23.4 C
Sorocaba
quarta-feira, abril 17, 2024

VIDA DE DROGA – WALCYR CARRASCO

Vida de Droga – Walcyr Carrasco

Dora aparece andando, olhando sapatos.

Logo após, Dora chega em casa, e encontra seu pai (muito bem vestido), cumprimenta-lo e vai para seu quarto.

No outro dia, Dora estando em casa, surpreendeu-se, Joel seu pai havia chego em casa mais cedo do trabalho, Cleuza sua mãe também ficou surpresa, olha para Joel, ele faz apenas um gesto com a cabeça.

Cleuza: Dora e André subam já para o quarto.

Dora: Não mãe, eu quero saber o que está acontecendo.

Cleuza: Suba para o quarto, Dora (irritada).

Dora subiu para o quarto e ficou lá.

(Os pais de Dora começam a discutir)

Certa vez (todos)…

Dora chega em casa ansiosa da escola:

Dora: Mãe olha só, é um folheto de uma viagem para a Disney, minhas amigas todas vão e eu quero ir junto.

(Cleuza olha tensa para Joel)

Cleuza: Não vai dar Dora

Dora: Como não vai dar?

Cleuza: Não dá, nós temos que economizar.

Dora: Economizar?

Cleuza: Seu pai perdeu o emprego.

Dora ao ouvir isso teve um choque, lembrou do que vira na televisão, as pessoas roubando e brigando, pessoas pobres e desesperadas.

Passando-se alguns dias, (a família de Dora entra e muda os nomes do cenário):

Cleuza: Pronto aqui será a nossa nova casa.

Dora faz cara de nojo, como se não gostasse daquilo.

Dora vai a sua nova escola, senta-se na carteira do fundo, repara nos colegas, olha a tatuagem de um, percebe que ele a encara, ele se aproxima:

Tigre: Você é nova aqui, não é? Qual o seu nome?

Dora: Dora

Tigre: O meu é Teo, mas, todos me chamam de Tigre; Dora o ignora, não quis nem tentar conversar.

Em uma festa…(todos)

Dora estava desanimada, Tatiana sua amiga, apresenta Gui, um rapaz alto, Gui tenta puxar conversa com Dora:

Gui: Oi

Dora: Oi

Gui: Você é nova aqui?

Dora: Sou

E assim eles começaram a conversar, ele com Dora foi muito simpático, ele parecia ser uma pessoa diferente, mas, ele fumava baseado, Dora teve medo de perder Gui se não fumasse, afinal, ela gostava dele, fumou, sentiu uma sensação estranha, gostou, no final eles acabaram se beijando, conversaram mais um pouco e depois cada um foi para sua casa.

Depois de um tempo, Dora continuava ignorando Tigre, Dora e Gui continuavam fumando, sempre que um tinha um baseado dava para o outro. Gui apresentou Naldo, um amigo dele, Naldo e Dora se tornaram amigos também, Naldo sempre apresentava vários tipos de droga (Dora exitava, mas, depois aceitava).

Certa vez, Dora ao chegar em casa, viu sua mão com um rapaz.

Cleuza: Oi Dora, não vai acreditar, eu arranjei um emprego.

Dora: Que bom mãe, quem é ele?

Cleuza: Bem, este é Paulo, meu namorado.

Dora: O quê?

Cleuza: Nós nos conhecemos na imobiliária onde eu começarei a trabalhar (cara de espantada).

Dora não gostou nada, mas, teve que aceitar; enquanto isso ela continuava fumando, cada vez mais dentro da droga, mas, desta vez o dinheiro começou a faltar, a compartilharção que havia entre Naldo, Gui e Dora não existia mais; eles começaram a vender alguns objetos que tinha, Dora vendeu um colar que sua mão tinha, mas, o dinheiro não foi o suficiente, começaram a assaltar carros, roubar o som, depois vendiam para comprar Crack. Certa vez, em um assalto a carro, deu tudo errado, Dora estava pegando o rádio quando Guio puxou ela para baixo. Dora percebera que havia alguém atirando; Gui levou um tiro no peito, Dora aproveitou e subiu na moto de naldo, teve pena de Gui, não queria deixar ele ali, mas, não teve escolha. Chegando em frente da casa de Dora, Naldo deixa umas pedras de Crack e vai embora.

