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domingo, março 24, 2024

Orgulho e Preconceito

Jane Austen (1775-1817), autora do livro Orgulho e Preconceito o livro, de 1813, conta a trajetória da inteligente jovem de 20 anos Elizabeth Bennet, que vive com suas quatro irmãs em uma cidade do interior. É quando chega a notícia que os Bingley alugaram um terreno disponível há algum tempo. Logo, em um baile tipo provinciano, as meninas são apresentadas ao novo morador da região, o Sr. Bingley. Com ele, vem um outro jovem, de aparência recrudecida e irritada, o velho amigo de infância: Sr. Darcy. Logo de cara, a aguda inteligência de Elizabeth choca-se com o caráter estrito e orgulhoso do Sr. Darcy.

O romance passa então a rodar entre as duas personagens. O livro pode ser apreciado de diversas maneiras, duas delas as mais indicadas: como romance histórico, com o panorama, a sociedade e a língua dos séculos XVIII-XIX; e como romance de costumes, devido à caricaturização genial de Jane Austen nos tipos personagens da época, como também a crítica aos casamentos interessados muito comuns na época. Orgulho e Preconceito tem sido traduzida para várias línguas estrangeiras e adaptada para o teatro, para a ópera e para vários filmes e televisão. A mais recente adaptação cinematográfica produzida foi lançada em 2005, e recebeu indicações para o Oscar para as categorias de atriz, figurino, direção de arte e trilha sonora. Que merece destaque no romance de Jane Austen é o fato de a autora conseguir contar essa história sem jamais descer o degrau da leveza. Há um tom delicado em sua narrativa que, se lido de outra forma, pode ser considerado arrogante e elitista.

Trata-se, na verdade, de uma leitura equivocada, visto que a escritora propõe uma narração sóbria e bastante detalhada para que o leitor possa entender com argúcia o que cada trecho, cada gesto das personagens possa ser decifrada.

SUMÁRIO

CAPITULO I – LIVRO ORGULHO E PRECONCEITO AUTORAANE AUSTEN
Personagens
O livro – Orgulho e Preconceito
A literatura
CAPITULO II ORGULHO E PRECONCEITO INDEPENDENTE DO LIVRO DE JANE AUSTEN
Orgulho
Preconceito
Resumo da Obra
Informações sobre as traduções do livro Orgulho e Preconceito de Jane Austen
CAPITULO III A MULHER E O CASAMENTO NO SECULO XVIII
O pensamento iluminista, século XVIII
A situação das mulheres no século XIX
Ironia
Ironia na visão de Sócrates
Tipos de ironia
Definição de Ironia
CONCLUSÃO
REFERENCIAS

CAPITULO I: LIVRO-ORGULHO E PRECONCEITO

Biografía de Jane Austen

Jane Austen nasceu em 16 de dezembro de 1775, em Steventon, Hampshire, Inglaterra, sendo a sétima filha do reverendo George Austen, o pároco anglicano local, e de sua esposa Cassandra (cujo nome de soltera era Leigh). O reverendo Austen era uma espécie de tutor, e suplementava os ganhos familiares dando aulas particulares a alunos que residiam em sua casa. A família era formada por oito irmãos, sendo Jane e sua irmã mais velha, Cassandra, as únicas mulheres. Cassandra e Jane eram confidentes, e hoje se conhece uma série de cartas de sua correspondência.

Em 1783, Jane e Cassandra foram para a casa da Sra. Cawley, em Southampton, para prosseguir a educação sob sua tutela, porém tiveram que regressar para casa, devido a uma enfermidade infecciosa em Southampton. Entre 1785 e 1786, ambas foram alunas de um internato em Reading, lugar que pode ter inspirado Jane para descrever o internato da Sra. Goddard, que aparece no romance Emma. A educação que Austen recebeu ali foi a única recebida fora do âmbito familiar. Por outro lado, sabemos que o reverendo Austen tinha uma ampla biblioteca e, segundo ela mesma conta em suas cartas, tanto ela quanto sua família eram “ávidos leitores de romances, e não se envergonhavam disso”. Assim como lia romances de Fielding e de Richardson, lia também Frances Burney. O título de Orgulho e Preconceito, por exemplo, foi retirado de uma frase dessa autora, no romance Cecilia.

Entre 1782 e 1784, os Austen fizera representações teatrais na reitoria de Steventon, que entre 1787-1788 foram mais elaboradas graças à colaboração de sua prima, Eliza de Feuillide, (a quem dedicou Love and Freindship). Nos anos posteriores a 1787, Jane Austen escreveu, para o divertimento de sua familia, Juvenilia, que inclui diversas paródias da literatura da época. Entre 1795 e 1799 começou a redigir as primeiras versões dos romances que se publicariam sob os nomes Sense and Sensibility, Pride and Prejudice e Northanger Abbey (que antes se intitulavam Elinor and Marianne, First Impressions, e Susan, respectivamente). Provavelmente, também escreveu Lady Susan nesta época. Em 1797, seu pai quis publicar Pride and Prejudice, mas o editor recusou.

Não há provas de que Jane foi cortejada por ninguém, apesar de um breve amor juvenil com Thomas Lefroy (parente irlandês de uma amiga de Austen), aos 20 anos. Em janeiro do ano seguinte, 1796, escreveu a sua irmã dizendo que tudo havia terminado, pois ele não podia casar por motivos econômicos. Pouco depois, uma tia de Lefroy tentou aproximar Jane do reverendo Samuel Blackall, mas ela não estava interessada.

Em 1800, seu pai decidiu mudar-se para Bath, cidade que Jane não apreciava muito, e nessa época a família costumava ir à costa todos os verões, e foi em uma dessas viagens que Jane conheceu um homem que se enamorou dela. Quando partiu, decidiram voltar a se ver, porém ele morreu. Tal fato não aparece, porém, em nenhuma de suas cartas, mas foi escrito muitos anos depois, e não se sabe o quanto esse namoro possa ter afetado Austen, ainda que alguns o considerem inspiração para a obra Persuasion.

Em dezembro de 1802, estando Jane e Cassandra com a família Bigg, perto de Steventon, Harris Bigg-Wither pediu Jane em casamento, e ela consentiu. Provavelmente, rompeu o compromisso no dia seguinte, e foi com Cassandra para Bath. Cassandra se havia comprometido com Thomas Fowle, que morreu de febre amarela no Caribe em 1797. Thomas Fowle não tinha condições financeiras para se casar, e o compromisso vinha sendo adiado desde 1794; havia ido ao Caribe como militar, justamente para conseguir dinheiro. Nem Jane, nem Cassandra Austen se casaram.

Residência da família Austen em Chawton, onde Jane passou os últimos oito anos de sua vida (hoje um museu).

Em 1803, Jane Austen conseguiu vender seu romance Northanger Abbey (então intitulado Susan) por 10 libras esterlinas, apesar de o livro ter sido publicado somente 14 anos depois. É possível, também, que nessa ocasião tenha começado a escrever The Watsons, logo abandonando a ideia.

Em janeiro de 1805, morreu seu pai, deixando a esposa e as filhas em situação economicamente precária, e elas passaram a depender de seus irmãos e da pequena quantia que Cassandra herdara de seu prometido.

En 1806 os Austen se mudaram para Southampton, perto da marina de Portsmouth, o que permitia a elas visitar frequentemente seus irmãos Frank e Charles, que serviam na marinha, chegando a almirantes.

Em 1809 se mudaram para Chawton, perto de Alton e Winchester, onde seu irmão Edward podia abrigá-las em uma pequena casa dentro de uma de suas propriedades. Esta casa tinha a vantagem de ser em Hampshire, o mesmo condado de sua infância. Uma vez instaladas, Jane retomou suas atividades literárias revisando Sense and Sensibility, que foi aceita por um editor em 1810 ou 1811, apesar de a autora assunir os riscos da publicação. Foi publicado de forma anônima, en outubro, como pseudônimo: “By a Lady”. Segundo o diário de Fanny Knight, sobrinha de Austen, esta recebeu uma “carta da tia Cass pedindo que não fosse mencionado que a tia Jane era a autora de Sense and Sensibility”. Teve algumas críticas favoráveis, e se sabe que os lucros para Austen foram de 140 libras esterlinas.

