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sexta-feira, outubro 4, 2024

RESENHA: O MUNDO DE SOFIA

O MUNDO DE SOFIA

A FILOSOFIA

A Filosofia antiga ou contemporânea ajuda a definir a visão do mundo de um povo, de uma civilização ou de uma cultura. Independente do contexto histórico a filosofia tem sua relevância para a atualidade. A filosofia, de modo vago e geral, ao conjunto de idéias, valores e práticas pela qual uma sociedade apreende e compreende o mundo e a si mesma, definindo para si o tempo e o espaço, o sagrado e o profano, o bom e o mau, o justo e o injusto, o belo e o feio, o verdadeiro e o falso, o possível e o impossível, o contingente e o necessário.

A Filosofia é sempre usada no nosso cotidiano, quando questionamos nossas infindáveis dúvidas, quando começamos a interrogar-nos mesmos; desejando conhecer porque cremos e no que cremos, porque sentimos e o que sentimos, o que são nossas crenças e o que são nossos sentimentos.

A Filosofia é importante também para que possamos avaliar o mundo e a vida, julgando como estamos nos comportando diante dela. Ao avaliarmos que uma coisa é mais bonita que a outra ou que uma pessoa é mais jovem que a outra, acreditamos que as coisas, as pessoas e as situações, podem ser comparadas, avaliados e julgados por suas qualidades e quantidades. Concluímos assim que a qualidade e a quantidade existem; e que podemos conhecê-las e usá-las em nossa vida.

No mundo de Sofia durante a leitura é possível refletirmos com a jovem menina e com o nosso próprio imaginário. Na condição de estudante de Teologia acredito que deveríamos ter um maior envolvimento com a filosofia nas Faculdades EST. A organização de simpósios ou de cursos nessa área seria de grande produtividade.

INTRODUÇÃO AO LIVRO

Jostein Gaarder utilizou de sua criatividade para unir em uma única obra o conhecimento da filosofia em uma interessante estória voltada mais precisamente para os adolescentes.O título “O Mundo de Sofia”, mostra que o mesmo vai se contar a história da vida de uma jovem, ao usar a palavra “mundo” pensamos que entraremos em sua vida, que vamos estar ao seu lado, olhando tudo, suas psiques, suas dúvidas, seus achados. A adolescência é um período de descobertas! No entanto, as descobertas não se caracterizam apenas nessa etapa da vida. A nossa vida é uma constante descoberta. Nos diferentes períodos vitais surgem diante de nós interrogações sobre o sentido da vida, sobre o papel que ocupamos na sociedade e sobre a vinda de um futuro que desconhecemos. Existe uma constante transformação da qual muitas vezes desconhecemos. Nós seres humanos não somos objetos moldáveis, temos liberdade para aprender e crescer a partir das nossas escolhas.

O livro possui um vocabulário que facilita a comunicação entre autor e leitor. O autor manteve uma ordem cronológica dos acontecimentos, passava um ensinamento de filosofia e logo após falava da vida “real” de Sofia, com isso o livro oferece um equilíbrio entre as teorias apresentadas, as realidades e os contextos históricos. O livro deixa o leito curioso para descobrir os vários mistérios que existem ao longo da leitura, os enigmas que prendem a atenção e a forma humorística do autor ao escrever a história, principalmente a fala de Sofia. Ele conseguiu transformar a história da filosofia em uma aventura sem perder a capacidade critica de refletir teoricamente os pilares do mundo filosófico.

A filosofia é uma busca continua da verdade, é o Saber Luz, que nos faz saber o sentido secreto da realidade, ela nos leva a refletir, ela é a única ciência que estuda de uma forma global, generalizada, ela busca conhecer não somente o superficial, más também a essência, diz que todo ser nasce numa essência, aquilo que faz um ser o que ele é, é a característica própria de cada um, a diferença é a racionalidade. O livro começa tendo como título do primeiro capítulo “O Jardim do Éden”, que significa o “início”. Deus criou o mundo e o habitou com Adão e Eva, que viveram no Jardim do Éden, primeiros habitantes (surgimento).

O JARDIM DO EDEM

Sofia está em busca por novas descobertas e por novas respostas. Ela apesar da pouca idade e experiência, explora o sentido da vida através de diálogos constantes consigo e com outros personagens. O dialogo entre seu pensamento e o mundo filosófico é o fim condutor. Demonstra a forte habilidade que temos para refletir independente da idade. Ela era uma menina de quase quinze anos que morava com sua mãe. Devido o trabalho do pai o relacionamento de Sofia com ele era mais distante. Sofia encontrou dois pequenos envelopes brancos. Em cada um havia uma indagação e elas provocaram uma discussão: refletir sobre a vida e a origem do mundo. Também recebeu um cartão-postal que deveria ser entregue a uma pessoa que ela nem conhecia e cujo nome era Hilde. Sofia recorreu a um esconderijo no jardim de sua casa para pensar e refletir sobre as perguntas. Para ela, ele representava um mundo à parte, um paraíso particular, como o jardim do Éden mencionado na Bíblia. O Jardim do Edem assume um papel importante, não é somente um lugar simbólico ou geográfico, mas representa a conexão do pensamento de Sofia com as questões existências. O leitor se envolve na estória e tenta desvendar este enigma. A origem do mundo é uma grande polêmica. Sabemos que a vida humana está muito além das narrativas do Jardim do Edem. A Filosofia nos pergunta pelos fatos que estão além uma primeira descoberta. O Jardim do Edem, nesse sentido, é meramente uma das hipóteses.

A CARTOLA

O segundo capítulo é intitulado de “Cartola”. Sofia recebe um envelope com as recomendações básicas de seu curso de filosofia. Ela está empolgada frente ao desafio. O autor centraliza atenção para o interesse de Sofia na ciência da filosofia. Com isso alerta nosso próprio interesse. O campo que Sofia pretende explorar é enorme e de certa forma representa a necessidade da atenção e da profundidade dos temas. Não são assuntos comuns, são assuntos que precisam ser lidos e relidos. A entrega e o compromisso: a jovem se insere em um vasto campo, deixando de lado outras coisas do seu cotidiano. A filosofia torna-se sua companheira! A primeira parte explica basicamente o que é filosofia, fazendo alusão aos exemplos simples, fala o quanto à filosofia é importante na vida das pessoas e demonstra uma visão diferente do “mundo” que vivemos, imaginamos e experimentamos. A garota transforma as dicussoes filosóficas como “fazer diário”, uma teoria aplicada na prática, no dia a dia, em coisas comuns. Quando Sofia recebe um grande envelope amarelo com a inscrição: Curso de filosofia. Maneje com cuidado. O seu conteúdo diz que as pessoas têm preferências por uma variedade de assuntos. Isso demonstra a pluralidade de gostos, de atitudes, de sentimentos, enfaticamente relata a diversidade humana. O livro cita: algumas pessoas procuram observar os astros, já outras se interessam por esportes. Os seres humanos não são iguais, a única coisa que temos em comum são nossas afinidades, gênero, raça. São nossas semelhanças que nos tornam mais próximos uns dos outros e também são nossa diferenças que nos aproximam para conhecer e descobrir o que ainda não há em nós mesmos.

O fato de sermos diferentes não representa que não possamos ter planejamentos em concordância. Há ênfase para detalhes, assuntos e questões que deveriam interessar a todos como, por exemplo, saber quem somos e de onde viemos. Buscar nossa “identidade” e aquilo que não conhecemos ou eventualmente não procuramos conhecer. Conhecer a si mesmo para então poder conhecer ao próximo é um possível caminho. Explorar nossa “identidade”: o que queremos e para onde vamos?

