1.INTRODUÇÃO
Entre os principais temas inerentes a educação, o fracasso escolar tem adquirido espaço relevante em debates, congresso, seminários e outros eventos destinados às realidades inerentes à instituição escolar e as prática pedagógicas.
É importante acrescentar que vários são os fatores que contribuem para construção daquilo que se entende por fracasso escolar e compreender os aspectos inerentes à essa problemática foi elemento motivador para realização de um pesquisa de campo sobre o tema.
As observações realizadas a partir das práticas pedagógicas nas escolas, durante os estágios realizados, permitiram a percepção de que muitas vezes na sala de aula existem crianças que, tendo as capacidades necessárias não conseguem atingir o rendimento que seria esperado delas, ou seja, não aprendem como as demais crianças e os métodos normalmente utilizados não funcionam com elas.
Assim, percebendo que os problemas de aprendizagem são complexos e que suas manifestações podem ser sintomas de uma infinidade de fatores e partindo de uma reflexão sobre tal problemática, questionou-se: Na visão do professor que elementos são determinantes dentro do processo de ensino-aprendizagem para o fracasso escolar por parte dos alunos?
Levando em consideração o problema apresentado, desenvolveu-se uma pesquisa de campo onde o objetivo geral foi conhecer os motivos desencadeadores de fracasso escolar na perspectiva dos professores, e como objetivos específicos, identificar a concepção acerca do fracasso escolar na visão dos professores; verificar os casos de alunos que estão em situação de fracasso escolar; identificar as causas atribuídas pelo professor como desencadeadoras de fracasso escolar desses alunos.
A construção deste texto se deu em 02(dois) momentos: no primeiro foi realizada uma pesquisa de campo, com aplicação de questionário aos sujeitos (professores de ensino fundamental do 2º ao 5º ano, da Escola Municipal Nova Brasília, turnos manhã e tarde); No segundo foram analisados os dados obtidos, a partir dos métodos da análise de conteúdo categorial.
O texto foi construído sobre a luz de. Charlot,(2000) que diz acerca do fracasso, escolar que este termo não existe, o que existe são crianças em situação de fracasso.Bossa(2002) ressalta o fracasso escolar como um sintoma,que pode ser justificado com base em varias perspectivas. Patto (1999) que ressalta”è nas tramas do fazer e do viver o pedagógico cotidianamente nas escolas, que se pode perceber as reais razoes do fracasso escolar das crianças advindas de meios socioculturais mais pobres” ..
Espera-se que este trabalho possa contribuir para desvendar de certa forma possíveis causas do fracasso escola, como também contribuir para encontrar respostas que superem esta problemática.
2. BASES TEÓRICAS SOBRE O TEMA
2.1 Fatores que interferem na aprendizagem
O aluno é um ser social com cultura, linguagem e valores específicos. Quando apresenta dificuldade de aprendizagem, deve ser levado em conta sua individualidade, particularidade, ou seja, o professor precisa trabalhar com a diferença, descobrir as potencialidades de cada aluno então partir em busca do desenvolvimento de sua aprendizagem, transformando-o em sujeitos preparados para enfrentar o mundo.
Para tanto é preciso conhecer as origens dos problemas dos alunos. Sobre isso Pain (1992 p. 29-33), caracteriza os 3(três) principais fatores: Orgânicos, Psicológicos e Ambientais. Os orgânicos, saúde física, falta de integridade neurológica, alimentação inadequada; psicológicos, inibição, fantasia, ansiedade, angústia, inadequação à realidade, sentimento de rejeição; ambientais, tipo de educação familiar o grau de estimulação que a criança recebeu desde os primeiros dias de vida, a influência dos meios de comunicação.
Os fatores orgânicos podem ter como conseqüência problemas cognitivos mais ou menos graves, mas que não configuram por si sós, um problema de aprendizagem.
É necessário saber se a criança está bem alimentada, pois este se constitui um dos problemas básicos na capacidade de aprendizagem, bem como as condições de abrigo e conforto para o sono. Diante desse aspecto, sabe-se que a criança tem na merenda escolar, muitas vezes, a única refeição do dia, por esse motivo tal programa assume uma importância vital para o desenvolvimento escolar do aluno.
É importante que o professor venha influenciar na criança o processo de construção de conhecimento nas relações com o ambiente, descartando a idéia de oferecer respostas elaboradas, prontas, mas aproveitar o nível de desenvolvimento e conhecimento abstraído das experiências.
Neste sentido Almeida (1992, p.65).defende:
A escola como um todo, currículos e métodos de ensino devem se adaptar não só às características de cada grupo social, mas a cada criança, na sua individualidade, nos seus sucessos e fracassos, numa relação dialética entre as condições.
Neste contexto considera-se o aprendizado um aspecto necessário e fundamental no processo de desenvolvimento das funções psicológicas. O desenvolvimento pleno do ser humano depende do aprendizado que se realiza num determinado grupo cultura, a partir da interação com os outros indivíduos de sua espécie, isso significa que o ambiente no qual estamos inseridos e as pessoas com quem vivemos, são aspectos imprescindíveis para o nosso processo de desenvolvimento.
Ao compreender o processo psicológico pelo qual a criança utiliza para elaborar seu conhecimento, pode-se afirmar que é relevante a valorização tanto do nível de desenvolvimento real como do potencial, já que o nível de desenvolvimento mental dos sujeitos não determinado apenas pelo que ele consegue produzir de forma independente, é necessário conhecer o que consegue realizar, muito embora ainda necessite do auxilio de outras pessoas para fazê-lo.
É preciso que o educador tenha clareza do processo que a criança percorre para chegar às respostas, a fim de intervir, provocar, estimular ou apoiar no momento em que ela demonstra dificuldade em determinado aspecto do processo de aprendizagem, tornando possível desenvolver as funções que ainda estão a todos consolidadas, que é característica típica do ser humano, que acontece através da articulação entre pensamento e linguagem.
Os problemas de aprendizagem podem ocorrer tanto no inicio quanto durante o período escolar. Surge em situações para cada aluno, o que requer uma investigação no campo em que ela se manifesta. Qualquer problema de aprendizagem implica num trabalho junto à família da criança para analisar situações e levantar características visando descobrir o que está representando dificuldade ou empecilho para que o aluno aprenda.
Sobre este aspecto é importante o professor estar atento aos seus alunos, procurando interagir com eles na intenção de saber sobre seu lado familiar, como vivem em seu cotidiano na comunidade. Adquirindo confiança do aluno o professor poderá desvendar possíveis dificuldades na sua aprendizagem.