O livro – Orgulho e Preconceito

Orgulho e Preconceito é antes de tudo antes mesmo de pensarmos que se trata do tema de um livro famoso que virou filme estas palavras sendo distintas trata nada mais nada menos do comportamento humano em meio as famílias conservadoras e uma sociedade que ainda nos dias de hoje mantêm alguns costumes de certa forma frio e conservador.

Orgulho e Preconceito (ou, na versão original, Pride and Prejudice) é um romance da escritora britânica Jane Austen, publicado em 1813. O livro foi escrito antes dela completar vinte e um anos, em 1797,e era inicialmente chamado First Impressions, mas nunca foi publicado com esse título.A história do livro Orgulho e Preconceito da autora Jane Austen lida com os problemas relacionados à educação, cultura, moral e casamento na sociedade aristocrática do início do século XIX, na Inglaterra. Apesar de a história se ambientar no século XIX, tem exercido fascínio mesmo nos leitores modernos, continuando no topo da lista dos livros preferidos e sob a consideração da crítica literária. O interesse atual é resultado de um grande número de adaptações e até de pretensas imitações dos temas e personagens abordados por Austen.A literatura atrai os leitores pelo fato de se tratar de um tema polémico,mas também por ser um romance que envolve esse tema, isso desperta a curiosidade do desfecho da história.

Segundo alguns críticos literário, Jane Austen criou o estilo que conquistou o gosto de todo mundo, a comédia romântica, Orgulho e Preconceito é sua obra prima, uma história deliciosa em que o par romântico vive se desencontrando por vários mal entendidos.

A mocinha, valente, à frente do seu tempo, que acredita no amor sem interesses e se recusa a viver de conveniência, e o mocinho… Galante, bonitão e convenientemente rico

O livro fala do alvoroço que um jovem rico causa em uma sociedade rural, onde os namoros eram bem comportados, restringiam-se a olhares e rodadas de dança nos bailes… A partir daí, a história se desenvolve, vívida e divertida.

Personagens:

A trama se desenvolve com os seguintes personagem:

• Elizabeth Bennet é a personagem principal, o leitor observa os acontecimentos, na verdade, sob o ponto de vista dela.
• Fitzwilliam Darcy é o protagonista masculino. Com 28 anos, solteiro, Darcy é o proprietário da famosa Pemberley, em Derbyshire. Bonito, alto e inteligente, mas socialmente mais reservado, seu decoro e retidão morais são vistos por muitos como um excessivo orgulho devido ao seu status social.
• Mr Bennet tem uma esposa e 5 filhas. Um culto e inteligente cavalheiro que não aprova a frivolidade da esposa e das 3 filhas mais novas. Tem um bom relacionamento com as duas filhas mais velhas, Jane e Elizabeth, as quais parece preferir em comparação às outras filhas e à esposa.
• Mrs Bennet é a esposa de Mr Bennet e mãe de Elizabeth e suas irmãs. Frívola, ansiosa, inadequada e pouco inteligente, é sucetível a ataques, tremores e palpitações. Suas maneiras em público causam embaraço em Jane e Elizabeth. Sua filha favorita é a mais jovem, Lydia, a quem tudo permite.
• Jane Bennet é a mais velha das irmãs Bennet. Tem 22 anos quando a história começa, e é considerada a mais bela jovem do local. Seu caráter contrasta com Elizabeth, pois é doce, reservada, sensível, mas não tem muita malícia, prefere ver apenas o lado bom das pessoas.
• Mary Bennet é a mais franca das irmãs Bennet e prefere, ao invés de costura, a leitura; esforça-se para se instruir, mas não tem nem genialidade, nem gosto. No baile em Netherfield, ela embaraça sua família ao cantar muito mal.
• Catherine “Kitty” Bennet é a 4ª irmã Bennet, tem 17 anos, é teimosa e tão tola quanto sua irmã Lydia, e vive à sombra dela.
• Lydia Bennet é a mais jovem das irmãs Bennet, tem 15 anos, e é descrita como frívola e teimosa. Socialmente, gosta de flertar com os militares que estão alojados em Meryton. Domina sua irmã Kitty e é defendida, sempre, pela mãe. Após sua fuga e casamento com Wickham, ela não demonstra remorso pelo embaraço que suas ações causaram para a família, mas age como se tivesse feito algo maravilhoso, e como se suas irmãs tivessem inveja de sua situação.
• Charles Bingley é um jovem cavalheiro que aluga uma propriedade em Netherfield, perto de Longbourn, no início da história. Tem 22 anos, é bonito, generoso, forte e contrasta com seu amigo Darcy por ser mais alegre, brincalhão e charmoso, ficando muito popular em Meryton. Bingley é, porém, facilmente influenciável pela opinião das outras pessoas.
• Caroline Bingley é a irmã snob de Charles Bingley. Com intenções de se relacionar com Darcy, ela observa Elizabeth Bennet com muita inveja, e frequentemente dirige sutis ofensas à Elizabeth e sua sociedade.
• George Wickham é um antigo conhecido de Darcy, de infância, e um oficial que está alojado perto de Meryton. Superficialmente charmoso, faz amizade rapidamente com Elizabeth Bennet, e comenta vários fatos sobre Darcy, incentivando a impopularidade dele na sociedade local; posteriormente, os fatos verdadeiros são revelados, mostrando ser Darcy a ter razão nas questões entre os dois.
• William Collins, tem 25 anos, é clérigo e primo de Mr. Bennet, que não tem filhos homens, portanto, tem Collins como seu herdeiro. Austen o descreve como insensível e interesseiro, que se humilha e submete sob as ordens de Lady Catherine de Bourgh, a quem serve e venera. Considerado pomposo por Mr Bennet, Jane e Elizabeth, há rejeição de seu pedido de casamento com Elizabeth, porém essa se entristece quando sabe que sua amiga íntima, Charlotte Lucas, aceitou casar com ele, por interesse no status social.
• Lady Catherine de Bourgh é uma aristocrata dominadora, ponderosa e orgulhosa, que humilha e é servida pelos que a rodeiam, entre eles Mr. Collins, que faz todos os seus desejos. Elizabeth, porém, não é intimidada por ela, que a ofende na tentativa de que Elizabeth não case com Darcy.
• Mr Gardiner é irmão de Mrs Bennet, é um homem de negócios sensível e cavalheiro, que tenta ajudar Lydia quando ela foge com Wickham. Sua esposa tem bom relacionamento e amizade com Elizabeth e Jane. Jane fica em casa deles quando vai a Londres, e Elizabeth viaja com eles para Derbyshire, quando reencontra Darcy.

Os personagens genuinamente românticas vão se construindo ao longo da história, no meio de situações que os predispõem a julgar uns aos outros, segundo suas próprias reações psicológicas e aparentes atitudes alheias – as quais nem sempre demonstram a verdade dos fatos, ao invés de se permitirem uma comunicação direta e simples (talvez por causa dos costumes da época em que a trama se passa, e também da cultura local).

No centro da história está Elizabeth Bennet, segunda mais velha numa família de cinco irmãs, que vive com seus pais e um relativo conforto no ano de 1797, na Inglaterra. A heroína do livro não se encaixa nos padrões que as moças da época deveriam seguir e recusa-se a correr atrás de pretendentes, como desejava a matriarca da família, a Sra. Bennet, que queria à todo custo, ver suas filhas casadas e de preferência, com um marido de alto poder aquisitivo.

Mr. Darcy no começo do livro, ele é uma figura soturna que prefere ficar quieto a dizer alguma coisa, por vezes é tido com uma pessoa mal educada, além de muito inteligente ele é um bom manipulador. No começo do livro Darcy é o próprio “Orgulho e Preconceito”, mas ao se descobrir apaixonado por Elizabeth aos poucos vai se moldando até ganhar a admiração de Lyzzie.

