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quarta-feira, abril 24, 2024

Raiva – Prevenção e Causas

Autor: Damiom

Breve Histórico

O “Código de Eshnunna”, elaborado na Mesopotâmia, século 23 A.C., especifica e determina a quantia que deveria ser paga se uma pessoa morresse em decorrência da mordida de um cachorro louco. Os registros, na antiga Babilônia, relatam a transmissão de raiva por cães para pessoas, através de mordedura, com uma visão epidemiológica utilizada até os dias de hoje.

A raiva e seu forma de transmissão foram também relatadas na Grécia desde o século III D.C. Aristóteles a descreveu em camelos e em cavalos. Filomeno, erudito grego, estimou seu período de incubação variando de 40 dias a vários anos.Os escritores romanos do século I D.C., Celso e Plínio, descreviam a raiva e seu tratamento, assim como Célio Aureliano, do século V D.C., que afirmava ser a raiva do homem causada por mordidas de cães, raposas, cavalos, macacos, lobos, ursos, leopardos e aves. (Hatshbach, P.I., 1989).

Nas Américas, a raiva canina foi citada pela primeira vez no México (1709) e em Barbados (1741). No período de 1768 a 1771 foi descrita uma epizootia na cidade de Boston, Estados Unidos, transmitida por raposas e cães.

Na América Latina a raiva é conhecida desde as primeiras expedições colonizadoras quando homens e animais morreram em consequência da enfermidade transmitida por morcegos hematófagos. Supostamente a raiva canina foi introduzida através de cães infectados que vieram acompanhando a estes colonizadores.( Schneider, M. C., 1990 )

Com o passar dos anos, novos e importantes descobrimentos foram realizados. Em 1879, Galtier, médico veterinário professor da Escola de Veterinária de Lion, fez experimentos, utilizando coelhos como animais de laboratório. Este fato conduziu aos famosos trabalhos de Pasteur sobre a raiva, com a vacinação do menino Joseph Meister em 1885 e a fundação do Instituto Pasteur, Paris em 1888.

Em 1903, Remliger demostrou a filtrabilidade do vírus e no mesmo ano, Negri descreveu os Corpúsculos de inclusão em células nervosas de cérebros de cães acometidos de raiva, pensando, entretanto, que estes eram um estágio de desenvolvimento de protozoários. A controvérsia protozoário – vírus persistiu até a década de 1930, quando o vírus foi cultivado em cultura celular. No diagnóstico da doença, o desenvolvimento da Prova de Inoculação em camundongos (Webster e Dawson, 1939 ) foi um marco na história da raiva. Mais tarde, as vacinas de uso humano foram aperfeiçoadas e desenvolvidos métodos de controle da raiva. (Hatschbach,1989).

A Raiva em Algumas Espécies

HUMANA

Período Prodrômico
Febre – 2 a 4 dias;
Cefaléia, mal-estar geral, anorexia, náusea, dor de garganta, parestesia no local da mordedura ;

Período sintomático:
Aerofobia,
Hidrofobia (sinal patognomônico) por espasmos de músculos de deglutição e respiração;
Paralisia ascendente do tipo Landry.

A raiva transmitida por morcegos é predominantemente do tipo paralítico.

8 dias a 6 meses (média de 30 a 60 dias)
Os principais transmissores são:
– Cães
– Gatos
– Morcegos
– Animais silvestres

Através de:

– Mordedura .Arranhadura
– Contato
– Aerossóis

Pode ocorrer transmissão através de transplantes de órgãos de pessoas infectadas

CANINA

Periodo prodrômico:
– de 2 a 3 dias;
– Alteração comportamental
– Febre
– Hiporreflexia ocular

Forma furiosa: . de 2 a 4 dias; . Irritabilidade, excitação, insônia, latido frequente, agressividade, ataques viciosos a objetos imóveis, deambulação sem direção;

Forma paralítica:
– de 2 a 4 dias
– Paralisia dos músculos da mandíbula inferior (mandíbula pendente) com salivação abundante e espumosa, latido bi-tonal (paralisia parcial das cordas vocais)
– Dilatação da pupila
– Depressão, convulsão, coma e morte por paralisia respiratória

10 dias a 6 meses (media de 60 dias).

