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sábado, março 16, 2024

História da Educação Física

Autor: Anônimo

A Educação Física na Europa no Século XIX

Se até o século XVIII, a ginástica tinha tido vida muito difícil, excluída da escola e quase rejeitada pelo mundo da cultura, ligada a esquemas tradicionais, 1800 representou o ano do despertar e do retorno e, já na sua primeira metade, começou-se a delinear, nos vários países europeus, as formas de ensinamentos da educação física.

No esforço direcionado de alcançar um sistema bem definido sobre a educação corpórea, diversos países tiveram influência: os alemães com a ginástica militar, a escola sueca com a pesquisa científica, os ingleses com o sistema prático dos jogos esportivos e os franceses com o movimento pedagógico natural.

O ensino da educação física, definido pela pesquisa metodológica de Rousseau e dos filantropistas , teve a sua complementação pedagógica em Henrique Pestalozzi. O pensamento pestaloziano se fundamentava sobre uma unidade inseparável entre corpo e espírito, entre movimento físico e moral; nesta íntima fusão, a personalidade humana encontrava o seu pleno desenvolvimento.

Para Pestalozzi, a ginástica promovia o desenvolvimento da criança em diferentes aspectos.

• Intelectual: espécie de autocontrole moderno, que permitia à criança controlar as suas ações, com adestramento e reflexão;
• Estético: desenvolvia a presteza física e a boa postura;
• Moral: garantia o domínio da vontade sobre o corpo, fazendo com que a criança estivesse sempre pronta para seguir os preceitos éticos e sociais do dever;
• Prático-profissional: desenvolvia a capacidade de poder desfrutar do corpo e de suas forças internas nas habilidades exigidas nas diferentes profissões ou posições sociais.

Para Pestalozzi, os ideais da educação física superavam aqueles restritos ao campo higiênico e da saúde, buscando atingir os mais altos preceitos morais e de conhecimentos científicos.

Federico Froebel, discípulo e continuador das obras de Pestalozzi, integrou a sua concepção pedagógica e a atividade educativa à moderna corrente do pensamento que percebia a criança como ‘‘espontaneidade’’ e ‘‘centro’’ do processo educativo.

O ideal da educação froebiana colocou em estreita relação a educação física, com os aspectos intelectual e moral da criança, para desenvolver a personalidade individual por meio de uma atividade desenvolvida com plena liberdade e espontaneidade.

Na Alemanha, a educação física sentiu as influências da condições históricas e ambientais da própria nação. As exigências políticas da Alemanha requeriam uma rígida impostação da atividade física.

A ginástica alemã de 1800 teve também características educativas comuns aos demais métodos de educação física que se estavam consolidando na Europa, embora, por razões históricas e políticas, a ginástica alemã reforçou o aspecto militarista que influenciou, posteriormente, uma boa parte do ensino tradicional da educação física, nos demais países europeus.

Na França, o desenvolvimento do corpo deveria permitir ao homem enfrentar e superar as várias situações críticas da vida, e também à defesa da Pátria. Para tanto, havia a necessidade de cultivar o corpo a fim de que adquirisse, não somente a saúde, mas também certas qualidades físicas como a destreza, a força e a resistência.

Devido a isso, a educação física escolástica ficou associada ao ensino de nível quase que exclusivamente pré-militar, tanto que os professores eram, na grande maioria, ex-suboficiais do exército, provenientes da escola de Joinville.

No início do século XIX, surgiu na Suécia um sistema original de ginástica, cuja contribuição nos aspectos higiênico e pedagógico, assumiu uma importância fundamental. A Suécia, no início, foi influenciada pela escola alemã e a atividade motora teve um caráter militarístico. Mais tarde, a ginástica sueca distanciou-se definitivamente da ginástica alemã.

O princípio da ginástica sueca fundamentava-se no movimento: nas particulares técnicas analíticas que se tornaram a base de todo ato motor, tanto formativo, quanto corretivo.

O esporte, entendido no seu sentido moderno, teve origem na Inglaterra. Na Grã-Bretanha, como também nos demais países do velho continente, desde a época do renascimento, existiam duas categorias de exercícios físicos. Alguns eram praticados por aconselhamento médico, visando a conservação da boa saúde, outros eram executados pela aristocracia como forma de recreação e passatempo, para ocupar o tempo livre. Os exercícios físicos e os jogos, próprios da nobreza, como esgrima, equitação e canoagem, foram designados por uma única palavra “esportes”.