Dora entra em casa, combina com o irmão para falar para sua mãe que chegou às 9 horas e vai dormir.

No outro dia Dora acorda com os gritos de Cleuza, ela imediatamente se levanta e abre a porta.

Cleuza: Dora, onde você esteve ontem à noite?

Dora: Eu fui a uma festa com uns amigos e cheguei às 9 horas.

André que acabara de chegar no quarto confirmou com a cabeça.

Cleuza: Tem uma pessoa lá em baixo querendo falar com você.

Descendo as escadas

Dora: Oi (comprimenta o rapaz distraído)

Rapaz: Oi

Dora: Você queria falar comigo?

Rapaz: Sim, ontem à noite, Gui levou um tiro no peito ao tentar assaltar um carro junto com mais um rapaz e uma garota que, segundo as testemunhas, se encaixa perfeitamente em você, também junto de Gui foi encontrado pedras de crack.

Dora: Mas…

Rapaz: Não me venha com discursos Dora, eu sei muito bem que era você.

O rapaz se retirou, Cleuza ficou apavorada, começou a gritar com Dora, Dora revidava no mesmo tom de voz.

Passando um tempo…

Cleuza falou para Dora…

Cleuza: Dora, seu pai, seu avô e eu decidimos que é melhor internar você em uma clínica.

Dora: O quê, vocês estão me chamando de viciada, que não sabe se controlar, tenha a santa paciência e…

Cleuza: tenha a santa paciência digo eu, sua ingrata, nós te oferecemos essa chance e você ainda recusa, seu avô vai ter que vender a casa dele para pagar essa clínica, e tu ainda me diz tenha a santa paciência.

E aí começou a discussão de novo, mas, não houve jeito, ela teve que ir para a clínica.

Ao chegar em casa, sentiu-se livre, longe das drogas, como era bom ver que ela não dependia mais da droga. Mas certa vez, indo à casa de um amigo que conhecera na clínica, não resistiu, e experimentou um baseado, a partir daí começou tudo de novo.

Certa vez Cleuza a pegou fumando no quarto, foi a maior briga, Paulo se intrometeu no assunto, pegou as drogas de Dora e tentou jogar no vaso do banheiro, não conseguiu, Dora pegou uma tesoura e enfiou nas costas de Paulo, pegou as Drogas e fugiu de casa.

Dora foi para casa de um amigo, Elias:

Dora: Oi

Elias: Oi Dora que prazer, quanto tempo, qual foi à última vez que nos vimos?

Dora: Acho que foi na casa de Naldo.

Elias: Bem vamos entrando

A casa de Elias era simples, ele morava com outras pessoas junto, que compravam drogas dele.

Dora: Elias, eu fugi de casa e estou precisando de um lugar para morar, será…

Elias: Mas é claro que você pode ficar aqui, não é muito aconchegante, mas, da pro gasto.

Dora: Muito obrigada.

Elias: Imagina, o quê a gente não faz pelos amigos.

Elias depois de um tempo acabou sendo morto, Dora sabia que ele devia um dinheiro, para uns caras, mas, a ponto de matar ficou imaginado. O bom disso foi que ela reencontrou Magda, que, por incrível que pareça, também caiu nas drogas; Magda estava com rosto pálida e muito magra, Dora percebia que ela não conseguia se controlar mais nas drogas.

O tempo passou, Magda havia desaparecido, Dora ouviu o barulho da polícia passando pela rua, já estava acostumada, os policiais sempre ligavam a sirene para passar mais rápido entre os carros, desta vez não, os policiais pararam carro subiram as escadas e pegaram Dora, por trás dos policiais vinha, o pai de Magda, que olhou para Dora e disse:

Pai: Você aqui? Só podia ter sido você quem trouxe minha filha para este caminho, Magda foi vista por um tio aqui perto, ela foi internada em uma clínica, por isso, se afaste da minha filha.

E se foram, sem ao menos deixar Dora falar. Uns rapazes que também moravam na casa expulsaram Dora da casa, pensando que com ela estavam correndo o risco de serem presos.