Os principais transmissores são:
– Cães
– Animais silvestres
– Morcegos

Através de:
– Mordedura
– Arranhadura

FELINA

Os sintomas clínicos nos gatos são similares aos dos cães, mas, são mais agressivos

O mesmo dos cães

O mesmo dos cães

BOVINA

Raiva paralítica
-Afastamento do rebanho
-Indícios vagos, mugido frequente, pisoteamento da terra, pelagem eriçada, excitação, tremores musculares com posterior apatía;
-Salivação abundante (paralisia faríngea)
-No 2o ou 3o día – paresia, alteração do andar, o animal se torna cambaleante;
-Contrações tônico-clônicas, constipação, tenesmo, oligúria, atonia ruminal, flacidez peniana;
-Perda de peso rápida e progressiva;
-Decúbito ventral;
-Morte por paralisia dos músculos respiratórios

25 e mais de 150 dias

Os principais transmissores são:
– Morcegos hematófagos
– Animais silvestres
– Cães

Através:
– Mordedura

EQUINA

– Aparentam constante alerta e tensão;
– Orelhas eretas com muita mobilidade;
– Excitação sexual e agressividade (podem fraturar os dentes e mandíbula);
– Perda de apetite ou apetite estranho;
– Paralisia da garganta e mandíbula produzindo salivação abundante;
– Decúbito lateral, movimentos de pedalar;
– Morte em poucos dias.

30 a 90 dias

Os principais transmissores são:
– Morcegos hematófagos
– Animai silvestres
– Cães

Através:
– Mordedura

OVINA E CAPRINA

-Menos frequente (proteção da capa de lã);
-Mordem os lábios, excitação, inquietude;
-Em alguns casos salivação e agressividade

19 a 27 dias

Os principais transmissores são:
– Morcegos hematófagos
– Animais silvestres
– Cães

Através de:
– Mordedura

SUÍNA

Duas formas principais: furiosa e paralítica;
-Início: Irritabilidade, Incoordenação, grunhido rouco, coceira no local da mordedura, saltos repentinos;
-Espasmos clônicos generalizados
-Paralisia e morte

Aproximadamente 70 dias

Os principais transmissores são:
– Morcegos hematófagos
– Animais silvestres
– Cães

Através:
– Mordedura

CAMELIDEOS
(Alpacas)

-Ataque a outras alpacas;
-Mugidos que aumentam com o decurso da enfermidade;
-Luta entre eles;
-Prostração duradoura, apetite depravado;
-Fase final – conjuntivite, salivação abundante, dispnéia e incoordenação
-Paralisia e morte

15 a 34 dias(Moro, 1959)- 90 dias

Os principais transmissores são:
– Animais silvestres
– Cães

Através:
– Mordedura

Patogenia – Virus

Pertence ao gênero Lyssavirus da família Rhabdoviridae, mede aproximadamente 180 nm de longitude y 75 nm de diâmetro. Possui forma cilíndrica com uma extremidade cônica e outra plana, em forma de projétil.

Sua base é constituída por uma molécula de RNA rodeada por um capsideo de natureza proteica. A molécula de RNA e a cápsula são cobertas por um envoltório de natureza lipoprotêica, de onde saem projeções filamentosas ( espículas) de natureza glicoproteica ( INPPAZ/OPS/OMS, 1994).

A partir do emprego de anticorpos monoclonais (Viktor y col, 1978) foram reconhecidos distintos sorotipos de vírus rábico e atualmente se reconhece sete genotipos, baseados em suas características sorológicas e genômicas:

:: GENOTIPO I

Inclui o vírus da raiva “clássica”, tanto as cepas de rua (silvestre), como as vacinais. Encontrado nas Américas, Europa, África e Ásia;

:: GENOTIPO II

Vírus protótipo procedente de morcegos de Lagos. Encontrado na África;

:: GENOTIPO III

Vírus Mokola, Encontrado na África;

:: GENOTIPO IV

Vírus Duvenhage. Encontrado na África;

:: GENOTIPO V

Vírus de morcego da Europa tipo 1 (EBL 1). Encontrado na Europa.