Todavia, este não é o significado originário de tal termo. A palavra “esporte” é fruto de uma evolução que se realizou entre o século XIII e XIV. Na França, já no século XIII, era usada a antiga palavra “desport” que deriva de déporter e que designava o conjunto dos meios para transcorrer agradavelmente o tempo: recreações, jogos, etc.

Terra de conquista, politicamente dividida, a Itália não pode oferecer à restauração dos exercícios físicos, nem o clima de liberdade, nem a consciência dos fins unitários e nem a consciência de um ideal cívico e pátrio. Foi o ressurgimento italiano que assinalou a retomada da atividade gímnico-esportiva e a datar, mesmo se parcialmente, a evolução de nova educação física do início de 1800 até hoje.

A educação física na escola italiana durante o Ressurgimento ressentiu naturalmente do particular momento histórico e se prospectou sobretudo como educação militar. De qualquer maneira, a pedagogia do século XIX acolheu plenamente a educação física como parte integrante da educação geral e muitos educadores italianos ocuparam-se disso ativamente.

Os primeiros sinais de um progresso no campo da educação física foram dados em Nápoles (1807), em dois colégios. Foi inserido nos seus programas didáticos, o ensino da dança e da esgrima; e também exercitações ginásticas. O verdadeiro precursor e iniciador da escola de ginástica, na Itália, foi Rodolfo Obermann (suíço).

As necessidades bélicas em 1833 forçou o governo da legião do Piemonte, a convidar a Turim, o suíço Obermann, para que se ocupasse da educação física dos soldados. Desenvolveu tão bem as suas funções que foi chamado à Academia Militar, para ensinar a ginástica aos militares e, posteriormente, aos civis. Era discípulo da escola alemã e o seu sistema didático ligou-se perfeitamente ao ensino da ginástica militar.

A Educação Física na Europa no Século XX

Na Alemanha, surgiu a expressão “Endereço Rítmico Estético”. Com ela designavam-se os métodos e sistemas de educação física, surgidos no princípio do século XX, que, em oposição às formas mais velhas de exercícios físicos, punham em primeiro lugar o momento pedagógico e, em parte, o estético.

Enquanto que a ginástica tem como objetivos o revigoramento do corpo, a força física, a coragem e a resistência, os adeptos da ginástica rítmica vêem, no corpo e no adestramento dos movimentos, um importante meio para a formação harmônica de todo o homem.

Enquanto que os sistemas mais velhos de educação física influenciavam especialmente sobre a formação da vontade, a ginástica rítmica destina-se, em particular, ao sentimento. Isso explica como quase todos os seus sistemas se utilizem da música, seja como acompanhamento, seja como estímulo, como meio, ou então como fim. Os múltiplos significados da expressão explicam-se com a circunstância que o conceito de “ritmo” vem entendido em vários sentidos: musical, físico e espacial.

O nome e conceito da ginástica rítmica derivam, porém ,de Emile Jacques-Dalcroze. Surgiu, assim, nele, a idéia de fazer executar os exercícios de solfejo não somente batendo o tempo, mas ajudando a execução dos ritmos também por meio de passos e de movimentos. Daí desenvolveu-se a ginástica rítmica.

O método de Jacques-Dalcroze baseia-se, teoricamente, sobre a noção de que o ritmo é um fenômeno fisiológico e que, portanto, o sentido rítmico não deve ser educado por meio do corpo e dos seus movimentos. E por outra parte, a influência da música foi ocupada com o objetivo de regular os movimentos no seu desenrolar.

Durante a guerra e no após guerra, existia, na Alemanha, uma forte educação contra este método. Na chefia da oposição estava Rudolf Bode. Ele considerava o conceito dalcroziano de ritmo no sentido de regra e de ordem, demasiadamente mecanicista, via a essência do ritmo justamente como momento do irracional, da fuga do vivente.

Na sua “ginástica expressiva”, Bode assinalava à música somente uma função de acompanhamento e requeria, de todo o movimento natural e exato, os seguintes requisitos: totalidade, início, partindo do centro de gravidade, rítmico revezamento de tensão e de distensão.

Com Carlo Diem (1882-1923), prevaleceu o valor educativo da atividade motora que veio assumir todos os caracteres próprios da atual concepção da educação física. O corpo, para Diem, não era tanto “a base quanto a expressão da nossa personalidade”. A formação do corpo estava em vantagem à personalidade: Diem procurou unificar as várias tentativas dos últimos tempos, destinados a dar ao exercício físico um objetivo formativo.