2.2 O que é aprendizagem?
Trata-se de um processo pessoal, sendo resultado de construção de conhecimento e experiências passadas que influencia com as experiências futuras. Ao aprender o sujeito acrescenta aos conhecimentos fazendo ligações àquelas já existentes. E durante o processo educativo tem a possibilidade de adquirir uma estrutura cognitiva clara e organizada de forma adequada, podendo consolidar novos conhecimentos, complementares e relacionados de alguma forma.
Os educadores devem proporcionar situações de interação tais, que despertem no educando motivação para interação com objeto do conhecimento, com seus colegas e os próprios professores, Pois, mesmo que a aprendizagem ocorra na intimidade do sujeito, o processo de construção se da na diversidade e na qualidade das suas interações.Nesta visão, a ação educativa de uma escola deve propiciar ao aluno oportunidades para que seja induzido a um esforço intencional.
A aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossocias, e culturais. É resultado do desenvolvimento de aptidões e de conhecimentos, bem como a transferência conhecimentos, bem como a transferência destes para novas situações.
De acordo com Bock (1999, p.117) o processos de organização das informações e de integração do material à estrutura cognitiva é o que diferencia a aprendizagem mecânica da aprendizagem significativa. Bock (1999, p.117) destaca que a aprendizagem mecânica refere-se à aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma associação com conceitos já existentes na estrutura cognitiva.
Já a aprendizagem significativa segundo o autor, processa-se quando o novo conteúdo relaciona-se com conceitos relevantes, caro e disponíveis na estrutura cognitiva. É necessário refletir que cada indivíduo aprende a seu modo estilo e ritmo.
No nível social podemos considerar a aprendizagem como um dos pólos do par ensino-aprendizagem, cuja síntese constitui o processo educativo. Tal processo compreende todos os comportamentos dedicados à transmissão da cultura, inclusive os objetivos como instituições que, especifica (escola) ou secundariamente (família), promovem a educação. Através dela o sujeito histórico exercita, usa utensílios, fabrica e reza segundo a modalidade própria de seu grupo de pertencimento. (PAIN,1985,p.16).
Segundo Vygotsky (1993, p.44), uma vez admitindo o caráter histórico do pensamento, verbal, devemos considerá-lo sujeito a todas as premissas do materialismo histórico, na sociedade, que são válidas para qualquer fenômeno histórico na sociedade humana.
Vygotsky (1991, p.101) diz ainda que o pensamento que o pensamento propriamente dito é gerado pela motivação, isto é, por nossos desejos e necessidades, nossos interesses e emoções. Por trás de cada pensamento há uma tendência afetivo-evolutiva. Uma compreensão plena e verdadeira do pensamento de outrem só e possível quando entendemos sua base afetivo-evolutiva.
É com base neste pensamento que o educador deve trabalhar a afetividade, penetrando assim no mundo do educando, para desta forma trabalhar dinamicamente fazendo com que o aluno sinta um desejo de aprender, e adquirir certa forma as capacidades de assimilar os conhecimentos.
Segundo a concepção de Vygotsky se a aprendizagem não esta em função só a comunicação, mas também do nível do desenvolvimento alcançado, adquire então relevo especial – alem da análise de modo o sujeito constrói os conceitos, comunicados e, por tanto, a análise qualitativa das estratégias, dos erros, do processo de generalização. Trata-se de compreender como funcionam esses mecanismos mentais que permitem a construção dos conceitos e que se modificam em função do desenvolvimento. (VYGOTSKY, 1991, p.2).
Pode-se considerar que a aprendizagem acontece por um processo que advém de afetividade relação e motivação, Assim para aprender é indispensável “poder fazê-lo, o que faz referência às capacidades, aos conhecimentos, às estratégias e às destrezas necessárias, para isso é necessário “querer” faz-lo, ter a disposição, a intenção e a motivação suficientes. Para obter bons resultados acadêmicos”.
2.3 O que é fracasso escolar?
Existem varias pesquisas que visão levantar as causas do fracasso escolar nas series iniciais do ensino fundamental.Considerando-se que o fracasso escolar é quando um individuo não consegue atingir determinado objetivo escolar ,ou quando não consegue desenvolver uma habilidade colocada pelo professor em sala de aula,quando não conseguem resolver uma atividade ou não consegue alcançar os objetivos propostos dentro de uma serie.
Quando o sujeito não consegue certo conhecimento em relação ao seu objeto de estudo dizemos também que ele teve insucesso escolar ,ou quando o aluno não consegue nota aprovativa,ou se fica retido na mesma serie.Tudo isso mostra, segundo Dorneles(2000)que o fracasso escolar tem diversas formas de ser entendido.
Assim,ainda de acordo com Dorneles(2000),não podemos atribuir ao fracasso escolar um único fator,sendo este um problema que vem desde a implantação do ensino no Brasil.
A persistência de tal fenômeno vem mostrar que a causa do fracasso escolar não esta exclusivamente em um único dos fatores possíveis:nem só no professor,nem nos métodos,nem nos recursos,nem na escola nem no sistema.Está no sistema,nos métodos,nos recursos e na avaliação e… São diferentes mecanismos internos que atinge cada um desses aspectos e que se relacionam de diversas maneiras determinando o fracasso.(DORNELES,2000,p.27).
Dando ênfase ao pensamento deste autor,e correto afirmar que o fracasso tem um leque de fatores ou culpados para que ele venha a existir.
O verbo fracassar é de origem italiana (fracassare) ,foi utilizado pela primeira vez no século XVIII, com o significado de arruinar,quebrar.Surgiu em uma época em que os paradigmas estavam em crise e que muitos conceitos e experimentos para resolução de problemas fracassaram,fazendo emitir novos conceitos.
O tema fracasso escolar pode ser emitido a partir da Era das a partir da Era das Revoluções no século XIX ,passando pela reflexão dos sistemas nacionais de ensino,das Teorias Racistas e da Psicologia Diferencial.
“A Era das Revoluções tem um significado importante para a compreensão de toda a trajetória do fracasso escolar,A Revolução Francesa e a Revolução Industrial provocaram importantes transformações no campo social,político e econômico das sociedades do século XIX, a contradição básica deste século foi a ascensão da burguesia e a utopia de uma sociedade igualitária,que se refere à busca de soluções mais efetivas de educação para todos,uma vez que a especialização técnica do operário é a função básica da educação.A educação para todos é uma necessidade, uma vez que ate por volta de 1850,as escolas eram privadas e ate 1870 um grande contingente da população era analfabeta.” (PATTO,1990,p.84).
