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sábado, outubro 12, 2024

OBESIDADE INFANTIL

Autor: Douglas David Deccker

A obesidade não é mais apenas um problema estético, que incomoda por causa da “zoação” dos colegas. O excesso de peso pode provocar o surgimento de vários problemas de saúde como diabetes, problemas cardíacos e a má formação do esqueleto.

Cerca de 15% das crianças e 8% dos adolescentes sofrem de problemas de obesidade, e oito em cada dez adolescentes continuam obesos na fase adulta.

A obesidade na infância é usualmente uma condição não benigna, apesar da crença popular de que a criança com sobrepeso irá crescer com mais rapidez do que sua condição. Quanto mais tempo uma criança estiver com sobrepeso, mais provável que o estado continue na adolescência e fase adulta. As conseqüências da obesidade na infância incluem dificuldades psicossociais (discriminação, auto-imagem negativa, socialização diminuída), maior altura com possíveis expectativas sociais impróprias e freqüência aumentada de hiperlipidemia, hipertensão e tolerância anormal à glicose.

As crianças cuja recuperação de adiposidade do crescimento normal ocorre antes dos cinco anos e meio de idade são prováveis de serem mais gordas na fase adulta do que as que aquelas cuja recuperação de adiposidade ocorre após os sete anos de idade (Rolland-Cachera e cols, 1987). O momento da recuperação da adiposidade e o excesso de gordura na adolescência são fatores críticos no desenvolvimento da obesidade na infância, com o ultimo período, sendo o mais preditivo da obesidade adulta e morbidade relacionada (Dietz, 1994).

As ingestões de energia permaneceram estáveis durante os últimos vinte anos, sugerindo que a dieta não é um contribuinte principal para a prevalência aumentada de obesidade (Kennedy e Goldberg, 1995). A inatividade, entretanto, desempenha um papel principal no desenvolvimento da obesidade, resultante do uso da televisão e do computador, oportunidades limitadas de atividade física ou preocupações de segurança que impeçam as crianças de aproveitar para brincar livremente fora de casa.

É difícil determinar a obesidade em crianças em crescimento. Algum excesso de gordura pode ocorrer em qualquer ponta do espectro da infância; isto é; o bebe de um ano de idade que está engatinhando e a criança pré-puberal podem ser mais pesadas e mais gordas por razões de desenvolvimento e fisiológicas, mas com freqüência isto não permanec. A altura e o peso sozinhos não levam em conta a criança muito musculosa. O IMC, que é uma ferramenta clinica útil para avaliar o peso em comparação com a altura, possui suas limitações na determinação da obesidade devido à variabilidade relacionada ao sexo, raça e estagio de maturação ( Daniels e cols, 1997 ). As crianças em risco de obesidade devem ser monitoradas frequentemente de forma que a intervenção precoce possa ser fornecida.

As crianças em geral ganham peso com facilidade devido a fatores tais como: hábitos alimentares errados, inclinação genética, estilo de vida sedentário, distúrbios psicológicos, problemas na convivência familiar entre outros. As pessoas dizem que crianças obesas ingerem grande quantidade de comida. Esta afirmativa nem sempre é verdadeira, pois em geral as crianças obesas usam alimentos de alto valor calórico que não precisa ser em grande quantidade para causar o aumento de peso.

Consumo demasiado de alimentos gordurosos

Como exemplo podemos citar, os famosos sanduíches (hambúrguer, misto-quente, cheesburguer etc.) que as mamães adoram preparar para o lanche dos seus filhos, as batatas fritas, os bifes passados na manteiga são os verdadeiros vilãos da alimentação infantil, vindo de encontro ao pessoal da equipe de saúde que condenam estes alimentos expondo os perigos da má alimentação aos pais, onde alguns ainda pensam que criança saudável é criança gorda. As crianças costumam também a imitar os pais em tudo que eles fazem, assim sendo se os pais têm hábitos alimentares errados, acaba induzindo seus filhos a se alimentarem do mesmo jeito.

Falta de atividades físicas

A vida sedentária facilitada pelos avanços tecnológicos (computadores, televisão, videogames, etc.), faz com que as crianças não precisem se esforçar fisicamente a nada. Hoje em dia, ao contrário de alguns anos atrás, as crianças devido à violência urbana a pedido de seus pais, ficam dentro de casa com atividades que não as estimulam fazer atividades físicas como correr, jogar bola, brincar de pique etc., levando-as a passarem horas paradas enfrente a uma TV ou outro equipamento eletrônico e quase sempre com um pacote de biscoito ou um sanduíche regado a refrigerante. Isto é um fator preocupante para o desenvolvimento da obesidade

Ansiedade

Não são apenas os adultos que sofrem de ansiedade provocados pelo stress do dia a dia. As crianças também são alvos deste sintoma, causados, por exemplo, por preocupações em semanas de prova na escola, entre outros. A ansiedade os faz comer mais. É como se fosse uma comilança compulsiva, sem fome.