A literatura

Um retrato fiel, divertido e inteligente da sociedade inglesa do início do séc. XIX. Os costumes, o amor, a condição da mulher, os preconceitos e o casamento são abordados de maneira simples e engenhosa neste livro, considerado uma das primeiras comédias românticas da história e uma obra-prima da literatura universal.

A leitura do livro é bastante lenta, e a narrativa é cheia de detalhes: cenários, emoções e pensamentos são esmiuçados de forma incisiva e também espirituosa. Jane Austen é irônica, firme, mas sensível e é difícil não adorar a protagonista do livro e não torcer pelo casal.

“Orgulho e Preconceito”, dito assim, parece ser um romance comum, no melhor estilo “Sabrina”, mas engana-se quem pensa assim! Jane Austen criou uma fórmula que muitos autores posteriores tentariam seguir. A maioria deles não teve êxito, pois, talvez não captaram a essência do livro: além do embate amoroso central, existe também uma forte crítica aos costumes da época, coisa que pouquíssimos escritores desenvolviam naquele tempo. A personagem Elizabeth não é uma versão “fictícia” da autora, mas possui muito em comum com ela. As duas, na vida e na ficção, buscavam lutar contra a realidade “acomodada” que vivenciavam, reclamando das futilidades que eram tão freqüentes e dos hábitos opressores.

O livro pode ser considerado como o apontar de um dedo acusador ao caráter abusivamente discriminatório de uma lei que impede as mulheres de herdarem os bens ou as propriedades da família, os quais, na falta de um herdeiro direto varão, passariam para o parente masculino mais próximo – um primo, por exemplo – colocando as descendentes diretas numa situação financeira bastante complicada quando não bem próximo da indigência.

O amor na obra de Jane Austen possui conotações românticas, não é interpretado como uma ilusão de mocinha; ainda não há nela a irreverência incondicional e a crueza de um romance plenamente realista.

Entretanto, também podemos observar aspectos do Realismo na obra: a abordagem crítica repleta de ironia refinada dos costumes, preconceitos e convenções de setores da sociedade, dos valores mesquinhos e da arrogância; os jogos de interesses estão explícitos, sobretudo quando o assunto é casamento como fonte de ascensão social ou implicando outros “dotes” materiais como a expansão de relações sociais, levando até mesmo para conquistá-lo a manipulações e auto-negação.

Longe de causar desilusão ou indiferença, esta obra revelou-se capaz de satisfazer tudo o que a sua reputação fazia crer, ao transportando-nos para o seio da família Bennet, da qual faz parte a protagonista desta história deparamo-nos com uma Inglaterra rural, nos finais do século XVIII, na qual os dogmas e preconceitos sociais regem uma sociedade rígida e mesquinha, na qual nem tudo é o que parece.

Os preconceitos de cada uma delas fá-las pensar e agir sem o uso racional da consciência, levando-as a atos absurdos ou conceitos precipitados.

No entanto, quebrando muitas das regras até então impostas pelo orgulho, os protagonistas desta história amadurecem e aprendem com os seus erros, passando a encarar o futuro e a realidade a partir de uma nova perspectiva, na qual só o mais irracional sentimento importa.

Assim, dentre as várias escritoras inglesas, Jane Austen (1775- 1817) traz inovação no seu trabalho e recebe lugar de destaque na literatura a partir século XVIII por descrever um mundo doméstico em suas obras.

Segundo Burgess (2006) a reputação de Jane Austen (1775-1817) nunca foi tão alta na historiografia literária inlgesa. Ela não é datada: seus romances têm frescor, humor e uma delicadeza apreciável. Austen foi a primeira mulher que se tornou importante, está acima dos movimentos clássico e romântico e não pode ser enquadrada em nenhuma escola literária específica.

Sua obra literária impulsionou o romance inglês para a modernidade. Posteriormente, a crítica veio a considerá-la a primeira romancista moderna da literatura inglesa.

Orgulho e Preconceito têm sido traduzidos para várias línguas estrangeiras e adaptada para o teatro, para a ópera e para vários filmes e televisão. A mais recente adaptação cinematográfica produzida foi lançada em 2005, e recebeu indicações para o Oscar para as categorias de atriz, figurino, direção de arte e trilha sonora. Há dois séculos inteiros, leitores e espectadores continuam sofrendo com a trama vivida por Elizabeth e Mr. Darcy, os quais parecem impossibilitados por uma série de fatores sociais de se entregar ao amor que sentem um pelo outro.

CAPITULO II: ORGULHO E PRECONCEITO INDEPENDENTE DO LIVRO DE JANE AUSTEN

Orgulho

Há dois graus no orgulho: um, em que nos aprovamos a nós próprios, o outro, em que não podemos aceitar-nos, este provavelmente seja o requintado, pensava o filósofo (Henri Frédéric Amiel).

O orgulho de certa forma divide os homens, mas também os une pois já vimos por diversas vezes movimentos, passeatas tentando mostrar ao mundo o orgulho que sente por alguma coisa, como por exemplo o movimento dos gays, neste sentido se pode dizer que trata-se do orgulho no bom sentido da palavra, mas nem sempre o orgulho e visto desta forma,pois existe uma forma muito comum de se ouvir dizer (como tal pessoa é orgulhosa), quando vimos o orgulho por este prisma estamos falando que uma pessoa orgulhosa é aquela que se acha imbatível, nunca abaixa a cabeça para nada e nem ninguém e nunca dá o braço a torcer.

Não sabemos na verdade a definição tens de orgulho e orgulhoso. No dicionário, fala de arrogância, presunção e vaidade excessiva. Digamos que a definição de orgulho vem do Inglês Pride e do Francês Orgueil, que tem a ver com um grande sentido de dignidade pessoal, por esse e outros motivos as vezes definomos uma pessoa orgulhosa assim:

Arrogante, antipática e ignorante porque faz tudo sozinha e nunca pede ajuda porque não quer dar o braço a torcer.

Preconceito

• Preconceito segundo o dicionário;

Conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério,superstição,prejuízo,Erro

• Tipos de preconceito

Existe preconceito racial (racismo), sexual (machismo), contra gays (homofobia), religioso, contra idosos, contra os pobres, contra deficientes físicos e mentais, contra tipo de comportamento (emos, punks,etc…), contra estrangeiros (esse acontece mais no exterior do que no Brasil), contra pessoas ora do padrão de beleza da sociedade, etc…

Todos temos algum tipo de preconceito, pela educação, pelo meio em que vivemos, pela influência recebida desde criança.

A palavra pre-conceito separando a palavra com hífen se percebe o que quer dizer, algo que se pensa antes de saber exatamente o significado.

Conceito tem origem no latim, conceber (concipâre). E refere-se a uma noção ou definição abstrata de algo real ou hipotético. Então cada vez que somos preconceituosos estamos emitindo um juízo de valor a algo que ainda não foi concebido, mas que eu a priori já temos uma idéia formada do mesmo sem necessariamente comprovada a verdade ou não.

O preconceito por ignorância, vem quase sempre da falta de diálogo ou informação com a aprendizagem, com a partilha de conhecimento/informação e graças fantásticas novas tecnologias e liberdade de expressão hoje em dia podem ser solucionado sem grandes esforços.

A complexidade da real origem dos preconceitos é uma das grandes dificuldades que o ser humano enfrenta para entender como respeitar e amar o próximo de forma objetiva e sensata.

Voltando deste trabalho que (orgulho e preconceito) baseado no livro Orgulho e Preconceito, lembrando que, Orgulho e Preconceito é a obra mais conhecida de Jane Austen. A autora mostrou como o amor entre os protagonistas era capaz de superar barreiras de orgulho e preconceito, a diferença social entre eles e o escasso poder de decisão concedido à mulher na sociedade da época.

O romance retrata a relação entre Elizabeth Bennet (Lizzy) e Fitzwilliam Darcy. Lizzy possui outras quatro irmãs, nenhuma delas casadas, o que a Sra. Bennet, mãe de Lizzy, considera um absurdo. Quando o Sr. Bingley, jovem bem sucedido, aluga uma mansão próxima da casa dos Bennet, a Sra. Bennet vê nele um possível marido para uma de suas filhas.