Na França, se desenvolveu um movimento pedagógico-científico sobre a educação física, também conhecido como Movimento Natural, que visava a conservação da saúde com um aperfeiçoamento psicofísico destinado ao desenvolvimento das faculdades motoras do homem e, portanto, do seu desenvolvimento psicomotor. Restaurar o movimento natural significava, portanto, levar ao homem à integridade e à plenitude, que lhe são congeniais.

Georges Demeny (1850-1917) de origem húngara, pode ser considerado o fundador da educação física francesa moderna, ligada ao naturalismo.

Para Demeny, a educação física devia conseguir efeitos higiênicos, estéticos, econômicos e morais, ou seja, devia influenciar o indivíduo sobre a saúde, a forma do corpo, a melhor utilização da força muscular e a vontade. O método natural de Demeny, onde o movimento era entendido em sentido racional e científico, consentiu a evolução da educação física moderna e influenciou todos os idealizadores de métodos de ginástica sucessivos.

O outro francês que continuou o pensamento de Demeny, sustentando o método natural , foi George Hebert. Nas suas viagens pelo mundo descobriu que as populações primitivas tinham bonitas formas, eram particularmente hábeis nos movimentos necessários para as suas satisfações essenciais e eram bem desenvolvidas fisicamente. Constatou, portanto, que o movimento natural dava melhores resultados para o desenvolvimento físico integral com respeito aos movimentos da ginástica tradicional.

Os grupos de exercícios utilitários e indispensáveis ao método natural de Hebert eram: a marcha, a corrida, o salto, o trepar, a quadrupedia, o equilibrismo, o levantar e carregar pesos, os lançamentos, a defesa natural e a natação.

A atividade física devia desenvolver-se ao ar livre, de maneira contínua e constante, adaptada à idade, ao grau de força e de preparação dos praticantes. Uma mesma educação física para todos, mas que se diferenciava pelo modo de aplicação e de adaptação.

A idéia permaneceu intacta na sua fecundidade pedagógica e humana. Todos os endereços modernos inspiraram-se nesse método, todas as didáticas atingiram os seus conteúdos técnicos, todos os homens, inconsciente e vagamente, participam dos seus melhores temas, no período a eles destinados anualmente, as férias, em contato com a natureza.

Na Inglaterra, no final do século XIX, já se começava a falar de Baden Powell, um oficial da sua Majestade britânica que desenvolveu um estudo sobre os jovens, privados de toda básica preparação moral, cívica e física. Graças a este oficial nasceu o movimento Scout ou “scoutismo” que teve, e tem ainda, muitos adeptos, seja na Inglaterra ou no mundo inteiro. Baden Powell verificou a necessidade de uma adequada preparação física e militar para a juventude.

O objetivo principal do escotismo era de adestrar os jovens, desde os primeiros anos, a uma sadia vida física e de prepará-los ao dever de um bom cidadão. A finalidade era desenvolver nos adolescentes um alto sentimento de honra, suscitar o espírito de iniciativa, responsabilizá-los, enrobustecer o corpo nos acampamentos e nos exercícios físicos adequados.

As exercitações deviam ser feitas ao ar livre, nos bosques, sobre os montes, ao longo das estradas. Devia-se levar uma vida ativa passada ao ar livre, junto com os companheiros, em direto contato com a natureza, longe da cidade sem todas aquelas necessidades e vantagens da vida civilizada.

Baden Powell deu muita importância à vida ao ar livre e considerou o acampamento uma escola insuperável para os jovens. Estes aprendiam implantar o campo, descobrir pistas, recolher lenha, preparar a alimentação, fazer limpeza, reconhecer animais e plantas.

O movimento escoutista foi acolhido com grande fervor e a sua difusão foi muito rápida. Da Inglaterra, difundiu-se em todo o mundo e entre todas as confissões religiosas. Até na Itália surgiram várias associações de escoteiros, dissolvidas, na época fascista, e, após, reconstituídas em torno do ano 1945.

Na Itália, Giuseppe Monti defendeu o método eclético (hoje em vigor), que consiste em utilizar o melhor dos vários sistemas para obter harmonia de formas e funções, sem negligenciar os objetivos eminentemente educativos. A guerra mundial diminuiu todo o prosseguimento da história da Educação Física italiana e durante essa, a única instituição que existia na Itália era o “Corpo Nacional dos Jovens Exploradores’’ (emanação do escotismo inglês). No período sucessivo ao final da guerra, o país ainda imerso no conflito, mostrava escassa sensibilidade aos problemas da educação física que se direcionou a uma situação catastrófica, difícil de resolver , seja no aspecto técnico como no aspecto ideológico.

