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domingo, outubro 6, 2024

A Importânciado Fisioterapeuta durante a Gestação

Como já sabemos a gravidez é um período de grandes transformações para a mulher, tanto físicas quanto emocionais. Algumas dessas mudanças causam transtornos e as queixas mais freqüentes são as dores lombares, os edemas, a predisposição a varizes, a lesões articulares, e dificuldade respiratória. Iremos mostrar nesse trabalho que estes problemas podem ser amenizados, tratados e até evitados através da fisioterapia. A fisioterapia pré-parto prepara a gestante utilizando exercícios de fortalecimento para a musculatura perineal, alongamentos e exercícios de correção postural favorecendo o equilíbrio corporal e técnicas de respiração para o parto. A gestação é um período sublime na vida da mulher e iremos mostrar que a fisioterapia contribuir de forma saudável, tornando mais fácil à assimilação das alterações pelas quais seu organismo passará, fazendo com que se sinta ativa e participante em um dos momentos mais importantes de sua vida.

O objetivo da fisioterapia pré-pós parto é garantir à gestante uma gravidez mais saudável e tranqüila e o objetivo desse trabalho é procurar contribuir com o conhecimento dos benefícios que a prática de atividade física pode trazer durante a gestação. Podemos concluir nesse trabalho que essas alterações fisiológicas que ocorre durante a gestação podem ser evitadas e/ou tratadas com a prática de atividade física.

INTRODUÇÃO

A fisioterapia é, segundo o COFFITO (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional), “uma área de conhecimento em saúde, que estuda os distúrbios cinéticos e sinérgicos funcionais que acometem os órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, por trauma ou por condições adquiridas”. A gravidez, por ser considerada uma condição adquirida pela mulher em idade fértil, e que promove alterações de diversos tipos no corpo feminino, passou a contribuir para o crescimento, como profissão, dessa nova área de atuação da fisioterapia na saúde da mulher, a obstetrícia, dando assim ao fisioterapeuta uma importância crescente como profissional habilitado para tratar os possíveis distúrbios musculoesqueléticos e neuromusculares da gravidez.

O fisioterapeuta trabalha também com atividades educativas que incluem orientações ergonômicas, posturais e das AVD’s, bem como a indicação de atividade física adequada a cada gestante; o fisioterapeuta indica e reescreve exercícios a gestantes que desejam permanecer ativa neste período.

A Fisioterapia tem como prioridade a atuação, o esclarecimento e orientação de gestantes a fim de minimizar os efeitos indesejáveis das alterações fisiológicas na gestação.

É necessário durante a gravidez, que ocorram alterações físicas no corpo da mulher para que se tenha um perfeito crescimento e desenvolvimento do feto. Porém essas alterações podem às vezes trazer como conseqüência dor e limitações em suas atividades diárias.

Sabe-se que a atividade física e a preparação para o parto são importantes para que a gestação seja um sucesso. Além de sofrer menos com as mudanças que estão ocorrendo no seu corpo, uma gestante que se exercita pode ter menor probabilidade de complicações durante o parto e melhor recuperação pós-parto, o que produzirá uma sensação de bem-estar e um melhor relacionamento com o bebê.

Seja durante a gravidez, seja na condição de não gravidez, o exercício pode atuar no controle do quadro diabético, além de auxiliar no retorno venoso, agindo profilática e terapeuticamente nas varizes. Age também melhorando as condições de distribuição sangüínea e a oxigenação, favorecendo as condições de irrigação dos tecidos e da placenta. Promove a melhora da elasticidade e a força muscular, auxiliando na manutenção postural. Contribui também para diminuir o stress e melhorar a auto-imagem.

Existem ainda outros benefícios a considerar, como a prevenção do excesso de peso e das dores lombares, manutenção da forma física e postural, melhor adaptação psicológica às alterações da gravidez e diminuição do risco de pré-eclâmpsia.

As vantagens da atividade física durante a gestação se estendem ainda aos aspectos emocionais, contribuindo para que a gestante torne-se mais auto-confiante e satisfeita com a aparência, eleve a auto-estima e apresente maior satisfação na prática dos exercícios.

Maiorias das mulheres muitas vezes acreditam que, durante a gravidez, a atividade física não é indicada. Pelo contrário, durante a gravidez, ela é especial e de fundamental importância, pois além de aumentar a disposição física para o trabalho, cuida do corpo, relaxa, minimiza os efeitos da gravidez e propicia melhores condições para o parto. A fisioterapia em gestante objetiva cuidar do corpo com suas estruturas em transformação durante nove meses e mais, proporcionar segurança e conforto emocional.