Psiquiatras afirmam que por trás de um obeso sempre poderá existir um problema psicológico, agravando-se devido a nossa cultura onde a sociedade exclui os gordinhos de várias brincadeiras devido a sua situação. Isso só leva a criança a piorar porque quase sempre são tímidas e sentem-se envergonhadas, acabam se isolando e fazendo da alimentação uma “fuga” da realidade, isto é, quanto mais rejeitado, mais ansiosos e consequentemente mais comem.

Depressão

Pessoas com sintomas de depressão, sofrem alterações no apetite podendo emagrecer ou engordar. A pessoa deprimida, geralmente não pratica atividades físicas e come mais doces, principalmente, o chocolate.

Fatores hormonais

A obesidade pode ainda ter correlação com variações hormonais tais como: excesso de insulina; deficiência do hormônio de crescimento; excesso de hidrocortisona, os estrógenos etc.

Fatores Genéticos

Se um dos pais é obeso, o filho tem 50% de chances de se tornar gordinho, e se os dois pais estão acima do peso, os riscos aumenta para 100%. A criança que tem pais obesos corre o risco de se tornar obesa também porque a obesidade pode ser adquirida geneticamente.

Prevenção é a palavra chave para evitar a obesidade. Aqui vão algumas dicas recomendadas por médicos e nutricionistas para que você se previna contra esse mal e tenha uma vida sempre saudável

Seguir uma alimentação balanceada, rica em frutas, legumes e verduras.
Respeitar os horários das refeições e não beliscar guloseimas entre um intervalo e outro.
Evitar alimentos gordurosos, como doces, frituras e refrigerantes.
Praticar atividades físicas, sejam esportes no colégio ou academia, desde que seja orientado por um profissional. Caminhar é a melhor pedida, pois qualquer pessoa pode;
Beba bastante água, pelo menos 2 litros por dia. A água é importantíssima no bom desempenho das funções do organismo. Principalmente para quem pratica atividades físicas, pois mantém o corpo sempre hidratado.
Para o tratamento do obeso infantil, existem algumas normas gerais a serem seguidas: uma dieta balanceada que determine crescimento adequado e manutenção de peso; exercícios físicos controlados e apoio emocional individual e familiar. Além disso, a Educação Nutricional é essencial, pois visa a modificação e melhorias dos hábitos alimentares a longo prazo, e torna-se um elemento de conscientização e reformulação das distorções do comportamento alimentar, auxiliando a refletir sobre a saúde e qualidade de vida.

A imposição de regimes rígidos ou pré-estabelecidos de forma generalizada são contra indicados pela própria ineficiência comprovada, devido à dificuldade de aderência, ou por representar um fator gerador de maior angústia nesses pacientes, que tem a alimentação como forma de compensação emocional.

Para o tratamento da obesidade infantil, faz-se necessário a presença de uma equipe multiprofissional, que consiste de médico, nutricionista, educador físico, e um outro profissional de extrema importância – o psicólogo, pois sabe-se que algumas causas da obesidade podem ser psicogenéticas, tais como: rejeição materna e falta de afeto, depressão e culpa, angústias circunstanciais, mães simbióticas e pais superprotetores, pais alcoólatras, criança imatura e problemas orgânicos, como os neurológicos.

Para melhores resultados nos tratamentos é importante a cooperação dos pais, que devem estar conscientes de que a obesidade é um risco e que gera problemas na vida adulta.

A escola também tem papel fundamental ao modelar as atitudes e comportamentos das crianças sobre Nutrição. Uma forma de realizar este trabalho é integrar a nutrição à sala de aula, incorporando conceitos de Nutrição às crianças.

PROGRAMA DE CONTROLE

Um programa de sucesso deve ter como objetivo :

Perda rápida de peso, ser metabolicamente seguro, paciente não sentir fome, preservação da massa muscular, nenhuma reação psicológica, manter o crescimento normal, manutenção da perda de peso, fácil de ser aderido.

Os componentes essenciais são:

Dieta, exercícios, modificação dos hábitos.

DIETA (programa de dieta ligh)

O volume de caloria ingerida inicialmente deverá ser bem controlado e a dieta extremamente equilibrada em função das necessidades diárias de nutrientes para o bom desenvolvimento da criança. A criança não necessita sempre perder peso, pois se houver diminuição na curva de ganho ponderal, o crescimento fará com que esta criança deixe de ser obesa.

