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sexta-feira, dezembro 13, 2024

MELHORES POEMAS – José Paulo Paes

MELHORES POEMAS – José Paulo Paes

Tendência constante ao poema de forma condensada (epigrama); poesia de “essências e medulas”.
Aprendizado inicial com Bandeira, Drummond, Murilo e Oswald (traços surrealistas).

Busca da poesia que se revela nas coisas simples.
Observação precisa, linguagem enxuta; recusa ao supérfluo e a todo sentimentalismo (contato com o concretismo). Abertura para a história e para o tempo presente: incorporação do “sentimento do mundo” de Drummond (o vasto mundo perceptível através do pequeno).

Relação com as pequenas coisas concretas do mundo ao redor; a casa, a cidade natal, a infância, o jabuti do jardim, a vida familiar, a tinta de escrever, o espelho, os óculos, a bengala, o fósforo, o alfinete.
Presença da interioridade, da consciência subjetiva e da emoção, mesmo na ironia e no negativismo.

Visão minimalista

Influência da formação provinciana (Curitiba) que lembra o estilo resumido de Dalton Trevisan e o detalhismo minucioso de Guimarães Rosa que estabelece a oposição rural X urbano, particular X universal (como em Drummond).
Sátira à repressão do golpe militar de 64, ironia ao ilusório milagre econômico.

À MODA DA CASA
feijoada
marmelada
goleada
quartelada

SEU METALÁXICO

Economiopia
Desenvolvimentir
Utopiada
Consumidoidos
Patriotários
Suicidadãos

Visão irônica de si mesmo:

O POETA, AO ESPELHO, BARBEANDO-SE

o rito
do dia
o ríctus
do dia
o risco
do dia
EU?
UE?

Consciência da passagem do “pequeno mundo” provinciano para o “vasto mundo”

À TINTA DE ESCREVER

Ao teu azul fidalgo mortifica
registrar a notícia, escrever
o bilhete, assinar a promissória
esses filhos do momento. Sonhos

Diante do fato terrível que foi a amputação de sua perna esquerda, o poeta compõe um poema que sintetiza toda sua obra: a experiência pessoal serve para prestar contas do destino de um homem

À MINHA PERNA ESQUERDA

Pernas
para que vos quero?
Se já não tenho
por que dançar,
Se já não pretendo
ir a parte alguma.
Pernas?
Basta uma.

Forma epigramática: poemas curtos com um tom de chiste, ironia sutil

L’AFFAIRE SARDINHA

O bispo ensinou ao bugre
Que pão não é pão, mas Deus
Presente em eucaristia
E como um dia faltasse
Pão ao bugre, ele comeu
O bispo, eucaristicamente

Paródia e intertextualidade

CANÇÃO DO EXÍLIO FACILITADA

lá?
ah!
sabiá…
papá…
maná…
sofá…
sinhá…
cá?
bah!

Experiências concretistas

O SUICIDA OU DESCARTES ÀS AVESSAS

cogito
ergo
pum!

EPITÁFIO PARA UM BANQUEIRO

negócio
ego
ócio
cio
O

Interioridade, consciência subjetiva e Dora, a musa de sua vida.

MADRIGAL
Meu amor é simples, Dora,
como água e o pão.
Como o céu refletido
Nas pupilas de um cão.

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