• Aspecto técnico: insuficiência dos implantes de aparelhos; programa superado; falta de profissionais competentes.
• Aspecto ideológico: ainda polêmicas e hostilidades entre as correntes filosóficas da atividade física, de uma parte quem queria uma educação física conservadora para a escola e na escola; de outra parte quem queria reformá-la e adaptá-la no contexto exterior da escola com ginásios esportivos autônomos e com endereço científico e esportivo.
Une-se à trégua, o general Gasparotto, que decidiu em confiá-la ao exército. As conseqüências dessa sua tomada de decisão, ou seja, confiar as atividades físicas à entidades privadas, tiveram enormes repercussões, ainda hoje sentidas.

Conseqüências de ordem pedagógicas e organizativas:

• as associações esportivas, desde 1923, sob a direção das autoridades militares, foram exploradas, aí sendo desenvolvidos cursos para e pré-militares;
• a educação física sofreu um gravíssimo choque com a supressão dos Institutos de Magistério de Turim, Roma e Nápoles (destinados à formação de docentes);
• Todos os alunos, de todas as escolas, deviam desenvolver a educação física junto às sociedades ginásticas e esportivas designadas pela Entidades, que, por não serem organizadas e bem aparelhadas sofreram muito rapidamente uma crise, permitindo a entrada do fascismo.

A Educação Física no Brasil

A história da Educação Física no Brasil pode ser dividida, do mesmo modo que a sua história política, em três períodos, o último compreendendo três fases:

• 1o período: Brasil Colônia (1500 a 1822)
• 2o período: Brasil Império (1822 a 1889)
• 3o período: Brasil República (1889 até nossos dias)
Este terceiro período pode ser assim dividido:
• 1a fase: de 1889 a 1920
• 2a fase: de 1921 a 1945
• 3a fase: de 1946 até nossos dias.

No Brasil Colônia, as práticas desportivas a que se entregavam os gentios que habitavam a terra brasileira, não tinham por objetivo a recreação, como hoje acontece, mas eram impostas pelas necessidades criadas pelo ambiente próprio que os cercava.

O arco e flecha (instrumento de ataque e defesa), a caça e a pesca (elementos para a alimentação), a navegação e a canoagem (meios de transporte para as pequenas e grandes distâncias), a corrida a pé (processo de rápida locomoção em terra), a natação, a equitação (prática para fins guerreiros, principalmente a tribo dos Guaiacurus que povoaram Mato Grosso), e as danças (costumes festivos), resumem todas as atividades físicas a que se dedicaram os índios do Brasil.

Com a chegada dos jesuítas (1549), iniciou-se a catequização do índio; pela manhã tinham aulas e a tarde era destinada à prática de atividades físicas naturais. Há que assinalar os quatro livros publicados nesse período em Lisboa , dois dos quais por um ilustre brasileiro, Dr. Francisco de Mello Franco. O primeiro desses quatro compêndios, intitulado ‘‘Tratado de Educação’’, de autoria de Luiz Carlos Moniz Barreto e publicado em 1787, foi a primeira obra sobre Educação Física aparecida no Brasil.

No Brasil Império (1822-1889), assinalava-se grande número de trabalhos sobre Educação Física, matéria geralmente escolhida para tema, nas teses apresentadas pelos doutorandos na Faculdade de Medicina.

As atividades desportivas limitavam-se, no mar, às provas de natação e remo, e, em terra, à esgrima, pelota, equitação e ciclismo. O principal acontecimento do Império foi o parecer de Rui Barbosa sobre a Educação Física, considerada até hoje, uma peça magnífica, na qual destacava a importância do desenvolvimento físico e intelectual de marcharem paralelamente, a fim de se poder atingir o equilíbrio orgânico.

Na primeira fase do Brasil República, que vai de 1889 até 1920, os exercícios físicos, sob a forma dos chamados flexionamentos, apenas podiam ser encontrados na ACM, no Ginásio Nacional, Colégio Militar, Exército e Marinha. Nessa época predominava a Ginástica Alemã, introduzida devido a dois fatores, o primeiro foram “as numerosas famílias alemãs que se instalaram no sul do Brasil, formando núcleos que conservavam seus hábitos (…) ” (Marinho,1980:39) e, o segundo, “os soldados e oficiais prussianos, que integravam a Guarda Imperial e que, ao deixarem o serviço, não mais retornavam à Alemanha (…)” (Marinho,1980:39)

A segunda fase do Brasil República abrange o período de 1921 até 1945. O Método Alemão foi oficialmente substituído pelo Método Francês, em 27 de abril de 1921, pelo Decreto nº 14.784, assinado pelo Presidente da República Epitácio Pessoa e pelo Ministro da Guerra João Pandiá Calógeras.