EXERCÍCIOS

Exercícios aeróbicos devem ser estimulados de acordo com a preferência da criança. Exercícios promovem bem estar e aumentam a auto estima da criança

ALTERAÇÃO DOS HÁBITOS

Alterações dos hábitos diários, ensinando a criança a comer mais lentamente e em menor quantidade. Fazer a criança acostumar-se a se exercitar, se auto-controlar registrando detalhadamente as quantidades e os tipos de alimentos ingeridos e estado emocional nos momentos das refeições. Estas anotações irão ajudar as crianças a evitar fatores precipitantes da ingestão alimentar em excesso. Controle dos estímulos ( impulsos) separando o ato de se alimentar de outras atividades , reforços positivistas e negativistas fornecidos pelos familiares .

Obesidade infantil X Desenvolvimento

1 a 3 anos:

Aspecto Biológico: É caracterizada pela espessura da prega cutânea e pelo aumento de peso desproporcional ao crescimento, sempre abalizados pelas curvas de desenvolvimento pondo-estatural.

Os indivíduos geneticamente propensos à obesidade mobilizam mal as reservas energéticas, sofrendo mais do que outros o desconforto do jejum – baixa tolerância ao jejum.

Come a intervalos curtos.

O bebê superalimentado cresce numa proporção maior que os sabidamente nutridos, aumentando sua camada muscular e gordurosa em proporções exuberantes.

O excesso de peso interfere (para pior) no controle de doenças respiratórias de fundo alérgico (asma), doenças da pele (dermatites) e focos irritativos cerebrais (epilepsia).

A relação mãe-filho está empobrecida. Todas as trocas afetivas ocorrem através da comida

Aspecto Psicológico

Introjeção da imagem: “barriga cheia = felicidade da mamãe + felicidade do bebê.

Aspecto Social

Socialmente o bebê gordo é um sucesso!

4 a 6 anos:

Aspecto Biológico

Acentua-se a fome. Está sempre comendo, petiscando. Ainda mais que agora ele anda, abrem armários, latas de bolacha, bombonieres, geladeira.

Continua crescendo e engordando mais que outras crianças de sua idade.

Tem início às queixas de dores nas pernas, joelhos, acentua-se o joelho valgo e nota-se, em alguns “gordinhos”, o início de escolioses e lordoses.

A socialização tropeça na pouca disposição para as correrias.

Continua sendo um sucesso, é “bonzinho”, “bem-educado”, “come-tudo”.

Aspecto Psicológico

A opção pela TV e jogos eletrônicos, pela imobilidade, vai delineando-se com nitidez.

Aspecto Social

Prefere a companhia dos adultos à das outras crianças.

7 a 10 anos : Aspecto Biológico

A criança que já está gorda e grande, no estirão fisiológico do crescimento dos 7 anos apresenta novo aumento rápido de estatura, massa muscular e gordura.

Tem dificuldade para andar de bicicleta, jogar futebol, subir escadas e patinar.

Os exercícios físicos são fundamentais para desenvolver a coordenação motora, modular o metabolismo basal e desenvolver o prazer por uma vida mais sadia.

Aspecto Psicológico

De regra é bom aluno.

No grupo de crianças, apresenta-se como tímido, raramente se manifesta como líder.

Mantém o padrão de criança “obediente”, “não dá trabalho”, fica horas em frente à TV e alguns já dominam o computador

Aspecto Social

É problemático comprar roupa pronta.

Início da preocupação familiar com o excesso de peso, porém sempre optam por esperar a criança crescer e ficar “um pouco vaidosa”.

11 a 13 anos:

Aspecto Biológico

Tornam-se evidentes as estrias abdominais e na parte interna da coxa, que apresenta também a pele escurecida pela dermatite de atrito.

Ginecomastia nos meninos.

Abdome em avental nos meninos e meninas.

Descompensações freqüentes da coluna, naqueles que são portadores de escoliose.

Puberdade precoce para meninos e meninas o que resulta num crescimento final menor que o sugerido na primeira infância.

Os genitais externos aparentemente pequenos nos meninos, passam a ser um problema da criança.

Aspecto Psicológico

A criança passa a recusar a freqüentar piscinas, praia, e alguns até a usar short.

Na escola estabelecem boa camaradagem com os colegas apesar do acentuado sedentarismo.

Aspecto Social

A preocupação da família com a obesidade apresenta-se de forma franca, sem desculpas. Esta mudança é vivenciada pelo pré-adolescente como perda de amor, principalmente se ele tiver um irmão magro.

Os pré-adolescentes tendem a estabelecer vínculos fortes com um amigo; poucos fazem parte de um grupo.

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