Apesar da escola ser privada e grande parte da população ser analfabeta,no final do século XIX e começo do século XX,nos paises capitalistas centrais aconteceram pressões populares para que a escola se tornasse democrática.
No final do século XIX surge a escola nova,onde representa o mais vigoroso movimento de renovação da educação depois da criação da escola burguesa .A idéia de fundamentar o ato pedagógico na ação,na atividade da criança já vinha se formando desde a “escola alegre” de Vitorino de Feltre (1378-1446),seguindo pela pedagogia romântica e naturalista de Rousseau.
Mas foi só no inicio do século XX que se concretizou e teve conseqüências importantes sobre os sistemas educacionais e a mentalidade dos professores.
Um dos pioneiros da Escola nova é certamente Adolphe Ferriére (1879-1960). Ferriére considerava que o impulso vital espiritual é a raiz da vida, fonte de toda afetividade, e que o dever da educação seria conversar e aumentar esse impulso de vida.Pra ele,o ideal da vida escola ativa é a atividade espontânea,pessoal e produtiva.
Na década de 30 do século XIX,surgem as teorias racistas,tendo como denominador comum “a herança de caracteres adquiridos”Diferentes discursos podem ser identificados,nas ultimas décadas ,tentando explicar esse fenômeno.Nas décadas de 1940 4 1950 dominava a idéia de que as pessoas eram portadoras de dons e aptidões inatas dentre as quais a inteligência,que as faziam ter maior ou menor sucesso na escola e na vida.A psicologia diferencial de grande significação na época, explicava as diferenças pela raça e pelo sexo,tendo a psicometria alcançando forte prestigio.
Ainda no século XIX,anos 50, a pobreza foi considerada como uma inferioridade inata.A essa visão de inferioridade inata, podemos perceber uma relação com um diagnostico das “aptidões escolares”,que surgem nos séculos XVIII e XIX com o desenvolvimento das Ciências Medicas e Biológicas baseadas na disposição natural, independente dos fatores ambientais como por exemplo, a natureza socioeconômica.Dessa forma, o grande desafios para os psicólogos do século XIX foi medir as aptidões naturais.
“No século XIX buscava-se a explicação para os problemas de aprendizagem nos conhecimentos advindos nas ciências biológicas e da medicina, ou seja, procurava-se em alguma anormalidade orgânica a justificativa para o fracasso das crianças com dificuldades escolares “.(PATTO.1990,.16)
Mediante a aplicação de testes de aptidões, a criança que não manifesta aptidão natural, era considerada “anormal”.Na década de 60, do século XX, entretanto,passou-se a considerar os fatores ambientas, onde já não se considerava mais a diferença individual e passou-se a considerar culturas inferiores.A criança passou a se chamada de “criança problema” em relação a sua cultura.
Embora a consideração e explicação racional para as diferenças sociais,políticas e culturais tenham aparecido nesta época, esta explicação racional para as diferenças a partir da sociedade dividida em classes.
Pode-se dizer que nas décadas de 60 e 70 na Europa, e na de 80 no Brasil, o aspecto social e sua relação com o fracasso escolar começa a ser enfatizado pelos questionadores.Alem disso,surgem os primeiros questionamentos relacionados a patologizaçao, tomadas com gênese das dificuldades escolares.O ponto central de interesse passou a ser o papel da escola, quanto ao efetivo preparo da clientela que a freqüenta.Neste sentido,as dificuldades de aprendizagem deixaram de ser pesquisadas como sendo um problema exclusivo dos alunos uma vez que os fatores infra-escolares e os de ordem social, econômico e políticos envolvidos na educação também passaram a ser investigados.
“Ainda na década de 1960, com o movimento social das minorias, o foco de explicação desloca-se para os aspectos culturais, dando surgimento às teorias da “privação” ou “carência”: carência alimentar,cultural e afetiva.Sofistica-se esta explicação com a expressão “déficit” cultural, ”déficit” de linguagem, e com o surgimento das conhecidas “dis”: a disfunção cerebral mínima, dislexia, discalculia, dislalia, disortografia”.(COLLARES e MOISES,1992)
Segundo Patto1999, em 1981, a literatura sobre o fracasso escolar continua a registrar a mesma afirmação que encontramos em meados da década de 70: o professor idealiza, mas não encontra nas salas de aula uma periferia,um aluno sadio, bem alimentado,com uma família organizada e atenta aos seus problemas pessoais e com prontidão para aprender, o que equivale a dizer que o aluno com que o professor se defronta nestas escolas é doente mal alimentado com uma família desorganizada e desatenta aos seus problemas pessoais e sem prontidão para aprender.
Neste contexto, Magalhães et all,(1998:01) afirmam que houve mudanças quanto às reformas anteriores de se conceder o fracasso escolar.O que mudou ao longo dos anos foi a forma de interpretar esta questão:desde uma visão individualista e clinica passando por uma visão do fracasso como sendo de uma classe social, ou ainda como u fracasso de um sistema sócio econômico e político.Sendo que ultimamente,o fracasso escolar tem sido entendido como o fracasso da escola:sua cultura e organização dos sistemas de ensino.
2.4 Causas do fracasso escolar
A temática ‘fracasso escolar’ é muito complexa, pois envolve determinantes ligadas às raízes econômicas, sociológicas, biológicas, pedagógicas e psicossociais do desempenho escolar.
Há algumas décadas vigora no Brasil a lei que proíbe toda e qualquer forma de discriminação racial e prevê punições aos infratores. Inúmeros estudos, contudo, têm demonstrado algumas vezes de forma explícita, mas na maioria das vezes de formas veladas, a permanência da discriminação no interior do processo educacional. Se não por tal motivo, como explicar a desigual apropriação das oportunidades educacionais de brancos e negros, produzindo efeitos cumulativos que vão se agravando ao longo da escolarização?
Na maioria das vezes os maiores índices de reprovação e exclusão escolar ocorrem na faixa os alunos de nível socioeconômicos baixo. Segundo alguns autores como Lahire (1997) e Patto (1999), o problema do fracasso escolar é mais freqüente nas camadas mais pobres, os alunos que vivem em melhores condições. Existem alunos de famílias pobres que conseguem se sobressair, assim como existem alunos das classes favorecidas que tem baixo rendimento escolar. Mas no geral é a classe menos favorecida que se destaca no fracasso escolar, porque as crianças com baixo poder aquisitivo não têm acesso aos bens culturais, valores e objetivos culturais. A sua identificação com a escola é a mínima possível, pois a sua cultura e a da escola são diferentes, seus ideais são bem distantes dos que a escola oferece.