O teor do decreto é o seguinte:

Decreto nº 14.784 – de 27 de abril de 1921.
Aprova o regulamento de Instrução Física militar, destinado a todas as armas. 1ª parte.
O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, usando da atribuição que lhe confere o art. 48, nº 1, da Constituição, resolve aprovar o Regulamento de Instrução Física Militar, destinado a todas as armas, 1ª parte, que com este baixa, assinado pelo Dr. João Pandiá Calógeras, Ministro de Estado da Guerra. Rio de janeiro, 27 de abril de 1921, 100º da Independência e 33º da República. Epitácio Pessoa, João Pandiá Calógeras. ( Marinho, 1980:52)

Esse decreto aprovou o “Regulamento de Instrução Física Militar” – nº 7, destinado a todas as armas, baseado no método de Hébert e adaptado às teorias de Joinville.

Em primeiro de janeiro de 1922, o Ministro da Guerra baixou uma portaria criando o Centro Militar de Educação Física. Este empreendimento representou a formação do núcleo do qual resultaria, mais tarde, a Escola de Educação Física do Exército.

Em 1929, o general Nestor Pessoas submeteu ao estudo da comissão de Educação Física, um ante-projeto de Lei, cujo artigo 1º estabelece:

Art. 1º – A Educação Física deve ser praticada por todos os residentes no Brasil. Ela é obrigatória em todos os estabelecimentos de ensino federais, municipais e particulares, a partir da idade de seis anos, para ambos os sexos. (Marinho,1980:56)

Em seu Art. 41, prescreve:
Enquanto não for criado o “Método Nacional de Educação Física”, fica adotado em todo o território brasileiro o denominado Método Francês sob o título de “Regulamento Geral de Educação Física”.
Esse ante-projeto foi duramente criticado pela Associação Brasileira de Educação, principalmente por instituir a obrigatoriedade do Método Francês, mas posteriormente, o Presidente Washington Luiz declarou-se favorável à manutenção do Regulamento, dizendo que esse procedimento uniformizava o ensino de Educação Física, contribuindo como mais um elemento para a unidade do povo.

Em 1930, foi criado o Ministério de Educação e Saúde Pública. Em 1931, o Governo Federal, por decreto de 18 de abril, aprovou a reforma Francisco Campos, pela qual ficou estabelecida a obrigatoriedade da Educação Física nos estabelecimentos de ensino secundário.

Ainda em 1931 foi criado o Departamento de Educação Física da Escola Militar. Em junho entrou em vigor os programas de Educação Física calcados no Método Francês e que vigoraram até 1944, sem sofrer qualquer modificação.

Na Carta Constitucional de 1937 houve um cuidado especial à Educação Física, assinalando o início de uma promissora era para o seu desenvolvimento. Os governos estaduais começaram a criar órgãos administrativos especializados e instrutores encarregados da formação profissional de especialistas, embora o Método Francês continuasse em vigor.

Em 17 de abril de 1939, foi criada a Escola Nacional de Educação Física e Desportos, pertencente à Universidade do Brasil, em cujo currículo havia a disciplina de Metodologia da Educação Física, na qual ensinava-se unicamente o Método Francês.

A repercussão desse método pode ser vista no gráfico seguinte, elaborado por Inezil Penna Marinho, baseado em dados coletados na Divisão de Educação Física do Ministério de Educação e Saúde, nos anos de 1938 e 1939, referente aos métodos adotados em estabelecimentos de ensino secundário.

Um dos acontecimentos mais significativos foi, sem dúvida, a realização do Primeiro Congresso Pan-americano de Educação Física, realizada em 1943, no Rio de Janeiro, sob os auspícios do Ministério da Educação e Saúde e a assistência técnica da sua divisão de Educação Física.

A terceira fase do Brasil República, a partir de 1946, foi marcada pela introdução da Educação Física Desportiva Generalizada. Esse método, desenvolvido na França, no Institut National des Sports, foi trazido ao Brasil por Auguste Roger Listello nos cursos de aperfeiçoamento técnico-pedagógicos realizados anualmente em Santos-SP, a partir de 1951.

Bibliografia: MARINHO, Inezil Penna. História da Educação Física no Brasil. São Paulo: Cia. Brasil, 1980, p.59.

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