O contexto histórico estimula nossa própria caminhada e conhecimento, através do ontem é que também fundamentamos nossas relações no presente e de certa forma assim construímos uma expressão coletiva de tempo, espaço e história. Os filósofos buscam verdades o que nem sempre são as nossas verdades ou aquilo que acreditamos. Participar nesse processo é estar aberto às opiniões diferentes e não simplesmente discriminá-las como irreais ou irrelevantes. Uma reflexão nem sempre representa as nossas necessidades necessariamente, contudo aponta para as necessidades de outro alguém. Interagir com os dados apresentados no livro é conviver com “necessidades” e “contextos” diversificados.

Hoje em dia também devemos procurar nossas respostas e é importante conhecermos o que foi dito em outras épocas para que possamos formar uma opinião própria ou uma visão mais crítica sobre determinado assunto. A história do passado também reflete na história que pertence ao presente e que diariamente cria e recria acontecimentos.

O professor de filosofia também faz referência a um truque mágico onde um coelhinho branco é tirado de uma cartola preta. Assim, ele quer passar para Sofia a idéia de que também fazemos parte de um grande mistério. O professor nos compara ao coelho com a diferença de que, ao contrário deste, temos consciência de estarmos participando de um enigma e procuramos explicações e motivações para isso. Na vida humana existem várias cartolas das quais concentram vários mistérios. Qual é a sua? Qual é a minha? Nem sempre compreendemos os mistérios da vida, mas buscamos através da reflexão e da interpretação de acontecimentos aproximações de uma realidade que, muitas vezes, transcende nosso entendimento.

No mesmo dia, Sofia recebe um outro envelope amarelo. Primeiramente, o professor faz uma citação: “a única coisa de que precisamos para nos tornarmos bons filósofos é a capacidade de nos admirarmos com as coisas”. Depois diz que os bebês possuem esta capacidade. Porém, os Bebes a medida que crescem vão perdendo-a. Um filosofo pode ser comparado a uma criança: tanto um quanto o outro ainda não se acostumaram com o mundo e não pretendem se acomodar com as coisas. A naturalidade de certas coisas para alguns pode ser um enigma para outros. A Fé, por exemplo, representa uma simplicidade para alguns e um verdadeiro conflito para outros. A Filosofia não apenas questiona, antes disso ela pergunta.

OS MITOS

Nós acreditamos em mitos e discutimos sobre mitos? O terceiro capítulo reserva uma descrição sobre os mitos, principalmente sobre os mitos surgidos na Grécia por volta de 600 a.C. Às histórias contadas nas civilizações gregas estavam vinculadas ao “mundo” dos Deuses. A cosmovisão sobre o mundo transcendia um “espírito” racional. As afirmativas referentes aos Deuses frequentemente alicerçavam um forte elo entre as civilizações e divindades específicas. Às explanações para as coisas eram resultantes dos mitos que são histórias de deuses. Os mitos surgiram da necessidade do ser humano justificar e incentivar o imaginário humano. Os fenômenos como o crescimento das plantas, as chuvas, os trovões, as mudanças climáticas pela ausência de uma explicação cientifica foram compreendidos como mitos. Tudo que ocorria aqui na Terra estava intimamente ligado ao que acontecia no mundo dos deuses: secas, epidemias e demais aspectos negativos eram as conseqüências de que as forças do mal triunfavam sobre as do bem e o inverso ocorria quando havia fartura e prosperidade. Também, existiam deuses específicos para situações especificas. Um Deus específico representava uma determinada cultura e a força de um povo.

Homero e Hesíodo por volta de 700 a.C. registraram por escrito boa parte da mitologia grega. A mitologia grega ainda exerce uma forte repercussão na atualidade. Há cursos em destaque para áreas e assuntos da época. Recordando de um filósofo crítico em relação aos mitos destaca-se o nome Xenófanes. O questionamento era devido os “representantes” terem sido criados à imagem e semelhança das pessoas. Na Grécia começaram a surgir as cidades-estados e uma forte expansão de outras regiões. A educação tornava-se elementar. No sistema escravista os homens livres desfrutaram de maior participação nos eventos políticos, culturais, econômicos etc. Os quetsionamento não geravam somente uma oposição frente às várias mudanças na sociedade grega, mas contribuíram para as novas tendências e pensamentos convergentes. Surge uma evolução no modo de pensar e no modo de agir. Houve maior interação e aproximação com a natureza. As explicações pelos mitos seguiram-se de “explicações naturais para os processos da natureza”. Um fator positivo é que os mitos não nos revelam somente uma divindade ou um tipo seletivo de visão aliada à crença popular, eles demonstram a maneira pela qual a sociedade interpretava o seu mundo a partir da sua própria realidade.

OS FILOSOFOS DA NATUREZA

O autor utiliza um método para interagir com Sofia e com o leitor. Sem uma explicação detalhada, ela recebe um envelope com algumas perguntas. As perguntas antecedem as respostas. Não uma exposição que conduza previamente o caminho das respostas. Há sim mais questionamentos. Surge então um intenso diálogo entre os pensamentos da menina e os polígrafos que o professor misterioso de filosofia escrevia.

Os primeiros pensadores gregos possuíam muito interesse pelos processos naturais e pelos ciclos da vida. O titulo os “filósofos da natureza” caracterizam este cenário. A natureza não é apenas um assunto de hoje. As manifestações “naturais” surpreendiam os filósofos. As transformações no meio ambiente estimulavam perguntas a cerca do que era possível ou não e de que maneira tudo isso acontecia naturalmente. Os pensadores partiram do pressuposto de que sempre existiu alguma coisa e, vendo as transformações acreditavam que havia uma substância básica que subjazia a todas essas mudanças.Os filósofos também tentaram descobrir leis eternas a partir da observação dos fatos, desconsiderando quase que completamente as explanações mitológicas.

A filosofia desvinculava-se dos mitos e abdicava sua independência como ciência relevante e de profundo conhecimento. Também com a religião ou religiosidade houve rompimento. Os primeiros ensaios e observações de uma forma científica de pensar começavam a aparecer e a se desenvolver. A racionalidade é agregada nas discussões, contribuindo para uma pluralidade de pensamentos no campo filosófico. Não existia apenas a filosofia como saber, mas sim as filosofias do saber. Destaque aos nomes de Tales, Anaximandro e Anaxímenes, três filósofos de Mileto.

Tales considerava a água como fonte principal da vida. Para ele a água era um elemento indispensável para entendermos qualquer forma de vida. Da água tudo se originava e a ela tudo retornava. Anaximandro fez distinção ao pensamento de Tales. Nesse caso, a terra era um entre vários mundos surgidos de “alguma coisa” e nessa relação assumia uma condição infinita. Já Anaxímenes (c. 550-526 a.C.) declarou que o ar era a substância básica de todas as coisas e para todas as coisas. A água seria a condensação do ar e o fogo, o ar rarefeito. Ele afirmava a possibilidade de transformar a água em terra.

Nada pode surgir do nada:. Era extremamente racionalista e não confiava nos sentidos. Parmênides desconsiderava as possíveis mudanças na natureza: nada podia vir do nada e nada que existisse poderia se transformar em outra coisa. Embora soubesse que a natureza se transformava sua interpretação não compactuava ou atestava tal existência. Tudo flui: Ele confiava nos sentidos. Heráclito afirmou que a principal característica da natureza seriam realmente as mudanças que ocorriam de modo perceptíveis aos sentidos humanos. . Sua crença abre especial ênfase aos opostos: guerra e paz, saúde e doença, bem e mal. Quatro elementos básicos: Empédocles (c. 494-434 a.C.) para eliminar o impasse a que a filosofia se encontrava, realizou uma síntese do modo de pensar de Heráclito e Parmênides. Apesar de uma tentativa de unificação de idéias, surgiu de certo modo uma evolução do pensamento. Em sua convicção era a existência de mais de uma substância primordial. Nesse sentido, consideravam-se quatro elementos básicos: terra, ar, fogo e água. As demais coisas estavam direta ou indiretamente vinculadas, isto é, em proporções diferentes. O amor e a disputa também eram forças que atuavam juntamente a natureza.