O objetivo dessa pesquisa é procurar contribuir com o conhecimento da prática de atividade física durante gravidez, destacando algumas alterações fisiológicas que podem ser evitadas, tratadas ou amenizadas com atividade física durante a gestação.

METODOLOGIA

Este estudo constitui-se em uma Revisão Bibliográfica, de caráter descritivo sobre a Atividade Física durante Gestação. O período de estudo para conclusão desse artigo foi de Janeiro de 2010 à Março de 2010. Para a realização desse trabalho foram utilizadas 20 referências bibliográficas, do ano de 1993-2008. Os dados desse estudo foram encontrados em bibliotecas virtuais como; Bireme (Biblioteca Virtual em Saúde), SCIELO (Scientific Electronic Library Online), LILASC (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências Saúde), e Google. As palavras-chave utilizadas de acordo com os Descritores em Ciências da Saúde DeCS, foram: Gestação, Atividade Física, Fisioterapia

ANÁLISE E DISCURSÃO

Em décadas passadas, as gestantes eram aconselhadas a reduzirem suas atividades e interromperem, até mesmo, o trabalho ocupacional, especialmente durante os estágios finais da gestação, acreditando-se que o exercício aumentaria o risco de trabalho de parto prematuro por meio de estimulação da atividade uterina.

No entanto, em meados da década de 90, o Ame-rican College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), reconheceu que a prática da atividade física regular no período gestacional, deveria ser desenvolvida desde que a gestante apresentasse condições apropriadas.

As atitudes clínicas e as tradições relativamente ao exercício físico durante a gravidez têm sido moldadas mais por influências culturais do que por evidências científicas. Contudo, o avanço da ciência, aliado a uma forte procura de informação pela população em geral, levantou importantes questões sobre a relação risco/benefício do exercício durante a gravidez, tornando-se imprescindível a criação de consensos relativamente às suas recomendações.

Hoje em dia, um grande número de gestantes tem procurado diversos meios para obtenção de uma gravidez mais segura e tranqüila, visando o bem-estar próprio e o do bebê. Sob este ponto de vista, o fisioterapeuta pode contribuir muito para proporcionar uma gestação saudável,[11] pois pode conscientizar a gestante da importância da prática de atividade física, além de promover o aprendizado das técnicas que auxiliam a mulher a adquirir maior autocontrole durante o trabalho de parto e no momento da expulsão.

Com relação às técnicas utilizadas pelas gestantes, tem-se observado que a respiração pode ser controlada voluntariamente de modo a fornecer à mãe e ao feto a oxigenação necessária, sem ocorrência de fadiga durante o trabalho de parto. O uso das técnicas de relaxamento é defendida como um meio de quebrar esse ciclo vicioso da dor-temortensão. E o treino da expulsão se faz necessário para a gestante adquirir segurança e confiança para o momento do parto.

Na ocorrência de dores nas mãos e membros inferiores, que geralmente acontece por volta do terceiro trimestre, frente à diminuição da flexibilidade nas juntas, a prática da atividade física regular direcionada durante a gestação terá o efeito de minimizá-las, possivelmente, por promover menor retenção de líquidos no tecido conectivo.

Sabe-se que a atividade cardiovascular durante a gestação se eleva comparada ao período não gestacional. No entanto, com a prática regular de exercícios físicos reduz-se esse estresse cardiovascular, o que se reflete, especialmente, em freqüências cardíacas mais baixas, maior volume sangüíneo em circulação, maior capacidade de oxigenação, menor pressão arterial, prevenção de trombose e varizes, e redução do risco de diabetes gestacional.

As mulheres sedentárias apresentam um considerável declínio do condicionamento físico durante a gravidez. Além disto, a falta de atividade física regular é um dos fatores associados a uma susceptibilidade maior a doenças durante e após a gestação. Há um consenso geral na literatura científica de que a manutenção de exercícios de intensidade moderada durante uma gravidez não-complicada proporciona inúmeros benefícios para a saúde da mulher. Apesar de ainda existirem poucos estudos nesta área, exercícios resistidos de intensidade leve a moderada podem promover melhora na resistência e flexibilidade muscular, sem aumento no risco de lesões, complicações na gestação ou relativas ao peso do feto ao nascer. Conseqüentemente, a mulher passa a suportar melhor o aumento de peso e atenua as alterações posturais decorrentes desse período.

