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sexta-feira, abril 26, 2024

Taenia Solium

Introdução

A teníase é uma doença causada pela forma adulta da tênia (Taenia solium e Taenia saginata, principalmente), com sintomatologia mais simples. Muitas vezes, o paciente nem sabe que convive com o parasita em seu intestino delgado.

São duas fases distintas de um mesmo verme, causando, portanto, duas parasitoses no homem, o que não significa que uma mesma pessoa tenha que ter as duas formas ao mesmo tempo.

As tênias também são chamadas de solitárias, porque, na maioria dos casos, o portador traz apenas um verme adulto. São altamente competitivas pelo hábitat e, sendo seres monóicos com estruturas fisiológicas para autofecundação, não necessitam de parceiros para a cópula e postura de ovos.

A cisticercose é produzida pelo desenvolvimento da forma larval da Taenia, o Cysticercus, nos tecidos, sendo transmitida pela ingestão de ovos de Taenia. A cisticercose humana e animal são consideradas um grande problema sócio-econômico em muitos países. É considerada uma zoonose endêmica, estando distribuída nos países em desenvolvimento, especialmente nas áreas rurais. A invasão da larva no sistema nervoso central em humanos constitui uma séria complicação. A cisticercose é um dos maiores problemas de saúde pública dos países em desenvolvimento e a neurocisticercose é considerada a doença parasitária mais comum do sistema nervoso humano. A conservação da carne em temperatura inferior a -5ºC durante quatro dias, sua cocção adequada, além da inspeção sanitária das carnes e o diagnóstico e tratamento da teníase humana em áreas endêmicas constituem as principais medidas de controle.

Agente Etiológico

Taenia solium e a Taenia saginata que pertencem à classe Cestoidea, ordem Cyclophillidea, família Taenidae e gênero Taenia. Na forma larvária (Cysticercus cellulosae _ T. solium e Cysticercus bovis _ T. saginata) causam a teníase. Na forma de ovo a Taenia saginata desenvolve a cisticercose no bovino, e a Taenia solium no suíno ou no homem.

Ciclo Evolutivo

O homem portador da verminose apresenta a tênia no estado adulto de seu intestino, sendo, portanto, o hospedeiro definitivo. Os últimos anéis ou proglótides são hermafroditas e aptos à fecundação. Geralmente, os espermatozóides de um anel fecundam os óvulos de outro segmento, no mesmo animal. A quantidade de ovos produzidos é muito grande (30 a 80 mil em cada proglote), sendo uma garantia para a perpetuação e propagação da espécie. Os anéis grávidos se desprendem periodicamente e caem com as fezes. O hospedeiro intermediário é o porco, animal que, por ser coprófago, ingere os proglótides grávidos ou os ovos que foram liberados no meio. Dentro do intestino do animal, os embriões deixam a proteção dos ovos (oncosferas) e, por meio de seis ganchos, perfuram a mucosa intestinal. Pela circulação sangüínea, alcançam os músculos e o fígado do porco, transformando-se em larvas denominadas cisticercos, que apresentam o escólex invaginado numa vesícula.

Quando o homem se alimenta de carne suína crua ou mal cozida contendo estes cisticercos, as vesículas são digeridas, liberando o escólex que se everte e fixa-se nas paredes intestinais através dos ganchos e ventosas. O homem com tais características desenvolve a teníase, isto é, está com o helminte no estado adulto, e é o seu hospedeiro definitivo. Os cisticercos apresentam-se semelhantes a pérolas esbranquiçadas, com diâmetros variáveis, normalmente do tamanho de uma ervilha. Na linguagem popular, são chamados de pipoquinhas ou canjiquinhas.



Sintomatologia

Muitas vezes a teníase é assintomática. Porém, podem surgir transtornos dispépticos, tais como: alterações do apetite (fome intensa ou perda do apetite), enjôo, diarréia freqüente, perturbações nervosas, irritação, fadiga e insônia. Também podem ocorrer enterites ligeiras levando a um desconforto abdominal.O fato mais surpreendente consiste na passagem (ativa ou passiva) das proglotes. Ocasionalmente, apendicite ou colangite podem resultar da migração de proglotes. Exceto pela eliminação dos vermes pelo ânus, a maioria das infecções é assintomática.

CISTICERCOSE EM HOSPEDEIROS NÃO HUMANOS

Quando os bovinos ou os suínos ingerem os ovos das tênias junto com o pasto ou a água, desenvolvem cisticercos em seus tecidos. O hábito pouco higiênico das pessoas defecarem diretamente no ambiente, ou em sanitários sem as devidas fossas, muitas delas instaladas sobre córregos e rios, contribui para o problema. A ingestão de ovos pelos animais se dá na maior parte das vezes, por ingestão de fezes. Os bovinos normalmente evitam pastar ao redor de fezes, mas podem, sob condições adversas, por falta de alimentos ingerirem fezes. Já os suínos, por possuírem hábitos coprofágicos, teriam mais facilidade de adquirir a doença. Entretanto, a viabilidade dos ovos no meio ambiente poderia facilitar a infecção sem que, necessariamente, o animal ingira fezes.

