 Significado do mantra: Aum= Brahman ou o Ser Supremo bhuuH= incorporação da energia vital espiritual ou Prana bhuvaH= destruidor dos sofrimentos swaH= incorporação da felicidade tat.h= que savituH= brilho; luminosidade tal qual o Sol vareNyaM= melhor escolha bhargo= destruidor das impurezas devasya= divino dhiimahi= que embeba dhiyo= intelecto yo= quem naH= ou prachodayaata= que inspire “Nós meditamos na glória do Criador; Quem criou o Universo; Que é digno de adoração; Que é a corporificação do Conhecimento e Luz; Que é o removedor de todas as Impurezas e da Ignorância; Que Ele ilumine e nos inspire”. “Ó Deus, Vós sois o doador da vida; o removedor das dores e dos sofrimentos, a maior das felicidade; Ó Criador do universo, que nós recebamos Tua misericórdia na remoção de nossas impurezas por Tua luz; que Vós guieis nosso intelecto na direção correta”. Padma-Patra (1995) escreve! Meditamos sobre a Luz Divina do adorável Sol da Consciência espiritual que estimula nosso poder de percepção espiritual. Ó Divina Mãe! Ilumine nossos corações e todo nosso ser interno. Ó Gloriosa Luz que ilumina os três mundos, eu oro a Vós para iluminar meu intelecto e dissipar minha ignorância, como a esplêndida luz do Sol dissipa toda a escuridão. Eu oro a Vós para fazer meu intelecto sereno, brilhante e iluminado. A tradução do Gayatri Mantra na visão de Padma-Patra (1995) é a seguinte, Ó Mãe Divina! Tu que subsistes nos três mundos: Bhur (a Terra, o mundo físico); Bhuvah (o espaço, o mundo astral) e Swaha (o céu, o mundo causal); que estás presente nos três Kalas (períodos de tempo: passado, presente e futuro) e nos três Gunas (atributos da matéria: Sahwa, o equilíbrio, Rajas, a atividade e Tamas, a inércia). Eu oro a Ti para que ilumines o nosso intelecto e disperses nossa ignorância, assim como a esplendorosa luz do sol dispersa toda a escuridão. Oro a Ti para que tomes nosso intelecto sereno e iluminado”. Padma-Patra (1995) coloca que antes de se passar adiante; é bom dizer que a palavra Gayatri requer uma explicação detalhada. O primeiro ponto que se deve salientar é; o mantra védico com o qual a maioria das pessoas se familiariza é um em uma classe de mantras dedicados a quase todas as divindades importantes do yoga, como demonstrados a seguir: Gayatri Shirah: “Om apo jyoti reso’mrtam Brahma Bhur bhuvah suvat Om”. “Om são as Água, a Luz, a Essência, o Eterno, a Realidade; os mundos físico, intermediário e celeste são Om”. Vishnu Gayatri: “Narayanaya vidmake vasudevaya Dimahi tanno visnuh prachodayat”. “Conhecemos Narayana; meditamos em Vasudeva; possa Vishnu inspirar nosso (conhecimento e meditação).” Shiva Gayatri: “Tatpurusaya vidmahe mahadevaya dhimahi tanno rudrah prchodayat.” “Conhecemos aquele espírito (Purusha); meditamos em Mahadeva; possa Rudra inspirar nosso(conhecimento e meditação).” Dakshinamurti Gayatri: “Dakshinamurtaye dimahe dhyanasthaya dhimahi Tanno dhi sah prachodayat.” “Conhecemos Dakshnamurti (forma benevolente de Rudra); meditamos Nele que está absorto em meditação; possa o Senhor dos pensamentos (dhi Shah); inspirar nosso (conhecimento e meditação).” Durga Gayatri: “Mahadevyai ca vidmahe durgadevyai ca dhi mahi tanno devi prachodayat.” “Conhecemos a grande Deusa; meditamos em Durga, possa A Deusa inspirar nosso (conhecimento e meditação).” Padma-Patra (1995) coloca também que, observando as palavras Dhimahi, Vidmahe e Prachodayat que são comuns a todos esses mantras Gayatri. Sendo, portanto natural deduzir-se que se trata de palavras nas quais o significado essencial do mantra está contido. A diferença principal é que no Gayatri original a divindade do mantra é Savita ou Surya Narayana, e nos outros mantras Gayatri, outras divindades como Shiva, Vishnu e outros são evocados. Outros dois correlatos do mantra Gayatri são: Trishtup e Jagati; que foram designados para as castas dos guerreiros (kshattryas) e dos mercadores (vaishyas), respectivamente, embora eles também possam usar o Gayatri na métrica gayatri: Gayatri para Kshattriyas: “Om devasya savitur matimasavam visvadevyam dhiya bhagam manamahe.” “Om oramos pela sabedoria do Divino Savita, a qual é a causa de toda a prosperidade e que, para todos os deuses é benéfica.” Gayatri para Vaishyas: “Om vissva rupani pratimuncate reavih pravasid bhadram dvipade catuspade vinakam akhyat savita varenyo nuprayanam usaso virajati.” “Om o Sábio se adorna por meio de todas as formas; ele traz beneficio para bípedes e quadrúpedes; o excelso Savitar observa da abóboda celeste que brilha depois que Ushas (aurora) se despede.” Conforme ainda Padma-Patra (1995) em função da tradição de castas na Índia, mulheres e a classe trabalhadora (Shudras) não eram autorizadas a recitar o Gayatri védico; sendo talvez esse o motivo de ter se popularizado outras formas de Gayatri. O segundo ponto é que o mantra Gayatri não é apenas um mantra. É uma combinação de mantra e de oração. Um mantra simples depende para ser eficaz, do mantra Sakti, ou o poder da vibração do som. Podendo ter ou não algum significado particular. Muitos mantras parecem não ter significado algum e não fazem nenhum sentido parecendo sons inarticulados. Por outro lado o mantra Gayatri tem o tremendo poder da oração. Como o indicado pela descrição: Gayantram trayate iti Gayatri (Aquele que salva o que recita). Ele traz em forma de mantra a oração mais forte que alguém pode entoar. Quando a oração ou o mantra é colocado de forma pura e sem objetivos egoísticos ela adquire um poder de penetração no universo profundo e poderoso. É um chamado da Mônada individual (Jivatmã), ao Espírito Supremo (Paramatmã). Que é a própria fonte de seu ser e de poder espiritual devendo ser ouvida e respeitada. Estudando a estrutura e o significado do mantra, observamos que este possui três partes distintas. Cada uma com um propósito e um significado único. 