Às vezes, o aluno se empenha em um determinado aprendizado e não consegue êxito, neste momento houve o fracasso, mas para este fracasso houve um ou vários motivos pelo qual o aluno não conseguiu aprender, e por ter varias causas, não é justo atribuirmos esta responsabilidade no aluno, rotulando-os de preguiçosos, incompetentes, pois o problema faz parte de um contexto mais amplo: existe o professor, que muitas vezes não esta usando uma didática adequada para estimular o aluno; o sistema escolar que pode não esta cumprindo seus objetivos. O problema do fracasso é muito amplo para encontra um único culpado, quando se coloca culpa no sistema, podemos englobar nele o aluno, professores, sistema escolar, família e sociedade.
Lahire(1997) em seu livro Sucesso escolar nos meios populares ,apresenta uma pesquisa realizada com estudantes da 2 serie do 1 grau do sistema educacional francês, onde analisa a situação social e escolar desses alunos,levando em consideração os níveis de formação, situação profissional e lugar onde moram os pais, o grau de conhecimento que os pais destes alunos tem do sistema escolar, o acompanhamento da escolaridade dos filhos e o numero de filhos na família,renda familiar,entre outros fatores sociais.
O sociólogo busca explicações para questões como:como é possível que as crianças que vivem na mesma situação socioeconômica e cultural, alguns consigam ter sucesso escolar e outras não?O que leva sujeitos envolvidos em um mesmo contexto educacional terem aprendizados diferentes?
Lahire(1997,p.12) abrange sua pesquisa da seguinte forma:
A questão central que moveu nossa pesquisa diz respeito à compreensão das diferenças “secundarias” entre famílias populares cujo nível de renda escolar são bastante próximos.Semelhantes por suas condições econômicas e culturais,como é possível que configurações familiares engendrem,socialmente crianças com níveis de adaptação escolar tão deferentes?
O aluno tem valores específicos , sendo um ser social.Nestes sentido,para entender o fracasso escolar deve-se considerar a individualidade do educando, sua particularidade, a realidade do aluno, conhecer seu cotidiano,a importância da escola para a família e o que esta entende do sistema escolar.Este e o marco inicial para se compreender as causas do fracasso escolar.
Segundo Lahire(1997),”a criança constitui seus esquemas comportamentais, cognitivos e de avaliação através das formas que assumem as relações de interdependência com as pessoas que a cercam com mais freqüência,que é a família”. Dando seguimento a este pensamento, e que se sente a necessidade de investigar a constituição das famílias desses alunos com o objetivo de compreender o fenômeno do fracasso escolar.
2.5 Políticas Educacionais voltadas para o fracasso
No contexto do fracasso escolar surgiram diversos programas de combate ao baixo rendimento escolar como :Projeto Se liga que começou a atender as escolas em 2001, projeto acelera Brasil e outros programas que vem sendo trabalhado desde 2006, com o intuito de zerar à questão da distorção idade – série conseqüência da reprovação e da evasão escolar, onde se concretiza o fracasso do aluno
Destacado entre vários projetos existentes no país , o se liga Brasil do instituto Ayrton Senna . Um programa destinado a alunos não alfabetizados foi implantado em 2001 e atendeu 296.721 alunos em 527 municípios, hoje e adotado como política publica em 5 estados Tem o objetivo de anular por completo o fracasso escolar,gerando 100% o aproveitamento dos alunos em seu nível, tem a duração de um ano,caso o aluno não atinja um rendimento necessário para voltar à sua serie de origem ele ira para a outra etapa do projeto, que recebe o nome de Acelera. Este e um programa direcionado à faixa etária de 2 ao 5 ano e o material didático e dividido por direcionamento de cada aula, como atividade de leitura, correção das atividades “para” casa e tarefas diversificadas.O aluno e estimulada a trabalhar com tarefas diversificadas sempre voltadas para sua realidade
Segundo ROSA(2000,p.45).
Quanto à proposta pedagógica, os professores recebem treinamento e manuais referentes aos projetos de aprendizagem. Todo o trabalho de capacitação, acompanhamento,supervisão,definição de material pedagógico e verificação periódica dos projetos, com visitas aos municípios.A fundação Carlos Chagas cuida de fazer uma avaliação anual do desempenho dos alunos e do programa apresentando questões para que o projeto seja aperfeiçoado.
Neste programa os professores recebem periodicamente orientações pedagógicas e o material para trabalhar com estes alunos,são:livro didático,uma caixa com historias infantis para estimular a leitura,e diversos materiais para o dia-a-dia em sala de aula.E feita um avaliação sempre ao final de cada aula com a observação do professor de acordo com o desempenho do aluno na realização de suas tarefas cabendo ao educador promover o aluno para sua serie de origem ou para a próxima etapa do programa o “acelera”..Há uma única avaliação no final do não letivo pelo coordenador do projeto para constatar o aprendizado do aluno.
De acordo com os dados do Instituto Ayrton Senna, alunos de todo o Brasil apresentam índice alarmante de analfabetismo.Como podemos perceber nos dados abaixo , são alunos que já estão em distorção de idade – série, que estão nas series do 2 ao 5 ano e ainda não aprenderam a ler nem escrever o próprio nome.
Entre 10% e 35% dos alunos do 2 ao 5 ano ainda não sabem ler nem escrever. O analfabetismo é o maior vilão da educação publica no Brasil.Ele pune apenas crianças com a repetência, o difícil recomeço todos os anos, a insegurança e a baixa auto estima.(Instituto Ayrton Senna).
Este projeto tem a preocupação de tirar estas crianças da condição de analfabetas e da distorção de idade – série, reduzindo assim o índice de analfabetismo. Em Teresina o projeto se liga em parceria com a Secretaria Municipal de Educação foi implantado devido a necessidade de alfabetizar em curto prazo, os alunos com defasagem para ajuda-los na correção do fluxo escolar.No período de 2001 a 2005 foram atendidos 7.980,77,2% destes alunos estão alfabetizados. Em 2006 o projeto iniciou com 56(cinqüenta e seis) turmas distribuídas em 45 escolas da zona urbana e rural atendendo a 1.145(mil cento e quarenta e cinco) alunos. Isto mostra que esta iniciativa e um ponto de partida para desenvolver a aprendizagem das nossas crianças.