Dora ficou sabendo que haveria uma missa para o Elias, foi e lá encontrou a mão de Elias, que ofereceu uma casa para morar. Dora não aceitou, queria ser livre não queria ser presa do mesmo jeito de quando morava com Cleuza, Paulo e seu irmão. Foi morar nas ruas, começou a se prostituir, ganhava um bom dinheiro que dava para comprar pedras de crack.

Encontrou também uma família que morava nas ruas, começou a andar com eles e a vender frutas nos semáforos, como eles faziam. Isso até Magda novamente aparecer drogada pelo caminho, a família não gostava de Magda, ao perceber que Dora era amiga de Magda não quis mais saber dela.

Dora foi morar com Gui, em uma casa onde ele estava morando com uma mulher que fazia pedras de crack. Teve que continuar se prostituindo para poder comprar pedras da mulher, Magda queria ajudar, mas, Dora não deixava.

Certa vez, Dora chegando na casa, não encontrou Magda, perguntou para a mulher:

Dora: Onde está Magda?

Mulher: Saiu por aí ganhar dinheiro?

Dora: e por quê você deixou?

Mulher: Ela sabe muito bem o quê faz, e eu não vou ficar cuidando dela.

Dora: quer saber, você queria mesmo que ela sai-se as ruas se prostituir, afinal, é você que vai ganhar o dinheiro mesmo.

Mulher: Cala essa boca garota.

Dora, Não calo, e eu estou falando uma verdade.

A mulher ficou muito brava e mandou Dora sair daquela casa; Dora saiu, não sabia o quê fazer; depois de uns dias, ficou sabendo que Magda dói estrupada e depois morta, foi um choque, quando ouvir isso tomou uma decisão, resolveu mudar, sair das drogas, procurou a única pessoa que lhe ofereceu ajuda nessa história, a mãe de Elias:

Mãe: Dora!

Dora: Oi

Mãe: Que bom que você veio, estava tão preocupada, eu rezava todos os dias para você voltar.

Dora deu um sorriso

Mãe: Venha Dora, eu vou preparar um bom banho para você.

Dora entrou no banho, foi muito agradável, há muito tempo não sentia uma sensação tão boa, depois do banho, havia uma cama pronta para ela dormir, se deitou e dormiu como uma pedra. No outro dia acordou com uma surpresa, Cleuza estava ali:

Mãe: Eu encontrei um endereço nas tuas roupas e achei melhor ligar para lá.

Dora se sentiu traída, mas, achou melhor já que queria se recuperar.

Meses se passaram, Dora estava saindo da clínica, se sentiu bem, não queria entrar nas drogas de novo, foi convidada a ir a uma festa na casa de Naldo, mentiu para Cleuza que estava indo a uma festa com as amigas do shopping, onde trabalhava agora, foi, lá foi convidada a fumar de novo, teve vontade, mas, se lembrou do que o doutor da clínica “cada segundo, cada minuto, cada hora é uma vitória” e recusou.

Saindo da festa, encontrou Tigre que a convidou para sair, Dora aceitou, começou a conversar com ele, agora ele não parecia tão chato com era antes, agora Dora tinha uma certeza: Estava começando uma nova vida.

Outros trabalhos relacionados

O Cemitério dos Vivos – Lima Barreto

O Cemitério dos Vivos - Lima Barreto Do mesmo modo que o Diário íntimo, os originais de O cemitério dos vivos estão na Seção de...

MELHORES POEMAS – José Paulo Paes

MELHORES POEMAS - José Paulo Paes Tendência constante ao poema de forma condensada (epigrama); poesia de “essências e medulas”. Aprendizado inicial com Bandeira, Drummond, Murilo e...

O Mandarim – Eça de Queirós

O Mandarim - Eça de Queirós Em 1880, apenas dois anos depois de O Primo Basílio, Eça vai dar a público O Mandarim - uma...

Martini Seco – Fernando Sabino

Martini Seco - Fernando Sabino O texto é dividido em quatro partes, que delimitam as etapas da história e as transformações ocorridas. Vamos, a seguir,...