Nas áreas rurais, freqüentemente, os pequenos produtores criam suínos em pequena quantidade, sem controle sanitário e, muitas vezes, com acesso a fezes humanas, o que facilitaria a ingestão de ovos e aquisição da enfermidade. Contudo, não verificaram correlação entre a forma de criação de suínos e a prevalência de cisticercose nestes animais, porque, aparentemente, nem todos os animais criados fechados permanecem durante a vida toda assim, tendo oportunidades de ter contato com fezes humanas. SARTÍ GUTIÉRREZ & GUTIÉRREZ OSPINA advertem que os animais criados sem boas condições de higiene, nas pequenas propriedades, em geral são sacrificados pelos próprios donos, sem inspeção veterinária, para o consumo da família ou são vendidos livremente nos mercados.

Nos bovinos, o cisticerco se desenvolve em 60 a 75 dias. Em algumas semanas, ou até 9 meses, os cistos começam a degenerar, morrem e calcificam. Nos suínos, o desenvolvimento completo dos cisticercos se dá em 60 dias após a infecção, permanecendo a larva infectante para o homem durante vários anos.

Distribuição, Morbidade , Mortalidade e Letalidade

A América Latina tem sido apontada por vários autores como área de prevalência elevada. Schenone et al (1982) relataram a existência de neurocisticercose em 18 países latino-americanos, com uma estimativa de 350.000 pacientes. A situação da cisticercose suína nas Américas não está bem documentada. O abate clandestino de suínos, sem inspeção e controle sanitário, é muito elevado na maioria dos países da América Latina e Caribe, sendo a causa fundamental a falta de notificação. No Brasil, a cisticercose tem sido cada vez mais diagnosticada, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, tanto em serviços de neurologia e neurocirurgia quanto em estudos anatomopatológicos. A baixa ocorrência de cisticercose em algumas áreas do Brasil, como por exemplo nas regiões Norte e Nordeste, pode ser explicada pela falta de notificação ou porque o tratamento realizado em grandes centros, como São Paulo, Curitiba, Brasília e Rio de Janeiro, dificultam a identificação da procedência do local da infecção. Segundo dados da Fundação Nacional de Saúde/Centro Nacional de Epidemiologia (FNS/CENEPI 1993), o Brasil registrou um total de 937 óbitos por cisticercose no período de 1980 a 1989. Até o momento não existem dados disponíveis para que se possa definir a letalidade do agravo.

Medidas preventivas

A ocorrência da cisticercose suína e/ou bovina, é um forte indicador das más condições sanitárias dos plantéis. Com base nos conhecimentos atuais, a erradicação das tênias, T. solium e T. saginata, é perfeitamente possível pelas seguintes razões: os ciclos de vida necessitam do homem como hospedeiro definitivo; a única fonte de infecção para os hospedeiros intermediários, pode ser controlada; não existe nenhum reservatório selvagem significativo; e, existem drogas seguras e eficazes para combater a teníase. Para o controle destes parasitas e da cisticercose, os métodos devem ser baseados em:

a) Informar pessoas para evitar a contaminação fecal do solo, da água e dos alimentos destinados ao consumo humano e animal; não utilizar águas servidas para a irrigação das pastagens e cozer totalmente as carnes de suínos e bovinos;
b) Congelar a carne suína e bovina a temperatura abaixo de – 5° C, por no mínimo 4 dias; ou irradiar a 1 Kgy, a fim de que os cisticercos sejam destruídos eficazmente;
c) Submeter à inspeção as carcaças, nos abatedouros de suínos e bovinos, destinando-se conforme os níveis de contaminação: condenação total, parcial, congelamento, irradiação ou envio para as indústria de reprocessamento;
d) Impedir o acesso de suínos às fezes humanas, latrinas e esgotos.

Tratamento

O tratamento da teníase poderá ser feito através das drogas: Mebendazol, Niclosamida ou Clorossalicilamida, Praziquantel, Albendazol. Com relação à cisticercose, até há pouco mais de uma década e meia, a terapêutica medicamentosa da neurocisticercose era restrita ao tratamento sintomático. Atualmente, praziquantel e albendazol têm sido considerados eficazes na terapêutica etiológica da neurocisticercose. Há questionamentos sobre a eficácia das drogas parasiticidas na localização cisternal ou intraventricular e na forma racemosa, recomendando-se, como melhor opção, a extirpação cirúrgica, quando exeqüível. Levando-se em consideração as incertezas quanto ao benefício, a falibilidade e os riscos da terapêutica farmacológica, a verdadeira solução da neurocisticercose está colocada primordialmente nas medidas de prevenção da infestação (OPS – 1994).

Bibliografia

≥ http://br.geocities.com/opinatudo/cisticercose.htm
≥ http://www.arquivomedico.hpg.com.br/teniase.htm
≥ www.scielo.com.br

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