:: GENOTIPO VI

Vírus de morcego da a Europa tipo2 (EBL2). Encontrado na Europa.

:: GENOTIPO VII

Vírus de morcego da Austrália. Encontrado na Austrália.

Os quatro primeiros genotipos podem ser diferenciados por técnicas de soro neutralização ou por reação com anticorpos monoclonais. Estudos sobre a seqüência de nucleótidos mostram diferenças entre os diversos genotipos com uma média de substuição de nucleótideos entre 30 a 35%.

A identificação de variantes do genótipo I são diferenciadas por técnicas de anticorpos monoclonais , tipificação antigênica e sequência genética. ( Ruiz, A, Alvarez,E., 1999)

Vacinas Antirrábicas

CONSIDERAÇÕES GERAIS
(Oitavo Comitê de Expertos da OMS, 1982)

Foram alcançados progressos consideráveis na produção e aperfeiçoamento das vacinas anti-rábicas no último decênio. Entretanto, a disponibilidade de vacinas anti-rábicas com elevado nível de imunogenicidade e inocuidade continua sendo um objetivo ainda não atingido em muitas regiões do mundo. As vacinas preparadas em cultivos celulares devem substituir as derivadas de tecido cerebral o mais breve possível.

As principais recomendações, são:
Estrito controle da qualidade das vacinas (inocuidade e potencia).
Avaliação da imunogenicidade da vacina, através de Provas sorológicas em uma amostra representativa de animais e pessoas vacinadas, quando for apropriado
Investigação exaustiva de todos os casos de raiva que ocorram em pacientes vacinados (Eficácia da vacina, variantes dos vírus rábicos, vírus relacionados com a raiva)
Reduzir o custo das vacinas derivadas de cultivo celular para uso veterinário e humano ( a produção conjunta pode promover uma economia considerável).
Promover o estudo e desenvolvimento de vacinas para imunizar as diversas espécies animais silvestres.
Seleção cuidadosa das cepas víricas, com controle periódico para verificação da identidade antigênica dessas cepas, como também a identidade e pureza das linhas celulares utilizadas.
Comprovação que as cepas empregadas na produção das vacinas oferecem proteção contra as infecções pelos vírus locais do campo.
Atuação dos Centros Colaboradores dla OMS como:
– Fonte de provisão de vacinas de semeadura,
– Laboratórios de referência e para o exame das cepas,
– Local de treinamento de pessoal nas técnicas da luta anti-rábica.

VACINAS ANTIRRÁBICAS E SUA EVOLUÇÃO AO LONGO DOS ANOS

A PRIMEIRA VACINA – TIPO PASTEUR (1885)

Elaborada com vírus fixo inoculado em coelho por via intracerebral e causa a morte dos animais em 5 a 6 dias. Este vírus é patogênico para os coelhos e antigamente era considerado não patogênico para o homem e cães, exceto quando inoculado por via intracerebral; entretanto, observações demonstraram que também é patogênico para o homem por via parenteral. (Giron,P.C.,1981)

Pasteur inoculava coelhos e os sacrificava quando apresentavam as últimas manifestações da doença. Retirava a medula espinhal, colocando para secar a temperatura ambiente, de tal forma que eram mantidas medulas com 14, 13, 12, até chegar a 1 dia de dessecação. Quando ocorria um caso de mordedura por animal suspeito, o paciente era vacinado inicialmente com a vacina de 14 dias, no dia seguinte com a de 13 dias e assim sucessivamente, até chegar a de 2 dias. Esta foi o primeiro tipo de vacina viva atenuada utilizada para prevenção da raiva. (Giron,P.C.,1981).

FERMI (1906)

Elaborada com vírus fixo obtido de cérebro de coelhos e inativada com fenol durante 24 horas a 22o C

SEMPLE (1911)

Massa viral obtida de cérebro de coelho, depois cordeiro e mais tarde de novilhos, com concentração de 4% de matéria cerebral , inativada com fenol a 1%, durante 72 horas a 30o C.