1 – o Pranava OM e os Maha Vyahritis (bhuh, bhuvah, suvah, etc.) 2 – a frase Tat Savitur Varenyam Bhargo Devasya Dhi mahi 3 – a ultima sentença Dhyo Yo Nah Prachodayat. O propósito dessas três partes no Mantra Gayatri é de delegar certos poderes aos Sadhakas (orientadores espirituais), preparando-se para o funcionamento da segunda e terceira parte do mantra. Poderes esses que são estimulados pelo som (Vak), que harmoniza os veículos sintonizados com as forças de planos supra-físicos, tornando-se possível, estados superiores de consciência manifestada. A primeira parte do mantra Gayatri, é o Pranava e Maha Vyahritis. Tendo como objetivo o despertar dos poderes espirituais inerentes em cada coração humano, e que poderão ser transformados conforme a vontade e o preparo de cada um, sendo potencializados com o uso do som dos mantras. A expressão de sons e a meditação fazem parte do misterioso poder de despertar no Sadhaka, os poderes da Divindade pela expressão verbal desses sons. A palavra Vachakah, não é um nome e sim um tipo especial de indicador com o poder de remover gradualmente os véus mentais que separam o sadhaka de seu Ishta Devata ou Divindade, que quando escolhida produz a fusão de suas consciências por meio do Japa. Transformando o poder da consciência no sadhaka, em um poder quase ilimitado. A segunda parte objetiva do mantra estimula na mente do sadhaka uma intensa aspiração para entrar em contato com a consciência de Brahman. Sua consciência é uma parte da Consciência Universal. Porém, por causa das limitações e desvios causados pelos mundos inferiores, perdeu-se a percepção que é a unidade dos dois. E como o objetivo é a integração do homem com o Ser Absoluto, a utilização do mantra para esse propósito se intensifica, acontecendo a união do Jivatmã com Paramatmã de forma gradual. A última parte objetiva criar uma identidade com a auto-entrega (Atmasamarpana), essencial para o recebimento da graça Divina (Kripa). Após intensa dedicação aos Yamas e Niyamas (…) é possível se entrar em harmonia com a compaixão de Brahma, tornando-se receptivo as forças supra-físicas da bem aventurança. É somente com essas condições que as mesmas fluirão livremente na mente preparando-a para a iluminação. 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS A carência de materiais sobre o tema “Mantras”, foi o que levou a dedicar esse trabalho de conclusão de curso, especificamente aos mantras dando uma visão budista à tradição hinduísta. Quando a mente se aquietou, é porque o mantra começou a causar efeito nas células em um primeiro momento e posteriormente esse efeito se espalha por todo o corpo físico e consequentemente ao corpo astral. Num segundo momento os outros corpos passam a senti-los de forma cada vez mais intensa. Transformando o praticante em um ser envolvido por uma atmosfera de paz e estabilidade emocional para realizar sua prática meditativa. Ao se entoar mantras, a espiritualidade se eleva, colocando o praticante em um estado de abstração. A invocação do mantra pode causar uma transformação na mente, transcendendo a própria matéria. É visível o êxtase do praticante, quando este entoa o mantra em total concentração, entrando em conexão com o “Absoluto”. Por esse motivo a grande maioria das religiões tem como prática, para entrar em comunhão com o Divino, entoar cânticos de louvor. Estando em silêncio absoluto, em profunda concentração, torna-se muito mais fácil atingir os propósitos para os quais o praticante estiver se propondo. Como o mantra é um instrumento de proteção para a mente, por meio dele é possível trabalhar o psico físico de quem o pratica. Por isso com o mantra-yoga é possível modificar atitudes, desde que esteja de coração aberto e vontade de proporcionar mudanças em sua vida. Pois, como se sabe o objetivo do mantra é a alteração da consciência com o propósito de se voltar para o Absoluto. Porém, existem outros objetivos menores, para alcançar a prosperidade, a proteção, ativar a capacidade criativa, incentivar o desapego, aumentar a compaixão, obter a capacidade do perdão, a obtenção da cura e a capacidade de amar incondicionalmente. A palavra é uma das manifestações de som do ser humano, e ela é uma das formas de expressão maior do homem. Onde acontece a conexão com seu habitat, e com seus semelhantes. Sendo possível estabelecer também