Enquanto o Sr. Bingley é visto com bons olhos por todos, o Sr. Darcy, por seu jeito frio, é mal falado. Lizzy, em particular, desgosta imensamente dele, por ele ter ferido seu orgulho na primeira vez em que se encontram. A recíproca não é verdadeira. Mesmo com uma má primeira impressão, Darcy realmente se encanta por Lizzy, sem que ela saiba do fato. A partir daí o livro mostra a evolução do relacionamento entre eles e os que os rodeiam, mostrando também, desse modo, a sociedade do final do século XVIII.

A obra literária de Jane Austen deu ao romance inglês o primeiro impulso para a modernidade, ao tratar do cotidiano de pessoas comuns.

Elizabeth Bennet a personagem principal do livro apesar de bem humorada demonstra sem sombra de duvidas certa arrogância e orgulho além do preconceito bem claro contra o Sr. Darcy, pois como foi descrito anteriormente quando se falava aqui sobre orgulho e preconceito, Elizabeth Bennet ela claramente pré-julgava suas atitudes sem se quer procurar saber se seus pré-julgamentos tinham algum sentido, pois percebe-se que era o orgulho que mantinha a Srtª. Elizabeth Bennet usando um linguajar popular “com o nariz empinando”.

Já em se tratando do personagem principal Sr. Darcy, o orgulho que se descreve no inicio da trama mais se assemelhava a certa arrogância e imponência devido à forma e convívio em que foi criado, com relação a preconceito o Sr. Darcy colocava em questão às vezes o comportamento da família Bennet de um modo geral, pois em se tratando de uma família provinciana e do interior tinham costumes meio extravagantes para os modos tão refinados do Sr. Darcy e principalmente de sua tia Lady Catherine que era o próprio preconceito em pessoa.

Resumo da Obra

Este apreciado romance de Jane Austen aborda de uma forma maravilhosamente agradável os temas casamento, riqueza, posição social e costumes no período regencial, e que consegue tocar de forma bastante apropriada na sociedade sem classe de hoje. A família Bennet: Sr. e Sra. Bennet e suas cinco filhas em idade núbil são lançados num entusiasmo antecipado quando ficam sabendo que o Netherfield Park (Local de grandes mansões perto dali) está para ser deixado ao muito rico e solteiro Sr. Bingley. Em particular, a Sra. Bennet é extremamente ansiosa para que uma de suas filhas consiga um temperado marido de família afortunada e quer ter certeza que ela o conheça o mais cedo possível. As coisas começam a sair conforma o plano, pois o Sr. Bingley mostrou ter preferência pela filha mais velha, Jane. Seu amigo, Sr. Darcy (Que é mais bonito e mais rico do que Bingley), é pouco popular, por causa da sua extrema indiferença e orgulhosa atitude, e é geralmente tido como muito desagradável.

Ele, particularmente não é aprovado por Elizabeth Bennet, que o escutou dizer a Bingley que ela não era bonita bastante para dançar com ele. Embora Darcy comece a desenvolver admiração por Elizabeth, a atitude dela em relação a ele é de bastante desprezo. Elizabeth é uma mulher inteligente, mas ela torna-se parcial com ele porque acredita que ele seja arrogante e desaprova sua própria família. Estes sentimentos foram assimilados por ela num encontro com o encantador Sr. Wickham, que lhe disse que ele havia sido promovido pelo pai de Darcy e Darcy ficou com ciúmes desta relação e acabou impedindo-o de receber a promoção que lhe dera o falecido Sr. Darcy (Pai). Enquanto isso, o relacionamento de Jane e Bingley parece se desenvolver positivamente, mas as esperanças de Jane são abaladas quando Bingley deixa Netherfild para retornar a Londres sem se despedir e dar qualquer explicação.

Elizabeth rejeita a proposta de casamento de seu obsequioso primo, Sr. Collins, muito pela desaprovação de sua mãe, que tem esperança de vê-la casada com alguém de dinheiro. Então o Sr. Collins acaba casando-se com sua amiga, Charlotte, e logo depois disso Elizabeth vai visitá-los e lá encontra a formidável tia de Darcy, Lady Catherine de Bourgh. Na oportunidade Elizabeth fica sabendo por um amigo comum que foi Darcy o mentor da mudança de Bringley para Londres a fim de salvá-lo de um casamento imprudente. Elizabeth entendeu que isto foi uma interferência entre Bringley e sua irmã Jane e ficou furiosa. Quando Darcy, para sua surpresa, declara seu amor por ela e lhe faz a proposta, ela recusa furiosamente e o indaga a respeito das informações sobre Bringley e Wickhan. Eles discutem e partem cada um pro seu lado com hostilidades. No dia seguinte ela recebe uma carta dele que explica suas razões para separar Bringley de Jane e pede desculpa por ter lhe ferido o sentimento.

Ele também lhe esclarece a respeito da história de Wickham, cujo caráter é realmente da pior espécie, que ele levou vantagem sobre seu pai Darcy, usando o dinheiro que lhe foi dado para uma vida de “inatividade e dissipação” e planejando fugir com a irmã de Darcy. Então Elizabeth percebe que ela foi preconceituosa contra Darcy, mas acredita que é muito tarde para eles reavivarem sua amizade. Retornando para casa, ela se comporta com frieza em relação a Wickham, que parte com seu regimento para Brighton, lugar que a irmã mais nova de Elizabeth, Lydia, planeja também visitar. Elizabeth, crendo que as informações recebidas são confidenciais, não diz nada a sua irmã do que ficou sabendo a respeito de Wickham, e espera que ela nunca mais o veja novamente. Agora Elizabeth vai visitar sua tia e seu tio em Derbyshire, e lá eles estão organizando uma viagem para visitar a grande casa de Darcy, Pembereley. Acreditando que Darcy não está lá, Elizabeth concorda em ir.

A casa é muito impressionante, mas, quando olhando a casa eles começam a caminhar pelo extenso jardim, Elizabeth fica estarrecida ao ver Darcy chegando e vindo para falar-lhes e ela fica muito embaraçada, pensando que ele poderia ter uma má interpretação sobre a razão dela estar ali. Entretanto ele foi muito cortês com sua tia e seu tio, os quais ficaram agradavelmente surpresos após a descrição prévia de seu caráter por Elizabeth. Durante sua estadia em Derbyshire, Elizabeth recebe uma carta de Jane informando terrível notícia, que Lygia tinha fugido com Wickham. Imediatamente Elizabeth foi depressa para casa, após transmitir a notícia para Darcy, e acreditando que a notícia faria com que ela e sua família se tornassem mais desagradável a ele. Um terrível período de temor e confusão sucedeu, mas eventualmente os dois foram encontrados e Wickham foi forçado a casar com Lydia, com a promessa de uma larga renda. Os Bennets ficaram confusos a respeito da origem do dinheiro.

Mas logo ficou revelado para Elizabeth que foi Darcy quem achou os dois e providenciou o dinheiro, o que fez aumentar mais a sua admiração por ele. Outra notícia interessante foi que Bringley retornou à Netherfield e propôs casar com Jane, para o deleite de todos.Então Darcy e Elizabeth tiveram que admitir para eles mesmos que foram orgulhosos e preconceituosos, e, num dos mais emocionantes finais de romance que se pode ler, o casal veio finalmente declarar seu amor um pelo o outro.

Por mais que o livro orgulho e preconceito tenha sido escrito há muito tempo, dá para notar como a história se adapta aos dias de hoje. A obra literária de Jane Austen deu ao romance inglês o primeiro impulso para a modernidade, ao tratar do cotidiano de pessoas comuns.

Citado pela autora;

“Como bom cristão, tendes de perdoá-los, mas jamais deveis admiti-los na vossa presença, ou permitir que os seus nomes sejam mencionados diante de vós.” Jane Austen (Orgulho e Preconceito).