Um pouco de tudo em tudo: Anaxágoras (c.500-428 a.C.) refletia a existência da matéria, a criação das coisas, através de pequenas partículas invisíveis ao olho de nu. As partículas poderiam estar divididas e denominadas como partes minúsculas. Ele considerou a inteligência, uma força superior e parte fundamental na criação das coisas. Na cidade de Atenas Anaxágoras foi o primeiro filósofo, entretanto foi expulso da cidade sendo acusado de ateísmo. Um dos seus grandes interesses era astronomia, onde procurou explicar que a Lua não possuía luz própria e de que maneira surgiram os eclipses.

DEMÓCRITO

O autor dá ênfase ao misterioso professor de filosofia. A garota tenta descobrir quem é ele. Isto faz com que o leitor seja descontraído. Logo após, autor continua com o mesmo sistema, Sofia recebem primeiras as perguntas e depois as respostas que se encontra dentro do texto referente ao filósofo a ser estudado.

Demócrito (c. 460-370 a.C.) foi o último filósofo da natureza. A idéia sobre átomos surgiu em suas reflexões. Os átomos seriam partículas indispensáveis, minúsculas e eternas, por exemplo, quando um animal morresse seus átomos no “processo de decomposição” participariam da constituição de outros corpos. Os estudiosos da atualidade afirmam que Demócrito estava certo em grande parte de sua teoria, mas errou ao falar que os átomos são indivisíveis. A razão e as coisas matérias foram devidamente valorizadas por Demócrito. Sua explanação contrariava muitas teorias da sua sociedade que defendiam a participação das “forcas” nos processos naturais. Ele não cria na condição imortal da alma, sua teoria atômica explicava nossas percepções sensoriais e a alma também se constituía de átomos.

Para Demócrito tudo era composto por átomos. A morte não de um ser humano resultava na continuação de um “processo”. Quando algo perdia a vida, seus átomos se espalhavam pela natureza e cada um fazia parte de uma nova vida. Nada melhor para explicar isso como fazendo uma comparação com um quebra cabeças. No “quebra cabeças” o todo só existe a partir da fusão das peças menores. O autor é criativo na utilização e apropriação de exemplos. A menina Sofia não representa ter opiniões formadas sobre o que aprendia, primeiramente, ela apenas concordava e se surpreendia com o conteúdo dos polígrafos. Apesar de Sofia ser a personagem central assume muitas vezes a neutralidade. Talvez fosse interessante uma exposição maior de perguntas da parte de Sofia, ampliando as discussões com o “mundo” dos leitores.

O DESTINO

O autor centraliza sua criatividade em torno de outro mistério. Sofia escreve uma carta ao filósofo e com isso recebe uma aula sobre destino. Surge do nada um echarpe de cor vermelha e bordado com o nome Hilde. A problematizarão desta sessão encontra-se vinculada ao “sentido” da pré-destinação. A fatalidade ou mentalidade de que todos já nascem designados para algo ou para alguma coisa. Uma das características dos antigos gregos era o fato de eles serem fatalistas, isto é, acreditar que tudo que vai acontecer já está traçado no seu destino. Uma desgraça está inteiramente ligada com o destino e com um suposto castigo de Deus. Assim sendo, cresce no seio dessa idéia os sacrifícios, uma “negociação” com as “divindades” em troca da cura ou proteção.

SÓCRATES

O professor ensina que os três maiores filósofos da natureza foram: Sócrates, Platão e Aristóteles. O autor também inicia sua reflexão por intermédio de Alberto, descrevendo que Sócrates não deixou nada escrito, foi Platão quem escreveu as teorias. Ele era um sujeito que não tinha como objetivo centra se expor. Os demais filósofos que antecederam Sócrates foram denominados de Pré-Sócrates. Sofia recebeu a carta do seu professor de filosofia movida de um pedido de desculpas por recusar-se de ir até a sua casa conhecê-la pessoalmente. A nova carta aprofundava a filosofia em Atenas e de Sócrates.

Sócrates: Sócrates foi definitivamente contemporâneo dos Sofistas. Os Sofistas eram conhecidos na cidade de Atenas e em provavelmente em outros lugares. A reflexão dos Sofistas debatia o que era natural e o que não era tendo a sociedade como pano de fundo, estimulando assim uma “critica social”. Sócrates também se preocupava com o cotidiano da vida das pessoas. Ele refletia questões como os costumes, as tradições, a existência do bem e do mal. Uma das características mais notórias era sua humildade. Ao contrario dos Sofistas não cobrava por seus ensinamentos e tampouco se vangloriava com suas exposições. Sua convicção partia do ponto: “Nada sei”, considerava como um eterno aprendiz carente do total conhecimento das coisas e do mundo. Sócrates não procurou esclarecer todas as suas dúvidas, e sim, construir o seu conhecimento através delas. Em relação ao outras pessoas fazia questão de mencionar que todos sabem muito pouco e necessitam aperfeiçoamento. O importante era encontrar um alicerce seguro para os conhecimentos. Em 399 a.C.devido ao racionalismo convicto foi acusado de corromper a classe mais jovem da sociedade e de não aceitar e refletir devidamente a existência dos deuses. No seu julgamento foi considerado culpado e condenado à morte.

ATENAS

O livro apresenta uma mudança na metodologia do ensino. Agora o professor de filosofia sugere o uso de uma fita de vídeo. O material torna-se mais didático e cativante. No ensino traz pela primeira vez à imagem do filosofo em Atenas por volta do século V. a.C. Nesse cenário também surge um homem fazendo mais exposições sobre referente a capital grega. Para a surpresa de todos era o seu professor. O Professor trouxe um arsenal de novidades: Os históricos monumentos, o antigo teatro de Dioniso com as repercussões das comédias e tragédias gregas, o Areópago, as ruínas da antiga praça do mercado numa época bastante remota concentrava tribunais, edifícios públicos, comércio, ginásio de esportes, etc. Tudo isso em torno do contexto social, político e econômico de Atenas. Para o entusiasmo de Sofia a cidade histórica de Atenas foi totalmente reconstruída. Era possível conhecer o “mundo” de Atenas. Os resquícios e as decomposições dos monumentos, edifícios e lugares sofridas durante séculos estavam novamente intactos. As pessoas também assumiram sua presença na aula e durante a exibição do vídeo. Nesse cenário a menina Sofia foi introduzida a Sócrates e Platão. Seguidamente surgiram perguntas para a jovem diante de sua reflexão, contudo a exibição acabou em um momento tão oportuno para o aproveitamento de outras informações.

PLATÃO

A imoralidade da alma e sua existência permanente. Para Platão alguns assuntos eram irrelevantes. Em sua reflexão de nada adianta estudar aquilo que é mutável e que não tem ligação com o eterno. Em sua citação surge a metáfora da bolha de sabão que ao passe que é gerada logo se extingue. A alma é o centro de sua discussão. Tudo flui menos a alma. Ele fazia uma diferenciação entre o real e aquilo que está escondido. O escondido somente conheceremos no momento apropriado.

Platão seguiu Sócrates em muitos dos seus princípios. Em defesa de Sócrates publicou um discurso fazendo alusão ao que havia dito ao júri. Elaborou uma coletânea com inúmeros diálogos dando um passo fundamental para organizar sua própria Academia, isto é, escola de filosofia.