Este projeto tem seu processo definido,como inicio e fim, dentro de um ano letivo,para atender o objetivo que o instituto se propõe, como professores qualificados, supervisores preparados para o acompanhamento semanal das turmas, material didático.Proporcionando a qualidade de ensino e transmitindo para o aluno segurança,trabalhando sua auto estima, para que esta possa seguir me busca do seu espaço na sociedade.
3. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS
A pesquisa foi realizada em 2 (duas ) escolas da rede Municipal de ensino, situadas na zona norte da cidade de Teresina que são:Escola Municipal Nova Brasília e Escola Municipal Iolanda Raulino.
Na Escola municipal Nova Brasília compreende as seguintes informações:localizada no bairro Nova Brasília, na rua:Professor Artur Furtado,numero:1182.A escola dispõe em seu quadro de funcionários de 15 professores, sendo 8 efetivos e 7 estagiários, 1 diretora,1 diretora adjunta,1 pedagoga,17 funcionários do quadro administrativo.Possui um total de 493 alunos, funciona nos turnos manha e tarde com a modalidade de ensino fundamental.
Em seu espaço físico a escola dispõe de 1 biblioteca( muitos livros e jogos educativos), 1 sala de vídeo(com 1TV, 1DVD,CDs educativos),1 diretoria,1 sala de professores,1 refeitório,um espaço adaptado para os jogos como uma espécie de quadra,um pátio para recreação.
Na unidade funciona aos fins de semana um projeto denominado escola aberta,onde a comunidade participa de cursos profissionalizantes,como manicura,cabeleireiro,mecânico,entre outros gratuitamente,bem como esportes, numa espécie de incentivo ao aluno e sua família a trabalharem junto à escola.
A Escola Municipal Iolanda Raulino esta situada no bairro Mafrense, na Alameda Domingos Afonso Mafrense ,funciona nos 3 (três) turnos, manha, tarde e noite.Escola trabalha com programas tais como:Projeto Se liga, Acelera, EJA, Pro Jovem , entre outros voltados para o combate ao fracasso escolar. Em sua estrutura física possui uma quadra de esportes, salas de vídeo, refeitório, biblioteca, laboratório de ciências, laboratório de informática, sala dos professores, diretoria, secretaria, sala de jogos .A escola também participa do programa escola aberta.
3.1 Aplicação da análise de conteúdo categorial na pesquisa
Constituídos os parâmetros que encerram o fracasso escolar, definindo conceito, causas e conseqüências, chega-se no momento onde os depoimentos obtidos dos educadores foram analisados pelas inferências pessoais e dos pensadores que fundamentam este trabalho. Esta análise conduziu o texto no caminho das respostas provocadas pela problemática da monografia. A interpretação dos questionários foi feita sob a ótica da análise de conteúdo categorial. Aprofundando o conceito do método, nas palavras de (Hercovitz, 2005, p.125):
A análise conteúdo é um método eficiente e replicável que serve para avaliar um grande volume de informação manifesta cujas palavras, frases, parágrafos, imagens ou sons podem ser reduzidos a categorias baseadas em regras explícitas com o objetivo de fazer inferências lógicas sobre mensagens.
Partindo dessa definição, o pesquisador atenta-se ao mínimo detalhe contido na mensagem observada, percebendo interesses ou influências.
Neste sentido, as categorias temáticas deste trabalho foram embasadas nos discursos ou respostas que mais se repetiram ou se aproximaram. Além disso, foram consideradas durante a análise, informações de relevante importância para a pesquisa, como respostas demasiadamente díspar e relatos que explicitam o feeling dos educadores com a temática abordada.
Cada pergunta feita torna-se uma categoria e as informações comuns do depoimento dos educadores serão essências para se chegar aos objetivos desejados. Após a interpretação destas categorias, algumas proposições foram constituídas, como forma de observar a validade da problematizarão definida. A pesquisa foi organizada em questionários, dos quais as respostas foram categoricamente preservadas e analisadas através de inferências do pesquisador, fundamentadas em livros, revistas e sítios da internet. Os métodos da pesquisa para obtenção das informações necessárias para sua construção, foram questionários mistos e pesquisas bibliográficas.
A pesquisa foi realizada com 9(nove) professores do ensino fundamental , onde os mesmos responderam a um questionário com perguntas sobre o tema, sendo 5(cinco) professores da Escola municipal Nova Brasília e 4(quatro) da Escola Municipal Iolanda Raulino.
Coletamos dados significativos para o diagnostico da pesquisa que venham a contribuir como causas do fracasso escolar, esperamos que este trabalho venha dar relevância para que os professores saibam discutir e expor suas opiniões sobre o assunto na referida escola.
Os professores questionados encontram-se em um nível de escolaridade que varia desde o pedagógico ate a especialistas.
OS PROFESSORES
Através da analise do questionário aplicado com perguntas abertas respondidas pelos professores.Foram lançadas perguntas sobre o tem dentro de uma possibilidade em que os professores pudessem expor sua opiniões .
Os educadores aos serem questionados acerca do fracasso escolar, responderam:
SUJEITO A: É o mau êxito do discente depois de todo um esforço para o desenvolvimento de habilidade para torná-lo capaz de seguir para uma próxima etapa de estudo.
SUJEITO B: É visto de várias maneiras como; abandono dos alunos da escola; reprovações; o não cumprimento de metas escolares.
SUJEITO C: Tem todo um contexto social. O sistema educacional como um todo, tem sua participação, assim como as famílias dos alunos, geralmente os menos favorecidos economicamente, que tendem a este fracasso, que na sua maioria é detectada pela evasão escolar ou falta de rendimento escolar.
SUJEITO D: Falta de auto-estima do individuo, em conseqüência da injustiça social, que ao longo da história da humanidade vive-se esse tormento que dia-a-dia sufoca a todos.
SUJEITO E: É visto de várias maneiras: o não aprendizado, a evasão escolar, distorção idade e série.
SUJEITO F: acredito que seja o insucesso do aluno no seu processo de ensino aprendizagem, disso provem fatores sócios culturais e psicológicos.
SUJEITO G: É o não cumprimento das metas para educando e educador.
SUJEITO H: É o nível do desenvolvimento dos alunos, devido a vários fatores q contribuem para essa situação.
SUJEITO I: Quando os alunos com problemas de aprendizagem não superam suas dificuldades, onde por traz desse fracasso existem vários outros fatores.