UEMO, DOI (1916)

HEMPT (1925)

KELSER (1925) (Giron,P.C., 1981)

AVIANIZADA FLURY LEP (DE BAIXA PASSAGEM)

Vacina produzida por inoculação do vírus ( Amostra Flury) primeiramente em pintos, por via intracerebral, atenuada através de 136 passagens e posteriormente inoculada em embrião de pinto (40 a 50 passagens), sendo produzida em ovos embrionados ou em células renais de hamster. Protegia os cães por até três anos, porém o protocolo preconizado em alguns países previa que na primo vacinação seriam necessárias 3 aplicações em um ano e posteriormente reforço em intervalo de três anos. Foi desaconselhada devido à ocorrência de acidentes vacinais em cães com alguma freqüência. (Giron,P.C.,1981)

AVIANIZADA FLURY HEP (DE ALTA PASSAGEM)

Segue o mesmo princípio da LEP, porém utilizando até 178 e em alguns casos 227-230 passagens em embrião de pinto. O vírus Flury mais atenuado é replicado em ovos embrionados, em células renais de cão ou em fibroblastos de embrião de pinto. (Giron,P.C.,1981)

EMBRIÃO DE PATO

Elaborada por Perck e colaboradores (1953) com vírus fixo, inativada com beta-propiolactona, liofilizada e acondicionada em ampolas, requerendo na sua diluição 1 ml de diluente. É utilizada na prevenção da raiva humana. Produz menos reações sistêmicas que as vacinas dos tipos Semple e Fermi. Contra indicação : produção de reação local de dor, eritema e endurecimento do ponto de inoculação (Giron,P.C.,1981)

FUENZALIDA E PALÁCIOS

Elaborada com vírus obtido em cérebro de camundongos lactentes e inativados por uz ultravioleta, com conservantes mertiolate 1×10000 e fenol 1×1000. Tem uma capacidade imunológica muito superior em comparação com as vacinas Fermi e Semple, o que permitiu a diminuição da concentração de tecido nervoso (1%) e também do número de doses aplicadas, reduzindo o custo da profilaxia de raiva em humanos. Além disso, por utilizar animais recém-nascidos, a quantidade de mielina é mínima, diminuindo consideravelmente os riscos de acidentes neurológicos. Induz a formação de anticorpos a partir do sétimo dia. (Giron,P.C.,1981)

CULTIVO CELULAR

Desde 1963, importantes progressos foram obtidos com a produção de vacinas de cultivo celular. As partículas virais eliminadas pelas células infectadas são submetidas a ultrafiltração em membrana de nitrocelulose, ultracentrifugação zonal ou precipitação por acetato de zinco. Nestas condições, chega-se a concentrar o vírus em 100 vezes. Este produto possui alto poder imunizante. Entre as vacinas de uso humano preparadas a partir de cultivo celular estão as de células de primeiro implante de rins de hamster (cepa SAD, concentrada e inativada por formol ou luz ultravioleta),as de células renais de feto bovino (cepa Pasteur, com 31 passagens e inativação por beta-propiolactona) e as de células diplóides humanas, inativadas por betapropiolactona em diluição 1:4.000 por 18 horas a 2-4º C, que tem uma taxa de multiplicação relativamente baixa, apesar da vantagem da ausência de heterogenicidade.( III Seminário de Técnicas de controle de raiva humana, 1979; Kuwert; Wiktor; Koprowski, 1980)

USO ORAL

Até meados dos anos 60, os métodos usados para controle de raiva nas populações de animais silvestres eram baseados na redução populacional, através de armadilhas, caçadas, envenenamento por iscas contendo estricnina e utilização de substâncias anticoagulantes, no caso de morcegos. Esta última ainda é largamente utilizada em todo o mundo. Porém, o alto custo e a ineficiência desse tipo de controle para os mamíferos terrestres fizeram com que,desde 1968, os Estados Unidos, Europa e Canadá pesquisassem e testassem vacinas e métodos de vacinação oral (iscas) para esses animais. A atenção foi concentrada em cinco objetivos:

Encontrar uma vacina oral efetiva;
Provar a segurança da vacina para seres humanos e espécies não visadas;
Desenvolver uma isca adequada;
Encontrar a estratégia e tática certas para a distribuição das iscas;
Obter conhecimento suficiente do ecossistema dos vetores para determinar os parâmetros para a eliminação da raiva. (Baer, G.M., 1975; Campbell, J.B.; Charlton, K.M., 1988; Meslin, F.X.; Kaplan, M.M.; Koprowski, H, 1996)
VACINAS ORAIS DE VÍRUS VIVO MODIFICADO ( MLV)

Essa vacina já tinha sua eficácia comprovada na administração intramuscular em animais domésticos, simulando a inoculação do vírus através da mordedura. Entretanto, a demonstração de que o vírus rábico poderia também ser absorvido em uma forma imunogênica através da mucosa da orofaringe foi um passo crítico em direção à prova do potencial da via oral para a vacinação. (Campbell, J.B; Chartlon, K.M., 1988)

VACINAS ORAIS DE VÍRUS MORTO

Problemas de segurança foram associados às vacinas de vírus vivo modificado – MLV (modified live vaccines) , como indução de raiva clínica em roedores. Foram então, desenvolvidas as vacinas com vírus inativado – KV (killed vaccines) nos anos 70. Porém, não se obteve sucesso na soroconversão com o uso oral dessa vacina na vida selvagem. Eram necessárias muitas doses para um mesmo animal, dificultando o controle da enfermidade e a resposta imune é de pouca duração (cerca de um mês). (Campbell, J.B; Chartlon, K.M., 1988)

VACINAS ORAIS RECOMBINANTES

Os avanços na clonagem e expressão gênica levaram à evolução de uma nova geração de vacinas para raiva. Cepas de orthopoxvírus, tais como o vírus vacínia, têm sido extensivamente caracterizados em nível molecular. Seu grande genoma, facilidade de produção, termoestabilidade, larga gama de hospedeiros e segurança fazem com que esse vírus seja altamente adequado para a expressão de genes estranhos a ele, incluindo hepatite, herpes, influenza e raiva. A expressão de genes estranhos por uma entidade auto-replicante oferece potencial para imunidade de longo prazo, sem o risco da doença do agente estranho, quando usado na totalidade, como alguns vírus atenuados. Por exemplo, o vírus vacínia recombinante (VRG), que expressa o gene de glicoproteína (proteìna G) do vírus rábico, não tem a capacidade de causar raiva. Quando administrada oralmente a animais de laboratório, a vacina VRG induz rapidamente altos níveis de anticorpos neutralizantes do vírus rábico e confere proteção contra o desafio com diversas cepas de campo de vírus rábico antigenicamente distintas.

Demonstrou-se que a vacina VRG induz a produção de anticorpos neutralizantes do vírus da raiva primeiramente ao ser administrada oralmente para roedores de laboratório. Subsequentemente foi demonstrado que racoons e outros carnívoros poderiam ser vacinados por via oral através do consumo de iscas contendo a vacina. Após dez anos de experimentos sob condições de laboratório e testes a campo na Europa e América do Norte, a VRG é a única vacina recombinante que tem sido usada extensivamente para o controle de raiva no ambiente silvestre, mas outras vacinas recombinantes deverão entrar em testes nos próximos anos.

Os requerimentos de segurança para vacinas anti-rábicas recombinantes em imunização oral de carnívoros contra a raiva, foram elaborados por vários consultores da OMS.

É provável que vacinas recombinantes sejam usadas no controle global de muitas doenças infecciosas. Tais vacinas têm mostrado serem seguras, potentes, versáteis e confiáveis e devem substituir gradualmente a primeira e segunda gerações de vacinas virais. (Meslin, F.X.; Kaplan, M.M.; Koprowski, H, 1996).