o elo entre a criação e o Criador. O próprio pensamento se manifesta através da palavra. A palavra é som e som é mantra. Com o auxilio dos mantras é possível limpar a mente promovendo uma alteração no comportamento mental para a condução de idéias superiores, obtendo-se um apoio elevado e permitindo o aflorar da divindade interna de cada um. A pronúncia correta dos mantras é para alguns autores de suma importância; quanto para outros a importância maior é a consciência. Conforme a vibração do mantra irá proporcionar uma modificação nos estados de consciência – podendo os mantras ser considerados um Iluminador. Porém para se atingir esse estado é necessário um treinamento sistemático, e com isso o objetivo será alcançado com pleno êxito. A mente pode relacionar-se com o exterior, deslocando a consciência para poder se interligar com os objetivos e com pessoas, fundindo-se com o universo, se tornando prisioneira nessa relação. Deixando os sentidos agitados, as sensações se intensificam e a conexão se solidifica. Por vezes essa relação trás danos à mente, não permitindo que ela se desligue dos problemas, e se voltando para si mesma. O ato da exteriorização mental é por vezes danoso a própria vida, atraindo mesmo de forma inconsciente muitas impropriedades, que produzem sentimentos negativos e até mesmo patologias. E com a prática de entoar mantras é possível desvincular essas conexões negativas, e interiorizar, de forma positiva a mente, silenciando e trazendo novamente a individualidade sem temorização. A mente serena é capaz de brilhar, de assombrar o próprio feitor, mas também é capaz de elevar-se na grandeza do Absoluto. Trazendo a unicidade com Deus na vastidão da própria consciência. Oportunizando a autodescoberta, reconhecendo no individuo a própria identidade divina. O “Eu Sou”. Ocorrendo uma percepção real, uma vivência espiritual que eterniza a sabedoria divina. Sendo um estado que abrange o todo. Trabalhou-se nas aulas de Hatha Yoga durante um ano e meio, vários mantras. Tendo sido colocado na meditação o mantra OM. Fazendo com que o rendimento dos alunos fosse maior. Redescobriram-se como sendo seres com possibilidade de modificação. Tornaram-se pessoas mais calmas e felizes. Testemunharam muitas vezes um estado pleno de serenidade e de autorealização. A energia espiritual que advém dos mantras proporcionou um sentimento de grandiosidade; ora nos confundindo na sua imensa complexidade, ora tocando nosso coração com uma amorosidade imensa e uma compaixão inexorável. Por vezes aflorando as lagrimas e sentindo-se emudecer a voz; parando a mente e transportando-se para além dos sentidos. Apenas sentindo-se O Si Mesmo. Com algo a mais se expressando. Querendo que tudo parasse. Mas tudo corre contra o relógio e o trabalho tem que se concluir. Mas é certo que a pesquisa e a pratica dos mantras já faz parte do nosso “Eu”. Não havendo como separar-se… uma paixão estupenda brotou e enfim agora esse é o caminho… O que fazia Deus antes da criação do mundo? O filósofo e escritor ( e, mais tarde, santo) Agostinho levantou essa questão nas suas “Confissões”, do século IV, e encontrou uma resposta surpreendentemente moderna: antes de Deus ter criado o mundo não havia tempo e, portanto, nenhum “antes”. Parafraseando Gertrude Stein, não havia “então”. Com as muitas facetas do Big Bang se encaixando tão bem, os teóricos se sentem animados a dar um novo salto no desconhecido e tentar entender o que estava acontecendo antes mesmo do Universo nascer. Isso poderia ser feito, se a relatividade fosse acoplada à outra grande idéia teórica do século XX, a mecânica quântica. “Esse casamento unificaria não apenas os conhecimentos científicos como também duas das grandes mitologias do passado – a judaico-cristã e a budista-hinduísta.” A primeira, de acordo com o gênese, admite que o Cosmo teve um princípio bem definido, como no Big Bang. Mas a segunda, por advogar a existência do nirvana, um estado de vazio e quietude absolutos, postula que o Universo independe do tempo; ele nunca teve começo e jamais terá fim. Conforme divulgação da NASA (agência espacial norte-americana) imagens super detalhadas de uma das nebulosas planetárias mais próximas do Planeta Terra, a nebulosa Hélix que fica a 650 anos-luz daqui, cerca de 6,15 quatrilhões de quilômetros A fotografia mostra uma estrutura de filamentos incrustada em anéis de gases vermelhos e azuis. Segundo a NASA, a nebulosa Hélix parece redonda porque o Hubble a enxerga “de lado”. Na verdade, a imagem representaria a entrada de um túnel de gases brilhantes com trilhões de quilômetros. As nebulosas planetárias são nuvens gigantescas de poeira e gases que envolvem estrelas vermelhas gigantes maiores e mais antigas que o Sol. Imagem essa apelidada de “Olho de Deus”. Antes do Big Bang não haveria nada – algo semelhante ao nirvana, destituído de matéria, energia, tempo ou espaço. Mas, como a mecânica quântica não admite situações imutáveis, o nirvana teórico não seria tão quieto assim. “Ele lembraria uma fervura, onde universos inteiros brotam e desaparecem constantemente, como