Percebe-se nos relatos que a maioria dos educadores identifica o fracasso escolar como o não cumprimento de metas, mas sentem dificuldade em especificar estas metas, se são elas instituídas pela sociedade, família ou SEMEC.
Nota-se também que alguns educadores ainda não conseguem visualizar os fatores que determinam o fracasso escolar. Outros determinam o fracasso escolar como falta de habilidade do discente, ligando a este fator a situação financeira do aluno.
Sobre este respeito Bossa(2002,p.19) ressalta:
No Brasil, a escola torna-se cada vez mais o palco de fracassos e de formação precária, impedindo os jovens de se apossarem da herança cultural, dos conhecimentos acumulados pela humanidade e, consequentemente, de compreenderem melhor o mundo que os rodeia.A escola que deveria formar jovens capazes de analisar criticamente a realidade, a fim de perceber como agir no sentido da transforma-la e,ao mesmo tempo, preservar as conquistas sociais que sempre fizeram parte da historia do povo brasileiro.É curioso observar o modo como os educadores, sentindo-se oprimidos pelo sistema, acabam por reproduzir essa opressão na relação com os alunos.
Sobre se o fracasso afetar de alguma forma o seu trabalho como educador, os profissionais pesquisados responderam:
SUJEITO A: Com certeza, pois deixa um mal estar de objetivo não alcançado, precisa-se ter muita força de vontade para não desanimar.
SUJEITO B: Sim, pois diminui o estímulo dos outros alunos.
SUJEITO C: Sim, o educador precisa de condições adequadas para fazer um bom trabalho, precisa também do apoio das famílias para o bom andamento do ensino-aprendizagem.
SUJEITO D: Sim, a violência na escola está impossibilitando o desempenho do trabalho ensino-aprendizagem, deixando os profissionais estressados.
SUJEITO E: Sim, o não acompanhamento dos pais, o não controle do professor em sala de aula.
SUJEITO F: Sim, como a sala de aula é um espaço de diversidade de alunos e nessa diversidade encontrar um aluno com dificuldade no aprendizado requer mais atenção por parte do professor exigindo esforço para atender toda a demanda da sala.
SUJEITO G: Sim, atua como referencial do rendimento do educador como facilitador do processo ensino/aprendizagem e ajuda a delimitar estratégias para otimização do trabalho.
SUJEITO H: Sim, porque dessa forma ocorre o desinteresse do aluno e consequentemente a evasão escolar do aluno.
SUJEITO I: Com certeza. O educador muitas vezes se sente culpado é preciso muito conhecimento e força de vontade para melhorar a situação.
Diante dos relatos, percebe-se que os educadores em sua maioria, sentem-se prejudicados com o fracasso escolar de seus alunos e sentem a necessidade de trabalhar junto à família para dar um suporte ao educando com base no processo ensino – aprendizagem. Também melhores condições não ficando claras que condições seriam estas. Eles também consideram que o trabalho do educador deve propiciar melhores condições, mas não especificam que condições ou que melhorias poderiam ser efetivadas para a maximização do ensino.
Apesar de todos afirmarem que são afetados pelo fracasso enquanto educador, poucos dos educadores sentem outras necessidades como, falta de estimulo de aluno e violência. Outros afirmam que se sentem afetados, mas não conseguem se expressar de que forma esta sendo ameaçado em seu desempenho enquanto educador.
Com relação à aprendizagem de outros alunos que não se encontram situação de fracasso escolar, os educadores responderam:
SUJEITO A: É sempre desconfortante se adiantar conteúdo quando se observa alguém com dificuldade, como também diminuir o ritmo quando alguns estão adiantados.
SUJEITO B: Sim, pois afeta o rendimento de todos.
SUJEITO C: O que ocorre é certa determinação dos alunos da rede pública que se estejam numa faixa etária mais avançada.
SUJEITO D: Na escola existem situações diversas, pessoas sábias que convivem com diversos problemas, mais sabem enfrentar os obstáculos em busca de seus ideais e outros se acomodam diante deles.
SUJEITO E: Sim, pois o professor terá que direcionar seu trabalho em função dos alunos que não tiveram o resultado esperado.
SUJEITO F: Para que não afete os outros alunos na sala o ideal é sempre juntar aquele aluno que tem “problema” com o aluno que precisa de “ajuda” para que na interação um possa ajudar o outro e ate melhorar o rendimento.
SUJEITO G: Eles são afetados pelas estratégias adotadas pelo professor em sala de aula como objetivo de auxiliar os alunos em situação de fracasso escolar.
SUJEITO H: Não. Porque os outros não se deixam abater com essa situação.
SUJEITO I: Alunos com desempenho bom, gostam de ensinar seus colegas, o professor pode usar isso a favor do aluno com dificuldade. Algumas vezes usamos atividades diferenciadas para melhorar seu desempenho, sem demonstrar a turma inteira, para não haver constrangimento. O professor deve saber dosar, pois não pode elevar demais o nível e os alunos não entenderem e também não podem abaixar de mais o nível, para não prejudicar os outros. É um grande jogo de cintura.
Os educadores não compreenderam claramente a intenção da pergunta, mas entendem que os efeitos do fracasso não se limitam a afetar apenas os alunos desistentes, mas toda a turma sofre as conseqüências, seja na mudança da metodologia ou do cronograma do professor.
Foi perguntado: Em sua opinião, existem alunos em sua sala de aula em situação de fracasso escolar? Os educadores responderam:
SUJEITO A: Em todas as salas tem aquele que tem dificuldade para desenvolver a aprendizagem de maneira satisfatória.
SUJEITO B: Sim
SUJEITO C: Sim, daí a grande responsabilidade do professor em dinamizar e oportunizar situações atraentes para seus alunos.
SUJEITO D: Sim, mas procuro controlar, às vezes consigo resultado satisfatório.
SUJEITO E: Sim, a falta de assiduidade, a higienização, o não acompanhamento dos pais.
SUJEITO F: Sim, alunos que já vem de series anteriores com debilitação no ensino o que acarreta no atraso de certa forma no desenvolvimento da aula.
SUJEITO G: Sim
SUJEITO H: Sim
SUJEITO I: Sim. E esses alunos equivalem a 15% da turma, um número pouco elevado.
Com as respostas dos educadores percebe-se que apesar de alguns desviarem o sentido da pergunta, todos afirmam ter em sua sala de aula situações de fracasso escolar. Segundo suas respostas , apesar de não estarem bem claras, pode se perceber que os alunos esta em situação de fracasso,são alunos repetentes,portanto encontram-se me distorção de idade – série,ou atribuem esta responsabilidade aos professores das series.
