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quarta-feira, abril 24, 2024

Úlceras por pressão

Autoria: Maria Fernanda

Introdução

As úlceras por pressão ocorrem sobretudo em locais com proeminências ósseas, onde praticamente só existem pele e osso. Suas maiores incidências acontecem nos calcanhares, tornozelos, dorso dos pés, dedos, joelhos, maléolos, espinhas ilíacas, cotovelos, costelas, escápulas, ombros, proeminências das vértebras, cabeça, orelhas, região trocantérica(cabeça do fêmur), região isquiática(ossos da bacia), região sacral(final da coluna vertebral) e genitais.

Tais lesões atingem, principalmente, pessoas que por algum motivo perderam a capacidade de se mover e de sentir dores em certas regiões do corpo, como no caso de pessoas com uma lesão medular.

Processo de Formação

As regiões do corpo com proeminências ósseas, podem sofrer grande pressão, por descuido ou falta de informação. Tais regiões tem que ser protegidas, usando-se artifícios para distribuir o peso exercido sobre estas regiões, ou seja, fazer uma distribuição do peso, para que certas regiões não sofram uma sobrecarga.

Caso uma força fique concentrada sobre um ponto, o peso exercido será intenso e grande. Tal concentração de carga acarretará em pressão da pele, músculos e gorduras sobre os óssos, diminuindo ou interrompendo o fluxo sanguíneo desta região. Desta forma, o sangue não conseguirá levar o oxigênio e os alimentos até às células, provocando assim, a morte das mesmas. Quanto mais células forem atingidas, maior será a úlcera.

As úlceras podem se expandir tanto na largura como na profundidade, podendo atingir as camadas superficiais da pele, camadas mais profundas, tecidos gordurosos, músculares e ósseos. Existem quatro graus de classificação, que variam de acordo com a gravidade da lesão:

Grau I – atinge apenas a pele, sendo caracterizada pelo rubor e aumento de temperatura local;
Grau II – atinge todas as camadas da pele, chegando até aos tecidos gordurosos, onde a lesão fica caracterizada por bordas elevadas, endurecidas e com cor de sangue;
Grau III – a lesão atinge a camada de gordura, chegando até ao músculo. A região interna da úlcera fica com o tecido necrosado, ou seja, tecido morto e suas bordas bem endurecidas;
Grau IV – a lesão atinge todos os tecidos, inclusive o ósseo, podendo levar à graves infecções.

Como evitá-las

A distribuição do peso é fundamental para evitar as úlceras. Tal distribuição deverá ser feita de acordo com a posição do corpo.

Úlceras Isquiáticas

Uma pessoa que usa cadeira de rodas deverá sentar-se sobre uma almofada, afim de distribuir o peso por todo o quadril, evitando assim, as úlceras isquiáticas. Existem vários tipos de almofadas, fabricadas de diferentes tipos de materiais, que serão usadas de acordo com as necessidades particulares de cada pessoa. Algumas almofadas são fabricadas de plásticos ou borrachas especiais, podendo ser preenchidas por ar ou água. A quantidade de ar ou água deverá ser de acordo com o peso e altura da pessoa, sempre buscando a maior distribuição possível do peso e o equilíbrio de tronco. Outras almofadas são confeccionadas por espumas especiais, por gel ou combinações de gel e espuma. Tais artefatos podem ser feitos sob medida por locais competentes ou, podem ser comprados em casas cirúrgicas, com tamanhos e espessuras padrão.

O que também ajuda na prevenção das úlceras são os “push-ups”, ou seja, elevações do quadril, tirando temporariamente a pressão desta região. Para que uma pessoa faça estas elevações, ela terá que apoiar as mãos nos aros de propulsão, nos pneus ou nos apoios de braço da cadeira de rodas, para estender os braços e conseguir a elevação. Caso a pessoa não tenha movimentos ou força o suficiente para os “push-ups”, ela poderá fazer inclinações do tronco lateralmente ou, para frente da cadeira ou para traz. Se isso ainda não for possível, será preciso que uma terceira pessoa eleve o quadril da pessoa que usa a cadeira, segurando-a pelas costas e elevando-a para cima.

Ao sentar-se em outras superfícies que não sejam uma cadeira de rodas, como outras cadeiras, poltronas, sofás, banco de carro, etc, uma pessoa também deverá usar uma almofada, caso tal superfície não seja macia o suficiente.

Úlceras Sacrais e Trocantéricas

Estas úlceras ocorrem, na maioria das vezes, quando uma pessoa esta deitada de costas(decúbito dorsal), ou sobre o lado esquerdo ou direito do corpo(decúbito lateral). Uma das formas de evitá-las é fazendo o uso de colchões macios, especiais ou comuns, afim de distribuir o peso por várias regiões que estarão em contato com a superfície. Existem vários tipos de colchões, fabricados de diferentes tipos de materias, podendo conter em seu interior, ar, água ou espuma.

