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quinta-feira, abril 25, 2024

Vícios de Linguagem

DEFINIÇÃO:

São alterações defeituosas que sofre a língua em sua pronúncia e escrita devidas à ignorância do povo ou ao descaso de alguns escritores. São devidas, em grande parte, à suposta idéia da afinidade de forma ou pensamento.

Os vícios de linguagem são: barbarismo, anfibologia, cacofonia, eco, arcaísmo, vulgarismo, estrangeirismo, solecismo, obscuridade, hiato, colisão, neologismo, preciosismo, pleonasmo.

BARBARISMO:

É o vício de linguagem que consiste em usar uma palavra errada quanto à grafia, pronúncia, significação, flexão ou formação. Assim sendo, divide-se em: gráfico, ortoépico, prosódico, semântico, morfológico e mórfico.

Gráficos: hontem, proesa, conssessiva, aza, por: ontem, proeza, concessiva e asa.

Ortoépicos: interesse, carramanchão, subcistir, por: interesse, caramanchão, subsistir.

Prosódicos: pegada, rúbrica, filântropo, por: pegada, rubrica, filantropo.

Semânticos: Tráfico (por tráfego) indígena (como sinônimo de índio, em vez de autóctone).

Morfológicos: cidadões, uma telefonema, proporam, reavi, deteu, por: cidadãos, um telefonema, propuseram, reouve, deteve.

Mórficos: antidiluviano, filmeteca, monolinear, por: antediluviano, filmoteca, unlinear.

OBS.: Diversos autores consideram barbarismo palavras, expressões e construções estrangeiras, mas, nesta apostila, elas serão consideradas “estrangeirismos.”

AMBIGÜIDADE OU ANFIBOLOGIA:

É o vício de línguagem que consiste em usar diversas palavras na frase de maneira a causar duplo sentido na sua interpretação.

Ex.: Não se convence, enfim, o pai, o filho, amado. O chefe discutiu com o empregado e estragou seu dia. (nos dois casos, não se sabe qual dos dois é autor, ou paciente).

CACOFONIA:

Vício de linguagem caracterizado pelo encontro ou repetição de fonemas ou sílabas que produzem efeito desagradável ao ouvido. Constituem cacofonias:

A colisão.

Ex.: Meu Deus não seja já.

O eco

Ex.: Vicente mente consantemente.

o hiato

Ex.: Ela iria à aula hoje, se não chovesse

O cacófato

Ex.: Tem uma mão machucada: A aliteração – Ex.: Pede o Papa paz ao povo. O antônimo é a “eufonia”.

ECO:

Espécie de cacofonia que consiste na seqüência de sons vocálicos, idênticos, ou na proximidade de palavras que têm a mesma terminação. Também se chama assonância.

Ex.: É possível a aprovação da transação sem concisão e sem associação.

Na poesia, a “rima” é uma forma normal de eco. São expressivas as repetições vocálicas a curto intervalo que visam à musicalidade ou à imitação de sons da natureza (harmonia imitativa); “Tíbios flautins finíssimos gritavam” (Bilac).

ARCAÍSMO:

Palavras, expressões, construções ou maneira de dizer que deixaram de ser usadas ou passaram a ter emprego diverso.

Na língua viva contemporânea: asinha (por depressa), assi (por assim) entonces (por então), vosmecê (por você), geolho (por joelho), arreio (o qual perdeu a significação antiga de enfeite), catar (perdeu a significação antiga de olhar), faria-te um favor (não se coloca mais o pronome pessoal átono depois de forma verbal do futuro do indicativo), etc.

VULGARISMO:

É o uso lingüístico popular em contraposição às doutrinas da linguagem culta da mesma região.

O vulgarismo pode ser fonético, morfológico e sintático.

Fonético:

A queda dos erres finais: anda, comê, etc. A vocalização do “L” final nas sílabas.

Ex.: mel = meu , sal = saú etc.

A monotongação dos ditongos.

Ex.: estoura = estóra, roubar = robar.

A intercalação de uma vogal para desfazer um grupo consonantal.

Ex.: advogado = adevogado, rítmo = rítimo, psicologia = pissicologia.

Morfológico e sintático:

Temos a simplificação das flexões nominais e verbais.

Ex.: Os aluno, dois quilo, os homê brigou.

Também o emprego dos pronomes pessoais do caso reto em lugar do oblíquo.

Ex.: vi ela, olha eu, ó gente, etc.

ESTRANGEIRISMO:

Todo e qualquer emprego de palavras, expressões e construções estrangeiras em nosso idioma recebe denominação de estrangeirismo. Classificam-se em: francesismo, italianismo, espanholismo, anglicismo (inglês), germanismo (alemão), eslavismo (russo, polaço, etc.), arabismo, hebraísmo, grecismo, latinismo, tupinismo (tupi-guarani), americanismo (línguas da América) etc…

O estrangeirismo pode ser morfológico ou sintático.