Ao serem perguntados sobre que estratégia foi utilizada para identificar essa situação, os educadores assim responderam:
SUJEITO A: Observação, monitoramento, do desenvolvimento de cada um em cada turma.
SUJEITO B: Observação, baixo rendimento nas provas.
SUJEITO C: A principal estratégia de um professor é a observação e sua prática como docente.
SUJEITO D: Muita conversa e paciência para um resultado em longo prazo.
SUJEITO E: Teste diagnóstico e observação feita com cada aluno em sala de aula.
SUJEITO F: Primeiramente uma observação no perfil dos alunos e depois um diagnostico a partir de um teste escrito.
SUJEITO G: Participação em sala de aula, relacionamento com os colegas, avaliação e demais atividades.
SUJEITO H: Foi verificado através da avaliação e assiduidade, que gerou seu baixo rendimento escolar.
SUJEITO I: Na escrita do seu próprio nome e na leitura de pequenas palavras.
De acordo com a fala dos educadores percebe-se que todos adotam a observação como método para identificar possíveis situações de fracasso ou sucesso na aprendizagem de seus alunos. A partir dessa observação o educador tem condições de desenvolver novas praticas dentro da sala de aula para tentar minimizar os efeitos da situação de fracasso, ou mesmo coibir que esta aconteça.
Todos esses processos porém, para suas reais efetivações, carecem do apoio e da capacitação dos professores, no intuito de dar-lhes elementos suficientes para lidarem de forma concisa e construtiva com as mais diversas situações e problemas recorrentes na sala de aula.
Sobre o como o educador vê a situação de fracasso, responderam:
SUJEITO A: É difícil de se ministrar, porém é importante levantar a estima desses alunos e mostrar para eles que são capazes de vencer os obstáculos que os fazem fracassar.
SUJEITO B: Muito delicado, no qual requer um grande envolvimento dos pais e da escola para a solução desse problema.
SUJEITO C: Uma responsabilidade social.
SUJEITO D: Um conflito muito difícil de ser resolvido, por que as autoridades não têm interesse na educação.
SUJEITO E: A partir de testes e acompanhamento de cada um.
SUJEITO F: Um pouco prejudicial ao trabalho do docente, porque atrasa um pouco a forma de ministrar os conteúdos.
SUJEITO G: É parte natural do processo escolar, mas que deve ser analisada e suprida.
SUJEITO H: Sentindo a necessidade de ajudar os alunos nessa situação.
SUJEITO I: Com certa tristeza e como um grande desafio.
Muitos dos educadores vêem a situação de fracasso escolar como um desafio ao seu trabalho enquanto educador. Eles percebem também que se faz necessário o envolvimento da família, sempre trabalhando numa visão construtivista escola – família. Outros dos educadores se pronunciam para citar o fracasso escolar como a falta, necessidade de se trabalhar a auto-estima dos educandos e de sua família.
Na opinião dos professores, o que pode estar provocando a situação de fracasso escolar de seus alunos. Estes responderam:
SUJEITO A: Situações sociais, desvalorização da escola e da função de professor, falta de vivência de valores essenciais como respeito, amor ao próximo, e etc.
SUJEITO B: Falta de estímulo, necessidade de trabalho.
SUJEITO C: Falta de estímulo.
SUJEITO D: Falta de justiça social e desvalorização da instituição familiar.
SUJEITO E: A falta de comportamento e interesse por parte dos alunos e a falta de acompanhamento dos pais.
SUJEITO F: Não se pode dizer que a culpa é somente dos alunos, mas todo o sistema educativo que envolve a sociedade, a escola, os órgãos governamentais competentes.
SUJEITO G: Déficit trazido de anos de anos anteriores e falta de acompanhamento por parte da família.
SUJEITO H: Podem ser gerados devido aos problemas familiares que estão ocorrendo em sua vida.
SUJEITO I: Vinda de outras escolas, falta de estímulos e a didática que muitas vezes não agrada ao aluno.
Muitos professores citam como causa do fracasso escolar a situação sócio econômica desfavorável e a falta de acompanhamento familiar ao processo educativo do aluno.
Outros associam ainda a não valorização do professor, e da escola por órgãos competentes, faltando assim um suporte adequado para que escola e o educador possam dar estímulos ao educando, e dessa forma, trabalharem cada aluno em situação de fracasso escolar. Sobre este pensamento Charlot(2000,p.28) diz:
“A maneira como eles são teorizados em termos de faltas, deficiências e origem, sem que sejam levantadas a questão do sentido da escola para as famílias populares e seus filhos né, a da pertinência das praticas da instituição escolar e dos próprios docentes ante essas crianças.O que questiono é também que certas crianças de meios populares tem sucesso, apesar de tudo, na escola.Iso deveria fragilizar a teoria as deficiência e da origem:nem todas essas crianças sofrem uma desvantagem por causa da sua origem;”
Quando foi perguntado aos professores:”Como transformar esse fracasso em sucesso?”.responderam:
SUJEITO A: Conquistando o aluno e mostrando confiança no seu sucesso. Conhecer o que interessa para eles.
SUJEITO B: Envolvendo os alunos de forma prazerosa nas atividades sugeridas pelo professor. Adequar a escola com as reais condições dos alunos.
SUJEITO C: Entendendo o que realmente ocorre e qual sua real origem.
SUJEITO D: Uma reestruturação de valores éticos.
SUJEITO E: Planejando as atividades a partir das dificuldades encontradas.
Sujeito F: Com métodos de ensino atualizados e dinâmicos para essa clientela.
Sujeito G: Quando percebemos a incapacidade de ambos em criar uma base sólida para a continuação dos estudos.
Sujeito H: Essa é a hora do professor procurar meios para ajudar os alunos nessa situação para que eles se recuperem.
Sujeito I: Propondo aos alunos desafios, onde eles possam resolver questões indagadas pelos professores, onde seus conhecimentos prévios sirvam de base, e que o aluno tenha no professor um amigo.
Na opinião dos educadores ,e de acordo com suas respostas percebe-se que para transformar esse fracasso é necessário que o educador utilize de meios bem criativos para penetrar na realidade do aluno para saber em que área atuar, sem deixar de lado a individualidade de cada um. Adequando sempre cada atividade a realidade de cada aluno.
Quando se perguntou aos educadores:”Quando podemos afirmar que houve fracasso por parte do aluno?e do professor?”,responderam:
SUJEITO A: Quando ao final do ano o aluno não desenvolve as habilidades essenciais para seguir para a próxima fase. Se o aluno fracassa é porque o professor também fracassou, haja visto que o objetivo de todo professor deve ser o aprendizado do aluno.