Platão fundamentava seus idéias em torno de uma realidade autônoma – algo por trás do mundo dos sentidos – a qual denominou de mundo das idéias. O projeto filosófico de Platão é compreendido no seu interesse pelo que é eterno e imutável tanto no que se refere à natureza, quanto à moral e à sociedade. O interessante é que Platão não se apropriou somente dos aspectos em torno do eterno, mas buscou elementos da própria sociedade.

A dualidade humana. Para Platão o homem possui um corpo (que flui) e uma alma imortal (a morada da razão). A alma segundo alguns dos textos apresentados no livro já existia anteriormente ao corpo. Tinha em mente que a alma procurava se libertado homem, transcender, originando a saudade, um anseio e uma necessidade. Essa descrição provocou o que ele chamou de Eros, o amor.

Platão caracterizou uma divisão para o corpo humano em três partes: cabeça (razão), peito (vontade) e baixo-ventre (desejo ou prazer). A integridade do ser humano estava vinculada a ação deste todo trabalhando em conjunto. Defendeu o papel das mulheres no que tange as atividades publicas, afirmando que independente do gênero humano todos tem a capacidade de governar desde que recebessem a formação necessária para que isso ocorresse.

A CABANA DO MAJOR

Após conhecermos um pouco mais sobre Platão, Sofia permaneceu em seu esconderijo refletindo sobre as idéias deste filósofo. Sofia queria encontrar seu professor. Sofia seguiu a trilha da floresta e, pouco tempo depois, viu um lago e do outro lado, uma cabana. O texto menciona o desafio de atravessar um lago. É notável o interesse do autor em criar obstáculos para o acesso a informação. Não bastava a disposição de Sofia, ela precisava de mais para ir à busca do seu interesse. Na casa ninguém respondeu ao seu chamado, mesmo assim resolveu entrar. Em um ambiente antigo localizou um velho fogão a lenha, uma maquina de escrever e vários livros. Também, chamou a sua atenção os dois quadros na parede de Berkeley e Bjerkely. Nesse ambiente ela se confrontou diante de um espelho. Um exemplo refletindo a imagem daquele cenário, daquele momento, da própria história de Sofia. Com o passar do tempo descobriu que naquela cabana residia Alberto. Retornando ao Espelho a menina prestou maior atenção para a sua imagem que pisava os olhos para ela. No primeiro instante ela se assustou com tudo aquilo e caladamente não descreveu outras características mediante a situação. Ao retornar novamente outro desafio. O barco não estava na beira do lado, e sim, ao meio dele. Sofia precisou percorrer um caminho mais longo para retornar. Antes disso havia coletado uma carta tendo me mente a continuação do próximo filósofo, o pensador Aristóteles. Sua mãe ao encontrar Sofia e questiona-la do seu desaparecido esclareceu para o leitor o contexto do qual a menina coletou a devida carta. Segundo a mãe se tratava da “cabana do major”, nome atribuído ao homem que por muitos anos viveu naquele lugar. A jovem nervosa diante das novas revelações por resolveu escrever-lhe uma carta pedindo desculpas ao professor.

ARISTÓTELES

Um capitulo oportuno para entendermos detalhes tidos nas “entrelinhas”. A menina assume uma postura mais dinâmica frente às circunstâncias. Digamos que ela defendeu sua opinião e não apenas participou das narrativas. Por exemplo quando a jovem conheceu a visão que Aristóteles tinha das mulheres, ela ficou surpresa e irritada ao mesmo tempo. “Como alguém podia ser um filósofo tão competente e, ao mesmo tempo, um perfeito idiota” relata o livro. Porem, essa iniciativa de Sofia não produz muitos efeitos posteriormente. Ela retorna novamente para a neutralidade. O auto então procura resgatar estudos acerca de Aristóteles.

Aristóteles foi um opositor e critico aos princípios básicos da filosofia de Platão. Sua reflexão tornou-se muito conhecida e influente. .Aristóteles considerava a mulher um homem imperfeito. O pré-conceito de Aristóteles provavelmente gerou polêmicas na sua época, mas não imobilizou o crescimento de sua reflexão filosófica. As mulheres na falta de direitos humanos foram oprimidas por teorias como esta.

Aristóteles participou e foi aluno da Academia de Platão. Na Europa antiga tornou-se um grande biólogo e defensor da natureza viva. Na elaboração de linguagem técnica mediante os estudos da natureza, formulou sua própria filosofia e contribui para elementos que ainda hoje encontramos na ciência. Para ele nós participávamos do mundo através dos nossos próprios sentidos, aquilo que ouvimos e víamos, moldaram nossa conduta como seres humanos. A realidade está naquilo que percebemos. Dessa forma negava a possibilidade de um “mundo das idéias”.

A natureza possuía na visão de Aristóteles a probabilidade de se concretizar em uma realidade que lhe fosse inerente. De uma pedra poderíamos transformá-la em uma estatua, ao contrario, de um ovo de galinha jamais poderia nascer outro tipo de ave, pois essa característica não lhe é inerente. Em sua busca por respostas não se convencia meramente por qualquer tipo de explicação, procurava pela causa, pelo efeito e pela finalidade em qualquer discussão. Para ele não bastava o conhecimento das respostas era preciso ir além para descobrir o propósitos e a finalidade de todas suas interrogativas. Assim, quando identificamos as coisas, as classificamos e as ordenamos em diferentes grupos ou categorias concluímos que tudo na natureza pertence a grupos e subgrupos. Sem dúvida sua cientificidade contribui para a evolução da ciência do seu tempo, tornando-se o fundador da ciência da lógica.

Aristóteles classificou os seres humanos como inteligentes capazes de refletir sobre sua própria existência. O ser humano está acima de outros seres vivos, pois além da capacidade de locomoção, de se alimentar, de nutrir sentimentos, detêm consigo a razão. Deus era uma força impulsora ou segundo sua descrição a causa primordial de todas as coisas. Outra classificação foi definir o “mundo” entre as coisas inanimadas que precisavam de agentes externos para evoluir e se transformar e as criaturas vivas que detinham capacidade própria e uma potencialidade para que isso acontecesse.

Na sua fala sobre a Ética temos referencia para termos como: moderação, equilíbrio, harmonia. A sociedade assumiu um importante espaço nas suas teorias. Aristóteles afirmou que a sociedade contribuía para a formação completa do ser humano. A generosidade e a coragem deveriam caminhar lado a lado sem uma se sobrepor à outra, assim um principio ético.

O HELENISMO

O Livro surpreende a todo instante. Os contextos são muito plurais para uma história única com base em uma jovem menina. O autor tenta agrupar diferentes contextos para de certa forma motivar uma coerência de informações. O que elimina detalhes importantes pela falta de informações mais precisas e não tão generalizadas. Também os cartões que são endereçados a Sofia tornam-se mais confusos e instigantes. É necessário captarmos os enigmas e além de tudo focar nossa atenção no fio condutor que perpassa toda literatura, ou seja, a história da filosofia. O autor tem muita habilidade para comprimir importantes dados, deixando sempre uma interrogação. O autor continua sua história, passando pela Idade Média, o Renascimento, Barroco, Descartes, Spinoza, Locke, Um, Berkeley, Bjerkely, O Iluminismo, Kant, O Romantismo, Hengel, Kierkegaarg.

Para Sofia compreender o universo da idade média Alberto comparou cada cem anos à uma hora contada no relógio. Para motivar nossa leitura a idade média nesse cario durou apenas dez horas. Mudando as regras do jogo o professor resolve aparecer pessoalmente a menina Sofia. Fator positivo porque existe uma comunicação mais precisa entre os dois personagens. Sofia ao questioná-lo assume uma postura descontraída, um vocabulário específico de uma jovem, demonstrando estar na condição única de aprendiz. A inexperiência de Sofia comunica-se com a nossa própria inexperiência frente aos diversos assuntos. Novamente surge uma confusão de personagens centrais. Outro personagem chamado Hilde passa a ser brevemente a protagonista.