Segundo ao escritor Lúcio Cardoso (1913-1968), foi minuciosamente estudada a sociedade daquele tempo, a mediocridade dos seus tipos, o ridículo dos seus hábitos, a vaidade e a tolice de burgueses e nobres que o preconceito separava.

Mesmo em se tratando de uma época em que as mulheres eram submissa aos homens exceto a Sra. Bennet que extrapolando os costumes tinha um comportamento diferente, uma parte do livro de Jane Austen (Orgulho e Preconceito) que chamou a atenção de muitos criticos e leitores foi a parte que ela expos o fato de as mulheres não poderem receber heranças deixada pela família, mas mesmo sabendo que para herdar os bens que seus pais poderiam deixar Elizabeth recusa-se a aceitar um arranjo baseado exclusivamente na conveniência, ela vê Mr Darcy, considerado um ‘bom partido’, como pessoa orgulhosa e inflexível; no decorrer da história ela perceberá seu próprio preconceito, a verdadeira natureza dele e, mais importante, de si mesma.

Informações sobre as traduções do livro Orgulho e Preconceito de Jane Austen

O que poderia ser uma típica história de amor é, nas mãos de uma das escritoras de língua inglesa mais difundidas pelo mundo, um espetáculo de grandes personagens e diálogos sagazes, com um tom perfeito para a ironia.

Ivo Barroso, poeta e tradutor, fez uma ótima apresentação abrangendo todos os aspectos da obra de Jane Austen, inclusive os atuais como se lê neste trecho,

Com base em suas narrativas, tem sido feitas inúmeras adaptações cinematográficas, algumas bem recentes até, daí falar-se num revival de Jane Austen – mas a expressão é inadequada, pois a autora de Razão e sentimento (1811), Orgulho e preconceito (1813), Mansfield Park (1814) e Emma (1816) nunca esteve literariamente morta, embora tenha falecido para o mundo há quase dois séculos. Seus leitores – e não só de língua inglesa – têm sido fiéis, constantes e crescentes em todos estes anos que viram a obra literária, atingiu fabulosas tiragens, comparáveis apenas com as da Bíblia e de Shakespeare.

Continuando na visão de Ivo Barroso, o nome do romance, apropriadíssimo, descreve a maneira em que seus protagonistas se conheceram; Elizabeth e seu amado Fitzwilliam Darcy tiveram uma péssima primeira impressão mútua, mas ao superarem não só os próprios orgulhos e preconceitos, como também o da própria sociedade, passaram a enxergar como ambos realmente são, e se apaixonaram. O feminismo é um tema constante na obra, pois as personagens femininas são independentes e a submissão feminina é tratada com muito desprezo – algo incomum e revolucionário na época.

CAPITULO III: A MULHER E O CASAMENTO NO SECULO XVIII

Nas famílias burguesas, do século XVIII, a “nuclearização” e a interdição a masturbação assumiram progressivamente o centro do discurso e da visibilidade e, conseqüentemente, das preocupações.

As mulheres das classes superiores tinham que entender cedo que a única porta aberta para uma vida que fosse, ao mesmo tempo, fácil e respeitável era a do casamento. “Logo, ela dependia de sua boa aparência, nos conformes do gosto masculino daqueles dias.

“Permanecer solteira era considerado uma desgraça e aos trinta anos uma mulher que não fosse casada era chamada de velha solteirona. Depois que seus pais morriam o que elas podiam fazer, para onde poderiam ir? Se tivessem um irmão, poderiam viver em sua casa, como hóspedes permanentes e indesejados. Algumas tinham que se manter e, então, as dificuldades apareciam. A única ocupação paga aberta a essas senhoras era a de governantas, em condições desprezadas e com salários miseráveis. Nenhumas das profissões eram abertas as mulheres; não havia mulheres nos gabinetes governamentais; nem mesmo trabalho de secretaria era feito por elas.Segundo, Louisa Garrett Anderson, (1860)

“…os pais acreditavam que uma educação séria para suas filhas era algo supérfluo: modos, música e um pouco de francês seria o suficiente para elas. Aprender aritmética não ajudará minha filha a encontrar um marido, esse era um pensamento comum. Uma governanta em casa, por um breve período, era o destino habitual das meninas. Seus irmãos deviam ir para escolas públicas e universidades, mas a casa era considerada o lugar certo para suas irmãs. Alguns pais mandavam suas filhas para escolas, mas boas escolas para garotas não existiam. Os professores não tinham boa formação e não eram bem educados. Nenhum exame público (para escolas) aceitava candidatas mulheres”,Louisa Garrett Anderson, (1839).

O pensamento iluminista, século XVIII

O pensamento iluminista foi responsável por uma profunda mudança no modo de pensar do homem europeu do século XVIII. Em torno de um pensamento abstrato e teológico ele contrapõe um pensamento baseado na razão. A resposta sobre a problemática humana deve ser buscada na razão, não em Deus.

Os pensadores iluministas teorizavam, debatiam e concluíam que somente a partir do uso da razão, os homens atingiriam o progresso político, social, material E etc.

“Para a maior parte dos filósofos iluministas á mulher faltava a razão ou, na melhor das hipóteses, possuíam um raciocínio inferior. Segundo eles, não existem mulheres capazes de invenção, elas estão excluídas da genialidade, ainda que possam ter acesso e algum sucesso no campo da literatura e em certas ciências menores.

Essa incapacidade é baseada numa psicologia “natural”. A mulher é um ser da paixão e da imaginação, não do conceito.

Alguns deles até acreditava que a mulher não fosse totalmente desprovida de razão, mas essa faculdade é, na mulher, mais simples e elementar do que nos homens e devem cultivá-la apenas para assegurar o cumprimento de seus deveres naturais (obedecer ao marido, ser-lhe fiel, cuidar da casa e dos filhos, etc.).

Segundo o Jean-Jacques Rousseau um dos grandes filósofos do Iluminismo, a mulher mantém-se perpetuamente na infância; ela é incapaz de ver tudo que é exterior ao mundo fechado da domesticidade que a natureza lhe legou, e daí resulta que ela não pode praticar as “ciências exatas”.

A única ciência, para além dos seus deveres domésticos, que ela deve conhecer é a dos homens que a rodeiam e, essencialmente, a do seu marido, e que é baseada no sentimento. O mundo doméstico, afirma Rosseau, é o livro das mulheres, e não há necessidade de qualquer outra leitura. A incapacidade de raciocinar como o homem gera na mulher a impossibilidade de compreenderem assuntos de ordem religiosa: é por essa razão que a filha deve ter a religião do pai e toda a mulher a do seu marido.

A procura das verdades abstratas e especulativas, os estudos filosóficos e matemáticos não estão ao alcance do raciocínio das mulheres.

Os seus estudos devem estar relacionados á prática; a elas cabe aplicar as soluções e propostas que o homem, com sua mente privilegiada, descobriu.

Uma das preocupações do “século das luzes” é pensar a diferença feminina, diferença sempre marcada pela inferioridade. Trata-se de conferir ás mulheres apenas papéis sociais: esposa, mãe, dona de casa. É por essa função doméstica que a mulher pode, de algum modo, ser cidadã. Mas cidadã sem a competência para se envolver em política, cuja análise só poderia estar ao alcance dos homens. Podemos dizer que a ideologia mais representativa do século XVIII consiste em considerar que o homem é a causa final da mulher. Jean-Jacques Rousseau (século XVIII).

A situação das mulheres no século XIX

A educação da mulher durante a época de Jane Austen não existia um sistema de educação propriamente dito, e a educação das crianças era feita nas escolas dominicais, ou, no caso das famílias mais abastadas, através de tutores. Por outro lado, existiam algumas “escolas para damas”, que tinham má reputação, pois ofereciam uma educação deficiente. Também era comum mandar os filhos homens para viver na casa de um tutor, como o era o pai de Jane Austen. Crescendo nessa casa, pode-se supor que a autora foi uma mulher bastante instruída para seu tempo.