Avanços no Programa de Controle e Eliminação da Raiva

Em julho de 1969, foi colocado em funcionamento, pela primeira vez, um sistema de informação sobre raiva por iniciativa da Organização Pan americana da Saúde através do Centro Pan americano de Zoonoses.

Em 1983, na reunião de Diretores de Programas de Raiva da América Latina (Guayaquil), foi aprovado o Programa Regional para eliminação da Raiva Urbana nas principais cidades da América Latina, até o final dos anos 80.

Em 1992, o Plano de Ação 1993 – 2000 para Consolidação da Fase de Ataque Final para Eliminação da Raiva, define as estratégias e linhas de ação para eliminar a raiva humana, consolidar a eliminação de raiva canina e manter livres os paises que haviam alcançado esse objetivo.

O Sistema de Informação então implantado facilitou a caracterização de áreas de risco através da análise retrospectiva dos dados. O reforço do Sistema de Vigilância através da constante atualização do mapa epidemiológico da enfermidade, ofereceu subsídios para tomada de decisões e contribuiu para investigações epidemiológicas e as atividades de controle.

Situação da Raiva na América Latina

Países Informantes:

Na Reunião de Diretores de Programas Nacionais para o Controle da Raiva, celebrada em Guayaquil, Equador, em dezembro de 1983 foram definidas as áreas geográficas de cobertura do Programa na América, agrupadas por sub-regiões.

Brasil e México foram considerados individualmente, em função de suas extensões e os países do Caribe Inglês (do Este) não foram incluídos, na ocasião, por não apresentar casos de raiva. Em 1998, foram incluídos no Programa, 7 (sete) territórios: Barbados, Guiana, Suriname, Granada, Jamaica, Trinidad y Tobago e Bahamas (Caribe do Este).

Entretanto, o Sistema de Informação abrange 50 (cinquenta) paises, inclusive os da América do Norte (EE.UU. e Canadá) e 26 (vinte e seis) do Caribe Inglês. (Ruiz,A.,1999)

Classe Mammalia

A classe Mammalia, que engloba os mamíferos, caracteriza-se por animais vertebrados, possuidores de corpo de pêlos e que nutrem seus filhotes no início de seu desenvolvimento por leite secretado pelas glândulas mamárias das fêmeas. Estes são subdivididos em 19 ordens, entre as quais, encontramos a dos Chiroptera, onde estão agrupados os morcegos.

Ordem Chiroptera

O nome Chiroptera origina-se de Chiro = mão e Ptero = asas, isto é, animais com a mão transformada em asa. É a segunda ordem em número de espécies, com cerca de 987 formas já conhecidas, cujo número só é superada pela Ordem Rodentia, onde incluem os ratos, esquilos, cutias, etc. São os únicos mamíferos com capacidade real de vôo, propiciada pela membrana que une 4 dos 5 dedos do membro anterior, formando a asa. Outras espécies, como o esquilo – voador, apenas planam, após saltarem de lugares altos. Os morcegos ocorrem em todos os continentes, só não sendo encontrados nos pólos. São em geral pequenos, na grande maioria não excedendo 100 gramas de peso. Apresentam hábitos crepusculares e noturnos e parte significativa das espécies orientam-se pela ecolocalização, emitindo sons de alta freqüência, inaudíveis ao homem.

Problemas com morcegos

Entrada eventual de morcegos em residências
Refúgio em forro
Refúgio em outros locais da casa
Ataque de hematófagos
Acidentes
Em nenhum desses casos, tente tocar/pegar o animal. Se for mordido procure um posto de saúde o mais rápido possível. Se achar necessário procure algum órgão responsável na sua cidade.

Principais Espécies

Morcego das casas (Myotis nigricans) Sociabilidade – Grupos Atividade – Crepúsculo Refúgio – Sótãos Alimentação – Insetos É a menor espécie de morcego encontrada na cidade. É chamado assim por freqüentemente se refugiar nos telhados das casas, onde podem formar grupos muito grandes. Possui cor parda avermelhada.