As perguntas que se destacaram neste capítulo foram: “o que faço no mundo?” e “o que faço dentro de um livro retratando a historia da filosofia”? As perguntas nos fazem pensar sobre a realidade da vida e as interrogativas que nos cercam diante da mesma. Para tudo existe uma resposta desde que saibamos a devida pergunta. Sem provocativas e perguntas, estaríamos alienados frente a algo que desconhecemos. De contra partida o excesso de perguntas pode provocar crises existenciais. Talvez para aquilo que desconhecemos e para os nossos questionamentos jamais encontraremos uma resposta única e final. Toda resposta sempre gera uma nova pergunta.

Retornando ao assunto sobre o helenismo, considerou-se como um período marcado pelo rompimento de fronteiras entre países e culturas. Na religião ocorreu uma espécie de sincretismo e na ciência uma mistura de diferentes experiências culturais. A Filosofia difundia-se entre diversas sociedades e encontrava vínculos com outras ideologias. A filosofia dos pré-socráticos e de Sócrates, Platão e Aristóteles serviu como fonte de inspiração para os temas a seguir.

Os Cínicos: A filosofia cínica foi fundada em Atenas por Antístenes (discípulo de Sócrates) por volta de 400 a.C. Os cínicos diziam que a felicidade podia ser alcançada por todos, pois ela não consistia em luxúria, poder político ou boa saúde e sim em se libertar disto tudo. Os Cínicos consideravam que as pessoas não deviam se preocupar com o sofrimento pessoal ou de outra pessoa, nem mesmo com a morte. Diógenes foi o principal repercursor desta corrente filosófica.

Os Estóicos: Interessavam-se pela convivência em sociedade, por política e acreditavam que os processos naturais (morte, por exemplo) eram regidos pelas leis da natureza e por isso o homem deveria aceitar deu destino. O imperador romano Marco Aurélio (121-180), o filósofo e político Cícero (106-43 a.C.) e Sêneca (4 a.C.-65 d.C.) foram alguns que seguiram o estoicismo. A filosofia estóica surgiu em Atenas por volta de 300 a.C. e seu fundador foi Zenão, originário da ilha de Chipre. Os estóicos consideravam as pessoas como parte de uma mesma razão universal e isto levou à idéia de um direito universalmente válido, inclusive para os escravos. Eram monistas (negavam a oposição entre espírito e matéria) e cosmopolitas.

Os Epicureus: Aristipo foi aluno de Sócrates. Ele desenvolveu uma filosofia cujo objetivo era obter para a vida, através dos sentidos, o máximo possível de satisfação afastando toda e qualquer forma de sofrimento. Por volta de 300 a.C. Epicuro (341-270 a.C.) fundou em Atenas a escola dos epicureus que desenvolveu mais ainda a ética do prazer de Aristipo e a combinou com a teoria atômica de Demócrito. Epicuro ensinava que o resultado prazeroso de uma ação devia ser ponderado, por causa dos efeitos colaterais. Achava também que o prazer a longo prazo possibilitava mais satisfação ao homem. Ele se utilizava da teoria de Demócrito contra a religião e superstição. Os epicureus quase não se interessavam pela política e sociedade e sua palavra de ordem era “Viver o momento”.

O Neoplatonismo: O neoplatonismo foi a mais importante corrente filosófica da Antigüidade. Ela foi inspirada em Platão. O neoplatônico mais importante foi Plotino (c. 205-270). Ele via o mundo como algo dividido entre dois pólos: numa extremidade estava a luz divina, Uno ou Deus. Na outra reinavam as trevas absolutas. A seu ver, a luz do Uno iluminava a alma, ao passo que a matéria eram as trevas. O neoplatonismo exerceu forte influência sobre a teologia cristã.

O Misticismo: Uma experiência mística significa experimentar a sensação de fundir sua alma com Deus. É que o “eu” que conhecemos não é nosso “eu” verdadeiro e os místicos procuravam conhecer um “eu” maior que pode possuir várias denominações: Deus, espírito cósmico, universo, etc. No entanto, para chegar a esse estado de plenitude, é preciso passar por um caminho de purificação e iluminação através de uma vida simples. Encontra-se tendências místicas nas maiorias religiões do mundo. Na mística ocidental (judaísmo, cristianismo e islamismo), o místico diz que seu encontro é com um Deus pessoal. Na oriental (hinduísmo, budismo e religião chinesa) o que se afirma é que há uma fusão total com deus, que é o espírito cósmico. É importante notar que essas correntes místicas já existiam muito antes de Platão e que pessoas de nossa época têm relatado experiências místicas como uma forma de experimentar o mundo sob a perspectiva da eternidade.

OS CARTÕES-POSTAIS

Passados alguns dias sem que Sofia nada recebesse do seu professor de filosofia e como ela estaria livre a partir da quinta-feira devido a um feriado, aceitou o convite de sua amiga Jorunn para acampar e escolheu, intencionalmente, um lugar próximo à cabana do major, pois ela pretendia ir lá novamente.

Chegando ao local, armaram a barraca e depois de organizarem tudo, fizeram um lanche. Sofia perguntou se Jorunn já tinha ouvido falar da cabana e convenceu a amiga a ir até lá. Depois de uma caminhada, avistaram o lago e a casa que parecia estar abandonada. Utilizaram o barco para irem para o outro lado e, desta vez, Sofia teve todo o cuidado de puxá-lo.

Quando entraram na casa estava muito escuro, mas Sofia tinha trazido fósforo e acendeu uma vela que lá havia. Então, chamou Jorunn para ver o espelho e lhe disse que era um espelho mágico. Nesse momento, Jorunn descobriu alguma coisa no chão da sala. Eram cartões-postais. Todos vinham do Líbano e estavam endereçados a Hilde Knag. Sofia teve um certo receio, pois seu nome poderia estar mencionado nos cartões (Jorunn não sabia sobre o filósofo nem sobre outros cartões que Sofia recebera) mas começou a lê-los com a amiga. Eles falavam do aniversário de quinze anos de Hilde e sobre um misterioso presente que ela receberia. No entanto, no último cartão estavam mencionados os nomes de Sofia e Jorunn. Elas ficaram assustadas. Além disso, ainda havia um detalhe: era dezesseis de maio de mil novecentos e noventa e o cartão indicava a mesma data. Como aquilo era possível? Sofia disse que tinha algo a ver com o espelho mágico e Jorunn achou absurdo , mas não havia outra explicação. Ela ainda mostrou à amiga os dois quadros na parede — Berkeley e Bjerkely. A vela já estava quase no fim. Jorunn queria ir embora e Sofia a seguiu mas, antes disso, resolveu levar o espelho consigo. As duas voltaram para o acampamento caladas. Na manhã seguinte, após tomarem café, conversaram sobre os cartões-postais e caminharam de volta para casa. No outro dia, pela manhã, Sofia foi até seu esconderijo e encontrou outro envelope amarelo. Imediatamente começou a ler.