O tratado de educação mais relevante para a época era o Emilio de Rousseau, que tem suas bases no Iluminismo. Rousseau propunha que todos os males de sua época se originavam na própria sociedade, e que a única alternativa era provocar uma transformação no homem através da educação; uma educação que o permitisse libertar-se da corrupção que provoca a sociedade. A influência do Iluminismo fez com que se começasse a criar um sistema educativo fundamentado na razão. Sem dúvida, tanto em Rousseau, como em muitos outros pensadores do Iluminismo, a mulher estava excluída dessa necessidade educativa.

Como exemplo, em Emilio se faz referência à educação da mulher através da sugestão para Sofía, a mulher destinada a casar-se com Emilio: a mulher deve ser educada para cumprir suas funções de esposa e mãe, e obedecer a seu marido.[8] Sendo assim, não é de se estranhar que numerosos tratados de conduta para mulheres jovens se popularizaram no século XVIII, ensinando doutrinas morais e enfocando a educação em aspectos domésticos, religião e “talentos”, e separando-as de outros conhecimentos, que a tornariam pouco desejável aos olhos masculinos.

Há muitas passagens na obra de Jane Austen dedicadas aos “talentos”, porém se há algo que todas as obras têm en comum é que nenhuma de suas heroínas está muito interessada por eles. Por talentos, então, se pode entender as diferentes habilidades que uma mulher que busca marido deve cultivar para atrair a atenção dele.

“Acho incrível”, diz Bingley, “como todas as jovens têm tanta paciência para cultivar todos esses talentos”. (…) “Todas pintam, forram biombos e fazem bolsas. Não conheci uma que não saiba fazer tudo isso, e estou seguro de que jamais me falaram de uma jovem pela primeira vez sem referir-se a quão talentosa ela era”. (…) “Uma mulher deve ter um amplo conhecimento de música, canto, desenho, dança, e línguas modernas para merecer essa palavra (talentosa); e, aparte de tudo isso, deve haver algo em seu ar e em sua maneira de andar, no tom de sua voz, em sua forma de relacionar-se com as pessoas, e em sua expressão que, se não for assim, não merecerá completamente a palavra”.(Jane Austen, Pride and Prejudice)

Jane Austen advoga, em seus romances, por uma educação liberal para a mulher, independente de todos esses “talentos”, pois considera a falta de sensatez um grande risco para a vida social, para a escolha de um futuro favorável, e para a convivência conjugal.

A educação da aristocracia no século XVIII foi detestável. A mulher não tinha infância; a sua primeira educação consistia em fazer da criança uma pequena grande dama, maneirosa e de graças artificiais. Antes de saber ler, à pequenina nobre ensinava-se fazer reverências. Quando a mandavam às Tulherias,(palácios) recomendavam-se que não saltasse, que não corresse, que mantivesse um ar de grande senhora.Se ia a um baile infantil, punham lhes cabeleira postiça com grinalda de flores, e proibiam-lhe que se despenteasse. Muito cedo ia para o convento, onde lhe era dada uma educação meio mundana, meio ascética, uma educação que ia desde o catecismo à lição de reverências. Nos conventos amontoavam-se esposas divorciadas, amantes de príncipes, viúvas mais ou menos inconsoláveis e toda essa população dava ao convento um ar hipócrita e mundano, tão deletério para as jovens educadas. Nos claustros repercutiam os ecos mundanos de Versalhes e de Paris.

Nesse século a mulher não tinha mãe, como não tinha infância. Via o filho ao nascer e no dia em que voltava da casa da ama; durante os poucos anos que sua filhinha passava em casa, ficava sob os cuidados da mestra, num andar, à parte, donde descia para ver a mãe e com ela passar apenas cinco minutos. No convento poucas vezes era vista pela mãe; via-a no parloir, em um passeio ao boulevard, ou então quando lhe vinha anunciar, que lhe tinha destinado um marido e que era preciso começar o enxoval,era assim educada a mulher do século XVIII.

A defesa da igualdade de direitos que incendiou os séculos XVIII e depois o século XIX acabou por estimular as mulheres exigirem os mesmos direitos que os homens. Uma das primeiras mulheres a fazê-lo foi a inglesa Maria Wollstonecraft (1759-1797). Na sua conhecida obra Vindication of the Rights of Woman (Reinvindicação dos Direitos da Mulher), publicada em 1792, exige a igualdade de direitos políticos entre homens e mulheres.

Embora o liberalismo fizesse da igualdade dos direitos um dos seus princípios basilares, a verdade é que abria também muitas exceções para a atribuição dos direitos “universais”, mesmo para os homens: Os direitos políticos eram negados à maioria da população por não esta não tinha rendimentos suficientes, outros vezes porque não sabia ler, nem escrever, ou ainda porque não tinha a idade suficiente para votarem. Não admira que neste contexto, as próprias mulheres acabassem também por ser excluídas.

O lugar das mulheres, na mentalidade dominante do tempo, era no lar. A “rua” era para as prostitutas ou as pobres que eram obrigadas a trabalhar por não terem recursos suficientes para se dedicarem à sua nobre missão: procriarem e cuidarem do lar.

Ironia

É interessante atentarmos, também, para o fato de que a ironia, tanto na perspectiva da lingüística quanto na perspectiva filosófica, o elemento que está no centro da enunciação, segundo Beth Brait,( 1996) “é o processo de enunciação, embora concebido de forma inteiramente diversa”.

Devemos lembrar aqui o fato da ironia, a partir de uma visão lingüística, ser uma construção da linguagem, enquanto pelo viés da filosofia a ironia é uma atitude ou uma espécie de marca de personalidade. A cena da ironia é social e política, fazendo parte do processo comunicativo. “Ela não é um instrumento retórico estático a ser utilizado, mas nasce nas relações entre significados, e também entre as pessoas e emissões e, às vezes, entre intenções e interpretações” (HUTCHEON, 2000, p.30).

Partindo da distinção entre vários tipos de ironia a socrática que busca a sabedoria através do diálogo, dada a sua desconfiança relativamente às verdades conhecidas ou estabelecidas; a retórica, prática persuasiva que está sempre a serviço de um partido, de uma ideologia, de uma “verdade”; o humor, ou ironia humores que, modalidade na qual se privilegia a relativização para “ver o outro lado”, ou em que; e a ironia romântica, que destrói constantemente a ilusão ficcional, exibindo o caráter de produção do texto, ao usar explicitamente o fingimento, a representação, a máscara, o engano, através de espelhamentos, reduplicações, encaixes e distanciamentos de vozes, romântica, lembrando, por exemplo: Lizzy, protagonista do filme Orgulho e Preconceito da autora Jane Austen.

“É verdade universalmente admitida que um homem solteiro, possuidor de boa fortuna, deve estar precisando de uma esposa”. (JANE AUSTEN, 1997b, p. 19). Essa famosa frase de abertura do livro Orgulho e Preconceito de Jane Austen indica o tom irônico que a autora usará durante todo o romance. A ironia é uma das características mais importantes de Austen e ela faz uso de tal recurso para criticar a sua sociedade contemporânea. Através da narrativa, além da ironia, outros aspectos da obra são ressaltados, tais como, o senso de humor que permeia as descrições no romance, comentários ou atitudes das personagens e a constante preocupação com o bom senso, a conveniência e a moralidade. Por esta razão, para uma melhor interpretação do mundo que Jane Austen retrata, é fundamental entender o funcionamento deste recurso.

No essencial, entender o uso da ironia na obra de Jane Austen não é uma tarefa fácil, porque ela se apresenta de uma maneira sutil e delicada e, para a discussão e análise do material serão utilizados os pressupostos teóricos de Wayne Booth e D. C. Muecke. A definição de ironia não pode ser reduzida apenas ao seu antigo conceito de “dizer uma coisa significando outra”. (MARTA MATEO, 1995, p. 171-172). Ironia é algo mais complexo, mesmo porque existem vários tipos de ironia, tais como, ironia verbal, dramática, de situação, entre outras. De acordo com Mateo (1995, p. 172), “ironia depende do contexto desde que resulte da relação de uma palavra, expressão ou ação com todo o texto ou situação”. A exemplo disso, no primeiro capítulo da obra Orgulho e Preconceito, ao contrastarmos a frase de abertura acima citada com a frase que revela a preocupação da personagem Sra.