Estrangeirismos morfológicos:

Francesismo: abajur, chefe, carnê, matinê etc…

Italianismos: ravioli, pizza, cicerone, minestra, madona etc…

Espanholismos: camarilha, guitarra, quadrilha etc…

Anglicanismos: futebol, telex, bofe, ringue, sanduíche breque.

Germanismos: chope, cerveja, gás, touca etc…

Eslavismos: gravata, estepe etc…

Arabismos: alface, tarimba, açougue, bazar etc…

Hebraísmos: amém, sábado etc…

Grecismos: batismo, farmácia, o limpo, bispo etc…

Latinismos: index, bis, memorandum, quo vadis etc…

Tupinismos: mirim, pipoca, peteca, caipira etc…

Americanismos: canoa, chocolate, mate, mandioca etc…

Orientalismos: chá, xícara, pagode, kamikaze etc…

Africanismos: macumba, fuxicar, cochilar, samba etc…

Estrangeirismos Sintáticos:

Exemplos:

Saltar aos olhos (francesismo);

Pedro é mais velho de mim. (italianismo);

O jogo resultou admirável. (espanholismo);

Porcentagem (anglicanismo), guerra fria (anglicanismo) etc…

SOLECISMOS:

São os erros que atentam contra as normas de concordância, de regência ou de colocação.

Exemplos:

Solecimos de regência:

Ontem assistimos o filme (por: Ontem assistimos ao filme).

Cheguei no Brasil em 1923 (por: Cheguei ao Brasil em 1923).

Pedro visava o posto de chefe (correto: Pedro visava ao posto de chefe).

Solecismo de concordância:

Haviam muitas pessoas na festa (correto: Havia muitas pessoas na festa)

O pessoal já saíram? (correto: O pessoal já saiu?).

Solecismo de colocação:

Foi João quem avisou-me (correto: Foi João quem me avisou).

Me empresta o lápis (Correto: Empresta-me o lápis).

OBSCURIDADE:

Vício de linguagem que consiste em construir a frase de tal modo que o sentido se torne obscuro, embaraçado, ininteligível. Em um texto, as principais causas da obscuridade são: o abuso do arcaísmo e o neologismo, o provincianismo, o estrangeirismo, a elipse, a sínquise (hipérbato vicioso), o parêntese extenso, o acúmulo de orações intercaladas (ou incidentes) as circunlocuções, a extensão exagerada da frase, as palavras rebuscadas, as construções intrincadas e a má pontuação.

Ex.: Foi evitada uma efusão de sangue inútil (Em vez de efusão inútil de sangue).

NEOLOGISMO:

Palavra, expressão ou construção recentemente criadas ou introduzidas na língua. Costumam-se classificar os neologismos em:

Extrínsecos: que compreendem os estrangeirismos.

Intrínsecos: (ou vernáculos), que são formados com os recursos da própria língua. Podem ser de origem culta ou popular.

Os neologismos de origem culta subdividem-se em:

Científicos ou técnicos: aeromoça, penicilina, telespectador, taxímetro (redução: táxi), fonemática, televisão, comunista, etc…

Literários ou artísticos: olhicerúleo, sesquiorelhal, paredro (= pessoa importante, prócer), vesperal, festival, recital, concretismo, modernismo etc…

OBS.: Os neologismos populares são constituídos pelos termos de gíria. “Manjar” (entender, saber do assunto), “a pampa”, legal (excelente), Zico, biruta, transa, psicodélico etc…

PRECIOSISMO:

Expressão rebuscada. Usa-se com prejuízo da naturalidade do estilo. É o que o povo chama de “falar difícil”, “estar gastando”.

Ex.: “O fulvo e voluptoso Rajá celeste derramará além os fugitivos esplendores da sua magnificência astral e rendilhara d’alto e de leve as nuvens da delicadeza, arquitetural, decorativa, dos estilos manuelinos.”

OBS.: O preciosismo também pode ser chamado de PROLEXIDADE.

PLEONASMO:

Emprego inconsciente ou voluntário de palavras ou expressões involuntárias, desnecessárias, por já estar sua significação contida em outras da mesma frase.

O pleonasmo, como vício de linguagem, contém uma repetição inútil e desnecessária dos elementos.

Exemplos:

Voltou a estudar novamente.

Ele reincidiu na mesma falta de novo.

Primeiro subiu para cima, depois em seguida entrou nas nuvens.

O navio naufragou e foi ao fundo. Neste caso, também se chama perissologia ou tautologia.

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