A atividade física aeróbia auxilia de forma significativa no controle do peso e na manutenção do condicionamento, além de reduzir riscos de diabetes gestacional, condição que afeta 5% das gestantes. A ativação dos grandes grupos musculares propicia uma melhor utilização da glicose e aumenta simultaneamente a sensibilidade à insulina. Os estudos também mostram que a manutenção da prática regular de exercícios físicos ou esporte apresenta fatores protetores sobre a saúde mental e emocional da mulher durante e depois da gravidez. Além disso, existem dados sugestivos de que a prática de exercício físico durante a gravidez exerce proteção contra a depressão puerperal.

A mulher grávida deve ingressar em atividades que lhe garantam prazer e bem-estar, desde que ela tenha sido submetida a uma avaliação médica especializada e que não apresente anormalidades físicas e complicações com a gestação. 

Tanto os exercícios com sustentação de peso quantos exercícios com pouca sustentação de peso são recomendados durante a gestação. O importante é que o exercício traga conforto para a praticante, devendo os mesmos ser modificados se impuserem risco a região abdominal ou trazer fadiga para a gestante.
O Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia apostando nos benefícios maternos e fetais definiu algumas recomendações de interesse na prescrição de programas de exercícios na gravidez. Independentemente do tipo, as intensidades leve ou moderada são as mais adequadas, com freqüência mínima de três vezes por semana, mantida regularmente. Devem ser evitadas as atividades intensas; é importante respeitar o limite de 140 bpm para a freqüência cardíaca materna e de 38ºC para a temperatura ambiente. Os exercícios de solo devem ser realizados em superfícies firmes e regulares e de maneira geral, assegurar melhor controle da percepção corporal, da auto-estima, do humor e da ansiedade, proporcionando sensação de bem-estar físico e psicológico.

Alguns sinais ou sintomas representam sinal de perigo de complicações na gestação durante a prática de atividade física e indicam que o exercício deve ser imediatamente interrompido por constituírem grande risco para a saúde tanto da gestante e quanto do feto. Os principais sinais de que a atividade física deve cessar são: perda de líquido amniótico, dor no peito, sangramento vaginal, enxaqueca, dispnéia, edema, dor nas costas, náuseas, dor abdominal, contrações uterinas, fraquezas musculares, tontura e redução dos movimentos do feto. Mulheres fumantes têm contra-indicação na prática de atividade física em altitudes acima de 2.500m. A presença de náuseas, sonolência e desconforto, podem sugerir que o tipo, intensidade, duração e/ou freqüência da atividade física para a gestante devam ser modificados, sem que seja necessário interrompe-la. A própria prática de atividade física durante a gestação possibilita a ocorrência de fenômenos que devem alertar os especialistas para uma eventual interrupção dos exercícios. Tais sinais correspondem a: dor de qualquer tipo, injúrias musculoesqueléticas; complicações cardiovasculares; trabalho de parto prematuro; aumento do risco de aborto no primeiro trimestre da gestação e grave hipoglicemia, indicando, igualmente, a interrupção do exercício. 

A atividade física para gestantes apresenta contra-indicação absoluta em mulheres portadoras de: doença cardíaca com alterações hemodinâmicas significativas, doença pulmonar restritiva, multípara com risco de prematuridade, placenta prévia depois de 26 semanas de gestação, ruptura de membranas, sangramento uterino persistente no segundo ou terceiro trimestre, cérvix incompetente e pré-eclâmpsia.

CONCLUSÃO

Durante a gestação a mulher sofre diversas alterações fisiológicas que podem trazer dor e limitações em suas atividades diárias variando de mulher para mulher e o sedentarismo pode agrava ainda mais essas alterações dando uma predisposição a edemas, varizes, dores na região lombar, obesidade e diabete gestacional.

O fisioterapeuta entra com o papel de prevenir e tratar essas modificações através atividades educativas que incluem orientações e indicação de atividade física adequada a cada gestante que desejam permanecer ativa neste período, pois como sabemos pratica de atividade física faz com que a gestante sofra menos com as mudanças que estão ocorrendo no seu corpo, proporcionando uma sensação de bem-estar e um melhor relacionamento com o bebê.

Então, podemos concluir que a prática de atividade física durante a gestação traz diversos benefícios, estando a gestante fora de riscos, realizando exercícios de forma correta sobre acompanhamento fisioterapêutico e médico.

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