Bennet, mãe da personagem principal, com um rápido e próspero casamento para suas filhas, como aponta o narrador ao dizer que “ maior preocupação da sua vida era casar as filhas; seu consolo era fazer visitas e saber das novidades”, fica evidente que a ironia está empregada não somente nas palavras, mas no próprio contexto da história ou enredo. (JANE AUSTEN, 1997b, p. 21).

Dessa maneira, Jane Austen ressalta sua crítica ao casamento por conveniência e o faz de forma irônica e cômica. Conseqüentemente, durante o decorrer do romance, a autora faz com que a voz irônica de sua personagem principal Elizabeth Bennet, através de um mecanismo de controle do ponto de vista do leitor, provoque o significante efeito de direcionar tal olhar a um ponto ou característica específica da história, sobre o qual a autora queira evidenciar uma determinada falha da sociedade. Portanto, é possível dizer que as técnicas de Jane Austen produzem um resultado singular através do qual Orgulho e Preconceito exige, do começo ao fim, uma leitura atenciosa guiando seu leitor, de forma sutil, a perceber os objetivos dessa brilhante autora.

Considerada a escritora que criou o romance moderno, as obras literárias de Jane Austen ainda são um desafio aos críticos literários e, para entender a complexidade de Orgulho e Preconceito, este estudo propõe discutir a visão irônica que a autora utiliza para criticar a vida social e os costumes de sua época. Assim, não entender este recurso impede o leitor de alcançar o significado mais profundo do romance, prendendo-se apenas a uma leitura superficial da obra. O que a ironia nos propõe, no seu exercício retórico e argumentativo, é um novo enquadramento da racionalidade,vista à luz de uma perspectiva que a determina num contexto de problemas ?losó?cos, que já não se compadecem com a concepção geral e habitual de racionalidade.

Ironia na visão de Sócrates

Entre a ironia e o seu extremo, a comédia, olhemos de perto a célebre imagem iconoclasta de Sócrates, perorando em cima da nuvem. Sócrates e a nuvem, quer dizer, a ironia, visto que a ironia encontra-se ainda em estado nebuloso, como todos os momentos inaugurais, e resta saber se cada momento não é inaugural em si-,sendo, por isso, larvar e indistintamente interrogatividade, problematização, argumentatividade, retórica, dialética e…lógica da de?nição. Dentro desta nebulosa, nesta matéria plasmática, a ironia socrática é já o prenúncio tumultuoso de todas as concepções posteriores e, extasiadamente de todas as suas sobrevalorizações.

A ironia, desde a socrática, é a descoberta de uma negação que se instala na razão, que não é meramente ontológica ou lógica, mas aparece como uma probabilização de si própria, uma negação positiva, em que, simulando-se, se pode expor a novas possibilidades de pensamento, que não são estritamente racionais, e fomentar uma irradiação de problemas, num encadeamento de dúvidas e interrogações que têm, assim, um estatuto fundamental na própria lógica interna da racionalidade argumentativa.

Aristóteles acabará por ?car sempre hesitante na apreciação que faz da ironia, quer na Poética quer na Retórica, remetendo o ironista para um meio termo entre o inculto, inimigo de gracejos (agroikos- terreno não cultivado) e o bobo (bomolochos), que procura ter graça a todo o transe. O ironizador é o gracejador de bom gosto ou espirituoso (eutrapelos) e, por isso, mais virtuoso, pois é o meio termo (mesotes) entre ambos. Por outro lado, a ironia assenta na huponoia, na alusão indireta, numa contenção de linguagem que faz da ironia uma insolência não bárbara, mas civilizada, aferindo-se a civilização por esta capacidade de exprimir o humor ironicamente. No extremo, a ironia cataliza esse poder da linguagem que se substancializa na capacidade de dizer alusivamente, forma educada de dizer. O ironista é o sugestor, o que sugere e seduz, numa referenciação indireta do que diz e, num lance espirituoso, capaz de criar conivências, cumplicidades.

O ironista, ilusionista e alusionista, confere à sua atitude uma intenção de relações que se exprimem numa cumplicidade, que assenta numa inteligibilidade partilhada, já vista como uma das dimensões fortes da internacionalidade, numa sugestão de problematicidade, mas sem lesar a simpatia básica de quem conversa, o fator difuso que predispõe a uma conversação ou a um diálogo. Abrangendo tudo isto, a ironia passa a ser o fator de coesão entre os sujeitos, sem abdicar de citar as diferenças, e de fortalecimento das relações entre os sujeitos, ao permitir-lhes identi?cações e diferenciações, sem expor chagas virulentas, nesses ligeiros golpes da arte do ?orete, fomentando o diálogo e a perspectivarão dialética, como xadrez de hipóteses, como formas de construção de sociabilidades. Na verdade, a ironia é, para Aristóteles, e à boa maneira dos gregos, a manifestação de uma relação entre sujeitos, não como indivíduos, mas como polidamente habitantes da pólis.

O que a pólis não suporta não é a ironia, mas o bobo ou o bárbaro, os que, no seu limite, não revelam capacidade de internacionalidade, porque um desloca o humor para o absurdo e a pantomina, espécie de promiscuidade total, enquanto o outro coloca o humor na bestialidade e perversidade das relações, como se ambos acabassem por ser uma forma bruta de ininteligibilidade.

Atualmente, apesar de existir uma argumentação de que a ironia socrática está distanciada do que entendemos atualmente, ela pode ainda se encaixar na categoria, principalmente se ?zermos a comum valoração entre “ironia elegante” e “ironia canhesta”. Um exemplo da “elegância” da ironia socrática pode ser encontrada em uma passagem da Apologia de Sócrates citada na Arte Retórica como exemplo do uso retórico da interrogação. Nessa passagem, Aristóteles a?rma que:

Pretendia Meleto que Sócrates não acreditava na existência dos deuses; Sócrates fez-lhe esta pergunta: “Será que creio na existência de um demônio?” O outro concordou. – “Os demônios não são ?lhos dos deuses ou algo de divino?” Meleto conveio nisso. – “Será pois possível que se acredite haver ?lhos de deuses e ao mesmo tempo não haver deuses?” (ARISTÓTELES,2005, p. 218).

Aqui, o resultado da ironia não é uma agressão, nem uma construção de bufonaria ou de chiste. O que encontramos é uma aporia dentro do pensamento de Meleto que foi indicada pelas indagações irônicas de Sócrates. Dessa forma, a ironia, dentro de um discurso de persuasão, é uma ?gura de retórica que não ridiculariza o autor, mantendo um ethos de respeitabilidade daquele que busca convencer.

Tipos de ironia

A maior parte das teorias de retórica distingue três tipos de ironia: oral, dramática e de situação.

• A ironia oral é a disparidade entre a expressão e a intenção: quando um locutor diz uma coisa mas pretende expressar outra, ou então quando um significado literal é contrário para atingir o efeito desejado.
• A ironia dramática (ou sátira) é a disparidade entre a expressão e a compreensão/cognição: quando uma palavra ou uma ação põe uma questão em jogo e a plateia entende o significado da situação, mas a personagem não.
• A ironia de situação é a disparidade existente entre a intenção e o resultado: quando o resultado de uma acção é contrário ao desejo ou efeito esperado. Da mesma maneira, a ironia infinita (cosmic irony) é a disparidade entre o desejo humano e as duras realidades do mundo externo. Certas doutrinas afirmam que a ironia de situação e a ironia infinita, não são ironias de todo

Exemplos:

• Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor! (Mário de Andrade)
• Você está intolerante hoje!
• Não diga, meu amor!

É também um estilo de linguagem caracterizado por subverter o símbolo que, a princípio, representa. A ironia utiliza-se como uma forma de linguagem pré-estabelecida para, a partir e de dentro dela, contestá-la.

Foi utilizada por Sócrates, na Grécia Antiga, como ferramenta para fazer os seus interlocutures entrarem em contradição, no seu método Socrático.