DOIS CÍRCULOS CULTURAIS

Os indo-europeus: A denominação indo-européia é dada a todos os países e culturas nos quais são faladas as línguas indo-européias . Os indo-europeus primitivos viveram a mais ou menos quatro mil anos nas proximidades dos mares Negro e Cáspio. De lá, espalharam-se por diversos lugares: Irã, Índia, Grécia, Itália, Espanha, Inglaterra, França, Escandinávia, Leste Europeu e Rússia, formando o círculo cultural indo-europeu. Dentre outras coisas, pode-se dizer que sua cultura era marcada pelo politeísmo, a visão era o principal sentido para eles e acreditavam que a história era cíclica. As duas grandes religiões orientais – hinduísmo e budismo – são de origem indo-européia. O mesmo vale para a filosofia grega. Nessas religiões, enfatiza-se a presença de Deus em tudo (panteísmo). Outro ponto importante é a crença de que o homem pode chegar a uma unidade com Deus por meio do conhecimento religioso. No Oriente, a passividade e a vida reclusa são vistas como ideais religiosos e em muitas culturas indo-européias acredita-se na metempsicose ou transmigração da alma.

Os semitas: Os semitas pertencem a um círculo cultural completamente diferente, com uma língua completamente diferente também. Eles são originários da península da Arábia e também se expandiram para extensas e diferentes partes do mundo. As três religiões ocidentais – judaísmo, o cristianismo e o islamismo – têm base semita. De modo geral, o que se pode dizer dos semitas é que eram monoteístas, possuíam uma visão linear da história, a audição desempenhava papel preponderante e proibiam a representação pictórica. Quanto à história, é interessante saber que, para eles, ela começou com a criação do mundo por Deus e Este tinha o poder de intervir em seu curso. Em relação às imagens, ainda são proibidas no judaísmo e no islamismo, mas no cristianismo são permitidas devido à influência do mundo greco-romano.

Israel: Agora vamos examinar o pano de fundo judeu do cristianismo. A história é a seguinte: houve a criação do mundo e a rebelação do homem contra Deus (Adão e Eva) e a partir de então, a morte passou a existir na Terra. A desobediência do homem a Deus atravessa toda a história contada na Bíblia. No Gênesis há a menção do pacto feito entre Deus e Abraão e seus descendentes que exigia a obediência rigorosa aos mandamentos de Deus. Esse pacto foi mais tarde renovado com a entrega das Tábuas da Lei a Moisés no monte Sinai. Naquela época, os israelitas viviam havia muito tempo como escravos no Egito, mas foram libertados e levados de volta a Israel onde se formou dois reinos – Israel (ao Norte) e Judá (ao Sul) – que foram assolados por guerras, e por todos os séculos que se seguiram até o nascimento de Jesus Cristo, os judeus continuaram sob dominação estrangeira. O povo judeu não entendia o motivo de tanta desgraça e atribuía isso ao castigo de Deus sobre Israel devido à sua desobediência. Então começaram a surgir profecias sobre o Juízo Final e também sobre a vinda de um “príncipe da paz” que iria restaurar o antigo reino de Davi e assegurar ao povo um futuro feliz. Esse messias viria para restituir a Israel a sua grandeza e fundar um “Reino de Deus”.

Jesus: No contexto de toda essa efervescência nasceu Jesus Cristo. Naquela época, o povo imaginava o messias como um líder político, militar e religioso. Outros, duzentos anos antes do nascimento de Jesus, diziam que o messias seria o libertador de todo o mundo. Mas Jesus apareceu com pregações diferentes das que vigoravam e admitia publicamente não ser um comandante militar ou político. E mais, dizia que o Reino de Deus era o amor ao próximo e aos inimigos. Ele não considerava indigno conversar com prostitutas, funcionários corruptos e inimigos políticos do povo e achava que estes seriam vistos por Deus como pessoas justas bastando para isso que se voltassem para Ele e Lhe pedisse perdão. Jesus acreditava que nós mesmos não podíamos nos redimir de nossos pecados e que nenhuma pessoa era reta aos olhos de Deus. Ele foi um ser humano extraordinário. Soube usar de forma genial a língua de seu tempo e deu a conceitos antigos um sentido novo, extremamente ampliado. Tudo isto acrescentado a sua mensagem radical de redenção dos homens ameaçava tantos interesses e posições de poder que ele acabou sendo crucificado. Para o cristianismo, Jesus foi o único homem justo que viveu e o único que sofreu e morreu por todos os homens.

Paulo: Alguns dias depois da crucificação e enterro de Jesus, começaram a surgir boatos sobre sua ressurreição. Pode-se dizer que a Igreja cristã começou naquela manhã de Páscoa. Paulo disse: “Pois se Cristo não ressuscitou, então todo nosso sermão é vão; é vã toda a vossa crença”. A partir de então todas as pessoas podiam ter esperança na “ressurreição da carne”. Os primeiros cristãos começaram a espalhar a “boa-nova” da redenção pela fé em Cristo. Poucos anos depois da morte de Jesus, o fariseu Paulo se converteu ao cristianismo e suas viagens missionárias pelo mundo greco-romano transformaram o cristianismo numa religião universal. Quando esteve em Atenas, ele fez um discurso do Areópago que falava do Deus que os atenienses desconheciam e isso provocou um choque entre a filosofia grega e a doutrina da redenção cristã. Apesar de tudo, Paulo encontrou nessa cultura um sólido apoio, ao chamar atenção para o fato de que a busca por Deus estava dentro de todos os homens. Em Atos dos Apóstolos está escrito que depois de seu discurso, foi vítima de zombaria por parte de algumas pessoas, quando estas o ouviram dizer que Cristo havia ressuscitado dos mortos. Mas também houve os que se interessaram pelo assunto. Depois, Paulo prosseguiu em sua tarefa missionária e passadas algumas décadas da morte de Cristo já existiam comunidades cristãs em todas as cidades gregas e romanas mais importantes.

O Credo: Paulo não foi importante para o cristianismo apenas por suas pregações missionárias. Dentro das comunidades cristãs, sua influência era muito grande pois as pessoas também queriam aprofundar-se em sua orientação espiritual. Pelo fato de o cristianismo não ser a única religião nova daquela época, a Igreja precisava definir claramente a doutrina cristã, a fim de estabelecer seus limites em relação às demais religiões e evitar uma cisão interna. Surgiram assim as primeiras profissões de fé, os primeiros credos que resumiam os princípios ou os dogmas cristãos mais importantes como o que dizia que Jesus havia sido Deus e homem ao mesmo tempo e de forma plena e que realmente tinha padecido na cruz.

A IDADE MÉDIA

Sofia recebeu um telefonema de Alberto dizendo que de agora em diante não haveria mais cartas. Ele marcou um encontro para lhe falar sobre a Idade Média. Sofia não entendeu absolutamente nada. Eles se encontraram numa igreja antiga construída na época medieval durante a madrugada. O professor vestido de monge se encontrou com Sofia e começou a falar sobre o período da Idade Média. Dentre outras coisas disse que na Idade Média se formou uma unidade cultural cristã sólida. Havia uma contradição entre Deus e razão. Essa problemática foi tratada por dois importantes filósofos desta época: Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino. O primeiro dividiu o mundo entre bem e mal, mesclou sua concepção filosófica com a de Platão e a do cristianismo (“cristianizou Platão”); achava que o mal era a ausência de Deus e que a “boa vontade era obra de Deus”. O segundo foi o filósofo quem “cristianizou Aristóteles”, tendo o mérito de ter conseguido fazer uma síntese da fé e do conhecimento. Ele acreditava que existiam dois caminhos para se chegar a Deus: a revelação cristã, a razão e os sentidos. Nessa compreensão, Deus havia se revelado ao homem através da Bíblia e da razão.

O RENASCIMENTO

Durante a noite Sofia teve um sonho com a personagem Hilde. O sonho também demonstrou um aspecto revelador. Ao seu lado apareceu uma corrente de ouro e uma cruz. Sofia identifica algumas letras grafadas: HMK, atribuídas novamente a Hilde. Sofia. No Domingo outro personagem chamado Hermes conduziu Sofia para um casarão. Alberto estava a sua espera para falar sobre o Renascimento.