bolhas em expansão.” Cada bolhinha dessas representa um Big Bang independente. Alguns dos universos nascidos na fervura do nada, cresceriam até o ponto de gerar galáxias, buracos negros ou planetas, até terminar os seus dias nas cinzas da morte térmica. Haveria também chabus cósmicos – bolhas que desapareceriam em frações de segundo – e é até possível que dois microcosmos em expansão colidissem, produzindo um terceiro universo. Seja como for, nosso objeto de estudo não é mais o nosso Universo, mas toda a família cósmica – o Multiverso. E, no conjunto, essa multiplicidade de universos é realmente intemporal, como o próprio nirvana. GLOSSÁRIO Sânscrito é a língua erudita da Índia, a língua da História, da Religião, da Filosofia, bem como da Literatura e da Ciência clássica da Índia. Tudo que se possa conhecer sobre a Índia passa pelo Sânscrito. A Índia é o Sânscrito e o Sânscrito, a Índia. É a linguagem unificadora da Índia, trazendo-nos e levando-nos a tempos imemoriais, apresentando, hoje, os ideais firmados pelos veneráveis rsis (sábios). O Sânscrito se acha nos rios, nas montanhas, nas florestas, nas cidades da Índia. Encontra-se nos deuses, nas orações, nos rituais, na música. Embora não seja uma língua falada, ela é viva porque se trata de uma língua de cultura. Ainda hoje é pesquisada, recitada, estudada, cantada, lembrada. Pãnini foi o importante gramático indiano que possibilitou o uso do Sânscrito sem, contudo, torná-lo uma língua falada, sujeita a transformações. Através de sua obra — Astãdhyayi—, construiu a estrutura completa da linguagem sânscrita, dando uma detalhada teoria científica de fonética, fonologia e morfologia. Com Pãnini, o sânscrito, até então chamado védico, adquiriu sua forma clássica. Pãnini nasceu em Salatula, no Vale do rio Indu (atual Paquistão), entre os séculos V e VI a.C. Foi somente com a descoberta do Sânscrito e da obra de Pãnini que o Ocidente desenvolveu a lingüística, no século XIX. Segundo Patañjali, o sânscrito surgiu na região Aryavarta, entre os rios Indus (Sindhus) e Ganges, limitada ao norte pelos Himalaias e, ao sul, pela cadeia de montanhas Vindhya (centro da Índia). Pesquisas científicas recentes, apoiadas na mais moderna tecnologia e satélites da NASA estão demonstrando que exatamente nesta área, região noroeste da Índia, existiu ao Civilização Sindhu-Sarasvati, berço do Veda e do Sânscrito. Nesta região existiu também o rio Sarasvatí considerado o maior rio sagrado da Índia, Seco em 3000 a.C. em virtude de acomodações do solo do subcontinente indiano e do desvio da rota de rios que o alimentavam. O rio Sarasvati deu origem ao culto à deusa Sarasvati pelo povo que vivia às suas margens.Sarasvati— Deusa do Conhecimento — é identificada com o som, a palavra. Sindhu-Sarasvati, Civilização Harappyana ou Civilização Védica) As inscrições dos selos (mudrã) encontrados nesta região, provavelmente, demonstram a origem da escrita devanãgarî (escrita sânscrita). O norte foi o lar do Sânscrito, mas ele dominou todo o território indiano por sua grandeza, pureza e força, vencendo todas as influências com as quais deparou, como as línguas Prakritas (populares, faladas) e as línguas de povos invasores No sul da Índia, cujas línguas são de origem dravidiana, a região Tamil Nadu teve um importante papel na valorização do Sânscrito e da cultura védica por meio de seus reis que começaram a patrocinar o estudo do Sânscrito, visando a aquisição do conhecimento védico. O Sânscrito, ou melhor, Samskrtam Bhãsã, significa a “linguagem bem feita”. A palavra Samskrtam é composta do prefixo “sam” (adequado, bem, perfeitamente) e de “Krtam” (particípio passado do verbo – fazer) e significa, portanto, “aquilo que é bem feito”. É também chamado Deva Bhâsâ “a linguagem resplandecente” ou, popularmente, a “linguagem dos deuses”. Sua (escrita é denominada devanãgãri escrita resplandecente ou a escrita da cidade dos deuses). Samskrtam Bhãsã, é a linguagem que junto com a tradição de ensinamento mantida pela linhagem de mestres, constituem os pilares da preservação do conhecimento mais precioso que o homem pode almejar, a busca da compreensão de sua Verdadeira Natureza. O alfabeto Sânscrito é chamado , guirlanda de letras = letra + = guirlanda. ###15 A palavra Yoga escrita no original: ###16 A Achárya – mestre, preceptor. Ashyuta – firme, forte, imutável, eterno, imortal. Um dos títulos de Vishnu e de Krishna. Adharma – injustiça, impiedade. Ver dharma. Adhibhúta – Ser supremo. Adhidaiva – Divindade suprema. Adhiyajña – sacrifício supremo. Adhyátman – Espírito supremo. Aditya – o Sol. Adityas – filhos de Aditi, mãe dos deuses. As doze personificações do Sol em cada signo do Zodíaco, que presidem os doze meses do ano. Seu chefe é Vishnu, que preside o mês em que começa a primavera. Agni – fogo ou deus do fogo. Ahamkára – egotismo, ou consciência do ser pessoal. O princípio graças ao qual adquirimos o sentimento da própria personalidade, e a ilusória noção de que o não-Eu (corpo) é o Eu (Espírito), a atribuição de todas as ações do Eu que é inativo e imutável. Airávata – rei dos