Definição de Ironia

A ironia é um instrumento de literatura ou de retórica que consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa, deixando entender uma distância intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos.

Na Literatura, a ironia é a arte de gozar com alguém ou de alguma coisa, com vista a obter uma reação do leitor, ouvinte ou interlocutor.

Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o objetivo de denunciar, de criticar ou de censurar algo. Para tal, o locutor descreve a realidade com termos aparentemente valorizastes, mas com a finalidade de desvalorizar. A ironia convida o leitor ou o ouvinte, a ser ativo durante a leitura, para refletir sobre o tema e escolher uma determinada posição.

É preciso um caminho indireto, como a ironia (método de ensino de Sócrates), porque o caminho para o conhecimento interior é individual a cada um.

A Ironia possui duplo aspecto: a refutação e a maiêutica. Através da refutação, Sócrates faz uma cadeia de raciocínio para provar que a base do que o outro está pensando está errado. Levava ao ridículo homens considerados sábios. O emprego da refutação para libertação do espírito é de origem eleática. Sócrates tira-a de Zenão, que é o criador. Procurava na filosofia o melhor caminho da libertação das almas do erro, do pecado e da condenação ao ciclo de nascimento.

“A sabedoria plena é buscada através do auto-conhecimento, que tem como método indireto a ironia.”

A ironia de Sócrates é uma expressão de revolta? De ressentimento da plebe? Ele goza enquanto oprimido de sua própria ferocidade nas estocadas do silogismo? Ele vinga-se dos nobres que fascina? À medida que se é um dialético, tem-se um instrumento impiedoso nas mãos. Com ele podemos cunhar tiranos e ridicularizar aqueles que vencemos. O dialético lega ao seu adversário a necessidade de demonstrar que não é um idiota: ele o deixa furioso, mas ao mesmo tempo desamparado. O dialético despotencializa o intelecto de seu adversário. Como? A dialética é apenas uma forma de vingança em Sócrates? (Nietzsche, 2001, p.20-21).

Seria mesmo a dialética apenas uma forma de vingança socrática? Se, por um lado, o exagero irônico de Nietzsche tem o mérito de iluminar as faces “obscuras” do afeto que potencializa a construção do jogo dialógico-irônico socrático e, neste sentido, pode-se identificar uma teoria da ironia nos escritos Nietzschianos.

O jogo irônico-dialético socrático, enquanto produção do conhecimento humano não pode se “cristalizar”, ou seja, se encapsular a ponto de se dirimir as cargas afetivas que lhe são imanentes. Quando isto acontece, então predomina a carga afetiva sarcástica que dilacera os argumentos alheios por meio da soberba intelectual daquele que não admite se equivocar no domínio dos conceitos discutidos.

Na esfera educacional/formativa, tal “mestre” poderia ser caracterizado como um anti-Zaratustra. Diferentemente daquele que se aferra com todas as forças ao pedestal que julga ser-lhe de direito, Zaratustra “provocou” seus discípulos da seguinte maneira: “Retribui-se mal um mestre quando se permanece sempre e somente discípulo. E porque não quereis arrancar folhas da minha coroa?”(Nietzsche, 2005, p.105).

A ironia é uma das formas mais poderosas de lidarmos com as questões cruciais do ser humano. Não é a toa que esta estranha maneira de dizer as coisas, por vezes por via do seu contrário, era a ferramenta utilizada por Sócrates quando queria desconstruir o discurso dos sofistas, mostrando que desconheciam aquilo de que falavam, ou quando queria ridicularizar o fato de cobrarem muito dinheiro por seus supostos ensinamentos.

A ironia é, no dizer de Esteves (1997), o “exercício de uma racionalidade multiforme, que se multiplica em associações e relações”. Trata-se de uma inteligibilidade precária uma vez que não afirma mas duvida sempre, filosófica por excelência.

A ironia também tem um componente imprescindível à sua inteligibilidade: o contexto. É talvez a mais ambígua das figuras de linguagens, uma vez que, se mal interpretada, pode levar o interlocutor a ter a impressão rigorosamente oposta a que se queria dar. ESTEVES,( 1997).

CONCLUSÃO

Para o desenvolvimento desta monografia sobre o tema Orgulho e Preconceito, fez-se necessário a leitura minuciosa e a análise do romance, além de tal material, foram pesquisados textos teóricos de autores que escreveram a respeito da historia que envolve o livro inclusive sobre a ironia que envolveu a obra, citações de alguns dos críticos mais importantes de Jane Austen e de elementos históricos e sócio-culturais da época.

Orgulho e Preconceito é um romance da escritora britânica Jane Austen. Publicado pela primeira vez em 1813, na verdade havia sido terminado em 1797, antes de ela completar 21 anos, em Steventon, Hampshire, onde Jane morava com os pais. Originalmente denominado First Impressions, nunca foi publicado sob aquele título; ao fazer a revisão dos escritos, Jane intitulou a obra e a publicou como Pride and Prejudice. Austen pode ter tido em mente o capítulo final do romance de Fanny Burney, Cecilia, chamado “Pride and Prejudice”.

A história mostra a maneira com que a personagem Elizabeth Bennet lida com os problemas relacionados à educação, cultura, moral e casamento na sociedade aristocrática do início do século XIX, na Inglaterra. Elizabeth é a segunda de 5 filhas de um proprietário rural na cidade fictícia de Meryton, em Hertfordshire, não muito longe de Londres.

Apesar de a história se ambientar no século XIX, tem exercido fascínio mesmo nos leitores modernos, continuando no topo da lista dos livros preferidos e sob a consideração da crítica literária. O interesse atual é resultado de um grande número de adaptações e até de pretensas imitações dos temas e personagens abordados por Austen.

Jane Austen descreve os pensamentos e reações de Elizabeth com mestria e não assume uma postura do narrador que sabe de tudo. O que o narrador diz aos leitores é o que a personagem principal não é infalível e comete erros. Nós podemos ver isso em Orgulho e Preconceito, onde Elizabeth não é perfeita mesmo. Conseqüentemente, o romance do qual Jane Austen tanto se orgulhava tirou-a do anonimato e transformou-a numa das mais conhecidas escritoras da literatura inglesa.

Através de comparações entre as obras estudadas, a biografia e sociedade muitos aspectos da vida fictícia se parecem com a vida da autora Jane Austen.

Atualmente, acredita-se que o livro tenha cerca de 20 milhões de cópias ao redor do mundo.

REFERENCIAS

AUSTEN, Jane,Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice) 1813, Tradução de Celina Portocarrero ,Apresentação de Ivo Barroso Edição n.o: 151034/ó472

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2 ed., Rio de Janeiro: LTC, 1981.

ARISTÓTELES (2005) (17. ed.) Arte retórica e arte poética. Tr.: A. P. de Carvalho. Rio de Janeiro:

ALBERT, Georgia. “Understanding Irony: three essais on Friedrich Schlegel”. In: MLN, Vol. 108, N.º 5. Comparative Literature. (Dec., 1993), p. 825-848.

BOOTH, Wayne C. The Rhetoric of Fiction. Chicago: The University of Chicago Press, 1973.

ESTEVES, José Manuel Vasconcelos Ironia e argumentação, Tese de Mestrado em Filosofia, Universidade Nova de Lisboa, 1997, acessado em http://bocc.ubi.pt/pag/esteves-jose-manuel-ironia-argumentacao.html

GUTHRIE, William K. C.. Socrates. Cambridge: University Press, 1994;

MUECKE, D. C. Ironia e o Irônico. Translation of Geraldo Gerson de Souza. São Paulo: Perspectiva, 1995.

MATEO, Marta. “The Translation of Irony”. In: Meta: Journal des Traducteurs, Vol. 40, N.º 1, 1995. p.171-177. Disponível em: http://www/erudit.org/revue/meta/1995/v40/n1/003595ar.pdf

NIETZSCHE, Friedrich, (1992). O Nascimento da Tragédia ou Helenismo e Pessimismo. São Paulo: editora Companhia das Letras. Tradução de J. Guinsburg.

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