O Renascimento foi definitivamente o período que re-introduziu a arte e a cultura da antiguidade. Percebe-se muita ênfase ao ser humano como centro de todas as coisas, o antropocentrismo, muito distinto da Idade Média com maior ênfase ao Teocentrismo. Nesse sentido, identificamos expressões como o humanismo do renascimento ou época em tornar o ser humano mais grandioso, valioso, isto é, individualizado. A nova visão sobre o ser humana demonstrava maior autonomia. O ser humano não existia apenas para servir a Deus, mas a ele próprio. Vale ressaltar que no Renascimento desenvolveu-se um novo método científico – o princípio vigente era o da investigação da natureza mediante a observação e a experimentação – método empírico.

O BARROCO

O significado dentro da origem do termo barroco é “perola irregular”. A tendência desse período é a valorização das formas opulentas e com vários contrastes. O barroco é um reflexo da irracionalidade e da vaidade humana. Na dimensão política foi uma época marcante pelo surgimento de potências na Europa e de outro lado pelas guerras. A diferenciação de classes sociais é expressiva e entra como um evidente aspecto social. Um correlato disso na política seriam os assassinatos e as conspirações marcadas por processos políticos. William Shakespeare, o poeta dramático espanhol, Calderón de la Barca e Ludvig Holdberg são os principais representantes desta época.

DESCARTES

René Descartes nasceu em 1596. Ele foi seguido por Spinoza e Leibniz, Locke e Berkeley, Hume e Kant. Seu objetivo é encontrar respostas para as questões filosóficas mais importantes. Para descartes a relação entre Corpo e Alma necessitava ser explorada, aprofundada, interpretada. Sua obra mais importante é Discurso do método, onde explica, entre outras coisas, que não se deve considerar nada como verdadeiro e que não devíamos confiar em nossos sentidos. Para ele a única coisa sobre a qual se podia ter certeza era a de que duvidava de tudo e tudo estava sob ótica da racionalidade. Ele acreditava na existência de Deus como algo tão evidente quanto o fato de que alguém que pensa era um ser, um Eu presente. Nas suas explicações formulou a seguinte tese: o ser humano é um ser dual, ou seja, tanto pensa como ocupa lugar no espaço. A sua morte foi aos 54 anos, mas mesmo após sua morte continuou a ser uma figura de grande importância para a filosofia.

SPINOZA

Baruch Spinoza foi um filósofo holandês e em sua filosofia percebem-se muitas influências de Descartes. Em sua filosofia é fundamental enxergar as coisas sobre a perspectiva da eternidade. Ele era membro da comunidade judaica de Amsterdã, contudo foi excomungado por heresia ao contestar a veracidade dos conteúdos bíblicos no quis respeito à inspiração de Deus em cada palavra. Na sua reflexão era necessário ler a Bíblia com um olhar crítico e contextualizado. Para sobreviver seu sustento provinha do polimento de lentes e isso tem um significado simbólico: a tarefa de um filósofo é justamente ajudar as pessoas a ver a vida de um modo novo.

LOCKE

Então começaram com o estudo sobre Locke, um filósofo da experiência ou empírico. Um empírico deriva todo o seu conhecimento daquilo que lhe dizem os sentidos. A formulação clássica de uma postura empírica vem de Aristóteles. Locke repetiu as palavras deste filósofo. John Locke (1632-1704) foi o primeiro filósofo empírico inglês. Locke tentava explicar duas questões: em primeiro lugar, de onde o ser humano retirava seus pensamentos e suas noções e em segundo analise como nós podaríamos confiar no que nossos sentidos nos transmitem.

HUME

David Hume nasceu em 1711 e morreu em 1776. É um referencial dentro da filosofia empírica. Para ele era preciso retornar a forma original de experimentar o mundo. Na sua leitura destacou que o ser humano tem impressões de um lado e idéias de outro. Ambas poderiam ser simples ou complexas. No âmbito da ética e da moral, Hume se opôs ao pensamento racionalista. Os racionalistas consideravam uma qualidade inata da razão humana e a utilizavam para distinguir entre o certo e o errado. Hume não concordou e rejeitou as teorias que afirmavam a razão como fator determinante das ações e dos pensamentos.

BERKELEY

George Berkeley (1685-1753) foi um bispo irlandês. A Filosofia e a ciência não foram observadas com bons olhos por Berkeley. Para ele ambas tornavam-se uma ameaça para uma interpretação e para uma visão cristã do mundo. Na sua concepção o materialismo crescente contrariava a idéia de que Deus cria e mantém a natureza. Berkeley afirmava que as idéias tinham uma causa fora da consciência, mas que esta causa não era de natureza material e sim de natureza espiritual. Portanto, a alma podia ser a causa das próprias idéias, mas só outra vontade, só outro espírito podia ser a causa das idéias que formavam o mundo material. Ele dizia que tudo vinha do espírito “onipotente por meio do qual tudo existia”. Afirmava que tudo que víamos e sentíamos era um efeito da força de Deus. Deus estava presente no fundo de nossa consciência e era a causa de toda a multiplicidade de idéias e sensações a que estávamos constantemente sujeitos. Este espírito, no qual tudo existia era o Deus cristão.

ILUMINISMO

Para a maioria dos pensadores iluministas a razão era um crença inabalável. A ciência por sua vez atestava que tudo na natureza era permanentemente racional. Os pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser levado adiante substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles, bloqueavam a evolução do ser humano. O ser humano deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questões que, até então, eram justificadas somente pela fé.
Os filósofos iluministas tinham em mente a tarefa de criar e estimular um alicerce para a moral, para a ética e para a religião. Tudo isso em sintonia com a razão imutável do ser humano. Para os pensadores a humanidade só desfrutaria de um verdadeiro progresso através da razão alicerçada no conhecimento. Na atmosfera religiosa, isto é, a religião, precisaria estar em consonância com a razão natural do homem. A para a Revolução Francesa de 1789 utilizou-se do iluminismo como fator aliado.

KANT

Conhecido popularmente como Kant, nasceu em Königsberg em 19723, região da Prússia Oriental. Para ele tanto os sentidos como a razão são importantes. Percebe-se que ele conheceu outros filósofos racionalistas e empíricos. É evidente sua afinidade filosófica com Hume e com os empíricos, descrevendo que todos os conhecimentos surgiam também a partir dos sentidos. No entanto, ele não rejeitava a razão e sua importância relativamente na percepção do mundo. Kant afirmava a condição humana como atribuída às condições de tempo e do espaço, formando parte da consciência e não atributos do mundo físico. Para ele a razão humana trabalhava como os elementos: causa X efeito. Portanto, a consciência estava vinculada com as demais coisas e vice-versa.

No aspecto teológico o filosofo não poupou afirmações claras em torno de sua compreensão sobre o sagrado. Para Kant o ser humano está impossibilitado de conhecer plenamente e com segurança a existência de Deus. Também os limites do universo(s) podem ser questionados entre ser ou não ser infinito. A razão na lógica de Kant operava fora dos limites da compressão humana. A experiência e a razão eram dois elementos que contribuíam para o conhecimento do mundo.

O ROMANTISMO

O surgimento do Romantismo está vinculado com os paises europeus, principalmente com a Alemanha em torno do século XVIII. Os principais efeitos do romantismo é a reação critica frente a razão e a conseqüências do período iluminista. O Romantismo perpassou na história e deixou profundas marcas até o século passado. Isso não significa sua extinção, pois ainda hoje percebemos muitos aspectos na cultura global.