elefantes, cavalgadora do deus Indra. Akasha – espaço, éter. Amrita – néctar dos deuses, ambrósia ou alimento da imortalidade. Ananta – rei dos nagas. Serpente de mil cabeças, sobre cujo corpo descansa Vishnu. Ao fim de cada kalpa, vomita um fogo devorador que destrói toda a criação. É símbolo da eternidade. Antahkarana – as faculdades internas: Buddhi, Ahamkára e Manas, que, consideradas em conjunto, constituem o \”orgão interno\”, ou alma, cuja atividade se estende ao passado, presente e futuro. Antarátman – alma. Aparaprakriti – a natureza inferior da divindade. Arjuna – terceiro dos príncipes Pándavas. Filho de Pándu e Prithá, ou Kuntí. Na verdade, Arjuna foi misticamente engendrado pelo deus Indra. Arya – nobre. Aryaman – chefe dos pitris. Asat – não-ser. A natureza objetiva considerada ilusória. Asita – um dos rishis. Asuras – demônios, inimigos dos suras (deuses). Átman – o Eu Supremo, Espírito. Significa também: natureza, essência, caráter, vida, coração, mente, inteligência, pensamento, etc. Avatar – equivale a encarnação, especialmente de um deus que desce à Terra assumindo uma forma visível. Avyakta – imanifesto, invisível. Avyaya – imutável, imperecível. Ashwattha – figueira sagrada. Ashwattháma – filho de Dróna, um dos comandantes do exército Kaurava. Ashvins – gêmeos filhos do Sol, chamados Násatya e Dasra. B Bhagavad Gítá – canto do Senhor. Bhakti – adoração, devoção, amor divino. Bhakti Yoga – caminho da devoção. Bhárata – suposto primeiro rei da Índia. Bharatiya – descendente de Bhárata. Bhima – segundo dos príncipes Pándavas, engendrado misticamente por Váyu, deus do ar. Comandante do exército Pándava. Bhíshma – cunhado de Vishitravírya, chefe do exército Kaurava. Bhrigu – chefe dos grandes rishis. Bhútas – espíritos elementares. Segundo a fantasia popular, são larvas, vampiros, duendes, fantasmas ou espíritos maléficos que freqüentam cemitérios, animam os corpos dos mortos e devoram seres humanos. Bindu – “ponto”, “gota”. Esta palavra possui diversos significados: por um lado, o bindu designa o centro a partir do qual se expande o Universo, lugar em que se unem todas as formas de manifestação da Prakriti. O bindu representa igualmente o som transcendental do Absoluto. No Hatha Yoga e no Tantra, designa o sêmen ou o fluxo vital masculino, que precisa ser retido ou reabsorvido durante o intercurso sexual ritual (maithuna). Brahman – o Ser Supremo, o Absoluto, o Espírito Universal e Eterno; o Impessoal, Supremo e inconcebível princípio do Universo. Brahmá – divindade material e perecível, personificação do poder criador de Brahman. Brahmachárya – voto de castidade. Brahma-sútras – aforismos relativos a Brahman. Bramána ou Brâmane – indivíduo da casta sacerdotal, a primeira das quatro castas da Índia. Comentários ou interpretações de certas partes dos Vedas. Brihaspati – sacerdote de Indra, preceptor dos deuses. O planeta Júpiter. Brihat Saman – o grande hino. Faz parte do Sama Veda. Buddhi – intelecto, razão, juízo, entendimento, conhecimento. O poder pensante em si mesmo, independente das impressões recebidas pelos sentidos; a faculdade de julgar, discernir e decidir. Buddhi Yoga – caminho do conhecimento. C Chaitanya – mente, entendimento, inteligência, consciência. Chakra – disco, arma de arremesso. Chara – móvel, animado. Chekitána – rei dos Pándavas. Chela – discípulo, neófito. Cheta – mente, pensamento, ânimo, coração, alma. Chitraratha – chefe dos Gandharvas, ou músicos celestes. Chitta – mente, inteligência, pensamento. Ver Antahkarana. D Daityas – gigantes descendentes de Diti. Lutaram com os deuses pela soberania dos céus; vencidos, refugiaram-se no inferno. Dánavas – gigantes ou demônios descendentes de Dánu. Deva – ser celestial, divindade inferior. Devala – um dos filhos de Vishwamitra. Por sua grande sabedoria, chegou a ser um dos sete Rishis. Devarishis – Rishis divinos. Semideuses que habitam o céu de Indra. Dhananjaya – que acumula riquezas. Dharma – lei, religião, justiça, dever, piedade, virtude, prática. Deus da justiça. Dhrishtadyumna – filho de Drupada, um dos chefes do exército Pándava. Dhrishtakétu – rei de Chedi, aliado dos Pándavas. Dhritaráshtra – rei de Hastinápura. Cego de nascença, teve que renunciar ao trono em favor de Pándu, seu irmão menor. Teve cem filhos com Gándharí. O mais velho era Duryodhana. Draupadí – nome de família da filha do rei Drupada, esposa comum dos cinco príncipes Pándavas. Dróna – sábio bramána, preceptor militar dos príncipes Kauravas e Pándavas, um dos chefes do exército Kaurava. Drupada – rei dos Panchálas, um dos chefes do exército Pándava. Duryodhana – primogênito dos príncipes Kauravas, filho de Dhritarashtra. Dominado pela inveja e pela ambição, foi causa da guerra entre Kauravas e Pándavas. Dvandvas – pares contrários. É a suscetibilidade ao prazer e à dor, a luta das paixões, a ilusão nascida das simpatias e antipatias. Dvija – duas vezes nascidos. Título dado em geral aos bramánas. G Gandharvas – seres celestiais, músicos ou cantores dos deuses. Habitam o paraíso de Indra. Gándíva – que fere no rosto. Nome do arco de