SUJEITO B: Na desistência nos estudos. No professor através do rendimento dos alunos.
SUJEITO C: O aluno não fracassa, ele precisa é de mais oportunidades, atenção. Enquanto o professor além de precisar de tudo isso, precisa de uma boa remuneração e uma carga horária adequada para aprimoramento.
SUJEITO D: Quando não há respeito entre educando, professor e outros.
SUJEITO E: Do aluno: quando ele não desenvolveu as habilidades necessárias. Do professor: quando ele não conseguiu se motivar e atingir seus objetivos.
SUJEITO F: Não tem como afirmar isso por que não é somente de um ou do outro mas do sistema em si.
SUJEITO G: Despreparo dos professores,Projeto Pedagógico inadequado,não cumprimento do P.P.P , etc.
SUJEITO H: Aluno:quando ele não atinge uma meta ideal.Professor:quando para de exercer sua função.
SUJEITO I: O fracasso por parte do aluno se da através do desestimulo da criança,que se reflete na escrita e na leitura que não são boas,e ate mesmo nas relações sociais dessa criança.O fracasso por parte do professor se da através da falta de uma didática atualizada que prenda atenção do aluno e a falta de estímulos e compromissos que alguns tem.
De acordo com a maioria das respostas dos educadores, podemos observar que este fracasso, não engloba apenas o mundo dos educandos, mas que os educadores também fracassam. O aluno quando não desenvolve as habilidades propostas pelo sistema escolar. Os professores fracassam quando não conseguem atingir suas metas, também propostas pelo sistema de ensino. O sujeito C afirma em sua reposta que o aluno não fracassa, Sobre isto Charlot (2000,p.16)afirma;
O fracasso escolar não é um monstro escondido no fundo das escolas e que se joga sobre as crianças mais frágeis, um monstro que a pesquisa deveria desemboscar ,domesticar,abater.O “fracasso escolar” não existe;o que existe são alunos fracassados, situações de fracasso, historias escolares que terminam mal.Esses alunos,essas situações,essas historias é que devem ser analisadas, e não algum objeto misterioso, ou algum vírus, chamado “ fracasso escolar”.
Sobre quais os fatores internos e externos na escola que contribuem para o fracasso do aluno, responderam:
SUJEITO A: Interno: faltas, desinteresse pelas atividades.
Externo: desestrutura familiar.
SUJEITO B: Interno: currículo,
Externo: fatores econômicos e sociais.
SUJEITO C: Interno: em todo o grupo escolar,
Externo: família (que precisa entender o processo de aprendizagem) e estimular seus filhos.
SUJEITO D: Falta de acompanhamento das famílias.
SUJEITO E: Falta de material adequado, pouco tempo para qualificação do professor.
Sujeito F: Fatores sociais(diferenças de classe) condiçoes de ensino.
Sujeito G: Fatores,familiares,financeiros e socias.
Sujeito H: Fatores internos:escola mal adiministradae mal estruturada.Fatores externos:evasao escolar,falta de interesse do aluno pelos estudos.
Sujeito I: Fatores internos: má gestao da escola,didatica desatualisada,falta de interesse por parte de alunos e professores,espaço fisicop desprivilegiado.Fatores externos conflitos familiares,social e cultural.
Segundo as sua respostas,os professores em sua maioria apontam como principais fatores internos a falta de organizaçao do grupo escolar, englbando problemas da esfera do gerenciamento da escola, como as praticas pedagogicas aplicadas na sala de aula. Aos externos atribuem, ao acompanhamento familiar que deixa a desejar, uma vez que a presença atuante da família maximiza de forma considerável os indicativos e possibilidades de sucesso escolar.
De maneira geral, nenhum dos fatores tem ação pontual; eles estão ligados, sendo que a superação dessa situação dar-se-á, quando os mesmo forem sistematicamente suprimidos, fato que acontecerá quando os proponentes do processo ensino-aprendizagem (escola, sociedade e entidades) analisarem a contribuição de cada um na questão do fracasso escolar e construírem coletivamente planos e metas que ajudem na diminuição e progressiva extinção nas estatísticas da situação de fracasso escolar.
4. CONCLUSÃO
A temática do fracasso escolar esta longe de se tornar uma pauta superada, uma vez que envolve diversos proponentes da educação, segmentos estes que possuem perspectivas distintas sobre o fracasso na educação. Educadores, famílias, alunos e entidades sociais discutem modelos de ações e métodos para superar este paradigma.
Diante dos resultados da pesquisa, que se fundamentou no conceito de fracasso construído na mesma e nas respostas obtidas dos educadores, constatou-se situação de fracasso escolar em alguns alunos do ensino fundamental do 2º ano 5º ano de 2 escolas da zona norte de Teresina: Escola Municipal Nova Brasília e a Escola Municipal Iolanda Raulino. Este fato se da, segundo os resultados pela falta de estrutura familiar, escolar, pedagógica e social que envolve o cotidiano do aluno. A necessidade de uma capacitação especifica para os professores, para trabalharem na linha do fracasso escolar, utilizando uma correta e eficaz para se combater esta situação.
A pesquisa investigou a opinião, perspectivas e expectativas do professor em função de um ou mais alunos em sua sala de aula ou ate mesmo no geral, que se encontra em situação de fracasso escolar.
Percebe-se que a maioria dos educadores identifica o fracasso escolar como o não cumprimento de metas, e sentem-se prejudicados com o fracasso de seus alunos, com a necessidade de trabalhar junto a família para ter esta como suporte na educação dos alunos.
O fracasso é, pois, o não acompanhamento por parte da criança das etapas de ensino, por falta do não cumprimento das etapas de ensino e aprendizagem por parte do professor onde o mais prejudicado acaba sendo o educando, por não encontrar seu espaço na sociedade, sendo rotulado, excluído ou até mesmo marginalizado.
Sucesso e fracasso andam em uma linha onde, se não houver um, o outro está por vir a substituí-lo. E percebeu-se durante a pesquisa que muitas vezes os professores não tem a devida percepção destes aspectos inerentes ao processo de ensino aprendizagem.
Espera-se com esse trabalho contribuir para o enriquecimento do debate sobre o fracasso escolar, uma vez que se entende que um dos elementos indispensáveis para as mudanças de posturas em relação às práticas pedagógicas é exatamente o debate que se faz sobre as mesmas.
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