As principais ênfases: anseio, experiência, imaginação, anseio e sentimento. Existe uma supervalorização da liberdade e do “Eu”. A arte recebeu enorme destaque nesse período e certamente refletiu muitas ideologias. Alguns artistas eram quase que comparados com o próprio Deus. A arte tinha um caráter não só imaginário, da imaginação, mas de um sentido revelador, transcendente. Acreditava-se que o “êxtase artístico” poderia diminuir as fronteiras entre o sonho e a realidade. Primeiramente os românticos se preocupavam a alma do mundo, com o gênio artístico e com a natureza. Em segundo plano, houve um espaço profundo para tematizar a história do povo, sua língua e a cultura popular.

KIERKEGAARD

Kierkegaard nasceu na cidade de Copenhague em 1813. Sem duvida, foi um grande pensador e critico a cerca do mundo filosófico. Afirmou convictamente que o historicismo de Hegel e a filosofia dos românticos usurparam totalmente a responsabilidade pela vida de cada indivíduo. Para Kierkegaard não é tão importante à busca por todas as verdades ou por uma única verdade, mas sim por verdades que são importantes na vida de cada ser humano. Nesse sentido, as verdades mais importantes eram subjetivas.

Kierkegaard manifestou muitas contribuições no campo filosófico e uma delas são os estágios da existência humana: estético, ético e religioso. Para o estético ele atribuiu o prazer, o momento, a imagem. No ético caracterizou-o pelos padrões morais, pela seriedade e pelas decisões consistentes. Por ultimo, o religioso, é a opção da fé acima de qualquer outro elemento ou ordem racional.

HEGEL

Hegel da forte ênfase na questão do “ser” e elabora algumas reflexões. Quando se define um conceito para o “ser” é impossível não idealizarmos uma noção oposta, isto é, “não ser”. Nessa ambigüidade existem os conflitos e as tensões. Para Hegel outro fator eram as forças objetivas: a família e o Estado. Elas influenciavam direta ou indiretamente cada indivíduo. Hegel achava impossível desligar-se da sociedade por assim dizer. Para ele, quem dava as costas à sociedade na qual vivia e preferia encontrar-se a si mesmo não estava em juízo normal. Na sua interpretação filosófica o espírito do mundo encontrava cada indivíduo e não vice-versa. Nessa visão estruturou os seguintes aspectos: (1) o espírito do mundo se conscientiza de si mesmo no indivíduo (2) atingindo um nível mais elevado de consciência na família, na sociedade e no Estado, e (3) assim eleva o autoconhecimento na razão absoluta. Hegel era por vezes muito restrito quando utilizava expressões como somente na filosofia era que o espírito do mundo se encontraria. A filosofia torna-se o espelho do espírito do mundo.

MARX

Marx tinha na política um dos alicerces de suas reflexões. É considerado um filosofo materialista. Além disso, possui uma ampla formação em outras áreas de conhecimento: história, sociologia e economia. Para Marx as evoluções decorrentes na história e na sociedade dependiam essencialmente das condições materiais. Na religião ele questionava os pressupostos espirituais na sociedade, pois para ele eram determinados pelas modificações materiais. Portanto, ele afirmou que as condições matérias também determinavam os elementos e as condições espirituais. A economia de um contexto foi tida com um dos principais fatores agentes da transformação histórica de um contexto ou ambiente.

DARWIN

Darwin é um grande pensador dentro do campo da ciência biológica. A partir da seleção natural ele procurou sintetizar a teoria da evolução. Em suas pesquisas detectou vários resquícios de fósseis estratificados em vários tipos de formações rochosas permitindo assim a suspeita da correlação dessas fosses com o desenvolvimento biológico. Outro detalhe é sua análise das diferenças que surgiam entre as espécies vivas a partir da distribuição e do contexto geográfico. Darwin não acreditava que as espécies eram imutáveis, contudo não conseguiu explicar como acontecia esse processo. No entanto, argumentou que todos os seres vivos possuíam um ancestral em comum. No caso dos animais, por exemplo, a evolução dos embriões dos mamíferos.

FREUD

Freud é uma referência marcante e expressiva até os dias atuais. Ele nasceu em 1856 e estudou medicina na Universidade de Viena. Tinha uma inquietação entre o meio/ambiente e o ser humano. Paralelamente sintetizou termos como racionais e irracionais. No caso dos sonhos, pensamentos e ações das pessoas poderiam ser analisados a partir dos impulsos irracionais. Tudo aquilo que está no interior de cada individuo e procura por uma manifestação. Após anos de experiência como psicoterapeuta desenvolveu uma vasta experiência com pacientes e formulou a seguinte tese: “utilizando-se de uma metáfora descreveu a consciência como a ponta de um iceberg que se elevava para além da superfície da água. Sob a superfície/limiar da consciência, estava o subconsciente ou inconsciente.” A expressão inconsciente significava, para Freud, tudo o que reprimimos e não expressamos livremente. Os sonhos possivelmente poderiam ser manifestações daquilo que está “adormecido” em nós.

A GRANDE EXPLOSÃO

Essa é uma parte que me chamou muita atenção. A grande explosão! Hilde retorna para as páginas do livro escutando entusiasmadamente o pai falando do universo. No mesmo ambiente estavam Alberto e Sofia partilhando do momento e do saber. A teoria do Big Bang entra em destaque e gera questionamentos. O “Big Bang” é a tese da grande explosão cósmica que ocorreu há bilhões de anos. O Big Bang se torna um das hipóteses existentes para compreendermos a origem de muitas coisas. Entram também em pauta ênfases sobre astronomia e a gravidade.

BREVE CONCLUSÃO

Todos nós temos uma história assim como Sofia tem a sua própria. Todos nós estamos diariamente buscando repostas para nossa vida. Uma vida que cria e recria mais e mais histórias. A filosofia nos pergunta: quem somos? O que queremos? O que acreditamos? Qual é o sentido da nossa vida? Para que vivemos e para aonde iremos? De um lado, temos o entusiasmo de explorar a nossa identidade como seres humanos. De outro, é frustrante que novas respostas sempre acabam tornando-se novos questionamentos. Em palavras simples poderia dizer que a filosofia nos promove encontros e nesses encontros há os desencontros. A busca por maior conhecimento é uma necessidade constante. É preciso saber, entender e reconhecer aquilo que não é claro e evidente aos nossos olhos. O mundo de Sofia pode ser analisado como uma simples historinha de criança e depois de criadas todas essas historinhas são obrigadas a viver num plano de existência paralelo. Porém, o mundo de Sofia ultrapassa nossas expectativas. Em uma linguagem acessível o autor alcança nossa própria caminhada e nos convida para ser mais um personagem. Um personagem integrante de suas histórias. Quero dizer com isso que autor nos convida a inserção, a experimentar e a vivenciar os conteúdos filosóficos. Para finalizar é interessante destacar os acontecimentos em torno do Espelho. O “espelho” quando mencionado durante a leitura reflete uma imagem, a imagem de Sofia? Sim e Não. Certamente, o espelho também nos convida a pensar sobre nossa própria imagem, sobre nossa própria existência e de que maneira somos e fazemos parte desse mundo. Esse espelho, talvez, é a nossa vida. Uma vida cheia de significados.

BIBLIOGRAFIA

GAARDER, Jostein, O Mundo de Sofia. Romance da História da Filosofia, 34º edição. São Paulo, Ed.Cia das Letras, 1995. Traduzido por João Azenha Junior.
JASPERS, Karl. Introdução ao pensamento filosófico. São Paulo: Cultura, 1993.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário Aurélio. 2. ed. revista e ampliada. São Paulo: Nova Fronteira, 1994

Obs. Para elaboração da resenha também foram coletadas informações em matérias de revistas, livros e artigos que abordam o livro.

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