Arjuna, presente de seu pai, o deus Indra. Gítá – canto, poema, hino. Govinda – vaqueiro. Krishna recebeu esse qualificativo por ter sido criado na família de um vaqueiro chamado Nanda. Gudákesha – senhor do sono, ou \”de cabeleira redonda\”, sobrenome de Arjuna. Gunas – os três modos, qualidades ou atributos que constituem a matéria: sattwas, rajas e tamas. Guru – qualquer pessoa venerável ou digna de respeito. Mestre espiritual. H Hari – um dos nomes de Vishnu. O que dissipa a ignorância. Hrishikesha – senhor dos sentidos, \”o de cabeleira frisada\”. Sobrenome de Krishna. I Ikshváku – filho do legislador Manu; primeiro rei da Dinastia Solar e um dos rishis reais. Indra ou Vásava deus do firmamento, rei das divindades siderais. Indriyas – Os cinco órgãos de sensação ou percepção e os cinco órgãos de ação. Ishvara – Deus, Senhor, Soberano. J Jáhnaví – filha de Jahnu, o rio Ganges. Janaka – rei de Mithila, um dos grandes richis, célebre por sua sabedoria e santidade. Janárdana – sobrenome de Vishnu e de Krishna. Significa \”perseguidor de inimigos\”, \”o adorado pela humanidade\”, etc. Japa-yajña – sacrificlo que consiste na recitação em voz baixa, fórmulas, orações ou textos sagrados. Jiva – vida, ser vivente, o Eu ou espírito individual. Jivátman – espírito individual encarnado em um ser. Jñána – conhecimento, saber, inteligência. Conhecimento adquirido através dos livros, ou de ensinarnentos orais dos mestres. Jñána Yoga – Yoga da sabedoria ou conhecimento. Jayadratha – rei dos Sivis, ou Sindhavas, um dos chefes do exército Kuru. K Kála – tempo, morte. Kalpa – um ciclo, ou seja, um Dia de Brahman. Káma – Deus do amor e senhor das ninfas celestes. É representado como um belo rapaz, armado de arco e cinco flechas enfeitadas com flores, com que fere os sentidos. Significa também: desejo, amor, prazer, inclinação, etc. Kámaduk – vaca da abundância, da qual se podia extrair o que se quisesse. Kandarpa – outro nome de Káma. Kapila – célebre asceta (muni), fundador do sistema Sámkhya. Karma – ação, obra, função, ofício, cargo, dever, etc. Também significa o destino que surge da natureza de cada indivíduo, moldado por suas palavras, ações, pensamentos e desejos (da existência atual ou das anteriores). Karma Yoga – devoção através das obras. Caminho da ação. Karmendriyas – Os cinco órgãos ou poderes de ação. Karna – rei de Anga e um dos chefes dos Kurus. Kavi – poeta, sábio. Kshatriya – guerreiro. Indivíduo pertencente a segunda casta da Índia. Kshetra – matéria, ou seja, o campo, meio, veículo ou corpo em que reside o espírito. Kshetrájña – conhecedor de kshetra, o espírito. Keshava – outro dos nomes de Krishna. Significa \”o de abundante cabeleira\”. Krishna – oitava encarnação de Vishnu; o Salvador; o deus mais popular da Índia. Filho de Vasudeva e Devaki, era primo de Arjuna. Para escapar da perseguição de seu tio Kansa, foi entregue aos cuidados de uma família de pastores, que vivia do outro lado do rio Yamuná. Percorreu a Índia com seus discípulos, predicando. Kripa – rei dos Panchalas, um dos chefes do exército kaurava. Krodha – ira, cólera, furor, ódio, paixão. Kumáras – Sanaka, Sanandana, Sanátana e Sanatkumára. Nasceram da mente de Brahmá. Kuntí ou Prithá – uma das esposas de Pándu, mãe de Yudishtira, Bhíma e Arjuna, engendrados misticamente pelos deuses Dharma, Váyu e Indra. Kuru – antigo rei, antecessor comum dos Kurus e dos Pandavas. Kurukshetra – campo de Kuru. Lugar santificado pelos atos piedosos de Kuru. Kuvera ou Vitteza – deus das riquezas. Habita as regiões das trevas como rei dos Yakshas e Rákshasas, que são os guardiães de seus tesouros. Kuza – erva sagrada da Índia. L Linga – corpo sutil constituído pelo buddhi, ahamkára, manas e pelos dez indriyas, unidos pelos cinco elementos sutis (tanmátras). Logos – a deidade manifesta; expressão ou efeito da causa que permanece oculta, imanifesta. Loka – mundo, região, lugar, geração, humanidade. M Mádhava – sobrenome de Krishna. Madhu – gigante morto por Krishna. Mahábáhu – \”o de braço poderoso\”, título dos príncipes ários. Mahabhárata – a grande guerra dos Bháratas. Epopéia indiana. A Bhagavad Gítá é um dos seus episódios. Mahabhútas – Os cinco elementos compostos: éter, ar, fogo, água e terra. Maharishis – grandes rishis. Mahatma – grande alma. Mahakalpa – período de tempo que compreende cem anos de Brahmá. Mahayuga – grande idade. Consta de quatro yugas (idades). Makara – monstro marinho, montado por Varuna, o deus do oceano. Manas ou Manah – o sentido interno, que comanda a ação dos sentidos e analisa, sintetiza e elabora as impressões transmitidas por estes. Mantra – oração, hino ou canto religioso. Manu – personificações do pensamento divino, presidem os diversos ciclos da existência. Manwantara – Dia de Brahmá. Márichi – chefe dos Maruts, personificações dos ventos. Um dos antecessores solares da Humanidade, um dos sete rishis primitivos. Maruts – deuses ou personificações dos ventos. Máyá – ilusão. O poder mágico do pensamento, capaz de criar formas ilusórias, criador do mundo dos fenômenos. Medhá – inteligência, conhecimento, sabedoria. Moksha – Libertação, salvação. Libertação de todo nexo com a matéria. União do espírito individual com o espírito universal. Múlaprakriti – matéria primordial, informe e indiferenciada, da qual surgem todas as formas materiais do Universo. Muni – santo inspirado, asceta que observa o voto do silêncio e vive isolado, entregue à contemplação. N Nagas – serpentes com rosto humano, dotadas de grande sabedoria e linguagem. Nakula – quarto dos príncipes pándavas, filho de Madrí, engendrado por Násatya. Nara – homem. Narada – um dos dez progenitores da Humanidade, nascidos de Brahma. Naraka – inferno, lugar onde os mortais expiam suas culpas, sofrendo o castigo que merecem. Nirvana – completa absorção do Eu, ou espírito individual no espírito universal, do qual é uma parte. O homem deixa de existir como homem para existir como Deus em um estado de repouso consciente na onisciência, em eterna bem-aventurança. O OM ou AUM – mistério dos mistérios, essência da sabedoria. A palavra que manifesta a divindade. P Pándava – nome derivado de Pándu, designa seus descendentes. Pandita – professor, sábio. Pándu – segundo filho de Vyása, irmão do rei cego Dhritaráshtra, pai adotivo dos cinco príncipes pándavas. Parabrahman – supremo Brahman. Paramátman – espírito supremo. Parameshvara – Senhor suprerno. Um dos nomes de Vishnu. Parantapa – perseguidor de inimigos. Paraprakriti – a natureza superior da divindade. Pártha – nome de família de Arjuna, filho de Prithá. Pávaka – fogo, ou deus do fogo. Pisháshas – asuras inferiores, gênios maus, ou vampiros. Pitris – deuses manes, deuses lunares, antecessores da Humanidade. Manes dos antepassados. Prahláda – rei dos Daityas. Prajapáti – progenitor, criador. Prakriti – natureza material em oposição a Purusha, ou Espírito. Eterna e incriada como o Espírito, diferencia-se deste por ser inconsciente, ativa e sempre sujeita a transformações. Pralaya – dissolução, destruição, fim, morte. A noite de Brahmá, ou período de dissolução do Universo. Prána – princípio de vida, alento vital. Pránáyáma – um dos exercícios preparatórios do Yoga. Pranava – lisonja, ou expressão laudatória. Pretas – seres humanos desencarnados que habitam as regiões das sombras. Purusha – homem, ser masculino, princípio criador, espírito divino. Espírito em contraposição à matéria (Prakriti), princípio espiritual, eterno consciente, incriado, inativo e imutável. Purushottama – princípio supremo, espírito ou ser. Título da divindade suprema. Purujit – aliado dos Pándavas. R Rájarishis – rishis reais. Rajas – segunda qualidade da matéria. Paixão, agitação, mobilidade, atividade, ambição, dor, etc. Rakshasas – espíritos malignos inimigos dos deuses e dotados de grande poder. Ráma – sétima encarnação de Vishnu. Rishis – sábios que, mesmo depois de completar sua evolução como homens, permanecem em contato com a Humanidade, ajudando-a a progredir. Rig Veda – o mais antigo dos Vedas. Rudras – seres celestiais, semideuses, senhores dos três mundos celestiais. São onze e personificam os onze atributos de Shiva. Seu chefe é Hara, ou Shankara, que é o próprio Shiva, terceira pessoa da trindade hindu. S Sádhyas – santos, perfeitos. Divindades inferiores ou deuses cósmicos que habitam a região intermediária entre o Céu e a Terra. Sahadeva – quinto dos príncipes Pándavas. Filho de Madrí, engendrado por Dashra. Samádhi – contemplação extática, chega a perder a consciência da própria individualidade. O grau superior do Yoga. Samsára – ciclo de nascimentos e mortes, a vida transmigratória, existência terrena. Sámkhya – um dos seis Darshanas, sistemas filosóficos da Índia, fundado por Kapila. Sannyása – renúncia, abandono. Renúncia à ação relacionada com os desejos. Samnyási – renunciador. Asceta que vive isolado, dedica-se só a contemplação e conhecimento do Espírito. Sanjaya – sutá do rei Dhritaráshtra. Dotado por Vyasa da percepção celeste, para informar o rei cego dos detalhes da batalha, e do diálogo entre Krishna e Arjuna. Sarga – emanação, criação. Sat – Aquele que é, o Ser, a Realidade Única. Sattva – primeira das três qualidades da matéria: bondade, pureza, verdade, luz, etc. Siddhas – seres humanos, pelo saber e santidade chegam a condição semidivina. Shabda-brahman – literalmente “Palavra-Brahman”, os Vedas, a palavra divina. Shankara – \”o que causa a felicidade\”; um dos nomes do deus Shiva. Shástra – escritura, livro sagrado, ensinamento, lei, preceito. Shiva – terceira pessoa da trindade hindu, o deus destruidor, destrói para regenerar. Shráddha – fé, crença, confiança. Shruti – revelação. Shúdra – indivíduo da casta inferior, a dos servos. Shwapáka – pária, homem degradado. Literalmente, o que come carne de cachorro. Skanda – segundo filho de Shiva, deus destruidor. Deus da guerra, o planeta Marte. Sloka – estância, versículo. Soma – a Lua, a seiva, bebida sagrada. Subhadrá – irmã de Krishna, esposa de Arjuna. Suras – deuses inferiores em luta contínua com os asuras (demônios). São chefiados pelo deus Indra. Sutá – condutor de carro. Svarga – céu, paraíso de Indra, situado no monte Meru. T Tamas – terceira