Morcego Hematófago

Apenas 3 das 987 espécies se alimentam de sangue. Os morcegos vampiros realizam um corte na pele do animal, com o auxílio dos incisivos e caninos. Com a ferida aberta, a saliva deste morcego é anticoagulante e permite que o sangue flua e o animal se alimente. Até 200 gramas são perdidas, mas o morcego só se alimenta de 15 gramas. Ao detectar o ataque a animais domésticos, você deve procurar o veterinário o mais rápido possível. Lembre-se que qualquer mamífero pode transmitir raiva.

Morcego das frutas

(Artibeus lituratus) Sociabilidade – Grupo Atividade – Noite Refúgio – Folhas Alimentação – Frutas É o morcego mais comum na cidade, onde se alimenta de frutas como o jamelão, amêndoa, manga e outras. Vive em grupos compostos por 1 único macho e várias fêmeas, geralmente em galhos de árvores. Possui coloração parda com 4 listras brancas na cabeça, acima e abaixo dos olhos.

Morcego cauda de rato (Molossus ater)

Sociabilidade – Grupo Atividade – Crepúsculo Refúgio – Sótãos Alimentação – Insetos É um morcego muito comum. Também freqüentemente se refugia em telhados. Se alimenta de insetos. Possui coloração preta uniforme e é maior que o morcego das casas. Seus locais de repouso são reconhecíveis pelo cheiro forte.

Falso vampiro (Phyllostomus hastatus)

Sociabilidade – Grupos Atividade – Noite Refúgio – Troncos Alimentação – Onívoro É uma das maiores espécies encontradas. Se alimenta de pequenos animais, porém também aceita frutas e lambe flores como o beija-flor. Possui coloração negra uniforme. Vivem em ocos de árvores em grupos de 1 macho e várias fêmeas.

Morcego beija-flor (Glossophaga soricina)

Sociabilidade – Grupos Atividade – Noite Refúgio – Folhas Alimentação – Frutas É uma espécie de pequeno porte. Possui língua alongada que o auxilia a lamber as flores para obter o néctar de que se alimenta. Tem cor parda uniforme.

10 MOTIVOS PARA CONSERVAÇÃO DOS MORCEGOS

Morcegos são importantes elo na cadeia alimentar.
As fezes dos morcegos constituem ótimo adubo.
Na saliva do morcego vampiro há uma substância anti-coagulante e poderá ser empregada largamente no tratamento de doenças vasculares.
Morcegos poderão atuar como controladores de pragas na agropecuária.
Morcegos tem sido analisados na utilização do sonar que poderá ajudar o homem.
São grandes controladores de insetos.
São responsáveis pela formação de florestas.
Há morcegos que se alimentam de pequenos animais, como os ratos, controlando-os.
Morcegos ajudam na reprodução de mais de 500 espécies de plantas.
Morcegos são utilizados em pesquisas, inclusive de medicamentos, que poderão ajudar o homem.

TIPOS DE MORCEGOS MAIS COMUNS NAS CONSTRUÇÕES HUMANAS

GENEROS
LOCAIS MAIS ENCONTRADOS
ALIMENTAÇÃO

Phyllostomus Stos, ocos, folhagens Onivoro
Glossophaga Casas, bueiros, folhagens Nectar e plen
Carollia Casas, tneis, minas Frutas
Artibeus Arvores proxima residencias, casas Frutas
Lasiurus Casas, Arvores Insetos
Eptesicus Ocos, casas Insetos
Mollossops Casas, telhados, ocos, forros, vo de dilatao Insetos
Mollossus Casas, telhados, ocos, forros, vo de dilatao Insetos
Eumops Cumeeiras, stos, forros Insetos

LOCAIS MAIS PREFERIDOS PELOS MORCEGOS URBANOS E PERI-URBANOS

Casas – forros (caibros, linhas, paredes), sótãos e porões, frestas na paredes e marquises.
Armazéns fechados.
Garagens.
Igrejas.
Túneis e bueiros.
Silos.
Pontes.
Poços de água (cacimba e cisternas).
Árvores próximas (folhagens, ocos e galhos).
Outros locais escuros da casa (móveis, cortinas, plantas, etc.).

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