Alguns colchões com preenchimento de ar se assemelham a bóias, como as usadas para recreação, com um volume de ar estático e pressão de acordo com o peso da pessoa; outros possuem um compressor que bombeia constantemente o ar para o colchão, fazendo uma espécie de massagem e mudando de posição as áreas de pressão do corpo sobre a superfície.

Os colchões preenchidos por água, mantém um volume constante da mesma, com uma pressão que também vai variar de acordo com o peso da pessoa. Uma pressão interna pequena, ou seja, baixo volume de água, vai tornar o colchão instável, dificultando o equilíbrio de uma pessoa e diminuindo as propriedades de proteção.

Colchões de espuma, constituem o meio mais simples de proteção. Tais colchões nunca deverão ter uma espuma rígida, ou seja, dura, pois tais superfícies ajudam a provocar úlceras. O colchão deve possuir uma espuma macia. Além do colchão, podem ser usadas proteções extras sobre o mesmo, como o colchão “caixa de ovo”. Ainda, sob as regiões sacral e trocantérica podem ser usadas as almofadas citadas anteriormente, garantindo uma proteção extra.

A mudança de decúbito, ou seja, de posição do corpo(hora deitado de costas, de frente, do lado esquerdo ou direito), também ajudará na prevenção, promovendo o “alívio” da região que estava sendo pressionada, proporcionando o aumento ou a volta do fluxo sanguíneo na região.

Outras Úlceras

Ainda na posição deitada(decúbito dorsal), existe a chance de ocorrências de úlceras nos calcanhares, tornozelos, joelhos, cotovelos e costelas, dependendo da posição em que a pessoa esteja. Alguns artifícios para proteção destas regiões devem ser usados, como a colocação de um objeto macio(espuma, travesseiro, almofada) entre os joelhos, caso estejam apoiados sobre ou sob o outro; uma pessoa deitada “de bruços”, os joelhos também terão que receber uma proteção extra.

Na posição de costas(decúbito dorsal), os calcanhares deverão ficar suspensos ou apoiados sobre uma superfície macia.

Caso a pessoa esteja deitada sobre o lado esquerdo ou direito do corpo(decúbito lateral), os tornozelos terão que ficar apoiados sobre uma superfície macia e nunca apoiados um sobre o outro.

A falta de movimentos e/ou de sensibilidade nos cotovelos serão fatores propícios ao surgimento de úlceras, então, para contornar tais fatores, caso não haja movimentos e nem sensibilidade, os dois braços deverão ser posicionados sobre proteções macias, ou, caso haja movimentos e falte a sensibilidade, uma pessoa terá que ter cuidado para não bater os cotovelos contra superfícies que provocarão ferimentos.

Apesar de menos frequente, as regiões correspondentes às costelas também estão sujeitas à formação de úlceras. Com proteções e posicionamentos, estas regiões estarão livres destes problemas.

Existem outros fatores que também podem gerar úlceras, como rugas em roupas, sapatos e roupas apertadas, rugas em lençóis, queimaduras geradas por aquecedores de ambiente, sol, água quente ou partes da cadeira de rodas que fiquem em contato com o sol, pele ressecada ou úmida, órteses mau ajustadas e todos os tipos de agressões que podem vir a machucar o corpo de uma pessoa.

Formas de Tratamento

As formas de tratamentos serão seguidos de acordo com o grau e gravidade das úlcerações.

A primeira providência a ser tomada é evitar qualquer tipo de pressão sobre a úlcera.

Para as úlceras de Grau I e Grau II, podem ser adotados tratamentos convencionais, ou seja, fazer a limpeza da região com produtos como o povidine, aplicar sobre a úlcera uma substância para ajudar na cicatrização, como pomadas cicatrizantes e cobrir e proteger a região, fazendo curativos ou usando alguns já existentes no mercado. Durante este período, também não poderão ser feitos quaisquer tipos de pressão sobre a área.

Algumas pessoas adotam o uso de papaína ou açucares para ajudar na cicatrização. Todos estes processos devem ser orientados e acompanhados por profissionais especialistas em lesão medular, tanto da área de enfermagem como da área médica.

Já as úlceras Grau III e Grau IV, por serem profundas e atingirem vários tecidos, não deverão ser adotados os metodos de tratamentos citados anteriormente, pois a cicatrização será muito demorada e de má qualidade. Nestes casos serão adotados métodos cirúrgicos. O tratamento consiste em uma cirurgia plástica, para a remoção dos tecidos fibrosados e necrosados, com posterior preenchimento do local com um retalho do tecido muscular, gorduroso e cutâneo, elaborado de regiões próximas à lesão, ou de outras regiões do próprio corpo do paciente. Em casos mais extremos, onde a úlcera alcança o tecido ósseo, causando o comprometimento do mesmo por infecções, a cirurgia consistirá também na retirada das partes atingidas, podendo chegar até à amputações das regiões não recuperáveis.

Após a cirurgia, o paciente passará por um período de recuperação, onde não poderá ser feita, em hipótese nenhuma, qualquer tipo de pressão sobre a área operada ou regiões próximas.

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