qualidade da matéria. Escuridão, trevas, torpeza, ignorância, apatia, negligência, inércia, insensatez, etc. Tanmátras – Os cinco elementos sutis, correspondentes aos cinco sentidos. Tat – Aquele, o Universo. Tattva – essência, realidade, verdade. A realidade absoluta. Trimurti – trindade composta pelas três divindades: Brahmá (criador), Vishnu (conservador) e Shiva, ou Maheshvara (destruidor ou regenerador). Tyága – renúncia ao fruto das ações. U Uchchaishravas – cavalo branco de Indra. Uchmapas – uma classe de pritis. Upádhi – condição, limitação, base, veículo, corpo. Upanishad – doutrina secreta. Exposição do sentido místico dos Vedas. Uragas – serpentes divinas, dotadas de grande sabedoria. Ushana – sábio preceptor dos asuras. V Váda – a principal forma de argumentação. Palavra. Vainateya – ave sagrada de Vishnu. Vaishya – indivíduo pertencente à terceira casta, a dos comerciantes e agricultores. Várshneya – descendente de Vrishni. Nome de família de Krishna. Varuna – deus do oceano. Vásanás – impressões deixadas pelas experiências vividas no buddhi. Constituem a memória, instinto, aptidões e tendências de cada indivíduo. Vasanta – primavera. Vásava – um dos nomes de Indra. Vasus – seres semidivinos, personificações dos fenômenos cósmicos. Vásudeva – nome herdado por Krishna de seu pai. Vásuki – rei das serpentes do inferno. Váyu – deus do ar; o ar. Vedánta – sistema de interpretação dos Vedas. Uma das seis escolas filosóficas da Índia. Vedas – Escrituras sagradas. Antiquíssirnos, supostamente revelados pelo próprio Brahmá. Transmitidos por tradição oral, foram compilados por Vyása. Vibhága – separação, distinção, diferença, divisão, distribuição, participação. Vishnu – segunda pessoa da trindade hindu, o deus conservador. Manifestação da energia solar , chefe dos adityas. Vijñána – conhecimento superior, intuitivo, percepção imediata e clara da verdade. Vikarna – terceiro filho de Dhritaráshtra. Vivasvat – o que tudo ilumina. O deus-Sol. Vishvas – deuses inferiores relacionados com as cerimônias fúnebres. Vrishni – filho de Yadu e um dos antecessores de Krishna, que por isso leva o nome de Varshneya (descendente de Vrishni). Vyakta – manifesto, visível, diferenciado. Vyása – compilador. O mais conhecido é Krishna Dwaipáyana, que compilou o Mahabhárata, o Vedánta, etc. Y Yajña – adoração, devoção, culto, sacrifício. Yakshas – demônios ou espíritos malígnos. Yama – juiz dos mortos. Yoga – união, conexão, meio, caminho, obra, prática, exercício, esforço, poder, aplicação, atenção, aquisição, harmonia, equilíbrio, recolhimento, concentração mental, meditação, contemplação, devoção, regra, doutrina, ensinamento, livro, tratado, discurso, etc. Designa também o sistema filosófico de Pátañjali. Na acepção de \”caminho\”, ou meio de conhecimento, comporta três divisões: 1) Karma Yoga, caminho da ação, ou devoção através das obras; 2) Jñána Yoga, caminho do conhecimento, que consiste no domínio dos sentidos e da mente, fazendo com que esta se concentre na contemplação do espírito, para receber dele a iluminação; 3) Bhakti Yoga, caminho da devoção amorosa ao Ser Supremo. No sistema de Pátañjali, Yoga designa a união do eu humano com o Eu divino, através da prática assídua da meditação. Yoga-máyá – o poder criador de ilusão. Yoga-yukta – consagrado ao Yoga, imerso em meditação. Yogeshvara – Senhor do Yoga. Yogi – devoto, asceta, místico. Yudishtira – o maior dos príncipes Pándavas, filho de Kuntí, engendrado por Dharma, o deus da justiça. Yuga – idade ou vasto período de tempo. Os yugas anteriores ao atual foram: Krita Yuga, ou Idade de Ouro; Treta Yuga, ou Idade de Prata; e Dwápara Yuga, ou Idade de Bronze. Atualmente nos encontramos no Kali Yuga, Idade Negra, ou Idade de Ferro, iniciada há uns cinco mil anos. Traduzido do castelhano para o português por Eloísa Ferreira. Publicado originalmente pela Editora Três, de São Paulo, em 1973, na Biblioteca Planeta, Volume 7. Digitado por Cristiano Bezerra. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGNI PURANA. Rig Veda, livro de cantos métricos dividido em dez partes, XVIII vol. Apostila Faculdade de Ciências Biopsíquicas do Paraná, Curitiba. ANDRÉS, M. H. Encontro com mestres no oriente. Belo Horizonte: Luz Azul, 1993. BIONDILLO, Rosana. A dança cósmica da transformação. São Paulo: A Grande Fraternidade Branca. 2004. BLOFELD, J. Mantras, palavras sagradas de poder. São Paulo: 10 ed. Cultrix ltda.1995. BLAVATSKY ,H. P. A doutrina secreta VI vol. objeto dos mistérios e prática da filosofia oculta. São Paulo: Pensamento,1973. A doutrina secreta. Vol. Cosmogênese. São Paulo: ed. Pensamento, 1973. CAMPADELLO, Pier. 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Disponível em: http://www.meetaravindra.com/meeta/mantras/apostila/3osmantras/origem.htm Acesso em 18 de julho de 2007, às 16:15h. Disponível em: http://www.lip.pt/Maos-nas-Particulas.html/hoc_v21pt/page_pict/de_track1.htm Disponível em: www.acontececg.com.br/novo/estilozen/index.php?cd_estilozen=17 Acesso em 30 de julho de 2007 às 14:44h

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